A difícil arte de CONVIVER
A necessidade de aceitação nos impõe os sacrifícios
FÁTIMA MOURA (PARA A REVISTA ESPÍRITA ALÉM DA VIDA)
Há alguns dias, conversando com um amigo comum que também é escritor e psicólogo, ouvi dele a seguinte afirmação: “O difícil não é viver; o difícil é conviver. Conviver é uma arte".
Suas palavras, ditas com muita propriedade, tocaram-me fundo. Fiquei a cismar com a afirmação clara e precisa. Vieram-me à mente os problemas no trabalho, as dificuldades no lar, as situações diversas com as quais somos obrigados a conviver diariamente, nos roubando noites insones e nos fazendo reviver as várias circunstâncias cotidianas a que somos expostos a todo momento, e, mediante esse fato, creio que só poderíamos afirmar que a maioria de nós sente-se despreparada para o convívio social.
Todos os dias, sob vários pontos de vista, estamos convivendo com pessoas diferentes de nós e esta poderia ser uma experiência extremamente rica e gratificante, se buscássemos aprender a lidar com ela, de forma clara e objetiva.
Partindo do princípio de que ninguém se conhece totalmente, pois cada minuto de nossa existência nos reserva uma nova etapa a ser vivenciada, podemos sim, de alguma forma, nos esforçarmos para melhorar o nosso convívio interpessoal.
Apoiada nessas minhas verdades, e nos estudos de Goleman e Gardner, sobre a inteligência emocional, disse ao meu amigo que em parte concordava com ele, pois creio que o ponto fundamental para crescermos como pessoas e melhor aceitarmos o outro, é a auto-imagem que fazemos de nós mesmos, isto é, a maneira como nos vemos ou como conseguimos fazer com que os outros nos vejam e reconheçam.
Assim sendo, diante da nossa enorme necessidade de aceitação, somos capazes de realizar grandes e quaisquer sacrifícios para firmar a nossa permanência nos diversos grupos a que pertencemos, seja no campo profissional, na comunidade, na escola, no próprio lar, mas, é na família, onde somos realmente testados.
Ao convivermos com as mesmas pessoas todos os dias, muitas vezes não temos o cuidado de sermos ou melhor, de tentarmos ser aquilo que as pessoas gostaríamos que nós fôssemos.
O mesmo não se dá fora do lar. Ao convivermos com pessoas diferentes de nós, acabamos fazendo um esforço sobre-humano para nos mostrarmos melhores, mas tão somente preocupados com a imagem que essas pessoas poderão vir a fazer de nós.
Disse ainda ao meu amigo psicólogo que não partilha nenhum credo religioso que o conhecimento advindo da Doutrina Espírita nos abre imenso campo para todas essas reflexões. Relembrei a ele o mandamento maior da Lei de Deus que rege que amemos ao próximo como a nós mesmos e que creio que deva ser esse o nosso objetivo primeiro ao nos relacionarmos nos diversos campos de atuação a que pertencemos, buscando trabalhar as nossas dificuldades em favor dos nossos semelhantes.
É nossa missão como espíritos encarnados caminhar sempre para frente e para o alto, crescendo incessantemente mas também, acima de tudo, incentivando o crescimento das pessoas que conosco convivem.
Mas, para que isso ocorra de forma satisfatória, será necessário que aceitemos o grande desafio da perseverança atuante no bem, de uma prática incessante da descoberta do amor, amor este que nos permita fazer de nossa passagem aqui na terra, um novo mundo de paz, de concórdia e de fraternidade, sentimentos tão sonhados, mas pouco praticados na correria incessante de nossa vida diária.
Doação gera melhora, melhora concorre para a harmonia e crescimento busca aceitação, para que todos, além de nós, possamos almejar nos tornarmos instrumentos desse amor maior, permitindo assim, que ele penetre em nós, nos fazendo ver sempre o melhor em cada criatura, em cada irmão, porque somos todos filhos muito amados, espíritos imortais em busca de aprendizado e conhecimento e acima de tudo, de belas e grandiosas realizações que começam exatamente pelo campo da realização interior.
E, com certeza, quando conseguirmos olhar o outro com os olhos desse amor e dessa aceitação, estaremos com certeza, todos juntos, dando o primeiro passo para que os outros também nos aceitem e nos amem.
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FÁTIMA MOURA é escritora, jornalista, colunista da Revista Espírita Além da Vida e psicopedagoga clínica. Para assinar a Revista Espírita Além da Vida e receber um livro de presente, é só telefonar para (21) 2608-2820.
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