Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

TOC e Espiritismo

Inicialmente, cumpre-nos entender o que vem a ser o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Façamos isso com alguns casos ilustrativos. Historicamente, Pilatos, por exemplo, após deixar assassinar Jesus, em quem reconhecia a ausência de culpa, fez um quadro obsessivo-compulsivo, que o celebrizou, em face da situação aflitiva de sempre lavar as mãos, que lhe pareciam sujas pelo sangue do inocente. A sua desdita se teria encerrado, somente, quando se suicidou, atirando-se na cratera de um vulcão extinto na Suíça.
Na literatura de Shakespeare, Macbeth, após assassinar o rei, ajudada pelo marido, passou a sofrer o mesmo conflito das mãos sujas de sangue, que deveria lavar sempre, em estado sonambúlico ou não, atirando-se nos resvaladouros da loucura...
À semelhança dessas personagens, o conflito adquire robustez e apresenta-se em inúmeros pacientes, como a necessidade de se banharem continuamente, usando álcool e outras substâncias desinfetantes, a fim de se isentarem da imunidade que lhes parece cobrir o corpo. Outras vezes, são os impulsos irresistíveis para se assepsiarem, evitando contrair doenças infecciosas, ou supondo-se portadoras delas, por meio da eliminação de bactérias e micróbios outros alojados no corpo, como se isso fosse possível, já que a própria condição celular impede que haja uma ausência absoluta dessas vidas microscópicas.
Odores pútridos, quais os de cadáveres em decomposição, atormentam não pequeno número de enfermos, exigindo deles o uso de substâncias fortes e aromatizadas, que aspiram ou mascam em desesperada tentativa de se libertarem dessas desagradáveis manifestações que, no entanto, encontram-se no inconsciente e são somatizadas, gerando desespero e alucinação.
- O Transtorno Obsessivo-Compulsivo na Visão das Ciências
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo é classificado como um transtorno de ansiedade pela quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), da Associação Psiquiátrica Americana, e como um transtorno neurótico pela Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento (CID-10), da Organização Mundial de Saúde.
As obsessões são idéias intrusivas, sem sentido, recorrentes e persistentes que parecem vir "desde dentro". Já as compulsões são comportamentos repetitivos e sem propósito, de aspecto ritualístico e caracterizado por urgências irresistíveis. Alguns autores afirmam que as obsessões podem ser definidas como idéias, imagens ou ações que aumentam a ansiedade/o desconforto pela referência que fazem a eventos catastróficos, antecipados, e as compulsões como idéias, imagens ou ações que reduzem a ansiedade/o desconforto pela fuga ou neutralização daqueles eventos.
Ambas ocupam grande tempo do dia de um paciente (pelo menos mais de uma hora por dia) e, conseqüentemente, interferem no funcionamento adequado de sua vida.
Há quatro grandes categorias principais: as compulsões de limpeza (por exemplo, lavar as mãos repetidas vezes, usar máscaras ou luvas para tocar objetos/pessoas), as compulsões de verificação (retornar inúmeras vezes para verificar se uma porta foi fechada), as obsessões puras (pensamentos repetitivos, geralmente de conteúdo sexual agressivo) e a lentidão obsessiva primária (necessidade de se externar com precisão em tudo o que é feito, o que toma um tempo considerável).
- Estudos Espíritas Sobre o TOC
A saúde, sob qualquer aspecto considerado - físico, mental, emocional, moral - é patrimônio da vida, que constitui meta a ser conquistada pelo homem e pela mulher no processo da sua evolução. Engrandecendo-se o ser por meio dos esforços que empreende na conquista dos múltiplos valores nele adormecidos, penetra-os, no mundo íntimo, a fim de exteriorizá-los em hinos de alegria e de bem-estar.
Porque desperdiça as oportunidades que deveriam ser utilizadas em favor da auto-iluminação, da conscientização de sua realidade, infelizmente envereda pela trilha dos prazeres exorbitantes e deixa-se arrastar pelos vícios perniciosos, estacionando na marcha ascensional e sofrendo as seqüelas que a insensatez lhe brinda, em forma de conseqüência dolorosa quase imediata.
É nesse mundo íntimo, no inconsciente pessoal, que se encontram as fixações perversas e desvairadas do primarismo do ser, que permanecem durante o período da razão, gerando distúrbios que reaparecem na consciência atual, desestruturando os equipamentos da saúde física, psíquica e, especialmente, da emocional.
Entre outros, pela sua gravidade, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo se destaca, infelicitando não pequeno número de vítimas em toda a Terra.
Nesse capítulo, podemos anotar três diferentes itens, que são o pensamento compulsivo, a atividade compulsiva e a personalidade ou caráter obsessivo.
Quando se é portador de pensamento compulsivo , a consciência torna-se invadida por representações mentais involuntárias, repetitivas e incontroláveis, variando de paciente para paciente. Trata-se de idéias desagradáveis umas repugnantes outras, que infelicitam, e o enfermo não dispõem de meios lúcidos para enfrentá-las, superando-as. Trata-se de um objetivo defensivo do inconsciente pessoal, impedindo que o doente tome conhecimento da sua realidade interior, dos seus legítimos impulsos e emoções. Nele fixam-se pensamentos repetitivos, alguns ridículos, mas dos quais o enfermo não consegue libertar-se . Outras vezes, manifestam-se em forma de dúvidas inquietantes, que desequilibram o comportamento.
A atividade compulsiva apresenta-se como incoercível necessidade de ações repetidas. Desde o simples ato de traçar linhas e desenhos em papel ao de contar lâmpadas ou cadeiras num auditório, que parecem sem sentido, mas não se consegue evitar, incidindo-se sempre na mesma atividade. De alguma sorte, é um mecanismo para fazer uma liberação da ansiedade de que se é vítima. Nas tentativas para evitar a atividade compulsiva, em razão de circunstâncias poderosas, o paciente sofre, transtorna-se, terminando por entregar-se à ação tormentosa de maneira discreta, simulada que seja...
Por fim, os indivíduos portadores da personalidade ou caráter obsessivo se apresentam sistemáticos, impressionando pela rigidez do comportamento, inclusive para com eles próprios. São portadores de sentimentos nobres, confiáveis e dedicados ao trabalho, que exercem até o excesso. No entanto, foram vítimas de ambiente emocional duramente severo desde a infância, quando sofreram imposições descabidas e tiveram que obedecer sem pensar, pois essa era a única maneira de se livrarem das imposições e castigos dos adultos. Sentindo-se obrigados, desde cedo, a reprimir as emoções, tornam-se ambivalentes, escapando-lhes de controle os sentimentos que se constituem de natureza hostil, apresentando-se mais com intelectuais do que como sentimentais.
Cumpre destacar ainda as heranças dos atos de outras encarnações, que se encontram inscritos no inconsciente pessoal, como desencadeadores dos transtornos psicóticos. Estes ecos do passado acabam atraindo entidades desencarnadas que, vinculando-se às mentes dos portadores de transtornos obsessivos, impõem o direito de cobranças esdrúxulas, mediante processos espirituais devastadores.
Trata-se de Espíritos que foram vitimados por crimes perversos contra eles cometidos, e que não conseguiram superar os traumas e os ressentimentos. Agora, na condição de vingadores que vêm prestar contas com o passado, promovem obsessões vigorosas contra aqueles que foram seus adversários outrora.
Porque a dívida moral permanece impressa nos painéis do inconsciente pessoal, os pacientes assimilam as ondas mentais das suas antigas vítimas, que são convertidas em sensações penosas, em forma de consciência de culpa. Sob outro aspecto, esses endividados espirituais reencarnam com os fatores neurológicos e orgânicos, em geral impressos no corpo perispiritual, em face dos transtornos morais que se permitiram anteriormente, de forma a experimentarem a recuperação moral mediante o processo depurador a que ora fazem jus.
A psicoterapia cognitivo-comportamental ameniza ou até mesmo produz a cura dos efeitos danosos do transtorno obsessivo-compulsivo. Evidentemente, a contribuição de alguns fármacos apropriados, sob cuidadosa orientação psiquiátrica, torna-se de inestimável significado para o reequilíbrio do paciente.
Por outro lado, a terapêutica espírita pode ajudar nestes processos, orientando e confortando os agentes espirituais, que terminam por abandonar os seus propósitos de vingança, libertando os seus inimigos. Compete ainda à Doutrina Espírita orientar o enfermo, auxiliando-o na mudança de atitude perante a vida, de comportamento mental, de sentimento rancoroso e agressivo em relação ao seu próximo.
Ideal, portanto, que sejam tomadas providências para que as referidas terapêuticas – psicológica, espiritual e psiquiátrica – sejam utilizadas, a fim de facultar ao paciente a sua recuperação.
(Artigo elaborado com base no texto "Transtorno Obsessivo Compulsivo", de Joanna de Angelis, capítulo 6 do livro "Aspectos Psiquiátricos e Espirituais nos Transtornos Emocionais", de Divaldo Franco).
OSGEFIC – Fraternidade Irmã Celina.Seg, 20 de Agosto de 2007 - Equipe do Pinga-Fogo.
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