Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A Construção do Novo Ser

A Construção do Novo Ser

Palestra Virtual
Promovida pelo IRC-Espiritismo
Http://www.Irc-espiritismo.org.br

Palestrante: Jacira Abranches Leite
Rio de Janeiro
26/04/2002

Organizadores da Palestra:

Moderador: "Jaja" (nick: [Moderador])

"Médium digitador": "Dejavu" (nick: Jacira_Leite)

Oração Inicial:

<Moderador_> Senhor Jesus, Mestre Amigo. Estamos agradecidos por essa oportunidade de divulgar e estudar a Doutrina Espírita, utilizando a Internet. É bom podermos ter este poderoso veículo de comunicação em prol da tua palavra e de teu amor. Ampara-nos, Senhor, para que possamos bem realizar este trabalho. Ampara nossa palestrante, e que ela possa ser inspirada pela espiritualidade amiga, na necessidade de nossas dúvidas. Queremos pedir, também, o auxílio dos bons espíritos, que orientam esse trabalho. Que eles possam estar conosco, nos ajudando nessa tarefa. Por isso, Senhor, pedimos em seu nome, e em nome de Deus, a permissão para iniciarmos nossos trabalhos. Que assim Seja!

Apresentação do Palestrante:

<Jacira_Leite> Meu nome é Jacira, e eu já regressei na presente existência nu lar espírita, porque meu avô por parte de mãe, Nero Abranches, foi um dos fundadores do Centro Espírita Jerônimo Ribeiro, em Cachoeiro de Itapemirim, e, em assim sendo, toda minha orientação foi dentro do campo da Doutrina Espírita.

Sou pedagoga de formação acadêmica, e na área espírita atuei e atuo na área administrativa, de divulgação doutrinária e na área mediúnica. Atualmente, temos colaborado com a Federação Espírita do Estado do Espírito Santo, e com o Centro Espírita Allan Kardec, especificamente, além de estarmos sempre atendendo a convites de palestras e seminários de outras instituições. (t)

Considerações Iniciais do Palestrante:

<Jacira_Leite> O que pretendemos refletir quando da abordagem deste tema, é sobre a necessidade da mudança do foco diretor do processo educacional que até então temos trabalhado na educação dos espíritos reencarnados na Terra. Diante da situação atual, que aparentemente vem se agravando, com o recrudescimento de guerras, confrontos, atos de violência gratuitos, nós entendemos que somente uma clara noção da vida futura alicerçada na convicção plena da imortalidade, é que ensejará a consciência dessa necessidade de um novo movimento buscando educar-se o espírito reencarnado em valores éticos que serão alicerçados nas leis de Deus, que são leis universais, imutáveis e eternas.

Analisando o caminhar do espírito na Terra, nós vamos encontrar, por exemplo, no Livro dos Espíritos, na segunda parte, capítulo IV, Kardec informando que, para o espírito, como para o homem, também há infância. E nessa fase infantil do espírito, há o predomínio do instinto, e, portanto, o espírito mal tem consciência de si mesmo e de seus atos, sendo, portanto, muito mais conduzido do que condutor. Compreendamos nós que, nessa fase, o espírito habita um mundo primitivo em que há uma luta muito maior pela própria sobrevivência, pelo domínio da Natureza que o cerca; a força bruta é a única lei a reger as relações. Com o desenvolvimento progressivo da inteligência, através do trabalho que é executado, o espírito vai saindo desse estágio de instinto, e caminhando para o campo das sensações.

Já são espíritos habitando que habitam os chamados mundos de provas e expiações; já possuem inteligência, mas ainda carregam numerosos vícios, no que resulta grande imperfeição moral.

Lembrando-nos de Joanna de Angelis, no livro Vidas: Desafios e Soluções: "O homem-sensação é exigente e possuidor, não se apercebendo da realidade dos outros, que pretende controlar, nem dos deveres para com a sociedade". Se pretendermos transpor esta condição de homem-sensação para o homem conduzido pelo sentimento, que é o que deverá reger as relações de um mundo de regeneração, é chegado o tempo de um reajustamento de todos os valores humanos. E todo caminhar é processo.

Portanto, se é nosso desejo vivermos num mundo diferente do que atualmente se nos depara, é necessária a construção de um novo ser, que tenha consciência plena do objetivo da existência, como também consciência plena de que é ele responsável pelos atos, ações e relações que estabeleça ao longo desta caminhada.

Principalmente os educadores e os espíritas têm esse compromisso na mudança do direcionamento na condução dos espíritos sob suas responsabilidades.

Com mesmo empenho e dedicação que desenvolvemos a busca de suprir as necessidades materiais daqueles que estão sob a nossa responsabilidade, necessitamos alimentá-los com valores éticos que se transformarão nos alicerces da conduta futura.

A presidente da Federação Espírita do Estado do Espírito Santo, Dalva Silva Souza, no seu livro Nos Caminhos da Liberdade, conclama aos espíritas a contribuir para a construção dessa nova sociedade, e na construção dessa nova sociedade, mais sadia e democrática, afirma que é preciso considerar que não bastam novas tecnologias ou novos suprimentos de energia; há que se oferecer às pessoas interação afetiva, segurança e sentido. Somos os espíritas, então, agraciados pela grande beleza da esperança que nos indica que o futuro depende de nossa ação imediata no presente, na nossa resolução em realmente nos empenharmos na construção deste homem novo evangelizado, consciente da responsabilidade que tem consigo e com o próximo.

Perguntas/Respostas:

<[moderador]> [1] - <Renatinha> O que seria essa construção do novo ser?

<Jacira_Leite> Seria exatamente estabelecermos propostas educativas que não privilegiassem somente os aspectos de inteligência, do conhecimento da cultura produzida pela humanidade ao longo de sua caminhada pela Terra. Mas termos a preocupação primordial de estabelecermos um projeto de educação desse espírito que chega para uma nova existência com viciações, dificuldades no aspecto moral, insegurança. Na obra Nossos Filhos São Espíritos, o grande escritor Hermínio Miranda coloca claramente a necessidade da observação meticulosa para se identificar a necessidade que o espírito apresenta e as ações sob a égide da educação moral que possam ser realizadas para a reeducação dessas necessidades. (t)

<[moderador]> [2] - <_Alves_> Boa noite, Jacira, seja bem-vinda ao IRC-Espiritismo. A reforma íntima é o principal objetivo da Doutrina Espírita, se não o único. Como devem atuar as casas espíritas visando atingir este objetivo?

<Jacira_Leite> Realmente a educação moral da criatura, que passa necessariamente pela reforma íntima, deve se constituir no fim dos trabalhos de uma instituição espírita. Portanto, é fundamental que aqueles que têm as responsabilidades de dirigir as instituições espíritas tenham este objetivo bastante claro e utilize-se das ações ou atividades que uma casa espírita desenvolve sempre objetivando este fim.

De uma forma mais clara, podemos exemplificar com o trabalho assistencial desenvolvido por toda casa espírita. A distribuição de bens e materiais deverá ser o meio para que as criaturas cheguem até a instituição. Mas é um meio que não deve ser desperdiçado e o trabalho de esclarecimento àqueles que são atendidos pela instituição não pode jamais ser esquecido. (t)

<[moderador]> [3] - <cfeitosa> Na construção de um novo ser, como lidar com as nossas imperfeições?

<Jacira_Leite> Seguindo uma fala de Emmanuel, no livro O Consolador, na questão 233, ele coloca que somente agora o homem poderá ensimesmar-se o bastante para compreender as suas próprias necessidades e os escaninhos de sua personalidade espiritual. Diz ainda que agora, na culminância de sua evolução física, todas as energias espirituais se mobilizam em torno das criaturas, auxiliando-as no sagrado conhecimento de si mesmas. Diante dessa afirmativa desse benfeitor espiritual, e conscientes de que Deus, na sua perfeição, não obra em vão, podemos alimentar a convicção de que temos possibilidades de estabelecer programas de reeducação de nossas próprias imperfeições. O ponto que nos parece mais complexo é que, ainda carregando heranças atávicas, queremos nos transformar num homem novo como num passe de mágica.

No entanto, toda transformação é gradual, seqüencial, e demanda perseverança e boa vontade.

É necessário termos conosco mesmos paciência para recomeçarmos sempre que necessário e coragem para reconhecermos as nossas próprias necessidades. (t)

<[moderador]> [4] - <Moderador_> Tem se notado uma certa "pressa" em que as pessoas reconheçam e busquem este novo ser. No entanto, apesar dos esforços, muitos são ainda os que não aceitam ou entendem essa necessidade. O que fazer para amenizar isto, já que também temos responsabilidade na evolução dessas pessoas?

<Jacira_Leite> A nossa responsabilidade não nos dá o direito de avançarmos no livre arbítrio de qualquer dos nossos irmãos de caminhada. A nossa obrigação consiste, em todas as oportunidades que se nos apresentem, alertarmos, estimularmos, esclarecermos, nos colocarmos à disposição, no auxílio daquele com quem temos essas relações. Nunca, porém, podemos vivenciar a caminhada do outro. Lembrando-nos de Jesus, vemos que nem ele, que foi o espírito mais perfeito que já tivemos na Terra, pressionou a quem quer que seja a segui-lo. Na obra Há Dois Mil Anos, vamos encontrar o relato do encontro memorável que o mestre teve com o senador Públio Lêntulus, e após o diálogo que se estabelece, o mestre volta-se para o senador e coloca objetivamente: - "Senador, está no teu querer seguir-me agora ou amargar séculos de sofrimento".

E a benfeitora espiritual Joanna de Angelis, na citada obra Vida: Desafios e Soluções, na página 136 da terceira edição, afirma que:

"Ninguém aspire vencer aguardando que outros realizem o esforço que lhe cumpre desenvolver, porque a conquista é pessoal e intransferível". Assim, por mais que queiramos, não podemos caminhar pelo outro. (t)

<[moderador]> [5] - <_Alves_> Jacira, há pouco tempo a repressão era o que norteava as relações familiares (pais e filhos). Atualmente, na "moderna" pedagogia, se prega a liberdade total, plena e irrestrita. É correto isto? Qual deve ser o comportamento de um "pai espírita" tendo em vista o bem de seus filhos tanto nesta quanto nas encarnações futuras?

<Jacira_Leite> O papel dois pais espíritas está claramente contemplado por Allan Kardec tanto em O Livro dos Espíritos quanto em O Evangelho Segundo O Espiritismo, no capítulo XIV. Em sendo assim, é claro que é necessário uma postura que tenha como objetivo, como já dissemos, não só uma educação intelectual, mas também uma educação moral. Se num passado recente, houve o excesso de rigidez e proibições, sem os esclarecimentos que levassem ao entendimento do porquê dessas proibições e dessa rigidez, no presente temos uma liberdade excessiva, que supre do espírito reencarnante a consciência de limites e, portanto, de deveres e direitos. O caminho certamente é aquele que nos é recomendado por Kardec, que é o do bom senso, da consciência da responsabilidade assumida, da constatação de que paternidade e maternidade é uma missão e ao mesmo tempo um grande dever que deve ser desempenhado com zelo, afeto e direcionamento seguro.

É preciso que se tenha consciência que os espíritos reencarnados neste planeta ainda não possuem maturidade suficiente para estabelecerem conduta reta se não receberem reta condução.

Alguns amigos espirituais nos têm informado que os lares espíritas têm sido indicados para receberem aqueles espíritos que mais necessitam de um direcionamento moral-evangélico, tendo em vista que, em tese, os pais espíritas possuem uma carga maior de possibilidades de conduzir esses espíritos na modificação de velhos hábitos. (t)

<[moderador]> [6] - <cfeitosa> As correntes neurolinguisticas afirmam que o homem tudo pode. Como compatibilizar isso com a proposta de um novo ser? (t)

<Jacira_Leite> Na visão espírita, entendemos que espiritualmente podemos muito, e temos feito muito pouco. No campo material, podemos menos e temos feito mais, numa inversão de objetivos.

Sempre que estamos conversando com jovens, gostamos muito de retomar uma fala do apóstolo Paulo que diz: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém". "Tudo me é lícito, mas não me deixarei dominar por nenhuma dessas coisas".Podemos deduzir então que o novo ser evangelizado vai pautar a sua conduta na assertiva do mestre de não fazer aos outros aquilo que não gostaria que a si mesmo fosse feito. (t)

<[moderador]> [7] - <Moderador_> A Doutrina Espírita trás uma quantidade grande de informações, como perispírito, fluido vital e etc... Essas são informações básicas e muito importantes para a construção desse Novo Ser. Mas, ainda, me preocupo com aqueles que não têm essas informações. Como podemos passar isso, para o público geral?

<Jacira_Leite> Eu venho de um Movimento Espírita de alguns anos atrás, em que as coisas eram muito mais difíceis. Para que você tenha uma idéia, quando a mocidade da qual fazíamos parte foi visitar uma outra mocidade, numa outra cidade, fomos nós apedrejados pelos jovens de uma outra crença religiosa, que repudiava a nossa presença na cidade. Hoje vejo, portanto, que os meios de comunicação têm divulgado conceitos espíritas de forma abundante e mesmo que eles não venham sob a sigla "espírita" ou "espiritismo", estão aí no domínio público inquietando as mentes que têm buscado respostas. Lembremo-nos da grande médium Yvonne A. Pereira, que numa entrevista tempos atrás dizia que os postulados espíritas iriam adentrar pelas casas das pessoas através dos telhados. A nós espíritas cabe a responsabilidade de divulgarmos esses conhecimentos sempre que possível, em todas as oportunidades, mas lembrando-nos da ponderação do codificador de não fazermos proselitismo. (t)

<[moderador]> [8] - <Atena|e|Lion> Tornar-se-ia virtuoso um ser reconstruído?

<Jacira_Leite> A proposta da construção de um novo ser é exatamente a de nos tornarmos todos verdadeiramente cristãos. E como poderemos ser identificados como verdadeiramente cristãos?

O próprio mestre nos responde, quando afirma que os meus discípulos seriam reconhecidos por muito se amarem. E o amor, o verdadeiro amor, é a excelsitude de todas as virtudes.

O espírito Lázaro, em O Evangelho Segundo O Espiritismo, capítulo XI, coloca que, em sua origem, o homem só tem instinto. Quando mais avançado e corrompido, tem sensações. E mais avançado, atinge a plenitude de sentimentos. E o ápice do sentimento é o amor. (t)

<[moderador]> [9] - <SOL_BRILHANTE> Como encarar o papel do professor e, sobretudo do professor espírita perante este excesso de liberdade que está conduzindo a juventude a tantos desvarios e ao mesmo tempo a busca do espiritual e do saber por se sentir desorientado?

<Jacira_Leite> Conforme já respondemos há pouco, na pergunta 5, o papel é de extrema importância porque cabe ao professor, de um modo geral, e ao professor espírita, de modo específico, pautar sua ação pedagógica no objetivo primeiro de passar conhecimentos intelectuais e morais para que o educando possa ter parâmetros seguros na sua caminhada. (t)

<[moderador]> [10] - <Atena|e|Lion> Quando o ser reconstruído, em seu passado trilhou o caminho das drogas, sua vontade nesta reconstrução, apagaria as imperfeições já existentes em seu perispírito?

<Jacira_Leite> Nós vamos encontrar na codificação, que para apagar uma falta o espírito necessita do arrependimento, da expiação e da reparação. Sendo assim, a partir do momento em que ele toma consciência de que feriu a lei de Deus, ele se candidata a um programa de expiação e reparação para sanar o erro cometido. Nesse cometimento, a vontade é ferramenta fundamental dessa nova caminhada, para que diante das provas e testes que o espírito terá que vivenciar para alinhar-se com a lei divina, não venha cair novamente no mesmo erro. Não há como apagar um erro, a não ser trilhando o caminho da reconstrução, o que não significa que deveremos entender esta recomposição com a lei divina como a lei de Talião, ou seja, olho por olho, dente por dente. O Pai, na sua infinita misericórdia, no seu infinito amor, propicia-nos oportunidades para que possamos nos reajustar com a lei, sem necessariamente sermos causadores de novos escândalos. (t)

Considerações finais do palestrante:

<Jacira_Leite> Eu gostaria de agradecer essa oportunidade bastante interessante de estarmos trocando idéias e falando um pouco de Doutrina Espírita, e nos colocando à disposição para aqueles que desejarem enviarem alguma outra pergunta, podem fazê-lo para nosso endereço: jacira.vix@zaz.com.br.

E a nossa palavra final é de esperança e convicção nas informações que os espíritos amigos têm nos trazido sobre o futuro do nosso planeta de que será um planeta de regeneração onde haverá uma predominância do bem, pois este é o planejamento divino e sem sombra de dúvida a barca terrestre não navega à deriva nos rios do infinito. Jesus a comanda e a governa. (t)

Oração Final:

<_Alves_> Pai, a Ti agradecemos pelos momentos virtuais que aqui passamos juntos aprendendo um pouco mais no intuito de chegarmos mais próximos de ti. Que as orientações que recebemos possam ser implementadas em nosso dia a dia. Que possamos ajudar na melhorar de nosso planeta, de nosso país, de nossa cidade, de nossa família e de nós mesmos. Pedimos, oh amado Pai, que nos ajude nesta tarefa, permitindo que nossos amigos espirituais estejam a nos orientar e a nos esclarecer. Permita que estejamos sempre a caminhar junto a ti. Pois, filhos pequenos que somos, ainda precisamos muito de tuas mãos. Dá-nos a tua benção, agora e sempre. Que assim seja!

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