Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Reciclagem Mediúnica



Leda Marques Bighetti

II - Mediunato

1 - Dando seqüência ao estudo das duas grandes áreas de função, duas formas ou modo natural de uso, serventia, utilidade da faculdade, segue-se o mediunato. Corresponde este a compromisso, onde o Espírito está investido, dispõe espiritualmente (por necessidades próprias) de sensibilidade maior para finalidade específica na encarnação. Normalmente, não eclode e se exerce discreta, sutilmente como na mediunidade generalizada, podendo apresentar-se agitada, não raro culminando em situações obsessivas. Conhecida como "mediunidade de serviço", destina-se ao socorro do próximo.
No compromisso aludido, o médium, ainda na vida espiritual, antes do reencarne, quando de seu planejamento, em plena consciência, pede, aceite, assume essa forma de atividade para (entre outras) recompor-se moralmente.
O perispírito é preparado, uma vez que a sensibilidade mediúnica com suas inúmeras nuanças, estaria na dependência do modo pelo qual o perispírito acopla-se à zona física. Na preparação para o mediunato aceito, o perispírito tem, trás ou é lhe inerente (por esse preparo) facilidade maior de expansão onde o campo perceptivo se amplia, alarga, rompe barreiras normais e o médium começa a participar de sensações e percepções que transcendem aos conhecidos cinco sentidos, possibilitando captar dimensões clima, situações onde as Entidades Espirituais atuam.
Cada caso apresentar-se-á de modo apropriado, diferenciando face às características psicológicas que identificam os seres. Há por assim dizer, uma "especialização", decorrente da predisposição orgânica e da própria personalidade.
Em todo processo de intercâmbio, consoante as leis do magnetismo, torna-se indispensável combinação vibratória entre médium e Espírito para que se configure ou não o fenômeno da sintonia. Alguns médiuns, decorrentes de disposições próprias são mais maleáveis, mais seletivos, ecléticos em termos de combinação e afinidade fluídico-espirituais. Em síntese, cada servidor se revestirá de características próprias onde o "(...) conteúdo sofrerá sempre influências da forma e da condição do recipiente".
É ponto passivo que quanto mais forem observados fatores éticos, mais e mais se aprimora a faculdade. Com o tempo, nesse exercício constante de auto-superação, acontecerão condições cada vez mais positivas para marcha evolutiva na libertação do ser.
O Centro Espírita que trabalhe nesse entendimento oferece segurança ao médium, desperta-o para que através do conhecimento, selecione as fontes emissoras e receptivas de seu mundo íntimo de processo complexo e intenso.
Mediunidade a serviço da renovação e crescimento "(...) reclama estudo constante, devotamento ao bem para o indispensável enriquecimento na ciência e virtude.
A ignorância poderá produzir indiscutíveis e formidáveis fenômenos, mas só a noção de responsabilidade, a consagração sistemática ao progresso de todos, a bondade, o conhecimento conseguem materializar na Terra os momentos definitivos da felicidade humana."
Desse modo, auxiliar indiscriminadamente no contínuo doar-se para servir em aplicação durante toda vida do médium que não desfruta só do mediunato mas dispõe também da mediunidade generalizada ou natural, comum a todos.
Dá para perceber que o campo mental desse médium é diferente dos demais. Pela sensibilidade aflorada (quando desconhecedor e sem saber lidar com o processo) continuamente sua mente se vê assediada por ondas mentais carentes de auxílio, atenção, esclarecimentos. No rejeitar, não querer, protelar, não saber, envolve-se em perturbações, influenciações intensas que podem culminar em idéias fixas, desequilíbrios dos mais variados sintomas. Surgem estes naturalmente, uma vez que a potencialidade psíquica permanece "aberta", pronta para o intercâmbio, sem disciplina, controle ou educação.
Não obstante o determinismo implícito, o livre-arbítrio continua pleno. Assim como pediu, escolheu, aceitou o trabalho, ao retornar à vida física, no pleno respeito à sua vontade, poderá fazer frente ou se afastar, arcando naturalmente com as conseqüências decorrentes.
2 - O mediunato decorre sempre de comprometimentos morais do médium?
Nem sempre. Pode ser pedido ou aceito para casos de desinteressada assistência ao próximo e ajuda à Humanidade. As meninas Baudin - Julie e Caroline - por exemplo, no exercício admirável da faculdade psíquica sustentaram o êxito do trabalho de Allan Kardec.
3 - Em qualquer dos casos, é o médium alguém privilegiado merecedor de posições de relêvo no Centro Espírita ou entre os espíritas?
Em qualquer dos casos, é o médium um trabalhador igual aos demais não se justificando endeusamento, privilégio ou destaque. Aliás, caso queira se contribuir para que as dificuldades aumentem, envolva-se o trabalhador em lisonjas, aplausos, evidências. Pouco a pouco distanciar-se-ão os ideais maiores do bem no anonimato do Amor.
Depreende-se a necessidade de que os dirigentes dos Centros ou dos trabalhos mediúnicos conheçam e diferenciem essa dualidade da área de função permitindo perceber que:
1) nem todo aquele que chega à casa espírita e quer "desenvolver" mediunidade, pode fazê-lo.
2) nem todo que chega contando que vê, ouve ou sente é médium.
Se a mediunidade for generalizada: a) com alteração do padrão do pensamento, decorrente das renovações propostas na freqüência ao estudo evangélico doutrinário e por ele trabalhadas; b) pela segurança e acompanhamento que o Centro Espírita, mudar-se-ão as companhias espirituais, as influenciações. Serenado o campo mental, integra-se à casa ou parte, distancia-se do Centro em relativo equilíbrio, que nesse momento o satisfaz.
Dispondo do mediunato, persistirão, talvez até se intensifiquem sintomas, que requerendo paciência, boa vontade, humildade, estudo, direção, ao mesmo tempo libertam e disciplinam as relações corpo/Espírito.
Como ou através do que pode o Centro Espírita oferecer?Integrar nos trabalhos mediúnicos da Educação Mediúnica, onde ao lado de cuidadoso programa de estudo, aprenderá a conhecer-se, perceber o que sente, como, de que modo a sensibilidade se ativa, controlar aproximações, sintomas, disciplinando e exteriorizando com domínio sobre o processo, o que sente e capta.
4 - Como montar um programa de estudo teórico-prático?
Cada Centro se adequará dentro da sua realidade, porém é básico que não poderão faltar entre outros temas (estudos aprofundados) como:
  • Mediunidade: definição; conceito; porque conhecê-la, importância, etc., etc.
  • Instrução - Educação: definições; diferenças; o conhecimento incorporado em atitudes.
  • Preparação do ambiente: instruir; educar; vivenciar (caráter intelectual); renovação íntima (caráter individual); educação (caráter moral).
  • O médium e sua sensibilidade: conceito de médium; conceito de sensibilidade; como identificar? como diferenciar? etc.
  • Animismo: o que é? como se apresenta? como entender? como lidar? a própria pessoa; o dirigente do trabalho; é um bem? um mal? repercussões quando se sabe, ou não, lidar com o aspecto.
  • Fluidos: o que é? sua ação; importância de conhecer; a ação do pensamento e da vontade, etc., etc.
  • Perispírito: o que é; sua importância; natureza, propriedades e função; ponto básico para o acontecimento mediúnico; O Livro dos Médiuns.
  • Mediunidade: retoma o conceito do 1.° estudo / abre para quem é médium fazendo ligação com os itens até então estudados entrando em sintonia / como agir - como mudar padrões mentais.
Nota: a partir daqui pode se iniciar os exercícios práticos que sempre serão precedidos do estudo ensinando a concentrar / a perceber e analisar o que sente / até culminar na manifestação - a ação e aquiescência, vontade do médium facilitando, dificultando ou impedindo o ato mediúnico.
  • O fenômeno através dos tempos - até a mediunidade: Pré-história; Antigo e Novo Testamento; Povos antigos; China; Grécia; Roma; Idade Média; Os precursores, Hydesville, Mesas girantes; O fenômeno e a Doutrina Espírita.
  • A Codificação Espírita
  • O Espiritismo - Princípios básicos
  • O Espiritismo - Tríplice aspecto
  • Espiritismo e Mediunidade
  • O papel do médium na comunicação
  • Mediunidade - Fenômenos psíquicos - classificação segundo seus aspectos: (a) Efeitos físicos; (b) Efeitos inteligentes.
  • Inspiração - Intuição: conceitos e diferenças
  • Mediunidade intuitiva: conceito e diferenças
  • Emancipação da Alma
  • Influência moral do médium
  • Influência da Mediunidade na saúde
  • Perda e suspensão da Mediunidade
  • Mediunidade nas crianças
  • Mistificação
  • Médiuns interesseiros
  • Mediunidade gratuita
  • Fraudes
  • Natureza das Comunicações
  • Identidade dos Espíritos
  • Evocações
  • Evolução da Fenomenologia Mediúnica - Fenômeno e Doutrina
  • Mecanismo das Comunicações - A epífise - Os centros de força
  • Sintonia Vibratória - O trabalho do médium
  • O problema mediúnico
  • A reunião mediúnica - Preparo de médiuns e dirigentes
  • Orientação para prática mediúnica
  • Educação e Vivência mediúnica
5 - Como dividir o tempo?
Também deve ficar a cargo de cada casa. Indica a prática que há um bom aproveitamento diálogo/estudo/troca entre 1h e 1h30 assim divididos: 45 minutos para estudo da Mediunidade; +/- 10 minutos para um tema evangélico e o restante para parte prática - encerramento e avaliação.
6 - Que bibliografia usar para preparo dos temas?
Livros que tenham comprometimento integral com o trabalho de Allan Kardec e que, em síntese, funcionem como elementos enriquecedores ao "Livro dos Médiuns". Poderíamos lembrar alguns como: O fenômeno espírita (Gabriel Delanne); No Invisível (Léon Denis); Fenômenos de Transporte (Ernesto Bozzano); Fenômenos de Bilocação (Ernesto Bozzano); Animismo e Espiritismo (Ernesto Bozzano); Levitação (A. de Rochas); Levitação do corpo humano (A. de Rochas); Animismo e Espiritismo (A. Aksakoff); Mediunidade e Sintonia (Emmanuel); Mecanismos da Mediunidade (André Luiz); Nos domínios da Mediunidade (André Luiz) e tantos outros autores encarnados fiéis ao pensamento doutrinário espírita.
Se a Casa Espírita se dispuser a oferecer condições, certamente caminharemos em conscientização diferente; trabalhos que visam no servir a atividade desinteressada e responsável do Amor.

Livros consultados:

  • Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns
  • Andréa, Jorge - Psicologia Espírita - vol. 2 - 1.ª edição
  • Emmanuel - Roteiro - 3.ª edição - estudo 27
  • Emmanuel - Emmanuel - pág. 66 e 67
  • Autores Diversos - Desafios em saúde mental - estudo 17
  • Herculano Pires - Mediunidade cap. I e II
  • Joanna de Ângelis - Dimensões da Verdade - pág. 19 a 21
(Jornal Verdade e Luz Nº 170 de Março de 2000)

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