Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 4 de outubro de 2011

CONCEITO DE MEDIUNIDADE




Mediunidade é a faculdade que permite o intercâmbio entre o mundo físico e o espiritual.
"O dom da mediunidade é tão antigo quanto o muindo. Os profetas eram médiuns [...] Todos os povos tiveram seus médiuns. E as inspirações de Joana D'Arc nada mais eram que a voz dos Espíritos benfeitores que a dirigiam. Esse dom que hoje tanto se expande havia se tornado mais raro nos tempos medievais, mas jamais desapareceu" (LM 2a parte, Cap. XXXI, item 11).
O mediunismo (manifestação mediúnica em sua expressão empírica, natural) sempre esteve presente na história, mas as manifestações mediúnicas (mediunidade consciente, vista sob a ótica da racionalide ganharam um novo enfoque a partir do Espiritismo revivendo a visão cristã da mediunidade, perdida através dos tempos, e tornando-a um fenômeno mais consciente destituído de mistificações, quando examinada sob a ótica da racionalidade.

Os Espíritos comparam a atuação do médium à de instrumento, um intermediário. O intercâmbio mediúnico ocorre através do pensamento, é uma "ligação mental" estabelecida entre o Espírito comunicante e o Espírito do médium receptor. Dizem os Espíritos Erasto e Timóteo:"Com efeito, nossas comunicações com os Espíritos encarnados, diretamente, ou com os Espíritos propriamente ditos, se realizam unicamente pela irradiação do nosso pensamento» (L.M. 2a parte, Cap. XIX, item 225).
São os fluidos emitidos pelo Espírito que agem sobre o médium e sobre seus órgãos físicos, e são esses fluidos o veículo do pensamento. "O pensamento do Espírito encarnado age sobre os fluidos espirituais como o dos Espíritos desencarnados; ele se transmite de Espírito a Espírito pela mesma via, e, segundo seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos secundantes" (GE., Cap. XIX item 17).

A semelhança de idéias, pensamentos e propósitos (ou intenções) é muito importante ao direcionar a emissão e recepção de fluidos. "A alma exerce sobre o Espírito comunicante uma espécie de atração ou repulsão, segundo o grau de semelhança ou dessemelhança entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus ..." (L.M. 2a parte, Cap. XX, item 227).
Como os Espíritos se comunicam por pensamentos e não por palavras, e a sintonia se estabelece através da semelhança de propósitos, são idéias ou imagens que o Espírito emite em ligação com o médium, e que este capta conforme sua capacidade. Nessa ligação mental, o perispírito apresenta papel muito importante, pois ele é o elo material entre o Espírito e a matéria. "Pela sua união íntima com o corpo, o perispírito desempenha um papel preponderante no organismo; pela sua expansão, coloca o Espírito encarnado em relação mais direta com os Espíritos livres, e também com os Espíritos encarnados" (GE., Cap. Xiy item 17).

Através de André Luiz, podemos compreender melhor o aspecto específico da relação entre perispírito e corpo físico no fenômeno mediúnico, quando se refere à mediunidade espontânea que começa a aflorar no homem primitivo: "... os encarnados que demonstrassem capacidade mediúnica mais evidente, pela comunhão menos estreita entre as células do corpo físico e do corpo espiritual, em regiões do corpo somático, passaram das observações durante o sono, às observações da vigília [...] Quanto densos os elos entre os implementos físicos e espirituais nos órgãos da visão, mais amplas as possibilidades na clarividência, prevalecendo as mesmas normas ] clariaudiência e para modalidades outras ..." (Evolução em Dois Mundos, Cap. 17, pág. 134 - grifo nosso).

A mediunidade surge como o veículo utilizado pelos Espíritos para nos trazerem a Terceira Revelação. "O Espiritismo é a Terceira Revelação da lei de Deus. Mas não está personificado em ninguém, porque ele é o produto do ensinamento dado, não por um homem, mas pelos Espíritos, que são as vozes do céu, em todas as partes da terra e por inumerável multidão de intermediários" (E.S.E., Cap. l, item 6).

Em 1862, no Livro dos Médiuns, Kardec consolida a concepção da capacidade de comunicação entre o plano físico e espiritual como uma aptidão pertencente a todos. Introduz o conceito de mediunidade como uma faculdade abrangente e irrestrita, e não como um dom especifico destinado a poucos escolhidos. Desse modo, afirma: "toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade, é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns" (L.M., 2a parte, Cap. XIV, item 159).

A confirmação de que todas as pessoas são passíveis de serem influenciadas pslos Espíritos se encontra no livro dos Espíritos, no seguinte trecho, onde se pergunta aos Espíritos sobre a possibilidade de sua interferência em nossa vida cotidiana:-"Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?- Nesse sentido a sua influência é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos dirigem" L.E., livro segundo, Cap. XIX, item 459).

Apesar da generalização do conceito de mediunidade, o próprio codificador nos atenta ao fato que usualmente a utilização do termo médiuns "se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva" (L.M., 2a parte, cap. XIV, item 159).
Kardec a coloca como uma faculdade desvinculada da necessidade da fé religiosa e relacionada à condição orgânica do médium: "Vimos pessoas completamente incrédulas ficarem espantadas de escreverem sem querer, enquanto crentes sinceros não o conseguiam, o que prova que essa faculdade se relaciona com predisposições orgânicas" (L.M., 2a parte, Cap. XVII, item 209).

Também André Luiz ressalta as relações entre a moral e a mediunidade: "Forçoso reconhecer, todavia, que a mediunidade, na essência, quanto à energia elétrica em si mesma, nada tem que ver com os princípios morais que regem os problemas do destino e do ser. Dela podem dispor, pela espontaneidade com que se evidencia, sábios e ignorantes, justos e injustos, expressando-lhe, desse modo, a necessidade da condição reta, quanto a força elétrica exige disciplina a fim de auxiliar.
"A mediunidade, no entanto, é faculdade inerente à propria vida e, com todas as suas deficiências e grande acertos e desacertos, é qual o dom da visão comum, peculiar a todas as criaturas, responsável por tantas glórias, tantos infortúnios na Terra [...] Também a mediunidade não requisitará desenvolvimento indiscriminado, mas antes de tudo, aprimoramento da personalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o corpo espiritual, modelando o corpo físico e sustentando-o, possa igualmente erigir-se filtro das Esferas Superiores, facilitando a ascensão da Humanidade aos domínios da luz" (Evolução em Dois Mundos, 17, pág. 136 e 137 - grifo nosso).

Do Evangelho Segundo o Espiritismo extraímos a seguinte citação que demonstra a relação entre o carater abrangente da mediunidade e seu objetivo maior, que seria o de auxiliar o aprimoramento moral do próprio médium, independente de suas condições específicas:
"Se o poder de comunicar-se com os Espíritos só fosse dado aos mais dignos, qual aquele que ousaria pretendê-lo? E onde estaria o limite da dignidade e da indignidade. A mediunidade é dada sem distinção, afim de que os Espíritos possam levar a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos virtuosos, para os fortalecer no bem; aos viciosos, para os corrigir. Esses últimos não são os doentes que precisam de médico?

"Por que Deus, que não quer a morte do pecador, o privaria do socorro que pode tirá-lo da lama? Os bons Espíritos vêm assim em seu auxílio. E seus conselhos, que ele recebe diretamente, são de natureza a impressioná-lo mais vivamente, do que se os recebesse de maneira indireta. Deus, na sua bondade, poupa-lhe a pena de ir procurar a luz a distância, e lha mete nas mãos" (E.S.E., Cap. XIV, ítem 12).

E assim que percebemos a importância da preocupação do médium com suas qualidades morais para o bom exercício da mediunidade: o pensamento sintonizado com a moral evangélica e o comportamento adequado aos padrões cristãos são essenciais ao bom exercício mediúnico: "A nediunidade não implica necessariamente as relações habituais com os Espíritos superiores. E' simplesmente uma aptidão, para servir de instrumento, mais ou menos dócil, aos Espíritos em geral.
O bom médium não é, portanto, aquele tem facilidade de comunicação, mas o que é simpático aos Bons Espíritos e só por eles é assistido. É nesse sentido, unicamente, que a excelência das qualidades morais é de importância absoluta para a mediunidade" (E.S.E., Cap. Xiy item 12).

No Livro dos Médiuns, um verdadeiro tratado sobre mediunidade, o codificador ressalta também as peculiaridades da sensibilidade de cada médium: "Deve-se notar, ainda, que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns têm, geralmente, aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que os divide em tantas variedades quantas são as espécies de manifestações" (L.M., 2a parte, Cap. XI\Ç item 159).
No entanto, estabelece uma classificação geral que, apesar de não impor como absoluta, faz questão de reportar como de autoria inteiramente atribuída aos Espíritos. Diz ele que, levando em consideração as semelhanças entre causa e efeito, encontramos a divisão dos "médiuns em duas grandes categorias:

"Médiuns de efeitos físicos - Os que têm o poder de provocar os efeitos materiais ou as manifestações mais ostensivas.

"Médiuns de efeitos intelectuais - Os que são mais especialmente aptos a receber e a transmitir as comunicações inteligentes" (L.M., 2ª parte, Cap. XVI - "Quadro Sinótico", item 187).

Como exemplos de efeitos físicos teríamos a escrita reta, a materialização, a tiptologia (produção de ruído pancadas), etc. Entre os efeitos intelectuais teríamos a psicofonia, a psicografia, a audiência, a vidência, etc. Kardec ressalta também que "é às vezes difícil estabelecer o limite entre ambos, mas isso não acarreta nenhuma dificuldade. Incluímos na classificação de médiuns de efeitos intelectuais os que podem mais especialmente servir de instumentos para comunicações regulares e contínuas" (L. 2a parte, Cap. XVI, item 187).

Bibliografia:

O Livro dos Médiuns - 2.a Parte, Cap.XXXI item 11 - Allan Kardec
O Livro dos Médiuns - 2.a Parte, Cap.XIX item 225 - Allan Kardec
O Livro dos Médiuns - 2.a Parte, Cap.XX item 227 - Allan Kardec
O Livro dos Médiuns - 2.a Parte, Cap.XIV item 159 - Allan Kardec
O Livro dos Médiuns - 2.a Parte, Cap.XVII item 209 - Allan Kardec:
A Gênese - Cap. - XIV item 17 - Allan Kardec;
Evolução em Dois Mundos - Cap. 17 - André Luiz
O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. I item 6 - Allan Kardec
O Livro dos Espíritos - Livro 2.° - Cap. XIX item 459 - Allan Kardec

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