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Por Morel Felipe Wilkon
Uma das características mais comuns do ser humano é o desabafo. Todos se acham no direito de desabafar.
Você se basta a si mesmo? É independente, pensa com sua própria cabeça? Se você depende de alguém para alguma coisa material, tudo bem, se isso é realmente necessário. São pressupostos de nossa capacidade evolutiva ser solidário, no caso de quem oferta, e ser grato, no caso de quem recebe. Ou você depende de alguém emocionalmente? Isso já não é muito bom, é importante que sejamos autossuficientes emocionalmente.
O “desabafo”
Uma das características mais comuns do ser humano é o desabafo. Todos se acham no direito de desabafar. Se você é livre, não tem nada que desabafar, ser independente já é um desabafo. Que historia é essa de desabafar? Desde quando o ouvido alheio é penico para despejarmos sem pejo nossas imundícies emocionais? Você gosta de ouvir alguém se lamentando? Não argumente com exceções, não aponte casos de pessoas terrivelmente sofridas que no momento não tem forças para praticar sua dignidade. Refiro-me às pessoas comuns, essas com quem convivemos cotidianamente, que curtem falar de problemas, de doenças, de desgraças, e se queixam, e se queixam, e reclamam.
Chico Xavier, quando perguntado certa vez do porquê de usar peruca, já que isso podia ser um indício de vaidade, respondeu que não tinha o direito de ofender o próximo com sua feiura. É realmente constrangedor ouvir alguém contando detalhes sórdidos de suas doenças de estimação. Em vez de viver se queixando, que usem essa energia para criar um novo padrão de pensamentos. Não é segredo pra ninguém que é o pensamento que provoca as doenças (claro que nem sempre numa só vida, é preciso se considerar os efeitos cármicos), e, assim como as provoca, as cura.
Reclamam de tudo. Do sol, do calor, do vento, da chuva, do frio, dos preços, dos políticos, do seu time, do governo, do chefe, dos colegas, do cônjuge, dos pais, dos filhos, de tudo. Nada está bom. Mas como? Quando você era criança as condições climáticas eram as mesmas e as pessoas eram semelhantes às de hoje e você achava tudo bom. Ou você é chato desde criança? Reclamar é vício. Desabafo é vício. Pedir conselho é vício. Como é que você pede para alguém aconselhar você sobre um assunto que é seu, um problema que é seu, que você vive, que você conhece? Como é capaz de envolver outra pessoa em algo que só você pode responder? Você tem à sua disposição todos os recursos para obter as respostas de que precisa.
Você é independente. Pode estar vivendo momentaneamente na dependência de alguém, pode estar iludido acreditando que depende de alguém para isso e para aquilo, mas não! Você é independente. Você é indivíduo, é único. Vivemos em sociedade, precisamos uns dos outros, todos nos complementamos, e isso é maravilhoso. Mas isso não é ser dependente. Você esqueceu de que tem sua própria cabeça, e que só ela sabe exatamente do que você gosta, o que você quer, do que você precisa? Pense pela sua cabeça, não pela cabeça dos outros. Viva sua vida de acordo com a sua consciência e pare de se queixar. Examine a si mesmo e veja se não está se queixando demais. Não se sinta culpado, apenas examine e analise a você mesmo. Não há porque se sentir culpado. O único pecado é a ignorância, e é por ignorância que cometemos tantos erros. Devemos aprender com eles, são ótimas oportunidades de aprendizado. E parar de repeti-los, pois os erros reiterados causam muito sofrimento.
O sofrimento é consequência da ignorância. É por ignorância que nos queixamos, e desabafamos, e reclamamos, e pedimos conselhos, e perguntamos aos outros o que devemos fazer. Que absurdo! Deus habita em cada um de nós, deu a cada um de nós plenas condições de perfectibilidade, e em troca disso vivemos nos queixando! Isso é fraqueza, e ser fraco não é bonito. Sejamos solidários, ajudemos os mais fracos, mas chega de queixume!
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