De geração em geração ouvimos as pessoas esbravejarem contra a situação do país. A velha cartilha é adotada por nossos avós que cultivaram o mesmo cântico das avaliações negativas. Nossos pais correspondem com louvor ao DNA da queixa.
E nós fazemos nossa parte para preservar a herança familiar. E um dia, para nossa surpresa, encontramos nossos herdeiros na mesma situação. Por isso, a reclamação é perigosa, afinal torna-se uma herança comportamental transmitida pela má educação geralmente oferecida pelo exemplo.
Portanto, sabemos muito bem que reclamar faz parte da vida de todos nós. Uma queixa, de vez em quando, talvez até ajude a movimentar o organismo e a dar mais liberdade ao espírito. Mas, daí a nos transformarmos num viciado comportamental e passar a existência anunciando desgraças, desventuras e tristezas, vai uma longa distância.
Quando a reclamação vira mania, escapa do controle, deixa de se restringir aos limites estreitos da aceitação, ultrapassa fronteiras e se transforma num tipo de praga que vais se alastrando por onde passa.
A doença é contagiosa. Quem der ouvidos a este hábito, dia mais cedo, dia mais tarde, começa a fazer parte do time. Sem perceber, se transforma em arauto das misérias da vida.
Devemos ficar atentos, afinal, este vício se instala sem que sintamos e, quando menos percebemos, adotamos esta personalidade automaticamente.
A vida nunca foi e jamais será feita só de flores perfumadas e notícias boas mas, se quisermos, poderemos colocar um pouco mais de luz na escuridão e enxergar um futuro melhor, independente das dificuldades enfrentadas, baseados no fato de que nada ocorre por acaso.
Quando sofremos e não modificamos nossa postura diante da vida é que na verdade ainda não sofremos o bastante, não chegamos em nosso limite, não ficamos saturados da situação atual. E daí, para que a consciência da necessidade da mudança se instale é questão de tempo e, neste caso, cada um tem o seu.
Quanto mais rápido amadurecemos, mais cedo despertamos.
Do livro: Terapia Antiqueixa – Roosevelt Andolphato Tiago
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