O MAL E O REMÉDIO
Reflexão em torno do tema O MAL E O REMÉDIO – Capítulo 5 de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, de Allan Kardec – Bem-Aventurados os Aflitos, item 19 apresentado no Grupo ESPIRITISMO – Evangelho no Facebook (Estudo do Evangelho) em 02 de abril de 2017.
Tema do Evangelho deste domingo: Capítulo 5 – Bem-aventurados os aflitos, item 19 – O Mal e o remédio.
Nossa reflexão desta noite encontra-se na mensagem do Espírito Santo Agostinho, filosofo de Hipona nos primeiros tempos do Cristianismo, dita em Paris, 1863.
Agostinho inicia sua mensagem nos lembrando que a Terra é da categoria dos Mundos de Expiação e Provas e por isso mesmo abriga espíritos comprometidos com as Leis Divinas em trabalho de aprimoramento moral.
Nessas condições, todos os seus habitantes experimentam de uma ou outra forma o sofrimento, que é inerente ao grau de evolução da humanidade terrestre.
A dor é, portanto, comum a todos os habitantes do Planeta Terra. Mas isso não dignifica que a dor e o sofrimento sejam CONDENAÇÕES irrevogáveis em nossa existência.
Isso porque embora tenhamos na Terra características que nos exprimem a personalidade coletiva, temos também as nossas individualidades a quem são outorgados o livre arbítrio e a vontade, poderes sublimes da alma que nos permitem destacarmo-nos da multidão e viver em clima de felicidade relativa.
O esforço individual para nos reajustarmos com as Leis Divinas é o que conta para a conquista desse estado. Todo sofrimento e dor emanam de nosso distanciamento dessas Leis que são expressão pura e clara do amor e da misericórdia divina.
Nas romagens terrestres, porém, nos deixamos arrastar pelos instintos básicos dentro do clima de egoísmo e orgulho e vamos nos comprometendo aqui e ali de tal forma que as lições do amor não nos tocam mais, é preciso o remédio da companheira DOR e do terapeuta SOFRIMENTO a fim de nos reconduzir ao caminho do equilíbrio.
Ao lado de todo mal que atravessemos, Deus não nos deixa em consolação e remédio. É característica da Inteligência Suprema do Universo que ao lado de cada NECESSIDADE exista também o SUPRIMENTO dessa necessidade. Isso é básico no mecanismo de atuação da Providência Divina.
Então, os sofredores em geral, contam com um remédio para alívio de sua situação peculiar, como se fosse um cajado, um apoio para uma íngreme subida. Esse remédio, ensina Agostinho de Hipona, é a Fé.
Nós homens e mulheres filhos do século XX somos, porém, encantados com o moderno, o material, a tecnologia e muitas vezes nos demoramos a desenvolver a confiança em DEUS e em NÓS mesmos, que caracteriza a FÉ.
Sim, o melhor sinônimo de Fé é CONFIANÇA.... Confiamos? Como é nossa Fé em Deus? Você tem a plena certeza de que Ele está te amparando neste momento? Quando você ora o PAI NOSSO, com que convicção pronuncia a frase: - Seja feita a SUA vontade?
Fé é exatamente aquele sentimento que temos quando somos pequeninos e nosso pai ou mãe, nos abre os braços quando estamos em uma altura acima de seu corpo, e nos diz – PULA! E nós risonhos nos jogamos naqueles braços aberto em total confiança de que estamos seguros pelo cuidado amoroso daquele adulto...
Fé é isso! Nos jogarmos nos braços abertos de nosso Pai Celestial, buscando cumprir a SUA VONTADE (que se resume no cumprimento das Leis Divinas), confiantes na sua proteção e amparo.
Agostinho nos adverte em sua mensagem: “Oh, homens! Não reconhecereis o poder de vosso Senhor, senão quando ele curar as chagas de vosso corpo e encher os vossos dias de beatitude e de alegria? Não reconhecereis o seu amor, senão quando ele adornar vosso corpo com todas as glórias, e lhe der o seu brilho e o seu alvor?”
Sim, muitas vezes nós impomos CONDIÇÕES a Deus para crer nele. Esperamos aquele “MILAGRE” pessoal, a chegada do amor de sonhos, a riqueza, a cura perfeita de todos os males do corpo... Ai sim eu posso crer que Deus existe e está cuidando de mim! – Quanta Ilusão!
Guardadas as devidas proporções, seria o mesmo que libertar um criminoso que no cumprimento de sua pena ainda não conseguiu se modificar, renovar sua conduta, aprender a fazer diferente.... Soltar essa pessoa em sociedade é prejudicar a ela mesma porque cairá em novos arrastamentos e também à coletividade, exposta ao mal que ela possa praticar.
Deus permite a existência do mal para estimular o desenvolvimento de nossa inteligência e das nossas potencialidades. Nesse processo, aprendemos a viver as Leis Divinas.
O mal que sentimos, a dor que sofremos é ao mesmo tempo a nossa escola de reajustamento e a nossa prisão onde amargamos a pena de infringir as Leis Divinas em regime de liberdade condicional: AJUDA-TE, QUE O CÉU TE AJUDARÁ.
É por isso que Deus não cura, é você que se cura, de dentro para fora. É por isso que Deus não te modifica, é você que se transforma interiormente. É por isso que Deus não faz maravilhas, ele opera as maravilhas através dos recursos que já instalou em seus dons espirituais por herança divina de filhos e filhas dEle que somos todos nós.
Então de nada adianta pedir ME DÁ PAZ, ME DÁ SAÚDE, ME DÁ RIQUEZA... O que Deus te dá é força para fazer por si mesmo, o que Deus te dá é CONSCIÊNCIA de seus próprios poderes a partir de que você mesmo se convença da necessidade de auto iluminação.
O sábio mentor Emmanuel nos ensina acerca de Jesus: “Diversas vezes, ouvimo-lo na expressiva afirmação: – “A tua fé te salvou.” Doentes do corpo e da alma, depois do alívio ou da cura, escutam a frase generosa. É que a vontade e a confiança do homem são poderosos fatores no desenvolvimento e iluminação da vida”. – (Pão Nosso, capítulo 113 – Tua Fé).
A VONTADE e a CONFIANÇA são remédios que Deus coloca ao alcance de cada homem e mulher que resolva curar-se espiritualmente. Esses remédios, no entanto, só agem em nós se nos dispormos a usá-los sem a ilusão de que SABER é a mesma coisa que PRATICAR.
SABER que devemos ter fé é um fenômeno que acontece no nível da RAZÃO. É recurso evolutivo POTENCIAL porque não se colocou agindo na esfera de nossa vida,
PRATICAR a fé é um fenômeno que acontece no nível do nosso CORAÇÃO, cremos porque sabemos e sabendo agimos conforme cremos estabelecendo sintonia com todo o BEM que é recurso da Divina Providência.
Agostinho de Hipona ainda nos lembra em sua mensagem que na condição de Espíritos, quando estávamos no Espaço, antes de reencarnar nesta existência terrestre, na plenitude de nossas faculdades espirituais, nos víamos como seres bastante fortes para suportar as atuais provações, mas agora, QUEIXAMOS!
Diz ele: “Vós que pedistes a fortuna e a glória, o fizestes para sustentar a luta com a tentação e vencê-la. Vós, que pedistes para lutar de alma e corpo contra o mal moral e físico, sabíeis que quanto mais forte fosse a prova, mais gloriosa seria a vitória, e que, se saísseis triunfantes, mesmo que vossa carne fosse lançada sobre um monturo, na ocasião da morte, ela deixaria escapar uma alma esplendente de alvura, purificada pelo batismo da expiação e do sofrimento. ”
É que na erraticidade, temos conhecimento do que podemos ou não fazer. Então as provas que atravessamos não são INSUPORTÁVEIS, são na medida exata de nossa necessidade de aprendizado. Cabe a nós desenvolver a resignação pela FÉ EM DEUS e buscar Sua solicitude paterna.
A oração comparece aqui como alavanca de desenvolvimento da FÉ de alta capacidade. Nas tertúlias mentais que estabeleçamos com o Criador como um filho que abre seu coração ao Pai, encontraremos a consolação para nossos reveses. É também na oração que nosso CAMPO MENTAL se abre à interferência benfazeja de nossos Espíritos Guardiães que desejam nos inspirar a melhor solução para os dilemas que nos angustiam.
Eles são executores da vontade de Deus e detêm, muitas vezes, o remédio exato. Mas só podem ser acionados por uma mente que se coloque em SINTONIA com eles. A Prece e a reflexão demorada em leituras edificantes e iluminativas são ferramentas poderosas para que eles possam atuar em nosso favor.
Outra ferramenta de desenvolvimento da Fé é a PRÁTICA DA CARIDADE que é a bondade e o amor que se desdobram em ações através das nossas mãos. Na prática do bem, mobilizamos importantes recursos a nosso favor,
Ajude os outros filhos e filhas de Deus e assim se transformará em um “Embaixador do Bem” na Terra, esse cargo importante trará o ganho secundário do apoio personalizado na forma de recursos inimagináveis, disponíveis nos celeiros da Paternidade Divina.
Diz ainda Emmanuel: “Jesus pode tudo, teus amigos verdadeiros farão o possível por ti; contudo, nem o Mestre e nem os companheiros realizarão em sentido integral a felicidade que ambicionas, sem o concurso de TUA FÉ, porque também tu és filho do mesmo Deus, com as mesmas possibilidades de elevação”.
Usemos o REMÉDIO que Deus situou ao alcance de nossas mãos para a cura de nossos males: Desenvolvamos a confiança nEle, acompanhemos as lições de Jesus em nosso cotidiano, aplicando-as de forma gradual. Em breve, o mal se transformará em benção, o sofrimento em enfermeiro médico competente e a dor em enfermeira dedicada...
Com a modificação de nosso entendimento iluminado pela FÉ, perceberemos que em toda as oportunidades que julgávamos fraquejar e pretendíamos desistir, Ele permaneceu com a mesma inabalável FÉ em nós, simplesmente porque conhece os filhos que colocou neste mundo, e jamais desiste deles.
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