Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 27 de maio de 2016

A Depressão à Luz do Espiritismo



Escrito por Alexsander Kelly Bonafini

1.História da Depressão:

A depressão é conhecida desde a antiguidade (500 a.C a 100 d.C). Apesar de o termo ser criado em 1660 pelos ingleses, era chamada de melancolia, que vem do termo grego “melano chole” que significa bile negra.

Hipócrates, o pai da medicina, dizia: “A melancolia é uma afecção sem febre, na qual o espírito triste permanece sem razão fixado em uma mesma idéia, constantemente abatido.”

Os gregos, principalmente Galeno, consideravam que a melancolia, segundo a Teoria dos quatro humores, era a conseqüência de quatro fluidos: A fleuma, a bile amarela, o sangue e a bile negra, sendo que o excesso da bile negra seria determinante para a progressão dessa patologia. Após verificarem que as mulheres melhoravam de seus sintomas após o período menstrual, passaram a tratar os melancólicos com vomitórios e purgantes, com o intuito de eliminar bile negra, durando essa medida pelos próximos 1500 anos.

Na Idade média, o sobrenatural, a superstição e o misticismo ocuparam o lugar da medicina racional, acontecendo enorme conflito entre ciência e religião, provocando a diminuição dos tratamentos psicofarmacológicos em detrimento dos paradigmas irracionais da Igreja. A melancolia dessa feita passou a ser considerada pela Inquisição (XIII) um afastamento de tudo que era sagrado, sendo, portanto um pecado, passivo de punição, através de multas ou aprisionamentos.

Com o advento do Renascimento, Iluminismo e o Romantismo, na Idade Moderna (XV a XIX), nascem o racionalismo científico, e a doença passou a ser tida por uns como uma qualidade inerente a algumas personalidades, sendo glamurizada, indicando profundidade. Para os ingleses, vinha das relações com os anjos maus ou das suas intromissões, isentando a vítima de tal acometimento. Passou então a tratar-se do mal da moda e muito desejada. Muito foi escrito que a melancolia tornaria um homem melhor e mais inspirado.

Shakespeare através de seu personagem Hamlet, mostra a melancolia como essencial para a sabedoria e básica para a loucura. Até o século XVIII a teoria dos quatro humores prevaleceu.

No final do século XVII e início do século XVIII com o desenvolvimento científico o quadro se altera totalmente. Descarte cria o racionalismo moderno e a frase “Penso, logo existo” demonstra que o conhecimento é o fundamento de toda a verdade.

Os cientistas descobrem a dicotomia entre corpo e mente, surgindo a dúvida, o corpo influencia a mente ou a mente o corpo, causando enorme mudança no arcabouço da depressão. Surge então o seguinte questionamento: “A depressão é uma fraqueza humana ou um desequilíbrio químico?”

Com a chegada do Iluminismo, inicia-se o período da razão.

Friedrich Hoffman foi o primeiro a sugerir que a loucura seria uma doença hereditária.

William Cullen, médico escocês, afirma que a melancolia ocorreria devido a uma alteração na função nervosa que levaria à incapacidade de associar idéias e executar o julgamento racional.

O tratamento para a depressão passou a ser o trabalho duro, pois era associada ao ócio, idéia que é aceita até os dias atuais por muitos.

Foi considerada inicialmente como intratável, sendo seus pacientes submetidos a tratamentos aterrorizantes, como causar dor física para distrair a dor da mente, afogamentos, vomitórios e desmaios.

Em decorrência dos ideais iluministas, a preocupação com a saúde mental dos homens passou a ser primordial, surgindo a figura eminente de Philippe Pinel, e o tratamento moral, publicando em 1801 o Tratado médico-filosófico da alienação mental ou mania, no qual classifica quatro espécies do gênero de loucura: mania, melancolia, demência e idiotismo.

Esquirol, discípulo de Pinel, volta seu interesse para a clínica. Proclama que a psiquiatria deve ser

entendida como uma medicina mental e deve buscar seu entendimento na anatomia cerebral e não nos metafísicos (filósofos) ou nos moralistas (a Igreja). Ele inicia uma classificação de dois tipos de melancolia, a lipemania (Melancolia mórbida, estado depressivo que pode levar ao suicídio) e a monomania (um tipo de paranóia na qual o paciente tem uma única idéia ou tipo de idéias).

No século XX houve a consolidação da psiquiatria.

Sigmund Freud escreve Luto e melancolia, em que descreve que a melancolia é uma forma de luto, e que urge de uma sensação de perda da libido. Considera que, na melancolia, o ego se torna pobre e vazio.

Emil Kraepelin, em seu Compêndio de Psiquiatria, publicado em 1883, representou a grande força que impulsionou o aperfeiçoamento da nosologia psiquiátrica no início do século XX. Supunha que toda doença mental se erigia sobre uma base bioquímica interna. Separou a depressão em três categorias, da mais suave a mais grave, permitindo uma relação entre elas. Quanto à sua etiologia, a hereditariedade se destacava, em 1970, com 80% dos casos. Os neurônios passam então a serem mais estudados, tendo a definição que possuíamos oito bilhões deles.  Em 1950, 50 bilhões. Em 1970, 70 bilhões e atualmente temos o conhecimento de 86 bilhões, tudo graças aos anos 90, considerados como a década do cérebro, considerando a depressão como doença mental, alheiando-se das idéias filosóficas e religiosas, dando caráter médico-científico para tal mal, que atualmente é a quarta maior forma de óbito da humanidade e até 2020 a segunda maior.

 2. O que é?

 É das doenças mais comuns da era moderna, atingindo homens, mulheres e crianças de todas as idades. Caracteriza-se por um estado de humor deprimido. A pessoa portadora de depressão costuma apresentar os mais variados sintomas possíveis, como por exemplo:

Tendência à negatividade;
Auto-estima baixa;
Pensamentos inúteis obsessivos e repetitivos;
Tristeza;
Irritabilidade;
Apatia;
Sono excessivo ou falta dele;
Falta de energia, desânimo;
Cansaço;
Dificuldade de concentração;
Angústia;
Mudanças no apetite;
Dores musculares etc.
Na maioria das vezes a pessoa depressiva isola-se do convívio social, criando demônios internos, e, não sendo tratado o problema, pode degenerar-se em loucura, desajustes físicos tais como: enxaquecas, disfunções digestivas, inflamações do nervo ciático, contraturas musculares, câncer, úlceras, arteriosclerose, derrames, infartos, dores de garganta repetidas etc., e, fatalmente ao suicídio.

3. Os tipos:

Unipolar: caracteriza-se pelo desânimo, choro, sentimento de culpa, cansaço, frigidez, alterações de sono e apetite, desinteresse por tudo;
Bipolar: a depressão alterna-se com estados de euforia: tagarelice, irritabilidade, insônia, manias de grandeza, excitação sexual exagerada, compras excessivas, uso de drogas e álcool. (Não tratada, a mania pode avançar para o quadro psicótico com delírios e alucinações);
Sazonal: Relacionada à luminosidade diurna, com episódios que se repetem no outono/inverno e sintomas atípicos. Mais freqüente em países com inverno rigoroso, melhora com fototerapia (exposição diária prolongada à luz forte);
Pós-parto: aparece gerando os sintomas tradicionais e também, a rejeição pelo bebê ou mesmo pelo companheiro. Algumas mulheres chegam até ao extremo de matar o próprio filho numa crise grave, a chamada psicose puerperal.
4.      Causas:

Clínicas: medicamentos e drogas, doenças crônicas e agudas e alterações hormonais (menopausa, andropausa, adolescência, pós-parto etc.);
Genéticas: disfunções cerebrais, diminuição de neurotransmissores (serotonina, noradrenalina, dopamina etc.);
Psicológicas: imaturidade, sentimento de perda, baixa auto-estima, insegurança, sentimento de culpa, síndrome de “reféns da vida”, repressões etc.;
Espirituais: obsessão e degeneração perispiritual (decorrente do desequilíbrio psíquico).

5. A cura:

A ciência constatou que 30% dos casos de depressão ocorrem por causas clínicas ou genéticas, sendo 70% decorrentes dos fatores psicológicos, e, conseqüentemente espirituais. A doença deve ser avaliada por especialistas, para serem descobertas as causas, assim sendo pode se receitar o medicamento apropriado e a terapia conveniente, pois, enquanto o medicamento trata o efeito, que é a diminuição dos neurotransmissores, tais como noradrenalina e serotonina, os mais comuns, a terapia trata a causa, que é psicológica, pois o problema está em nossas emoções em desalinho, por esse ou aquele fator.

A visualização terapêutica, a inclusão social, o armazenamento de informações positivas e enriquecedoras, o entendimento de si mesmo e de seus limites, o alicerce religioso e quando não a necessidade de tratamento espiritual, com a consciência da reforma íntima, angariando valores éticos e morais, são fatores que trarão a cura, se bem realizados com disciplina necessária e colaboração total do enfermo.

Devemos deixar tabus e preconceitos de lado, buscar o tratamento correto e coerente, e, lembrar-se sempre, que nossas doenças nascem geralmente, da mente em desequilíbrio, de fobias não curadas, problemas não resolvidos, de fatores cármicos, e à luz da consciência de si mesmos, podem ser tratados, sendo que o protagonista de tudo somos nós mesmos.

O amor, o perdão, o auto-perdão, a consciência espiritual, os alicerces morais, a esperança, o trabalho, o equilíbrio são fatores que nos conduzem a felicidade. A saúde perfeita depende da saúde mental e espiritual. Estar de bem com a vida e consigo mesmo, aceitando algumas situações, lutando e modificando outras, sendo feliz e fazendo os outros felizes. Disse o mestre: “Não acumuleis tesouros na terra, onde as traças e a ferrugem os consumirão e os ladrões minam e os roubam; acumuleis tesouros no Céu, onde nem a ferrugem, nem os vermes os consumirão; onde os ladrões não penetram nem roubam, pois onde está vosso tesouro, também está o vosso coração”.

Bibliografia: Seja feliz, diga não à depressão, de Elaine Aldrovandi, Informativo Ortomolecular, de agosto de 2006, e O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.

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