Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 2 de julho de 2013

A Nossa Parte


Certa feita o grande líder e pacifista indiano, Mahatma Ghandi, ao ressaltar a importância do Cristo Jesus para toda a humanidade, disse, em outras palavras, que se todos os livros do mundo fossem destruídos e só restassem os escritos do Sermão da Montanha, ainda assim os homens teriam à sua disposição um roteiro de paz e de luz, cuja prática diária os conduziria à felicidade e à libertação definitiva das reencarnações dolorosas.

Esta fala, de alguém que não era cristão, mas que amava profundamente o Cristo, nos dá uma idéia da importância deste conjunto de ensinamentos sublimes, verdadeiro banquete espiritual cujo prato de entrada corresponde às inolvidáveis Bem Aventuranças. Aquele Mestre Galileu, simples e sábio, oriundo das esferas superiores, consolava e orientava a multidão ali presente ao monte, sendo que em dado momento instruiu:



"Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á" (Mateus 7:7).

O Espiritismo ensina que a prece tem três objetivos: pedir, louvar e agradecer. Freqüentemente nos esquecemos de louvar e agradecer ao Pai Celestial por todas os recursos e oportunidades de crescimento espiritual que Ele nos proporciona. Entretanto, a maioria de nós, espíritos ainda imperfeitos, trilhando com dificuldades a jornada evolutiva que nos compete, fixa-se na primeira parte da instrução de Jesus, a qual se relaciona ao verbo pedir e à garantia de que o pedido será atendido. E como o ensinamento evangélico não restringe o que pode e deve ser pedido, aproveitamos para pedir tudo que vem à nossa mente, principalmente aquilo que satisfaz as nossas necessidades materiais mais imediatas, bem como os nossos sonhos de consumo: uma promoção no trabalho, ganhar na loteria, comprar um carro ou uma casa nova, fazer aquela viagem tão desejada, dentre outras coisas do gênero. Entretanto, mediante o estudo da Doutrina dos Espíritos, percebemos claramente o quanto somos responsáveis por tudo aquilo que pedimos e também aprendemos que devemos pedir a Deus e aos bons Espíritos que nos auxiliem nas dificuldades morais que ainda portamos, que nos fortaleçam nas provas e expiações inerentes às nossas necessidades espirituais, que nos conceda a bênção da amizade sincera e do trabalho digno, que tenhamos saúde e sabedoria para cumprirmos nossas missões aqui na Terra, além de podermos educar nossos filhos para que sejam pessoas de bem. Portanto, no que concerne à natureza dos nossos pedidos, nunca será demais nos lembrarmos do Apóstolo Paulo: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm". (I Cor. 6:12).

Contudo, o ensinamento de Jesus não se limita ao ato de pedir. Ele vai mais além, aos nos mostrar que pedir apenas não basta. Buscar e bater são ações que nos remetem à necessidade de sempre nos esforçarmos em fazermos a nossa parte e não ficarmos somente esperando que os nossos pedidos sejam prontamente atendidos por Deus. O trabalho, que no dizer dos Espíritos é "toda ocupação útil", conforme questão 675 de O Livro dos Espíritos, é lei da natureza, sendo que dele nenhum dos homens está dispensado. Se queremos, por exemplo, conquistar um emprego, não basta apenas fazer o pedido em nossas preces. É necessário que nos capacitemos para o trabalho desejado e que saiamos em busca das oportunidades que o mercado oferece. Se queremos deixar o vício do cigarro ou do álcool, não basta apenas solicitar a Deus a força para resistirmos à esses males. É imprescindível o nosso próprio esforço no sentido de nos abstermos destes hábitos perniciosos.

Segundo o Espírito Emmanuel, no livro Recados da Vida, psicografado por Francisco Cândido Xavier, "Seria ingenuidade supor que Deus, o Doador de Tudo a todos, fosse obrigado a providenciar para nós aquilo que podemos providenciar por nós mesmos". O problema é que após muitas reencarnações na preguiça e no comodismo, como partidários da lei do menor esforço, ainda conservamos em nosso psiquismo a tendência de tudo esperar, sem participarmos do processo dando a nossa quota de suor, sacrifício, espírito de abnegação e renúncia. Afinal de contas, é sempre mais fácil e cômodo esperarmos que Deus nos dê tudo o que Lhe pedimos do que nos esforçarmos para conquistar aquilo que realmente necessitamos.

Pensemos nisso, pois a vida sempre nos pede colaboração e trabalho ativo em todas as circunstâncias. Não deixemos para Deus, para os Espíritos ou para os nossos irmãos encarnados aquilo que é de nossa responsabilidade. No fundo, a máxima de Jesus é análoga àquela outra, muito conhecida por todos: "ajuda-te e o céu te ajudará". Assim, não percamos mais tempo. Confiemos em Deus, mas jamais deixemos de fazer a parte que nos cabe. É isso que Ele espera de cada um de nós e isto é o mínimo que podemos fazer.

Valdir Pedrosa - Setembro/2008

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