Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Ação e Reação

Gisele Bortoleto

Entenda o karma, termo de uso religioso segundo o qual o ser humano planta o que colhe.
Cabe a nós, portanto, determinar se o gosto do fruto será doce ou amargo.
Muita gente fala, mas poucos sabem realmente o que é. Considerada uma das leis que regem
o cosmo, o conceito de karma ou carma é usado para definir uma espécie de correspondência, em
que recebemos de volta as coisas boas ou ruins que proporcionamos aos outros.
Na verdade, é um termo de uso religioso dentro das doutrinas budista, hinduísta e jainista,
adotado depois pelo espiritismo para expressar um conjunto de ações dos homens e suas
consequências. A palavra vem de “karman”, que significa “ação” em sânscrito, antigo idioma
indiano.
Dalai-Lama, o mais alto sacerdote do budismo tibetano, diz no livro “Sábias Palavras do
Dalai-Lama (ed. Bertrand Brasil) que “Qualquer situação individual ou mundial provém do
encadeamento de causas e condições geradas pelos seres humanos de existência em existência”.
Pela lei do karma, todas as nossas ações, tanto para o bem quanto para o mal das pessoas ou
da natureza, geram os frutos que iremos colher na vida presente ou em outras futuras. Então, esses
frutos podem ser doces ou amargos, de acordo com nossos atos.
A lei do karma é também conhecida como a lei da ação ou reação ou de causa e efeito. Pode
ser entendida como o equivalente espiritual da Terceira Lei do Movimento de Newton, a qual
enuncia que, no plano físico, para cada ação há uma reação igual e em sentido contrário.
Mas o entendimento e a aceitação dessa filosofia estão estreitamente ligados à convicção
íntima na reencarnação, que afirma que o espírito é imortal e que vem de tempos em tempos para a
Terra para vivenciar as lições necessárias para seu aperfeiçoamento moral. O mestre indiano
Paramahansa Yogananda (1893-1952), em um trecho de seu livro “A Eterna Busca do Homem” (ed.
SRF), diz que “Se não aprendermos nossas lições nesta vida, teremos de voltar para aprendê-las em
alguma outra”. Essa mesma convicção permeia o hinduísmo, religião que surgiu na Índia
emaproximadamente 2000 a.C., e o budismo, nascido 500 anos depois. As duas religiões defendem
que a alma passa de corpo em corpo, num ciclo contínuo de nascimento, morte e renascimento,
chamado de samsara, até que, livres dos testes e das provações, encontram-se com o divino. Allan
Kardec (1804-1869), decodificador da doutrina espírita no século 19, religião também
reencarnacionista, não usou a palavra karma em nenhum momento, mas o termo foi incorporado
mais tarde ao jargão espírita para designar o nível de evolução espiritual de cada um, ao qual se
devem as circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis que venha a encontrar.
O promotor e dirigente espírita Marcos Antonio Lélis Moreira afirma que o espiritismo
acredita na lei da ação e reação, revelada por Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos” (ed. FEB),
que segundo ele já vinha sendo pregada por Jesus quando falava que “A sementeira é livre, mas a
colheita é obrigatória”. Ou seja, a pessoa pode fazer tudo na vida e tudo é permitido, porém, as
consequências virão.
Mas, segundo Lélis, diferente da lei do karma hinduísta, o espiritismo prega que existem
determinadas ações que podem atenuar transgressões passadas. “Se você, por exemplo, cometeu
transgressões gravíssimas em uma vida pretérita, mas na atual assumir atitudes edificantes e
beneméritas, pode traçar diretrizes melhores para essa existência”, explica.
Um exemplo claro da aplicação dessa lei na visão espírita é que não é porque eventualmente
uma pessoa tenha participado de um homicídio no passado que deverá ser alvo de uma morte
violenta na vida presente. “É preciso também ter cautela ao dizer, por exemplo, que todo acidente
envolvendo jovens é kármico. A imprudência também deve ser considerada e, nesse caso, a lei da
causa e efeito pode ser imediata”, diz Lélis.
O espiritismo afirma que podemos resgatar através da prática do bem o mal praticado em
outra instância. No livro “O Céu e o Inferno” (ed. FEB), Kardec discorre sobre a não existência de
penas eternas. Segundo ele, não há um determinismo inflexível no planejamento reencarnatório. O
objetivo do Criador é que cumpramos com sabedoria a sua lei.
O médico psiquiatra e dirigente espírita Ururahy Botosi Barroso diz que o espiritismo está
estruturado em cima de leis naturais e entre elas existe a de ação e reação, que faz parte da justiça
divina. O que, segundo ele, precisa ficar claro quando se fala em ação e reação é que, diferente do
que a maioria das pessoas pensa, não é uma coisa negativa. “Segundo os espíritos, não existe o mal,
só o bem. Por exemplo, você colocar a mão no fogo não é errado, mas vai ter uma reação, e essa lei
funciona para tudo, inclusive para as coisas boas”, diz. Ururahy Barroso diz ainda que a ideia de
associar ação e reação a coisas negativas devese ao fato de a maioria das pessoas terem aprendido
que é preciso pagar o pecado. “É libertador quando aprendemos com os espíritos que não existe o
mal ou o castigo e existe uma lei de ação e reação que se aplica a tudo, principalmente para o bem”,
diz. Ele explica ainda que o único determinismo para todo os seres é a felicidade. A felicidade é
nosso destino desde agora e nada é inflexível. A reencarnação, segundo ele, é um sinal do amor
incondicional de Deus, da inteligência suprema do universo.
A socióloga Luciana Ferraz, coordenadora nacional da Organização Brahma Kumaris,
entidade espiritual fundada na Índia, diz que, normalmente, as pessoas entendem karma como um
aspecto negativo, ou seja, todas as consequências negativas das ações que estamos colhendo nas
nossas vidas. Para a filosofia do Raja Yoga, seguida pela Brahma Kumaris, karma é uma palavra
neutra e não implica em consequências negativas. “Significa que se eu planto causas benéficas para
mim, para os outros e para o mundo, estarei colhendo um karma positivo. Se planto sementes de
raiva, estresse, ódio, vingança, desarmonia, estarei colhendo doenças, conflitos e desarmonia”, diz.
A Brahma Kumaris entende que os erros do passado podem ser amenizados com boas ações.
É como quando você tem de pagar uma conta e tem um saldo positivo no banco. Paga com a maior
facilidade. As ações caritativas, positivas e mudanças de comportamento fazem com que você
acumule um crédito positivo que vai estar a seu favor.
Luciana Ferraz diz ainda que o pensamento também é um movimento de energia, só que
mais sutil do que um movimento físico. Dessa forma, todas as imagens mentais que formamos
impregnam o espírito e ajudam na formação do karma, que é gerado a todo instante, mas,
diferentemente do que se pensa, nem sempre é ligado a cobrança ou castigo. Ao seguir os preceitos
religiosos que pregam valores como bondade, caridade e amor ao próximo, também ganha-se
consciência e é possível transformá-lo.

http://www.bkumaris.org.br/editora/artigos/A%C3%A7%C3%A3o-e-rea%C3%A7%C3%A3o-Gisele-Bortoleto.pdf

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