Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Reencarnação - ESDE e IDE - JF


Capítulo 11
Reencarnação

11.1 - Pluralidade X Unicidade das Encarnações

A reencarnação se baseia nos princípios da misericórdia e da justiça de Deus.
Na misericórdia divina, porque, assim como o bom pai deixa sempre a porta aberta a seus filhos faltosos, facultando-lhes a reabilitação, também Deus - através das vidas sucessivas - dá oportunidade para que os homens passam corrigir-se, evoluir e merecer o pleno gozo de uma felicidade duradoura. Emmanuel chega a dizer que “a reencarnação é quase o perdão de Deus.”
Na lei de justiça, pois os erros cometidos e os males infligidos ao próximo devem ser reparados durante novas existências, a fim de que, experimentando os mesmos sofrimentos, os homens possam resgatar seus débitos, passando a conquistar o direito de serem felizes.
A unicidade das existências é injusta e ilógica, pois não atende às sábias leis do progresso espiritual.
É injusta, porque grande parte dos erros humanos é resultante da ignorância e, numa só vida, não nos é possível o resgate de nossos erros, principalmente quando o arrependimento nos sobrevém quase ao findar da existência. É preciso que se dê oportunidades ao arrependido para que ele comprove sua sinceridade através das necessárias reparações.
É ilógica, porque não pode explicar as gritantes diferenças de aptidões das criaturas desde sua infância; as idéias inatas, independentemente da educação recebida, que existem nuns e não aparecem em outros; os instintos precoces, bons ou maus, não obstante a natureza do meio onde nasceram.
As reencarnações representam para as criaturas imperfeitas valiosas oportunidades de resgate e de progresso espiritual.
Só a pluralidade das existências pode explicar a diversidade dos caracteres, a variedade das aptidões, a desproporção das qualidades morais, enfim, todas as desigualdades que ferem a nossa vista.
Fora dessa lei, indagar-se-ia inutilmente porque certos homens possuem talento, sentimentos nobres, aspirações elevadas, enquanto muitos outros só tiveram em partilha tolices, paixões e instintos grosseiros.
A influência dos meios, a hereditariedade, as diferenças de educação não bastam para explicar essas anomalias. Vemos os membros de uma mesma família, semelhantes pela carne e pelo sangue, educados nos mesmos princípios, diferençarem-se em bastantes pontos; personagens célebres têm descendido de pais obscuros e destituídos de valor mora.
Os que defendem a unicidade das existências afirmam que isto se deve ao acaso ou constitui-se um mistério divino. Mas quando passamos a admitir a idéia de que já vivemos muitas vezes e voltaremos a viver outras tantas, tudo se esclarece, tudo se torna compreensível e Deus, Justo, Bom e Caridoso cresce diante do homem.

11.2 - Reencarnação nos Evangelhos

Em várias passagens dos Evangelhos aparece claramente a idéia da reencarnação, mas Allan Kardec examina três, que ele considerava como as mais importantes:

1ª) “Após a transfiguração, seus discípulos então o interrogaram desta forma: Porque dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias? - Jesus lhes respondeu: É verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas, mas eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve. Então, seus discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara.” [Mateus-XVII:10-13] [Marcos-IX:11- 13]
A consideração de que João Batista era Elias está presente várias vezes no Evangelho, reforçando a idéia de que muitos judeus tinham simpatia pela Teoria Palingenésica. Se fosse errôneo este pensamento, certamente Jesus o teria combatido, como fez em relação a vários outros.
2º) ”Ao passar, viu Jesus um homem que era cego desde que nascera; - e seus discípulos e fizeram esta pergunta: Mestre, foi pecado deste homem, ou dos que o puseram no mundo, que deu causa a que ele nascesse cego? - Jesus lhes respondeu: não é por pecado dele, nem dos que o puseram no mundo; mas para que nele se patenteiam as obras do poder de Deus.” [João-IX:1-34]
A pergunta dos discípulos: “foi algum pecado deste homem que deu causa aquele nascesse cego?” revela que eles tinham a intuição de uma existência anterior, pois, do contrário, ela careceria de sentido, visto que um pecado somente pode ser causa de uma enfermidade de nascença se cometido antes do nascimento, portanto numa existência anterior.
3º) ”Ora, entre os fariseus havia um homem chamado Nicodemos, senador dos Judeus, que veio à noite ter com Jesus e lhe disse: Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor, porquanto ninguém poderia fazer os milagres que fazes, se Deus não estivesse com ele.
Jesus lhe respondeu: em verdade, em verdade, dito-te: ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo.” [João-III:1-12]
Não há dúvidas de que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação era ponto de uma das crenças dos judeus, ponto que Jesus e os profetas confirmaram de modo e forma. Donde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo.

11.3 - Evidências Científicas

As principais evidências científicas da reencarnação são:

Gênios Precoces

São crianças prodígios, que desde a mais tenra idade mostram possuir conhecimentos de tal ordem à respeito de temas os mais diversos que seria impossível explicá-los sem a certeza de que viveram antes.
Kardec, examinando a questão pergunta aos benfeitores como entender este fenômeno [LE - qst 219] e eles dizem:
“Lembrança do passado, recordação anterior da alma.”

Recordação Espontânea de Vidas Passadas

Caracteriza-se pelo fato de pessoas, especialmente crianças passarem a se recordar espontaneamente de vidas anteriores.

Regressão de Memória a Vidas Anteriores

Inúmeros casos têm surgido de pessoas que passam a relatar vivências anteriores durante o fenômeno, hoje relativamente comum, de regressão de memória.
No final do século passado, o pesquisador francês Alberto Rochas, realizando experiências com regressão de memória conseguiu levar uma das suas pacientes a uma existência precedente. A partir daí vários outros cientistas, em diversas partes do mundo, começaram a desenvolver essas técnicas, conseguindo anotar milhares de referências concordantes com o princípio da Palingênese.
Recentemente, este processo foi desenvolvido com fins terapêuticos, onde psiquiatras espiritualistas se utilizam de técnicas apropriadas para, através da regressão de memória, dissolverem condições neuróticas de pacientes psiquiátricos. Esses processo, ainda no campo experimental, portanto não aceito pela Ciência Oficial, recebeu o nome de T.V.P. (Terapia de Vidas Passadas).

11.4 - Objetivos da reencarnação

Ensina-nos Allan Kardec [LE - qst 330] que a reencarnação está para os Espíritos, assim como a morte está para os encarnados: é um processo inelutável, tão certo quanto o desencarne o é para os homens.
A encarnação é uma necessidade evolutiva, porque somente ao contato com a matéria física consegue o Espírito certos elementos necessários ao seu progresso.
A luta pela sobrevivência, o período de infância, o esquecimento do passado são condições exclusivas da vida na Terra e essenciais à aquisição de certos valores.
O Espírito São Luís, examinando o tema diz:
“A passagem dos Espíritos pela vida corpórea é necessária, para que eles possam realizar, com a ajuda do elemento material, os propósitos cuja execução Deus lhe confiou. É ainda necessária por eles mesmo, pois a atividade que então se vêem obrigados a desempenhar ajuda-os a desenvolver a inteligência. Deus, sendo soberanamente justo, deve aquinhoar eqüitativamente a todos os seus filhos É por isso que Ele concede a todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de ação.” [ESE - cap. IV]
Kardec completa o tema:
“A obrigação que tem o Espírito encarnado de prover ao alimento do corpo, à sua segurança, ao seu bem estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento é a sua união com a matéria. Daí se constituir uma necessidade a encarnação. Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e progresso material do globo que lhe serve de habitação. É assim que, progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente.” [Gên]
Estes objetivos reencarnatórios são sistematizados didaticamente por Allan Kardec em três tipos: expiação, prova e missão [LE - qst 872].

Expiação

Expiar, segundo a definição vulgar, significa sofrer em função de alguma coisa. A expiação surge como objetivo encarnatório, quando o homem malbarata o código divino que rege o universo. Quando o indivíduo por excessos, maldade ou por imprudência fere a lei geral que cuida dos nossos destinos, torna-se incurso na Lei de Causa e Efeito, para que, através do sofrimento, se reeduque.
“A expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que são conseqüentes à uma falta, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal.” [CI - cap. VIII]
Em [O Consolador - qst 246] Emmanuel afirma:
“A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime.”
I - Características da expiação
     Sempre dolorosa
     Sempre ligada a uma falta

Prova (Provação)

Ainda em [O Consolador - qst 246] Emmanuel continua:
“A prova é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual.”
As provas são uma série de situações apresentadas ao Espírito encarnado objetivando o seu crescimento. Através do esforço próprio, das lutas e do sacrifício ele vai burilando a sua personalidade, desenvolvendo a sua inteligência e se iluminando espiritualmente.
“Não se deve crer que todo sofrimento por que se passa neste mundo seja necessariamente o indício de uma determinada falta: trata-se, freqüentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito, para acabar a sua purificação e acelerar o seu adiantamento.” [ESE - cap. V it 9]
Lembra Kardec que nem toda prova é uma expiação, mas em toda expiação há uma prova, porque diante do sofrimento expiatório, o homem ver-se-á convidado a desenvolver (lutar) pelos valores de resignação.
II - Características da prova
     Não está vinculada a uma falta
     Não é sempre dolorosa, embora possa ser
     Representa sempre luta para crescimento pessoal

Missão

“Um Espírito querendo avançar mais, solicita uma missão, uma tarefa, pela qual será tanto ou mais recompensado, se sair vitorioso.”[ESE - cap. V it 9]
Pelo exposto, podemos entender a missão como sendo uma tarefa específica que objetiva o bem da criatura.
Lembra ainda Kardec que:
“Todo homem, sobre a Terra, tem uma pequena ou grande missão” e que “as missões dos Espíritos tem sempre o bem por objeto. Há tantos gêneros de missões quanto as espécies de interesses a resguardar.”
Informa que a importância das missões está em relação com a capacidade e a elevação do Espírito, e que cada um tem sua missão neste mundo, porque cada um pode ser útil em algum sentido.
Kardec [CI] emprega ainda a expressão reparação para designar aquela condição onde o indivíduo reencarna com o propósito de fazer o bem a quem ontem fez o mal.
Pode-se considerar a reparação como uma variante da missão.
III - Características da missão
     Tarefa específica
     Pressupõe certa condição evolutiva prévia
     Objetiva o melhoramento de algo ou alguém

Bibliografia

     O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
     Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec
     A Gênese - Allan Kardec
     O Consolador - Emmanuel/Chico Xavier
     O Problema do Ser, do Destino e da Dor - Leon Denis
     A Reencarnação e Suas Provas - Carlos Imbassahy
     Reencarnação - Gabriel Delanne
     Depois da Morte - Leon Denis
     A Memória e o Tempo - Hermínio Miranda

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