Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS

DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS

Utilidade providencial da riqueza

O homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta. Cabe-lhe desobstruí-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta.

Para realizar esses trabalhos, precisa de recursos, e a necessidade, que é "mãe do engenho", como o fez descobrir a Ciência, o levou a criar a riqueza, produzindo valores, acumulando coisas e bens.

Sem a riqueza, não haveria mais grandes trabalhos nem estimulante para a ação ou para as pesquisas.

A atividade que esses mesmos trabalhos impõem ao homem lhe amplia e desenvolve a inteligência. A inteligência que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais.

A riqueza, pois, não é um mal em si mesma. Bem utilizada, ela leva a humanidade não só ao progresso material e intelectual, mas, também, ao progresso moral.

Se a riqueza chega a causar muitos males, a exacerbar tanto as más paixões, ou provocar crimes, não é a ela que devemos inculpar, mas ao homem, que dela abusa, como de todos os dons de Deus.

Pelo abuso, ele torna pernicioso o que mais útil lhe poderia ser. É a consequência do estado de inferioridade do mundo terrestre.

Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao homem fazê-la produzir bem.

Desigualdade das riquezas

Que aconteceria se, acaso, se pudesse repartir toda a riqueza da Terra com igualdade entre todos os seus habitantes?

- a cada um caberia apenas uma parcela mínima e insuficiente;

- não haveria recursos para nenhum dos grandes trabalhos que concorrem para o progresso e o bem-estar da humanidade;

- tendo o necessário para sobreviver, o homem não sentiria o aguilhão da necessidade para o impelir às descobertas e aos empreendimentos úteis.

Ainda que fosse possível efetuar essa repartição entre todos os homens, em pouco tempo o equilíbrio estaria desfeito, pela diversidade dos caracteres e das aptidões.

- Por que não são igualmente ricos todos os homens?

- Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI, item 8)

O enfoque espírita quanto à riqueza

A desigualdade das riquezas é um dos problemas que inutilmente se procurará resolver, desde que se considere apenas a vida atual.

A luz do Espiritismo, porém, entendemos que:

- os seres humanos, somos Espíritos imortais reencarnados;

- para progredir, precisamos das experiências que a vida corpórea enseja;

- uma dessas experiências é aprender a produzir a riqueza e com ela trabalhar, acertadamente;

- através das reencarnações, temos oportunidade para isso. Entendemos, também, que Deus:

- concentra a riqueza em certos pontos, para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades; e

- desloca-a constantemente, para que não fique longo tempo improdutiva nas mãos dos que não a estão sabendo utilizar; e para que cada um, por sua vez, tenha a oportunidade de lidar com ela.

Alguns estão dispondo da riqueza no momento, outros já a tiveram, outros ainda virão a usufruí-la e mesmo quem já a teve poderá, se necessário, voltar a possuí-la.

Por enquanto, na Terra a riqueza é para poucos. A maioria luta por sobreviver, dispondo apenas de posses medianas ou mesmo enfrentando a miséria.

Isto se dá não apenas pela má distribuição da riqueza, feita pelo materialismo e o egoísmo, dominantes no planeta.

E, também, porque não sabemos todos produzir riquezas ou não queremos nos esforçar para isso.

Se a riqueza na Terra fosse fácil para todos, em nosso grau de evolução, a maioria não trabalharia, não estudaria, quereria somente gozar, e isto não traz progresso para o Espírito.

Se há os que abusam da riqueza, não será com decretos ou leis que se remediará o mal. Leis e decretos bem intencionados servem para controlar um tanto a ação dos ambiciosos e exploradores, mas não conseguem mudar inteiramente o coração dos homens, que continuam procurando descobrir novos meios de assegurar seus lucros indevidos. A origem do mal reside no egoísmo e no orgulho; os abusos de toda espécie somente cessarão quando os homens se regerem pela lei da caridade, do amor ao próximo.

Com a evolução intelectual e moral da Terra, os extremos da miséria ou da riqueza excessiva serão corrigidos, pela melhor produção e distribuição dos recursos.

Entretanto, "os pobres sempre os tereis convosco" (Jesus - Jo 12:8). Sempre haverá na Terra pessoas com menos aptidões e recursos do que outras, por estarem em diferentes graus de evolução.

Deus concede a uns riqueza e poder e a outros a pobreza como meios de experimentarmos as diferentes condições que ensejam.

Tanto a riqueza como a pobreza servem para nos testar intelectual e moralmente, constituindo, às vezes, situações de resgate espiritual.

Qual a prova mais difícil: a riqueza ou a pobreza?

Ambas são difíceis.

Ante a miséria, podemos ficar: desanimados com as dificuldades; revoltados contra tudo e contra todos; invejosos de quem tem o que não temos; até tentando conseguir pelo roubo, pelo crime, o que precisamos ou queremos; reclamando contra Deus por não compreendermos seu divino programa para a nossa evolução.

Quanto à riqueza, constitui uma prova muito arriscada, bastante perigosa para o Espírito, porque é o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual.

Geralmente, quem é rico neste mundo se torna orgulhoso, avarento, indiferente à necessidade ou sofrimento do próximo e se desvia moralmente nos abusos.

Sim, a riqueza é a origem de muitos males na Terra. Por Causa dela, muitos prejudicaram sua felicidade na vida futura. Jesus aludiu a isso, na passagem do moço rico:

Como é difícil entrar um rico no reino dos céus! (...) É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico se salvar. (Mt 19:23-24)

Então, a riqueza impede a evolução do Espírito?

Se assim fosse, Deus não a teria posto nas mãos de alguns de seus filhos, pois seria prejudicá-los.

Querer abolir a riqueza, para não errarmos com ela, seria condenar também ao trabalho que a granjeia, o que estaria em contradição com a lei de progresso.

Jesus disse que é difícil um rico se salvar, mas não disse ser impossível; porque a riqueza também pode ensejar que o seu possuidor produza muita coisa útil e boa, para si e para o seu próximo, tornando-se um meio de salvação espiritual.

Tudo vai depender, portanto, do uso que fizermos da riqueza, de como nos comportarmos diante da pobreza.

Como nos comportamos nessas provas?

Na pobreza:

- cuidar do pouco que se possui e usá-lo acertadamente; procurar desenvolver e aperfeiçoar a própria capacidade de produzir valores;

- cultivar a resignação, moderação, simplicidade, humildade, honestidade, enfim todas as virtudes que a prova da pobreza mais estimula, quando bem entendida;

- praticar a caridade ao seu alcance. Materialmente, ajudando com o pouco que tiver aos que são mais necessitados ainda. Espiritualmente, com o seu amparo moral, afeto sincero, lealdade, a boa palavra e o bom exemplo;

- não invejar os ricos nem pensar mal deles. Lembrar que estão sendo duramente testados e merecem compaixão e ajuda (se estiverem errando) e apoio e respeito (se estiverem acertando).

Na riqueza:

- lembrar que Deus é o verdadeiro Senhor de todos os bens da vida e apenas somos os "mordomos", usufruindo e administrando temporariamente, devendo prestar contas de tudo, ao final da existência;

- tomar cuidado para não cair no orgulho, na inércia, no egoísmo, ou nos excessos do gozo material;

- como dispõe de mais tempo e recursos do que o pobre, aproveitar para estudar, e concorrer para o engrandecimento tanto intelectual como moral e material dos seus semelhantes;

- procurar prestar todos os benefícios possíveis com os bens que recebeu, sem desperdiçá-los nem enterrá-los num cofre, onde ficam sem utilidade para ninguém.

Enfim, procurar desempenhar o melhor possível seu papel de intermediário da riqueza, sem se deixar dominar por ela espiritualmente, de modo que mereça de Deus outras e maiores atribuições, futuramente.

Qual o melhor emprego que se pode dar à riqueza?

A solução do problema está nestas palavras: "Ama-vos uns aos outros". Aquele que se acha animado do amor ao próximo tem aí traçada a sua linha de proceder. A caridade deve ser cheia de amor, aquela que procura a desgraça e a ergue, sem, no entanto, a humilhar.

Com amor e sabedoria, sempre se encontrará o melhor emprego para a riqueza.

Bibliografia:

IV Allan Kardec: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI; O Livro dos Espíritos, itens 808 a 816.

Therezinha Oliveira

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