Pe. Roberto Sabóia de Medeiros nasceu no Rio de Janeiro, em 18 de maio de 1905 e faleceu em São Paulo, em 31 de julho de 1955, no dia de Santo Inácio de Loyola. Coincidência e graça para um grande jesuíta.
Uma vida consagrada a Deus e a seus semelhantes. O Pe. Sabóia ingressou na Companhia de Jesus em 1922. Foi ordenado sacerdote em 1936, em Buenos Aires, Argentina. A partir de 1939 desenvolve seu trabalho em São Paulo. Sua grande preocupação era a questão social, objeto de tantas encíclicas e ensinamentos dos Papas. Junto com o estudo e oração, a ação.
Nesta tarefa empenhou toda a sua alma, todo o seu dinamismo. E as obras, as comissões, os institutos, os centros técnicos e as escolas foram surgindo. Alceu Amoroso Lima define seu trabalho como “uma ponta de lança nas conquistas sociais”. A educação foi outra preocupação sua. Além do aprendizado de disciplinas exatas e técnicas, queria colocar à disposição de seus estudantes de administração e engenharia uma formação ligada aos valores transcendentais do homem.
"Ele não tinha um tostão" disse certa vez um de seus colaboradores. Podemos imaginar o que lhe custou em termos de tempo, paciência, ousadia, insistência, criatividade levantar os recursos para que tudo começasse a funcionar. Na busca de fundos, acabou por estabelecer enorme rede de amigos, empresários, conhecidos e benfeitores, que se convenceram da seriedade de seus propósitos. Os que com ele privaram dão notícia de um homem de temperamento exuberante, extrovertido e até “um pouco espalhafatoso”.
O que não diminuía em nada seu zelo apostólico, sua vida espiritual e atividade intelectual. Foi um grande admirador do Cardeal Newman, figura maior da Igreja da Inglaterra, de quem tinha um retrato sobre a escrivaninha. Foi ardoroso adepto do filósofo francês Maurice Blondel e leitor assíduo de Aldous Huxley. Manteve correspondência com ambos. As absorventes ocupações e os seus empreendimentos não impediram o cultivo da filosofia e teologia. A biblioteca da Ação Social, fundada por ele em 1944, e hoje recolhida na Biblioteca Pe. Aldemar Moreira, no campus de São Bernardo atesta a profundidade e a variedade de suas preocupações, que incluiam também literatura inglesa e a história da União Soviética. O Prof. Dino Bigalli, que ele trouxera da Itália, considerava-o, mais que um fundador de obras, “um pastor de almas”. Não admira que o Dr. Peter Grace, um de seus benfeitores americanos o chamasse “a man in a million”.
O Pe. Sabóia foi grande comunicador, festejado pregador. Manteve programas de rádio e escreveu artigos; não raro, segundo o gosto da época, envolveu-se em debates de grande repercussão. A Ação Social mantinha um Centro Técnico do Trabalho, que ministrava cursos de orientação social para trabalhadores, a Clínica Santo Inácio, para atender pessoas carentes, numa época em que os serviços da Previdência Social ainda não estavam organizados; uma tipografia (que hoje são as Edições Loyola) e editava as revistas “Serviço Social” e “Carta aos Padres”. Mas foi na área da educação que sua memória mantém-se mais viva e inspiradora.
A Escola Superior de Administração de Negócios, a ESAN (1941), a Faculdade de Engenharia Industrial, a FEI (1946) firmaram-se. Até hoje permanece a Escola Técnica São Francisco de Bórgia (1946). O Pe. Sabóia anteviu o desenvolvimento industrial brasileiro. Na década de 40 não existia ainda a figura do engenheiro industrial e a ESAN precedeu, em pelo menos dez anos, os cursos da Fundação Getúlio Vargas.
Idealista, sonhador, profeta. Mas igualmente pioneiro, batalhador, realizador. Para angariar recursos, conquistar benfeitores, empreendeu quatro viagens aos Estados Unidos, uma viagem à Itália e outra à Suécia. Conseguiu aparelhos, máquinas e instrumentos, mas de modo geral as contribuições ficaram aquém das expectativas. Mas em nenhum momento desanimou. Pelo contrário descobriu fórmulas, inventou caminhos, surpreendeu os céticos, enfim superou-se. Sabendo-se muito doente (leucemia), pediu a amigos de confiança que não deixassem perecer suas empresas. A Providência divina ouviu seus rogos. Apareceram muitos continuadores, principalmente o Prof. Joaquim Ferreira Filho e o Pe. Aldemar Moreira, S.J., que cuidaram bem do seu legado. Cuidaram, consolidaram e ampliaram.
http://www.fei.org.br/PadreSaboiaMedeiros.aspx
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