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Estudando o Espiritismo
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segunda-feira, 30 de abril de 2012
O “JESUS INTERNO” NA PSICOLOGIA ESPÍRITA
O “JESUS INTERNO” NA PSICOLOGIA ESPÍRITA
Dr. Vilson Aparecido Disposti (Araçatuba-SP)
O Espiritismo ao aprofundar a análise do homem terrestre, revela nele, a presença da alma imortal que o anima, carregando imensurável arquivo de suas vivências passadas.
Nem por isso, se deve inquietar quanto o que fomos ou realizamos. Porque, os fatos que tiveram importância emocional, sejam agradáveis ou não, estão assinalados nas zonas mais profundas do Espírito, em forma de núcleos energéticos, conforme lição do ilustre médico psiquiatra espírita Jorge Andréa[1].
Pois bem, são estes núcleos de energias que pulsam incessantemente nos centros da alma, a irradiarem forças para a zona da consciência, onde deságuam os conteúdos emocionais que lhe são próprios.
É compreensível, que tais emoções estejam ligadas a fatos ou desejos, que respectivamente as produziram e se mantém vivas, caso sigam realimentadas. Geralmente, são inquietações que se prendem á satisfação dos instintos humanos, como a agressividade, medo, dominação (poder), inquietação sexual etc.
No entanto, ainda que, tais vontades sejam repelidas pela consciência, elas não deixam de provocar uma onda de pensamentos permeados de emoções, por vezes, perturbadoras.
Só pelo fato de a consciência repelir uma vontade emergente do inconsciente, surge aí uma resistência que se opõe, portanto, capaz de gerar tensões internas. É o conflito! Porém, se o indivíduo não suportando a intensidade dessas tensões e venha realizar o desejo, dando-se, portanto, o deságue na zona física, em seguida, poderá arrepender-se. Porque se sentirá reprovado ou acusado por algo que pulsa em seu mundo interior.
A eterna luta entre o instinto e a razão, diga-se consciência e o inconsciente, opera-se na arena da intimidade do Espírito, que pode ser traduzida na luta do presente com o passado espiritual, que deseja repetir-se, mas, que nos cumpre o dever corrigi-lo, dando-lhe direção diversa.
Todavia é intrigante, a censura interna que o ser humano tem de si mesmo, ou seja, a auto-reprovação de seus pensamentos e mais severamente de suas condutas, a imporem perturbações ainda maiores, em face do sofrimento decorrente da culpa.
Mas, em qual instância residiria esse juiz, quase sempre, implacável que nos acusa? Jung a nomeou de “Deus interno” [2]. Mas, Allan Kardec, ao indagar os Espíritos da Codificação: “Onde está escrita a Lei de Deus?” Foram eles taxativos ao responderem: “Na Consciência”. (O Livro dos Espíritos, questão, 621) [3]
Assim, é de se reconhecer que em nossa consciência, pulsa também o senso da Lei Divina e tudo o que ela pode e deve representar, segundo o estágio espiritual de cada um. Seria nesta “superconsciência” que polarizam as nossas metas, sonhos de ideal, onde teríamos sim, o nosso “Deus interno”.
Mas, dada a nossa incorrigível inclinação em tomar Deus, por um Ser humanizado, o que de imediato O diminuiríamos, recorreremos á figura majestosa de Jesus, com quem identificamos melhor, porque Ele, embora divinizado, humanizou-se para nos ensinar mais de perto.
É indubitável que temos um “Cristo interno”, o qual fora construído pela educação religiosa durante as fases de nosso desenvolvimento nesta e noutras vidas. E Jesus seguirá, por muito tempo, sendo edificado no curso do tempo... Aí se pergunta: Como será mesmo, o nosso “Jesus interno”? E o seu? Só você poderá responder.
Porém, ousaria dizer, que esse Jesus interno não seria o mesmo, que Jesus Real. O interno é um Jesus quase temido, que censura, julga e até mesmo condena. Porque assim, Ele fora construído no inconsciente do ontem poderá seguir, desse modo, na consciência de hoje.
Enquanto, Jesus Real é o amor numa dimensão que ainda temos dificuldade em compreender. Jesus sabia que temos um futuro de luz, quando nos asseverou: “Vós sois deuses, pois brilhe a vossa luz”, tanto quanto, os Anjos tiveram um passado de sombras[4].
Em razão disso, a pessoa não pode se envergonhar de seu lado sombra, porque as imperfeições são da natureza humana. Como também não devemos nos envergonhar de Jesus, por essa condição de humanidade, que nela demoramos. Considerando-se que Jesus, nos empresta o tesouro do tempo para que façamos a transição do homem velho para o homem novo á caminho da luz.
Jesus, O Psicopedagogo por excelência, sabe que a aprendizagem se faz pelo inevitável processo de erros e acertos, por meio do mergulho do Espírito na densidade do corpo, de tempos em tempos.
Por certo, Jesus sabia que aumentaria os nossos conflitos, quando nos recomendou a observância da Lei de Amor. E Paulo, em carta aos Romanos, confessa: “Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço”.[5]
Por isso, Jesus reconheceu: “Não penseis que vim trazer a paz á Terra; não vim trazer a paz, e, sim a espada. Vim lançar o fogo sobre á Terra, e o que mais desejo, senão que ele se acenda?” (Mateus, 10:34 a 36) [6].
Enquanto Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, acolhe esta magna declaração registrada por Mateus, no capítulo 23, sob o título de Moral Estranha, onde esclarece que Jesus apresentava idéias novas e revolucionárias para os costumes bárbaros, os quais repercutem até hoje no homem do mundo.
Os ditos e os feitos de Jesus não se consolidarão sem que haja lutas! Lutas que se travam na intimidade silenciosa de cada um. Lutas que emergem dos desejos do ontem em litígio com as possibilidades do hoje. A reclamarem projeções para o exercício da caridade, da renúncia e da entrega a Jesus, para que o egoísmo das paixões humanas se sublime no Amor Universal.
Vilson Disposti - vilsondi@terra.com.br
(Artigo publicado na revista “O Semeador” – ed. n. 888, p. 06. Nov, 2011- Feesp)
REFERÊNCIAS
ALLAN KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Ed. Petit, São Paulo, 2001.
ALLAN KARDEC, O Livro dos Espíritos, Ed FEB, Rio de Janeiro, 2009.
DEEPAK CHOPRA, O Efeito Sombra, Ed Lua de Papel, São Paulo, 2010.
FREUD e JUNG, Sobre Religião, Ed. Loyola, São Paulo, 2001.
JORGE ANDRÉA, Psicologia Espírita, vol., II, Ed. Societo Lorenz, 1998.
FONTE: http://amigoespirita.ning.com/group/artigosespiritas/forum/topic/show?id=2920723%3ATopic%3A516416&xgs=1&xg_source=msg_share_topic
Postado por Grupo de Estudo e Trabalho João Batista às 12:59
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