Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 30 de abril de 2012

JESUS: TERAPEUTA DOS ENFERMOS DA ALMA


Em 1978, uma psicóloga chamada Hanna Wolff (1910-2001), nascida na cidade de Essen, Alemanha, e que estudou Ciências Jurídicas e Sociais em Munique, Heidelberg e Berlim, Teologia em Tubingen, Psicologia Profunda em Zurique, na Suíça, tendo vivido mais de 20 anos na Índia, publicou um livro intitulado Jesus Psicoterapeuta. Antes, ela havia publicado, em 1955, o livro Jesus Universal – A imagem de Jesus no contexto da cultura hindu e, em 1975, a obra Jesus na Perspectiva da Psicologia Profunda. Neste último, destaca ser Jesus um Homem Inconfundível.
No livro Jesus Psicoterapeuta, ela declara que durante o atendimento de seus clientes no consultório citava, involuntariamente, textos evangélicos, os quais eles registravam e refletiam sobre o seu conteúdo, sobre sua proposta ética transformadora e então... melhoravam. Ao ouvir dos pacientes que eles “haviam se apegado às palavras que ela lhes dissera e de ter recebido total ajuda das mesmas”, a Dra. Hanna Wolff concluiu que os atos da vida e os ensinos de Jesus eram terapêuticos e o considerou o maior terapeuta que jamais conhecera. 1.
As palavras, os atos e a vida de Jesus têm um significado terapêutico. “É a terapia de sua própria pessoa”. É a palavra, aliada à ação (sua e do paciente). Ele sempre indagava: “Queres ficar curado?”. Era a palavra terapêutica. E o paciente respondia: “Quero!”. Era a ação da vontade do paciente, desde que livre de motivos cármicos. João (7:37-38) relata que durante a festa dos tabernáculos, em Jerusalém, Jesus falava no Templo:
Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. Porque quem crê em mim, do seu interior fluirão rios de água viva.
Dentro desse contexto, podemos citar, também, o livro Jesus, o maior Psicólogo que já Existiu, um best-seller da chamada autoajuda, de autoria do terapeuta e psicólogo americano Mark W. Baker, que tem uma clínica na Califórnia. “Com base em sua experiência como terapeuta e no seu conhecimento da Bíblia, Baker demonstra porque a mensagem de Jesus é perfeitamente compatível com os princípios da Psicologia: ela contém a chave da saúde emocional, do bem-estar e do crescimento pessoal”. 2 O livro apresenta dezenas de lições de “como a sabedoria de Jesus pode ajudar a repensar atitudes e a praticar o perdão, a solidariedade e a lealdade, valorizando nossas vidas e nossos relacionamentos com mais amizade e amor”. 2.
Qual a técnica que Jesus utilizava? A técnica baseada na lei de causa e efeito:
Não precisava que alguém o informasse a respeito dos homens, pois sabia muito bem o que havia no coração de cada um. 3.
Era, portanto, o terapeuta da lei de causa e efeito. Essa qualificação de Jesus encontraremos nas anotações feitas por Mateus (16:27): “Pois o Filho do Homem virá [...] e, então, recompensará a cada um segundo as suas obras”. Ser terapeuta, portanto, com base na lei de causa e efeito é mergulhar nas regiões e paisagens abissais do ser humano, para identificar origens e significados de suas carências e dos seus distúrbios emocionais, como o fazia Jesus.
Pode-se observar o mecanismo da lei de causa e efeito na terceira lei de Isaac Newton (1642-1727), na Mecânica: “Toda força impulsionada numa dada direção origina outra força de igual intensidade, mas de sentido contrário”. O Espírito Manoel Philomeno de Miranda usa uma metáfora para simbolizar a lei de causa e efeito: o “efeito bumerangue”, 4 ou choque de retorno. Essa Lei do Universo, também chamada ação e reação, é o mecanismo das Leis de Deus atuando na dinâmica dos destinos humanos, em suas trajetórias evolutivas, segundo o Espiritismo. Doutrinas orientais chamam-na carma que, em sânscrito, significa o conjunto das ações dos homens e suas consequências.
Discorrer acerca da lei de causa e efeito leva-nos a examinar o postulado espírita que afirma ser “o perispírito agente da justiça divina”, 5 e que as qualidades ou distúrbios registrados nesse corpo espiritual “reaparecem no corpo físico, o qual é uma cópia daquele; e que as faltas, os abusos, as desvirtudes, os vícios e os crimes de existências passadas, gravados no perispírito, determinam enfermidades, moléstias, idiotismo, organismos incompletos e corpos disformes e sofredores, ante a reencarnação; que o Espírito ilumina-se a cada pensamento altruísta, a cada impulso de solidariedade e de amor puro”. 5.
Carlos Toledo Rizzini (1921-1992), em sua obra Evolução para o Terceiro Milênio, sintetiza que “o sofrimento é resultante de violações, erros e abusos no curso dos quais a Lei Divina é desrespeitada e os deveres negligenciados”, 6 e que “a prática do mal, a repetição de abusos, a acumulação de erros, os vícios, enfraquecem os centros de força do perispírito e geram lesões nele, que é sensível ao estado moral do Espírito”, 6 citando o Espírito André Luiz, que declara, no livro No Mundo Maior: “O espírito delinquente pode receber os mais variados gêneros, de colaboração, mas será imperiosamente o médico de si mesmo. [...]”. 7.
Quando falamos em cura vêm-nos à mente duas conexões com essa palavra: doença e saúde. Cura seria mudança de estado. Sair do estado de doença para o estado de saúde. O que é que cura as doenças? Quais são os agentes curadores das doenças? Medicamentos, cirurgia, terapias, dietas, exercícios, exames para formulação de diagnósticos etc. Isso tudo através da Medicina alopática, da Homeopatia e da chamada Medicina alternativa.
O Dr. Bernie S. Siegel, médico cirurgião em New Haven, Connecticut, EUA, relata em sua obra Amor, Medicina e Milagres 8 que os franceses Louis Pasteur (1822-1895) e Claude Bernard (1813-1878), dois gigantes da Biologia do século XIX, um dia polemizaram a respeito do fator mais importante na causa das doenças. Seria o terreno (ou seja, o organismo humano) ou seria o germe, um micro-organismo, um micróbio (vírus, bactérias, fungos)? Em seus últimos momentos de vida, Pasteur teria admitido que Bernard tinha razão ao declarar que era o terreno! Esse terreno, na visão espírita, ao invés do corpo físico, seria o corpo espiritual, o perispírito!
Entretanto, muitos observadores holísticos e espiritualistas destacam que a Medicina ortodoxa ainda se concentra na doença, enveredando por uma orientação falsa, segundo o Dr. Siegel, e que muitos profissionais da saúde “continuam procedendo como se fosse a doença que ataca as pessoas, em vez de compreenderem que as pessoas é que contraem as doenças, por se tornarem suscetíveis à sua causa, à qual todos nós sempre estamos expostos”. 8 Podemos dizer que haveria em cada um de nós uma causa dispositiva interna, que atrairia energeticamente os elementos causadores das enfermidades.
Um médico canadense, também historiador da Medicina, Sir William Osler (1849-1919), dizia que a contração da tuberculose se relaciona mais com o que se passa na mente do enfermo do que aquilo que ocorre com os seus pulmões. Ele repetia Hipócrates (460-377 a.C.), cognominado Pai da Medicina, que considerava mais fácil saber que gênero (tipo, modo de ser, estilo e espécie) de pessoa que tem determinada doença do que descobrir que gênero de doença tem determinada pessoa. 8.
Jesus, por exemplo, sabia o gênero de cada pessoa e se concentrava na alma da pessoa, porque a sua visão do ser humano era transpessoal. O Espírito Joanna de Ângelis declara no livro Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda que:
Jesus reconhecia no processo das múltiplas existências a causalidade dos acontecimentos na esfera física e no comportamento social. 9.
O Dr. Siegel acredita que existem dentro de nós mecanismos biológicos de vida e de morte. Pesquisas por ele realizadas convenceram-no de que existe em todos nós um estado de espírito, e que esse estado de espírito altera o estado físico. Segundo ele, a paz de espírito (o equilíbrio) envia ao corpo uma mensagem de “viva!”. Ao passo que a depressão, o medo, a culpa, o conflito, transmitem uma mensagem de “morra!”. Então, quando estamos doentes, o médico examina o estado corporal, quando deveria examinar também o estado de espírito. 10.
Quais as medidas profiláticas espíritas? Sobretudo aquelas recomendadas por Jesus, quando declarava: “Não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior”. 11. Ou seja, não voltar a lesar o perispírito. Podemos afirmar que Jesus foi o primeiro terapeuta do perispírito da história da medicina espiritual com base na lei de causa e efeito. Ele era, portanto, um cientista transpessoal, porquanto, no tratamento que prescrevia utilizava a maior ciência do mundo: a ciência de amar, recomendando três vertentes: Amar a si mesmo. Amar ao próximo. Amar a Deus. Hoje, centenas de livros são escritos dentro dessa dimensão, dessa proposta de apresentar Jesus como educador comportamental e como terapeuta dos enfermos da alma.
Allan Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo – capítulo VI, “O Cristo Consolador” –, enfatiza que a assistência de Jesus e a felicidade que promete aos aflitos dependem da observância da lei por Ele ensinada e que essa “lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade”. 12.


Referências:
1 WOLFF, Hanna. Jesus psicoterapeuta. Editora Paulinas, 1988. p. 11.
2 BAKER, Mark. Jesus, o maior psicólogo que já existiu. 9. ed. Rio de Janeiro: Sextante.
3 JOÃO, 2:25.
4 FRANCO, Divaldo P. Trilhas da libertação. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 10. ed. Rio de Janeiro; FEB, 2011. O calvário de Adelaide, p. 234.
5 ANDRADE, Geziel. Doenças, cura e saúde à luz do espiritismo. 12. ed. Ed. EME, 2008. p. 10.
6 RIZZINI, Carlos Toledo. Evolução para o terceiro milênio. 8. ed. (ampliada). EDICEL. p. 148-149.
7 XAVIER, Francisco C. No mundo maior. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 12, p. 212.
8 SIEGEL, Bernie S. Amor, medicina e milagres. 12. ed. Editora Best Seller. p. 11.
9 FRANCO, Divaldo. Jesus e o evangelho à luz da psicologia profunda. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL. p. 201.
10 SIEGEL, Bernie S. Amor, medicina e milagres. 12. ed. Editora Best Seller. p. 12.
11 JOÃO, 5:14.
12 KARDEC, AIlan. O evangelho segundo a espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 6, it. 2.


Matéria extraída da Revista Reformador Ano 129 Fevereiro de 2012 e escrita Adilton Pugliese.

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