Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Seminário sobre as leis do trabalho e da reprodução


Seminário sobre as leis do trabalho e da reprodução

Astolfo O. de Oliveira Filho – De Londrina-PR


INTRODUÇÃO

(A) Por que encarnamos?

1. Kardec perguntou aos Espíritos: – Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? Eles responderam: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.” (O Livro dos Espíritos, 132.)

2. Em momento distinto, o Codificador indagou: – Como pode a alma acabar de se depurar? Resposta: "Submetendo-se à prova de uma nova existência". A finalidade da reencarnação é: "Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça?" (O Livro dos Espíritos, 166 e 167.)

3. Em artigo publicado em 1863 Kardec examina a tese de que os Espíritos não teriam sido criados para  encarnarem. A encarnação não seria senão o resultado de sua falta. O Espiritismo afirma o contrário, ou seja, que a encarnação é uma necessidade para o progresso do Espírito e do próprio planeta em que ele vive. (Revista Espírita de 1863, pp. 164 a 166)

4. Comunicação obtida em 1864 na Sociedade Espírita de Sens diz que a reencarnação é fator indispensável ao progresso espiritual, a que Kardec acrescenta que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado trabalha para o melhoramento do mundo em que habita. Em Paris, o mesmo tema foi focalizado por outro Espírito, que explicou que a reencarnação é necessária enquanto a matéria domina o Espírito. Do momento em que o Espírito chegou a dominar a matéria, a reencarnação não é mais necessária.  (Revista Espírita de 1864, pp. 48 a 50.)

5. Eis outros ensinamentos constantes da referida comunicação: I) À medida que as sensações corporais do homem se tornam mais requintadas, suas sensações espirituais também despertam e crescem. II) Sendo os fluidos os agentes que põem em movimento o nosso corpo, são eles os elementos de nossas aspirações, pois existem fluidos corpóreos e fluidos espirituais. III) Esses fluidos compõem o corpo espiritual do Espírito que, encarnado, age por meio deles sobre a máquina humana, que ele deve aperfeiçoar. IV) O Espírito possui livre-arbítrio e procura sempre o que lhe é agradável e satisfaz. Se for um Espírito inferior e material, busca suas satisfações na materialidade e dá, assim, um impulso aos fluidos materiais. V) Como necessita de depuração e esta só é alcançada pelo trabalho, as encarnações escolhidas lhe são mais penosas, porque - depois de haver dado supremacia à matéria e a seus fluidos - deve constrangê-la, lutar com ela e dominá-la.  (Revista Espírita de 1864, p. 52 a 55.)

6. Comentando a mensagem, Kardec diz que, considerada do ponto de vista do progresso, a vida do Espírito apresenta três períodos principais: 1o) O período material, no qual a influência da matéria domina a do Espírito.  2o) O período do equilíbrio, no qual ambas as influências se exercem simultaneamente. 3o) O período espiritual, no qual, tendo dominado completamente a matéria, o Espírito não mais necessita da encarnação e seu trabalho passa a ser inteiramente espiritual; é o estado dos Espíritos nos mundos superiores. (Revista Espírita de 1864, pp. 52 a 55.)

7. Emmanuel diz que a reencarnação, em si mesma, representa uma estação de tratamento e de cura de certas enfermidades d’alma, às vezes tão persistentes, que podem reclamar várias estações sucessivas, com a mesma intensidade nos processos regeneradores. (O Consolador, pergunta 96.)

8. E é exatamente isso que se vê nas trovas seguintes, psicografadas por Chico Xavier, constantes do livro “Na Era do Espírito”, cap. 4:

"Para quem sofre no Além
Sob a culpa em choro inglório
O regresso ao lar terrestre
É a bênção do purgatório" (Oscar Leal)

"De quaisquer provas na Terra
 A que mais amansa a gente:
Inimigo reencarnado
 Sob a forma de parente" (Lulu Parola)

"Não adianta fugir
Do débito que se atrasa,
Reencarnação chega logo
Cobrando dentro de casa" (Cornélio Pires)

"Quando um sábio das Alturas
Necessita reencarnar
Ninguém consegue impedir
Nem adianta evitar" (Casimiro Cunha)


DESENVOLVIMENTO

(B) A lei de reprodução – o que é e em que consiste?

9. É lei da Natureza a reprodução dos seres vivos, que é essencial ao progresso. “Sem a reprodução, o mundo corporal pereceria.” (O Livro dos Espíritos, 686 e seguintes.)

10. O caráter distintivo e dominante das raças primitivas era a predominância da força bruta, em detrimento da força intelectual. Hoje se vê o contrário: o homem faz mais pela inteligência do que pela força do corpo.

11. Do ponto de vista físico, os corpos da raça atual procedem dos corpos primitivos, graças à lei de reprodução. Os homens atuais são os mesmos Espíritos que compuseram um dia as raças primitivas e agora voltam para se aperfeiçoarem em novos corpos.  A atual raça humana terá sua fase de decrescimento e de desaparição. Substituí-la-ão outras raças mais aperfeiçoadas, que descenderão da atual, como os homens civilizados de hoje descendem dos seres brutos e selvagens dos tempos primitivos.

12. Não é contrário à lei da Natureza o aperfeiçoamento das raças animais e vegetais pela Ciência. Tudo se deve fazer, diz o Espiritismo, para chegar à perfeição e o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir seus fins. Como a perfeição é a meta para que tende a Natureza, favorecer essa perfeição é corresponder às vistas de Deus.

13. Em face do aumento crescente da população terrena, há estudiosos, como Malthus, que temem que ela um dia será excessiva em nosso globo. O Espiritismo nos informa que tal fato jamais se dará, porque Deus a tudo provê e mantém sempre o equilíbrio.

(B) Obstáculos à reprodução humana – como entendê-los?

14. Há basicamente dois tipos de obstáculos à reprodução humana: os naturais ou cármicos, decorrentes de faltas cometidas no passado, e os artificiais, fruto da ação do homem, que para isso estabeleceu diversos métodos ou medidas anticoncepcionais.

15. No tocante aos obstáculos naturais ou cármicos à reprodução, diz Emmanuel que, no quadro de interpretações da Terra, podem indicar situações de prova para as almas que se encontram em experiências edificadoras; todavia, se considerarmos a questão no seu aspecto espiritual, somos obrigados a reconhecer que a esterilidade não existe para o Espírito que, na Terra ou fora dela, pode ser fecundo em obras de beleza, de aperfeiçoamento e de redenção. (O Consolador, pergunta 40.)

16. Kardec perguntou aos Espíritos: “São contrários à lei da Natureza as leis e os costumes humanos que têm por fim ou por efeito criar obstáculos à reprodução?”. Responderam os imortais: “Tudo o que embaraça a Natureza em sua marcha é contrário à lei geral”. (O Livro dos Espíritos, 693.)

17. Joanna de Ângelis, tratando do assunto, diz que o homem pode e deve programar a família que deseja e lhe convém ter, como o número de filhos e o período propício para a maternidade, mas nunca se eximirá aos imperiosos resgates a que faz jus, tendo em vista o seu próprio passado. Os filhos não são realizações fortuitas. Procedem de compromissos aceitos antes da reencarnação pelos futuros genitores, de modo a edificarem a família de que necessitam para a própria evolução. É lícito aos casais adiar a recepção de Espíritos que lhes são vinculados, impossibilitando mesmo que se reencarnem por seu intermédio, mas as Soberanas Leis da Vida dispõem de meios para fazer que os rejeitados venham por outros processos à porta dos seus devedores ou credores, em circunstâncias talvez mui dolorosas, complicadas pela irresponsabilidade desses cônjuges que ajam com leviandade, em flagrante desconsideração aos códigos divinos. (Após a Tempestade, cap. 10, obra psicografada por Divaldo P. Franco.)

18. Dr. Jorge Andréa também entende que o planejamento familiar é questão de foro íntimo do casal. As pílulas anticoncepcionais – diz ele - têm suas indicações, e muitos motivos, escusos ou não, estarão ligados ao seu uso. Se uma mãe deveria receber três filhos e não o fez, ficará com a carga de responsabilidade transferida para uma outra época ou, fazendo a substituição, por trabalho construtivo equivalente em outro setor. No caso das ligaduras de trompas, a indicação poderá estar na faixa ajustada diante de precisas indicações médicas, como também nas faixas desajustadas e sem razão de ser. Todos esses atos desencadearão reações. Ninguém granjeará os degraus superiores da vida sem a autêntica vivência das menores faixas de evolução. (Encontro com a Cultura Espírita, págs. 77, 105 e 106.)

19. Será preferível um Espírito reencarnar num lar pobre com as habituais dificuldades de subsistência, ou ficar aturdido e acoplado à mãe que lhe fechou os canais, criando, nessa simbiose, neuroses e psicoses de variados matizes? Respondendo a essa questão, diz Dr. Jorge Andréa que, na maioria das vezes, os Espíritos, quando vêm para a reencarnação, de há muito já estão em sintonia com o cadinho materno. Se os canais destinados à maternidade são neutralizados e fechados, é claro que haverá distúrbios, principalmente no psiquismo de profundidade, isto é, na zona inconsciente ou espiritual, onde as energias emitidas por essas fontes não encontram correspondência em seu ciclo. Seria melhor, portanto, não opor obstáculos à volta dos Espíritos a um corpo de carne, pois o espírita não ignora a seriedade da planificação reencarnatória. É razoável pensar, portanto, que antes de retornarmos às experiências físicas nos tenhamos comprometido a receber, como filhos, um número determinado de Espíritos. A prole estaria, assim, com sua quota previamente estabelecida quando ainda nos achávamos nos planos espirituais. (Forças Sexuais da Alma, cap. V, págs. 124 a 126.)

20. Como interpretar, desse modo, a atitude dos casais que evitam filhos e, embora dignos e respeitáveis, sistematizam o uso de anticoncepcionais? O instrutor Silas assim respondeu: “Se não descambam para a delinqüência do aborto, na maioria das vezes são trabalhadores desprevenidos que preferem poupar o suor, na fome de reconforto imediatista. Infelizmente para eles, porém, apenas adiam realizações sublimes, às quais deverão fatalmente voltar, porque há tarefas e lutas em famílias que representam o preço inevitável de nossa regeneração. Desfrutam a existência, procurando inutilmente enganar a si mesmos; no entanto, o tempo espera-os, inexorável, dando-lhes a conhecer que a redenção nos pede esforço máximo. Recusando acolhimento a novos filhinhos, quase sempre programados para eles antes da reencarnação, emaranham-se nas futilidades e preconceitos das experiências de subnível, para acordarem, depois do túmulo, sentindo frio no coração”.  (Ação e Reação, pág. 210.)

Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 686 a 694.  
O Consolador, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, 8a edição, pergunta 40.
Entrevistas, de Francisco Cândido Xavier, IDE, 3a. edição, pergunta 102.
Após a tempestade, de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo P.Franco, pp. 58 e 59.
Ação e Reação, de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, 8a. edição, p. 210.
Forças Sexuais da Alma, de Jorge Andréa, cap. V, págs. 124 a 126.
Encontro com a Cultura Espírita, de Jorge Andréa, págs. 77, 105 e 106.
Texto do Esde-55.


(C) A lei do trabalho – o que é e qual a sua finalidade?

21. Kardec perguntou aos imortais: – Por que o trabalho se impõe ao homem? Resposta: “Por ser uma conseqüência da sua natureza corpórea. É expiação e, ao mesmo tempo, meio de aperfeiçoamento da sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência. Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade.” (O Livro dos Espíritos, 676 e seguintes.)

22. Genericamente, o trabalho pode ser definido como: “ocupação em alguma obra ou ministério; exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa”. É pelo trabalho que o homem forja o próprio progresso, desenvolve as possibilidades do meio ambiente em que se situa e amplia os recursos de preservação da vida.

23. O trabalho não se restringe aos esforços de ordem física e material, visto que abrange também a atividade intelectual que objetiva as manifestações da cultura, do conhecimento, da arte e da ciência. Existem em nosso globo o trabalho remunerado e o trabalho-abnegação. Com o primeiro, o homem modifica o meio, transforma o habitat, cria as condições de conforto. Com o outro, do qual não decorre pagamento nem permuta alguma, ele se modifica a si mesmo e cresce no sentido moral e espiritual.

24. O trabalho é, ao lado da oração, o mais eficiente antídoto contra o mal, porque faculta àquele que trabalha a conquista de valores incalculáveis com que a pessoa corrige suas imperfeições e disciplina a vontade. O momento perigoso para o homem é, pois, o momento do ócio, não o do sofrimento nem o da luta áspera. Se na ociosidade pode surgir e crescer o mal, na dor e na tarefa fulguram a luz da oração e a chama da fé.

25. O Espiritismo considera trabalho toda ocupação útil e ensina que ele constitui fator indispensável ao progresso das criaturas e da comunidade em que vivemos, um meio de elevação e de expiação de que necessitamos para resgatar os abusos e os erros cometidos no passado. “O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos”, afirmaram os imortais (O Livro dos Espíritos, Prolegômenos).

26. A finalidade e a importância do trabalho em nossa vida são enfatizadas pelo Codificador em diversas passagens de sua obra, e não apenas n ´O  Livro dos Espíritos, como mostram os textos seguintes:

A ciência é obra do gênio e só pelo trabalho deve ser adquirida, pois só pelo trabalho é que o homem se adianta no seu caminho. (O Livro dos Médiuns, item 294, 28a questão.)

O progresso nos Espíritos é o fruto do próprio trabalho. (O Céu e o Inferno, 1a Parte, cap. III, item 7.)

A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do Espírito: ao progresso intelectual pela atividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral pela necessidade recíproca dos homens entre si.  (O Céu e o Inferno, 1a Parte, cap. III, item 8.)

As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirir o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim — que é a perfeição — é para todos o mesmo. (O Céu e o Inferno, cap. VIII, item 12.)

A máxima:  Buscai e achareis, análoga a esta outra: Ajuda-te a ti mesmo, que o céu te ajudará, é o princípio da  lei do trabalho  e, por conseguinte, da  lei do progresso,  porquanto o progresso é filho do trabalho. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXV, item 2.)

Se Deus houvesse isentado do trabalho do corpo o homem, seus membros se teriam atrofiado; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu Espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal. (E.S.E., cap. XXV, item 3.)

Quando experimentarmos qualquer pesar, devemos resistir e fazer todo esforço para não nos abandonarmos à tristeza, lembrando que nada se obtém sem trabalho . (Revista Espírita de 1860, p. 21.)

A prece mais agradável a Deus é o trabalho útil, seja qual for. "Não vos contenteis em pedir a Deus que vos ajude: ajudai-vos vós mesmos, pois assim provareis a sinceridade de vossa prece." (Revista Espírita de 1860, p. 67.)

Segundo o Espírito de Verdade, felizes são os que tiverem trabalhado no campo do Senhor com desinteresse e sem outro móvel senão a caridade, porque seus dias de trabalho serão pagos ao cêntuplo do que esperam. (Revista Espírita de 1862, pp. 88 e 89.)

A depuração do Espírito só é alcançada pelo trabalho. É por isso que  as encarnações escolhidas lhe são mais penosas, porque - depois de haver dado supremacia à matéria e a seus fluidos - deve constrangê-la, lutar com ela e dominá-la. (Revista Espírita de 1864, pp. 50 a 52.)

“Se bastasse formular palavras para se dirigir a Deus, os inoperantes apenas teriam que tomar um livro de preces para satisfazer a obrigação de orar. O trabalho, a atividade da alma são a única boa prece que a purifica e a faz crescer.” (Revista Espírita de 1865, pp. 28 a 31.)

Nos Espíritos o progresso é fruto do próprio trabalho. São eles, pois, os artífices de sua situação, feliz ou infeliz, conforme o ensinamento do Cristo: “A cada um segundo as suas obras”. (Revista Espírita de 1865, p. 67.)

A verdadeira vida, tanto do animal, quanto do homem, não está no envoltório corporal; está no princípio inteligente que sobrevive ao corpo. Esse princípio inteligente necessita do corpo para se desenvolver pelo trabalho que deve realizar sobre a matéria bruta. O corpo se gasta nesse trabalho, mas a alma, não; ao contrário, dele sai mais forte, mais lúcida e mais capaz. (Revista Espírita de 1865, p.  95.)

Luís de França (Espírito) reafirma a informação de que os tempos são chegados e afirma, numa mensagem recebida em 8 de janeiro de 1866: (1) Enquanto o homem negligencia cultivar o seu espírito e fica absorvido pela busca ou a posse dos bens materiais, sua alma permanece de certo modo estacionária. (2) A bondade de Deus é, contudo, infinita e ultrapassa a indiferença de seus filhos. Eis por que lhes envia mensageiros divinos que vêm lembrar-lhes que Deus não os criou para a Terra, onde ficam apenas por algum tempo, a fim de que, pelo trabalho, desenvolvam as qualidades de sua alma. (Revista Espírita de 1867, pp.  58 e 59.)

(D) Limites ao trabalho e necessidade de repouso

27. Apesar da importância do trabalho, a lei natural fixou um limite ao seu exercício, que é, segundo os ensinamentos espíritas, o limite das nossas forças, fato que deixa claro que, sendo fonte de equilíbrio físico e moral, o trabalho deve ser exercido por tanto tempo quanto nos mantenhamos válidos.

28. Ninguém ignora que o avançar da idade debilita o corpo físico e mesmo as faculdades intelectuais, embora a história registre casos de homens em idade avançada que muito contribuíram para o mundo em que vivemos, como Benjamim Franklin, que aos 81 anos colaborou na elaboração da Constituição americana; Miguel Ângelo, que aos 89 anos de idade ainda produzia obras de rara beleza, e marechal Cândido Rondon, que aos 92 anos ainda trabalhava intensamente nas matas do Brasil.

29. O momento do repouso é também fundamental. Todo o homem que trabalha tem direito a ele, para refazimento de suas forças e manutenção do seu ritmo de produtividade. O repouso nada mais é que um prêmio pelo esforço despendido, uma pausa necessária à continuidade das tarefas que assumimos.

30. Foi por isso que o Decálogo consagrou a santificação do dia do sábado, em que é clara a preocupação em proteger a saúde das pessoas, inclusive dos escravos, dos estrangeiros e até mesmo dos animais de serviço. “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro”, diz o cap. 20, versículos 9 e 10, de Êxodo.

31. “O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado”, esclareceu o Senhor, segundo o Evangelho de Marcos, cap. 3, versículos 1 a 6, mostrando que sua instituição representava uma medida útil, porque se destinava a proteger o corpo físico do esgotamento resultante do excesso de trabalho, mas o homem era ainda mais importante.

32. É indispensável, pois, reservemos um dia para o descanso do corpo, após uma semana de trabalho, mas devemos consagrá-lo de modo especial a Deus, santificando-o mais do que os demais dias, com a prática de obras que atestem o nosso amor pelo próximo e por nosso Pai Celestial. Foi com esse propósito que Jesus, em dia de sábado, alimentou, pregou e curou a obsessão que uma mulher trazia “havia dezoito anos” e a mão ressequida de um homem, entre tantos benefícios realizados, mostrando que todo dia é dia para a prática do bem, sem exceção de qualquer deles.

Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 674 a 678, 682 e 683.
O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, cap. 3, itens 8, 9 e 12.
Estudos Espíritas, de Joanna de Ângelis, págs. 91 a 96.
Leis Morais da Vida, de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo P. Franco, págs. 31 e 32.
Elucidações Evangélicas, de Antônio Luiz Sayão, págs. 152, 273 e 274.
A Bíblia Sagrada, Êxodo, 20:9 e 10.
Novo Testamento, Marcos, 2:27; Marcos, 3:1 a 6; Lucas, 13:11 a 17.
Revista Espírita: 1860,  p. 21 e 67; 1863, p. 94; 1864, p. 50; 1865, p. 31, 67 e 95; 1866, p. 89 e 92; 1867, p. 58.
Texto do Esde-43a.

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