Estudando o Espiritismo

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domingo, 26 de janeiro de 2014

Medo - Joanna

“O Ser real é constituído de corpo, mente e espírito. Dessa forma, uma abordagem psicológica para ser verdadeiramente eficaz deve ter uma visão holística do ser, tratando de seu corpo (físico e periespirítico), de sua mente (consciente, inconsciente e subconsciente) e de seu espírito imortal que traz consigo uma bagagem de experiências anteriores à presente existência e está caminhando para a perfeição Divina.” Joanna de Ângelis
Medo


Texto de Joanna de Ângelis, do livro "O Ser Consciente", psicografado por Divaldo Franco.

Os mecanismos de evasão do ego mascaram a realidade do self, normalmente receoso de emergir e predominar, o que é a sua fatalidade.
Fatores ponderáveis, porém, respondem pelos estados fóbicos do ser, desde os distúrbios gerados pelo quimismo cerebral, responsáveis por desarmonias variadas, até os fenômenos de natureza psicológica, decorrentes dos conflitos vivenciados pela mãe gestante, reacionária à concepção, tensa ante a responsabilidade, amargurada pelas incertezas e os insucessos de parto, predominando os choques pós-natais quando o ser é retirado do aconchego intrauterino, onde se sente seguro, e colocado num meio hostil no qual tudo parece ameaçar-lhe a frágil existência.
Podem-se assinalar ainda outros fatores, quais os de natureza psicogênica, como de caráter preponderante na formação patológica dos comportamentos fóbicos.
A educação no lar, a mãe dominadora e o pai negligente ou reciprocamente, não raro esmagam a personalidade do educando durante o trânsito infantil.
São inumeráveis os fatores preponderantes como predisponentes nas psicopatologias do medo, responsáveis por estados lamentáveis na criatura humana.
Insinua-se o medo de forma sutil, aparentemente lógica, tomando conta das paisagens da psique, como insegurança tormentosa povoada de pesadelos hórridos, que levam a alucinações e impulsos incontroláveis de fuga até mediante o concurso da morte.
Com o tempo, alternam-se as condutas no paciente: apatia mórbida ou pavor contínuo, ambas de gravidade indiscutível.
Na psicogênese, porém, dos estados fóbicos em geral, não se pode descartar a anterioridade existencial do ser, em espírito, peregrino que é de inumeráveis reencarnações, cuja história traz escrita nas tecelagens intrincadas da própria estrutura espiritual.
Comportamentos irregulares, atividades lesadoras, ações perversas ocultas que não foram desveladas, inscrevem-se na consciência profunda como necessidade de reparação, que ressurgem desde a nova concepção, quando ocorrem os fatores que os despertam, permitindo-lhes a imersão do inconsciente, e passam a trabalhar o ser real, levando-o da insegurança inicial ao medo perturbador.
A reencarnação é método para o espírito aprender, agir, educar-se, recuperando-se quando erra, reparando quando se compromete negativamente.
Inevitável a sua ocorrência, ela funciona por automatismo da Vida, impondo as cargas de uma experiência na seguinte, em mecanismo natural de evolução.
Inscritos os códigos de justiça na consciência individual, representando a Consciência Cósmica, ninguém se lhe exime aos imperativos, por ser fenômeno automático e imediato.
A cada ação resulta uma reação semelhante, portadora da mesma intensidade vibratória. Quando recalcado o efeito, ele assoma, predominante, propiciando os estados de libertação ou sofrimento, conforme seja constituído o seu campo de energia.
O autodescobrimento é a terapia salutar para que sejam identificadas as causas geradoras e, ao mesmo tempo, a conscientização de quais recursos se pode utilizar para a liberação.
Conhecendo o fator responsável pelo medo, antepor-se-lhe-á a confiança nas causas positivas, que resultarão em futuros equilíbrios de fácil aquisição.
Ao lado das terapias acadêmicas, conforme a etiopatogenia do medo em cada criatura, a renovação pessoal pelo otimismo, a autoestima, o hábito das ideações elevadas, da oração, da meditação, constituem eficientes recursos curativos para o autoencontro, a paz interior.
O medo é inimigo mórbido, que deve ser enfrentado com naturalidade através do exercício da razão e da lógica.
Entre as várias expressões de medo ressalta o da morte, herança atávica dos arquétipos ancestrais, das religiões castradoras e temerárias, dos cultos bárbaros, das conjunturas do desconhecido, das imagens mitológicas que desenharam no tecido social as impressões do temor, das punições eternas para as consciências culpadas, dos horrores inomináveis que o ser humano não tem condições de digerir...
O pavor da morte, às vezes patológico, afigura-se tão grave, que a criatura se mata a fim de não aguardar a morte...
Compreensivelmente, desde o momento da concepção manifesta-se o fenômeno da transformação celular ou morte biológica. Nesse processo de transformações incessantes, chega o momento da parada final dos equipamentos biológicos, e tal ocorrência é perfeitamente natural, não podendo responder pelos medos e pavores que têm sido cultivados.
Não é a primeira vez que ocorre a morte do corpo, na vilegiatura da evolução dos seres. O esquecimento do fenômeno, de maneira alguma, pode ser considerado como desconhecido pelo espírito, que já o vivenciou antes.
Um aprofundamento mental demonstra que a morte não dói, não apavora, mas, o estado psicológico de cada um, em relação à mesma, transfere as impressões íntimas para o exterior, dando curso às manifestações aparvalhantes.
A Psicologia Transpessoal, lidando com o ser psíquico, o ser espiritual, sabe-o em processo de evolução, entrando no corpo — reencarnação — e dele saindo —desencarnação — da mesma forma que o corpo se utiliza de roupas, que lhe são necessárias e dispensáveis conforme as ocasiões.
O simples hábito de dormir, quando se mergulha na inconsciência relativa, é uma experiência de morte que deve servir de padrão comparativo para o fim do processo biológico.
Conforme o eu profundo considere a morte, povoando-a de incertezas, gênios do mal, regiões punitivas ou aniquilamento, dessa forma a enfrentará. O oposto igualmente se dá. Vestindo a morte de esperança de reencontros felizes, de aspirações enobrecidas, de agradável despertar, ocorrerá o milagre da vida.
O medo da morte decorre da ignorância da realidade espiritual e do apego ao transitório físico.
Freud afirmava que o instinto da morte é superior ao de conservação da vida, o que é perfeitamente natural, tendo-se em vista que o corpo é fenômeno, e este passa, permanecendo a causa, que é a energia, a vida em si mesma.
A psicoterapia preventiva, como curadora para o medo da morte, propõe uma conduta harmônica com os níveis superiores de consciência desperta, lúcida, avançando para a transcendência do eu, até culminar na identificação com a Cósmica.
Pensar e agir bem.
Amar e amar-se.
Servir, como forma de ser feliz.
Vincular-se à Fonte da Vida Perene, Causal e Terminal.
Meditar, beneficiando-se com o autodescobrimento e tornando-se um agente de esperança e de paz, eis como viver sem morrer e morrer para perpetuar a vida.

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