Livro Loucura e Obsessão, Cap. 4, Manoel Philomeno de Miranda – Divaldo Franco.
A esquizofrenia é enfermidade muito complexa, nos estudos da saúde mental. As pesquisas psiquiátricas, psicanalíticas e neurológicas têm projetado grande luz às terapêuticas de melhores resultados nas vítimas dessa terrível alienação. No entanto, há ainda muito campo a desbravar, em razão de as suas origens profundas se encontrarem ínsitas no Espírito que delinque. A consciência individual, representando, de algum modo, a Cósmica, não se poupa, quando se descobre em delito, após a liberação da forma física, engendrando mecanismos de auto-reparação ou que lhe são impostos pelos sofrimentos advindos da estância do além-túmulo.
Afetando o equilíbrio da energia espiritual que constitui o ser eterno, a consciência individual imprime, nas engrenagens do perispírito, os remorsos e turbações, os recalques e conflitos que perturbarão os centros do sistema nervoso e cerebral, bem como os seus equipamentos mais delicados, mediante altas cargas de emoção descontrolada, que lhe danificam o complexo orgânico e emocional.
Noutras vezes, desejando fugir à sanha dos inimigos, o Espírito busca o corpo como um refúgio, no qual se esconde, bloqueando os centros da lucidez e da afetividade, que respondem como indiferença e insensibilidade no paciente de tal natureza.
Eugênio Bleuler, sem demérito para os demais pesquisadores das alienações mentais, foi quem mais penetrou nas causas da esquizofrenia, do ponto de vista científico, concluindo que a mesma é “uma afecção fisiógena, mas com ampla superestrutura psicógena”. Nessa “estrutura psicógena”, situamos os fatores cármicos, de procedência anterior ao berço, que pesam na consciência culpada…
O esquizofrênico, segundo a escola bleuleriana, não tem destruída, conforme se pensava antes, a afetividade, nem os sentimentos; somente que os mesmos sofrem dificuldade para ser exteriorizados, em razão dos profundos conflitos conscienciais, que são resíduos das culpas passadas. E porque o Espírito se sente devedor, não se esforça pela recuperação, ou teme-a, a fim de não enfrentar os desafetos, o que lhe parece a pior maneira de sofrer, do que aquela em que se encontra. Nesses casos, pode-se dizer, como afirmava o ilustre mestre suíço, que a esquizofrenia se encontra no paciente, de forma latente, pois que, acentuamos, é-lhe imposta desde antes da concepção fetal. Razão essa que responde pelas sintomatologias neuróticas, produzindo alterações da personalidade que se vai degenerando em razão dos mecanismos de culpa impressos no inconsciente. Assim, não é raro que o paciente fuja para o autismo…
Rigidez, desagregação do pensamento, idéias delirantes, incoerência são algumas alterações do comportamenteo esquizofrênico, originadas no recesso do Espírito que, mediante aparelhagem fragmentada, se expressa em descontrole, avançando para a demência, passando antes pela fase das alucinações, quando reencontra os seus perseguidores espirituais que ora vêm ao desforço. Sejam, portanto, quais forem os fatores que propiciam a instalação da esquizofrenia, no homem, o que desejamos é demonstrar que o Espírito culpado é o responsável pela alienação que padece no corpo, sendo as suas causas atuais consequências diretas ou não do passado.
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