A PSICOTERAPIA DE JESUS
Sabia Jesus que todos os males que afligem o espírito humano procedem do seu interior, das suas matrizes geradoras da personalidade, nas quais estão cristalizados os hábitos doentios, esses filhos diletos do egoísmo e da violência.
Mantendo a herança da luta pela sobrevivência, essa personalidade retrógrada somente pensa em acumular valores para a continuidade dos seus interesses, fruir dos prazeres entorpecentes que impedem a claridade da consciência, fazer-se ver e receber aplauso, num comportamento gravemente infantil, do qual já se deveria haver libertado, na razão direta em que houve o desenvolvimento para a faixa adulta.
Mas não é o que acontece, fixando-se cada vez mais nos significados agradáveis do seu viver, não se importando com aqueles que lhe constituem a constelação familiar, o grupo social, os cooperadores do trabalho, o grupo de natureza espiritual.
Enquanto são jovens, as suas carnes e as disposições de ânimo encontram ressonância no corpo, a ilusão permanece dominando o comportamento.
Subitamente, porém, dá-se o fenômeno do despertar, mediante o qual o indivíduo se identifica solitário, insatisfeito com tudo quanto acumulou, desmotivado para a existência, porque se defronta com a consciência que constata a quase inutilidade de toda a vida experienciada sem a produção dos valores transcendentes, que são aqueles que, realmente, podem ser transferidos para além do túmulo.
Isto porque, nesse período, os desgastes orgânicos e emocionais dão sinais do cansaço do corpo e da sua constituição, sem o conjunto de ideais e de sentimentos enobrecidos que estimulam a alegria e proporcionam reações de prazer transcendental.
Quando assim acontece, a falta de estrutura psicológica atira o indivíduo no abismo da depressão, porque se encontra árido no que diz respeito ao amor, e sem o amor a vida não tem qualquer razão de existir, e mesmo quando permanece, as bênçãos da harmonia cederam lugar à ganância e ao isolacionismo doentio.
O Mestre sabia que o único sentido da existência humana é o de adquirir a flama do Amor e desenvolvê-la, deixando-se abrasar pela sua labareda e ampliar os horizontes da solidariedade, expandindo os sentimentos em favor do próximo e de todas as manifestações da Natureza, que são obras do Pai Celeste, colocadas à disposição de todos para o seu enriquecimento emocional.
Quando se ama, todo o ser vibra de emoção e de esperança, produzindo substâncias que se convertem em vibrações psíquicas de bem-estar e de felicidade.
Vivendo com Jesus
O Amor é, portanto, de origem divina, mas também humana, pelos benefícios que opera nos relacionamentos, nas realizações de toda natureza, nas atitudes perante as ocorrências venturosas ou perturbadoras.
Por essa razão, Ele se converteu em um poema de Amor portador de paz.
A paz de flui do amor, assim como esse conduza paz.
Vivia-se, no Seu tempo, a prerrogativa de devolver-se ao outro conforme dele se recebia, proliferando as manifestações da prática do Mal em razão do Mal, que predominava em toda parte.
Jesus estabeleceu que é mediante a retribuição do Bem que se diluem as forças mentais que sustentam o Mal na Terra e que todo amor que se dirige a outrem, mesmo que não aceito de início, transforma-se em recurso poderoso de contraposição ao ódio.
Por isso, ninguém é invulnerável ao amor, pois que o amor procede de Deus, que é a sua Fonte de nascimento.
A pessoa saudável é aquela que sustenta os sentimentos nobres em quaisquer conjunturas, e não somente quando tudo lhe transcorre bem e agradavelmente. É muito fácil manter-se nas situações favoráveis, sem enfrentamentos, mas também sem novas experiências evolutivas que o progresso impõe.
O amor é esse maravilhoso buril que retira as imperfeições do caráter, modelando anjos e santos, artistas e sábios...
Sempre chamou a atenção dos amigos e dos adversários de Jesus o hábito que Ele manteve de conviver com os infelizes, os excluídos da Sua sociedade, aqueles que constituíam a ralé, deixados à margem como inúteis, pecadores ou condenados...
Ao buscá-los, lecionou a mais excelente forma de expressar o amor, porquanto os dignificava, erguendo-os do abismo em que se encontravam por vontade própria, ou porque haviam sido ali atirados, demonstrando que a luz vence a treva, e a saúde supera a doença. Ele era o médico dos desvalidos e não somente dos bem-sucedidos, que também não desprezava, porque todos são carentes de afetividade.
Com a mesma naturalidade com que socorreu Simão, o leproso, desdenhado e infeliz, recebeu Nicodemos, príncipe e doutor do Sinédrio, destacado na sociedade, embora sedento de luz...
Arriscou a própria vida, propondo novo comportamento aos apedrejadores da mulher adúltera, que era vítima de si mesma e do contexto social injusto no qual vivia, ajudando-a na renovação interior e tornando-a útil à sociedade, o que repetiu com a mulher equivocada de Magdala que Lhe buscou orientação e recuperou-se...
Perseguido insensatamente pelos adversários gratuitos compadecia-se da sua ignorância e estupidez, tendo paciência amorosa com eles, e, mesmo quando foi constrangido à severidade, não se exasperou nem lhes guardou qualquer tipo de ressentimento.
O amor em Jesus é a presença de Deus no Seu coração, que Ele transferia para os Seus discípulos, auxiliando-os na libertação das matrizes da personalidade enferma, de modo que pudessem operar com segurança a construção de novos comportamentos.
Ninguém pode apagar certas recordações e condutas ancestrais, arquivadas nos recessos da memória, mas as pode substituir por outras saudáveis que se irão incorporar nos conteúdos do ser, passando a proporcionar conduta desejável.
O amor não tem limites, e sempre sai vitorioso em qualquer situação em que seja colocado.
Em razão do Seu amor inefável, tornou-se escultor de almas, começando o mister com os discípulos arraigados às tradições, habituados ao revide e ao ressentimento, sensíveis às agressões e à vingança.
Ensinando pelo exemplo, demonstrava sem palavras que feliz é aquele que ama e que serve, que se dedica e que olvida o Mal, que se faz o menor diante dos pequeninos, de tal forma que revela toda a grandeza de que é portador.
Foi dessa maneira que, na última ceia, tomando de uma toalha e de uma bacia com água, ajoelhou-se e pôs-se a lavar os pés dos discípulos aturdidos, que tentaram recusar-se a essa máxima doação. E quando Pedro Lhe disse:
Nunca me lavarás os pés — respondeu-lhe Jesus: se eu te não lavar, não tens parte comigo.(01)
Mais tarde, quando Judas O beijou, consumando a traição, Ele, que o conhecia muito bem, que sabia das suas carências afetivas e das suas frustrações, retribuiu o crime, chamando-o de Amigo. (02)
Quem, na história da humanidade que se Lhe possa equiparar?!
— Somente pelo amor o homem será salvo - Ele o asseverara aos companheiros surpresos.
O amor é o pano de fundo que se pode encontrar nas bem aventuranças, alterando para sempre o comportamento moral e social da vida humana.
Espírito: Amélia Rodrigues (Divaldo Franco)
Livro: Vivendo com Jesus
01-Joio, 13:8.
02- Mateus, 26:50 (notas da Autora espiritual).
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