Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

OS INFORTÚNIOS OCULTOS

OS INFORTÚNIOS OCULTOS

"Abstém-te de falar disto a quem quer que seja..." - Mateus, (cap.VIII, v.4)

Todos os seres são de essência divina, porque procedentes do Psiquismo Criador, que estabelece o processo da evolução mediante as experiências infinitas do progresso incessante. Como consequência, torna-se imperiosa a necessidade de cada qual desenvolver os sentimentos que se aprimoram, superando os atavismos que remanescem das experiências anteriores, ainda predominantes em sua natureza.

O empreendimento é desafiador, portanto, rico de oportunidades iluminativas e engrandecedoras. Fadado a alcançar a plenitude, todo o empenho se desdobra desde a conjuntura mineral até à angelitude, que alcançará a esforço cada vez menos penoso, porque da canga, ao ser extraída a gema, se torna mais fácil facultar-lhe o brilho. Das penosas conjunturas do começo até aos momentos de sublimação, etapas se sucedem ricas de possibilidades que, aproveitadas, apressam o desabrochar dos valores adormecidos, encarregados de ampliar-se no rumo das estrelas.

A visão da psicologia profunda em torno do ser humano é enriquecida de esperança em favor do seu engrandecimento ético, assim como do seu crescimento intelectual, facultando as duas asas para compor a sabedoria em que se converterá, alçando vôos pelo Cosmo, superados limites e fronteiras físicas. Para esse logro, o trabalho é árduo e gratificante, porque, à medida que se libera de cada impositivo, torna-se mais factível vencer o próximo, ensejando-se mais amplos recursos de iluminação interior.

O ego em predomínio, lentamente cede espaço ao SELF que se encarrega de conduzir os pensamentos, ideais e esperanças necassárias para alcançar a meta que está destinado. O Cristo histórico, neste contexto, cede lugar ao Jesus-Homem, mergulhado na turbamulta entre os caprichos da mole humana, mantendo-se em neutralidade total, não obstante tomado de profunda compaixão por aqueles que O não entendiam e se engalfinhavam nas lutas ridículas das disputas transitórias pela conquista de migalhas, ouropéis, metais das entranhas da Terra que passaram a adquirir valor relativo....

Aquele Jesus das teologias igrejistas, embora compadecido das multidões parecia distante dos dos seus sentimentos, procurando a Sua comunhão com Deus, longe dos tormentos das massas, que se apresentavam necessitadas desse processo depurador. Colocado como redentor, liberador de culpas, também estava isento de qualquer tentação, e qualquer condição de humanidade, inalcançável pelos fenômenos do mundo, portanto, de certo modo, também, impossível de ser imitado, acompanhado, inacessível...

Na proposta da psicologia profunda que humaniza o Vencedor de si mesmo, que triunfou sobre as conjunturas em que se encontrava graças aos valores conquistados, tornava-se companheiro do infortúnio por conhecer a sua origem e as contigências perigosas para o processo de evolução, ao mesmo tempo oferecendo recurso terapêutico para as mazelas morais e espirituais daqueles que as padeciam.

Instava com os infelizes, mesclava-se com eles, mas não se tornava um deles, porque a gema preciosa, mesmo no pântano, quando o Sol a alcança mantém o seu brilho. Jesus é o diamante que se tornou estelar, mantendo o brilho interior, sem permitir-se ofuscar as débeis claridades individuais, o entanto, clareando as consciências e amando-as. Todo o Seu é um ministério de esperança e de amor, de compaixão e de auxílio, movimentado pela ação do Bem, único recurso para minimizar ou anular as ocorrências dos infortúnios ocultos.

Conhecendo cada pessoa que dEle se acercava, graças à capacidade de penetrar o insondável do coração e da mente, sem humilhar ou jactar-se, conseguia oferecer combustível de amor para a transformação interior que se deveria operar, e quando essa não ocorria, assim mesmo estimulava ao seu prosseguimento, pois que um dia seria alcançada... A Sua divindade estava na essência interior dEle mesmo -assim como se encontra em todos nós - mas sobretudo na forma de viver a Mensagem, que expressa o amor inefável de Deus pelas Suas criaturas.

Fossem, conforme se apresentassem as calamidades físicas, morais, políticas, econômicas, os infortúnios de qualquer expressão, Ele se utilizava da caridade misericordiosa, entendendo a angústia e a aflição, procurando remediar, quando não devesse eliminá-la, porque da mesma poderiam resultar abençoados frutos para o porvir de cada qual. Quantos desastres ocultos; quantos desalinhes que não chegavam a ser conhecidos, porém, foram identificados pela Sua superior qualidade espiritual!

Silenciosa ou verbalmente contribuía para que tudo se resolvesse, sem impedir que o paciente ou a vítima oferecesse a sua contribuição de esforço e sacrifício, a fim de crescer e aprender a construir o bem em si mesmo, sem permitir-se elogios, gratidões ou aplausos, que sempre os desconsiderou. Abstém-te de falar disto a quem quer que seja... impôs ao hanseniano recém-curado, para evitar as louvaminhas e exaltações das multidões frívolas e interesseiras, mas aduziu:... vai mostrar-te aos sacerdotes e oferece o dom prescrito por Moisés, afim de que lhes sirva de prova.

Não se opunha às prescrições, embora não lhes desse importância; no entanto, não criava embaraços ao comportamento da humana justiça nem da sociedade de então, farisaica e formalista. Arrancando as pústulas em decomposição orgânica, por intermédio da renovação celular, propunha a profunda mudança de atitude mental e moral do paciente, para que os campos vibratórios modeladores da forma mantivessem o ritmo de equilíbrio para a preservação da harmonia dos órgãos.

Igualmente induzia ao respeito pelo que estava estabelecido, de modo que educasse o indivíduo para viver dignamente no grupamento social em que se encontrava. O Seu lado humano exigia que a comunidade vivesse em equilíbrio emocional vinculada aos seus estatutos legais. A caridade não arrosta consequências da insubordinaão, do desrespeito, da agressão ao status quo, antes ilumina-o, contribui para a sua renovação incessante, por ser semelhante à luz que dilui trevas sem alarde nem violência.

A ausência de ostentação em todo o Seu ministério é a demonstração da Sua humildade e da Sua humanidade, direcionando para Deus todos os feitos, todos os resultados felizes dos empreendimentos realizados. Ninguém se pode escusar de atender aos infortúnios ocultos conforme Ele o fez.

Quem é falto de um sentimento de compaixão ou de misericórdia em relação a outrem, que foi colhido pelos vendavais da amargura, da desesperação ou tombou nas malhas da loucura, do abandono, da solidão? Ante o Dia e a Noite ricos de promessas e realizações, quem se pode considerar, humano que é, órfão de ar, de luz, de esperança, de bondade, em um mundo rico de beleza e de oportunidades enriquecedoras?

Os infortúnios ocultos encontram-se em todos os seres humanos, sem qualquer exceção. Dissimulados, escondidos, ignorados ele são as presenças-apelos da vida para o crescimento interior, ao esforço para alcançar os patamares da paz e da alegria perfeita. Sem o seu concurso todos se contentariam com as paisagens menos belas da névoa carnal, não aspirando ascensão nem imortalidade! A humanidade de Jesus está muito bem delineada na parábola do bom samaritano, exemplo máximo de solidariedade, de elevação de sentimentos, de caridade... como Ele próprio o fazia.

Por isso, não é importante alguém apenas confessar-se crente em Jesus ou não, mas imitá-Lo, em razão do que Ele inspira, do sentido e significado da Sua existência na Terra e da Sua passagem entre as criaturas, quando do Seu apostolado de amor, exarados nos Seus feitos e nos Seus não feitos.

Nesse contexto Ele deixa de ser o símbolo Jesus, distante, irreal e complacente, para tornar-se o dinâmico Jesus-Homem todos os momentos do caminho dos homens, instruindo-os, renovando-os, soerguendo-os e aguardando-os pacientemente. O homem moderno necessita ouvir Jesus com os olhos. Sentir os exemplos que ressumam da Sua história e que estão suscitados nos Seus seguidores, que procuram fazer conforme Ele realizava na direção do alvo essencial, que é a libertação das paixões constritoras que remanescem no egotismo da natureza animal, transformando-se em realidade espiritual.

Joanna de Ângelis

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