Por Octávio Caúmo Serrano
Diz o Evangelho, que estando Jesus no templo, diante do gazofilácio, fez observação aos discípulos mostrando que os que depositavam grandes somas, doavam menos que a viúva que dava a única moeda que possuía.
Essa advertência é bastante importante, porque é comum darmos nada porque não podemos dar muito. De que serve um simples pão que eu ofereça, diante da enorme fome do mundo, indagamos muitas vezes?
Para entender a importância desse pão, lembremos Madre Teresa a benfeitora de Calcutá, que afirmou certa vez que seu trabalho não passava de uma gota no oceano. Completou, no entanto, que sem essa gota o oceano seria menor. Madre Teresa jamais foi vaidosa do seu trabalho, mas também aproveitava para ensinar sempre que tinha oportunidade.
O mesmo dizemos do pequeno pão. Não acabará com a miséria do mundo, mas, pelo menos nesse dia, uma criança passará menos fome.
Quando observamos o movimento espírita percebemos que poucas pessoas dão o óbolo da viúva. Sentem-se incompetentes para os grandes trabalhos, com medo da responsabilidade e sem disposição para o estudo e preparo para a tarefa, e, por isso ficam de braços cruzados. Sem poder executar trabalhos que julgam relevantes não se dispõem a realizar os serviços modestos.
O óbolo da viúva não precisa ser necessariamente a oferenda material. O abraço carinhoso, a palavra de estímulo, a oferta do ombro para o alívio do outro, a prece silenciosa em favor do que sofre, o auxílio ao velho que vai atravessar a rua, a educação no trânsito e o uso rotineiro do faz favor, obrigado, dá licença, desculpe.
O que dificulta o entendimento do Evangelho trazido por Jesus é o nosso exagerado apego ao mundo material, a ponto de esquecermos o significado espiritual das orientações.
Quando fazemos uma compra, se faltar um real não conseguimos pagá-la. Essa ninharia que damos sem ter convicção da sua utilidade é a migalha que falta para completar um conjunto maior. Quando tomamos um remédio, se em vez de dez gotas tomarmos nove ou oito ou sete, o remédio não fará efeito. Uma máquina para pela quebra de um minúsculo parafuso ou de um componente eletrônico imperceptível.
Temos de nos convencer que não há inutilidade e que ninguém é sem valor. Todos temos nossa parte na sociedade e, por menor que pareça, sempre é algo relevante. O soldado não tem a importância hierárquica do capitão, mas é ele que enfrenta o delinquente e corre risco de morte na defesa da população.
Seja qual for a nossa posição na vida podemos praticar algum tipo de caridade: material ou espiritual. Não percamos a oportunidade porque a recompensa é sempre grande; a mil por um.
Que Deus nos ajude!
Publicado no jornal O Clarim de julho de 2011
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