Sequência lógica e natural das três revelações cristãs.
O Espiritismo é o prosseguimento natural do Cristianismo. Como diz Emmanuel: “É a Renascença Cristã do Mundo”. Graças a essa doutrina de luz e de amor, os princípios cristãos vão sendo restabelecidos em sua pureza primitiva. Foi necessário, para esse restabelecimento, o concurso do Céu, como o Cristo já havia previsto e, segundo podemos ver, nas passagens referentes ao Consolador, no Evangelho de João. As vozes do céu tiveram de conclamar os homens, na terra, para a volta à realidade evangélica.
Pouco importa que os adversários da doutrina digam o contrário, que acusem o Espiritismo de anticristão e chamem os espíritas de embusteiros. Convém lembrar que os sacerdotes das religiões pagãs, e os próprios sacerdotes do judaísmo, fizeram a mesma coisa com o Cristianismo. Nem o Cristo respeitaram. Acusavam Jesus de embusteiro, de feiticeiro, de endemoniado e chamavam os cristãos de hereges e mistificadores. Se Jesus expelia os demônios, libertando pobres criaturas das garras de seus terríveis obsessores, diziam que o divino Mestre o fazia porque “tinha parte com o Diabo”. A história se repete, e os espíritas precisam se lembrar do heroísmo e da serenidade dos cristãos primitivos, para se portarem à altura dos ensinamentos evangélicos, diante das acusações de hoje.
A missão de Jesus não findou com a crucificação, como a sua doutrina de luz não se apagou com as deturpações humanas. Depois da crucificação, houve a ressurreição. E, assim também, após as deturpações, surge a hora gloriosa da restauração, anunciada pelo Cristo. O anúncio é claro e preciso, como vemos no cap. 14 do Evangelho de João, versículo 26: “Aquele Consolador, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”. O Consolador nos lembra os princípios verdadeiros do ensino de Jesus, que os homens perturbaram através dos tempos, ajeitando-os, muitas vezes, às suas conveniências. Mas, não se limita a lembrar o que foi dito naqueles tempos, porque lhe cabe também “ensinar todas as coisas”, dizer tudo aquilo que, no tempo de Jesus, não estávamos em condições de ouvir, porque não as entenderíamos.
Há uma sequência lógica e natural das revelações cristãs, que todos os espíritas devem ter constantemente na memória. Primeiro, houve a revelação do Sinai, a missão de Moisés, da qual resultou a codificação bíblica. Foi a I Revelação e, já em seu texto, ela anunciava a segunda, que surgiria com a vinda do Messias. Depois, veio a II Revelação, com Jesus, e tivemos, então, a codificação evangélica, que também em seu texto anunciava a terceira. E, por fim, surge a III Revelação, com as manifestações dos Espíritos em todo o mundo, e temos, então, a codificação espírita. Mas, nesta codificação não se anuncia a quarta, não há a profecia de outra revelação. Por que? É o que passaremos a ver.
A primeira e a segunda revelações, como ensina Kardec, eram pessoais e locais, em virtude das condições do mundo em que elas apareceram. A terceira, porém, é impessoal e universal. Kardec não foi um revelador, como Moisés e Jesus, mas apenas um codificador, como aqueles que organizaram a Bíblia e os Evangelhos, depois que as revelações já haviam sido feitas. A revelação espírita é impessoal, pois surgiu no mundo através das comunicações espirituais, simultaneamente em vários países. Não foi feita por um homem, mas por muitos. E como a terra já atingiu um grau de progresso suficientemente superior, essa revelação impessoal e universal é também a última, não precisa de outra. É justamente o que Jesus já havia dito, ao anunciar, no versículo 16 do capítulo 14 de João: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre”.
O Espiritismo é a terceira e última revelação, que ficará conosco para sempre, iluminando-nos e esclarecendo-nos quanto aos problemas do espírito. A terra evoluída já permite aos homens o exercício ininterrupto da mediunidade e esta porta que se abriu para o céu garante a continuidade natural da revelação divina.
Compreendendo, pois, estas coisas, e tendo-as sempre em mente, os espíritas estarão habilitados a enfrentar todas as acusações que lhes são feitas pelos adversários da doutrina. A fé esclarecida pela razão, pela compreensão, dar-lhes-á a força necessária para cumprirem os seus deveres, nesta hora de confusões sombrias por que vai passando o nosso planeta, às vésperas de uma nova aurora espiritual, prestes a brilhar sobre todo o mundo.
Escrito por Herculano Pires no Livro “O Mistério do Bem e do Mal”
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