Estudando o Espiritismo

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sábado, 26 de setembro de 2015

SÓCRATES – COMPILAÇÃO

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SÓCRATES – COMPILAÇÃO

02 - A CAMINHO DA LUZ - EMMANUEL - PÁG. 93

É por isso que, de todas as grandes figuras daqueles tempos longínquos, somos compelidos a destacar a grandiosa figura de Sócrates, na Atenas antiga. Superior a Anaxágoras, seu mestre, como também imperfeitamente interpretado pelos seus três discípulos mais famosos, o grande filósofo está aureolado pelas mais divinas claridades espirituais, no curso de todos os séculos planetários. Sua existência, em algumas circunstâncias, aproxima-se da exemplificação do próprio Cristo. Sua palavra confunde todos os espíritos mesquinhos da época e faz desabrochar florações novas de sentimento e cultura na alma sedenta da mocidade.

Nas praças públicas, ensina à infância e à juventude o formoso ideal da fraternidade e da prática do bem, lançando as sementes generosas da solidariedade dos pósteros. Mas Atenas, como cérebro do mundo de então, apesar do seu vasto progresso, não consegue suportar a lição avançada do grande mensageiro de Jesus. Sócrates é acusado de perverter os jovens atenienses, instilando-lhes o veneno da liberdade nos corações.

Preso e humilhado, seu espírito generoso não se acovarda diante das provas rudes que lhe extravasam do cálice de amarguras. Consciente da missão que trazia, recusa fugir do próprio cárcere, cujas portas se lhe abrem às ocultas pela generosidade de alguns juizes. Os enviados do plano invisível cercam-lhe o coração magnânimo e esclarecido, nas horas mais ásperas e agudas da provação; e quando a esposa, Xantipa, assoma às grades da prisão para comunicar-lhe a nefanda condenação à morte pela cicuta, ei-la exclamando no auge da angústia e desesperação:

— "Sócrates, Sócrates, os juizes te condenaram à morte..."— "Que tem isso? — responde resignadamente o filósofo — eles também estão condenados pela Natureza."— "Mas essa condenação é injusta..." — soluça ainda a desolada esposa. E ele a esclarece com um olhar de paciência e de carinho:— "E quererias que ela fosse justa?" Senhor do seu valoroso e resignado heroísmo, Sócrates abandona a Terra, alçando-se de novo aos páramos constelados, onde o aguardava a bênção de Jesus.

A - OS DISCÍPULOS
O grande filósofo que ensinara à Grécia as mais belas virtudes, como precursor dos princípios cristãos, deixou vários discípulos, dos quais se destacaram Antístenes, Xenofonte e Platão. Falaremos, apenas, deste último, para esclarecer que nenhum deles soube assimilar perfeitamente a estrutura moral do mestre inesquecível. A História louva os discursos de Platão, mas nem sempre compreendeu que ele misturou a filosofia pura do mestre com a ganga das paixões terrestres, enveredando algumas vezes por complicados caminhos políticos.

Não soube, como também muitos dos seus companheiros, conservar-se ao nível de alta superioridade espiritual, chegando mesmo a justificar o direito tirânico dos senhores sobre os escravos, sem uma visão ampla da fraternidade humana e da família universal. Contudo, não deixou de cultivar alguns dos princípios cristãos legados pelo grande mentor, antecipando-se ao apostolado do Evangelho, antes de entregar a sua tarefa doutrinária a Aristóteles, que ia também trabalhar pelo advento do Cristianismo.

B - PROVAÇÃO COLETIVA DA GRÉCIA
A condenação de Sócrates foi uma dessas causas transcendentes de dolorosas e amargas provações coletivas, para todos os espíritos que participaram dela, na medida justa das responsabilidades pessoais entre si. E é em razão disso que, mais tarde, vemos o povo nobre e culto de Atenas fornecendo escravos valorosos e sábios aos espíritos agressivos e enérgicos de Roma. Eles iam nas galeras suntuosas, humilhados e oprimidos, sem embargo das suas elevadas noções da vida, do amor, da liberdade e da justiça.

- E' verdade que iam instaurar um novo período de progresso espiritual para as coletividades romanas, com os seus luminosos ensinamentos, mas o processo evolutivo poderia ladear outros caminhos, longe do morticínio e da escravidão. Todavia, sobre a fronte de muitos gregos ilustres, pairava o sanguinolento labéu daquela injusta condenação, labéu ignominioso que a Grécia deveria lavar com as lágrimas dolorosas da compunção e do cativeiro.

15 - O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - ALLAN KARDEC - INTRODUÇÃO IV

IV. SÓCRATES E PLATÃO, PRECURSORES DA DOUTRINA CRISTÃ E DO ESPIRITISMO

Da suposição de que Jesus devia conhecer a seita dos Essênios, seria errado concluir que Ele bebeu nessa seita a sua Doutrina, e que, se tivesse vivido em outro meio, professaria outros princípios. As grandes idéias não aparecem nunca de súbito. As que têm a verdade por base contam sempre com precursores, que lhes preparam parcialmente o caminho. Depois, quando o tempo é chegado, Deus envia um homem com a missão de resumir, coordenar e completar os elementos esparsos, com eles formando um corpo de doutrina. Dessa maneira, não tendo surgido bruscamente, a doutrina encontra, ao aparecer, espíritos inteiramente preparados para a aceitar. Assim aconteceu com as idéias cristãs, que foram pressentidas muitos séculos antes de Jesus e dos Essênios, e das quais foram Sócrates e Platão os principais precursores.

Sócrates, como o Cristo, nada escreveu, ou pelo menos nada deixou escrito. Como o Cristo, teve a morte dos criminosos, vítima do fanatismo, por haver atacado as crenças tradicionais e colocado a verdadeira virtude acima da hipocrisia e da ilusão dos formalismos, ou seja, por haver combatido os preconceitos religiosos. Assim como Jesus foi acusado pelos Fariseus de corromper o povo com seus ensinos, ele também foi acusado pelos Fariseus do seu tempo — pois que os têm havido em todas as épocas — de corromper a juventude, ao proclamar: A - o dogma da unicidade de Deus, B - da imortalidade da alma e C - da existência da vida futura. Da mesma maneira porque hoje não conhecemos a Doutrina de Jesus senão pelos escritos dos seus discípulos, também não conhecemos a de Sócrates, senão pelos escritos do seu discípulo Platão. Consideramos útil resumir aqui os seus pontos principais, para demonstrar sua concordância com os princípios do Cristianismo.

Aos que encararem este paralelo como uma profanação, pretendendo não ser possível haver semelhanças entre a doutrina de um pagão e a do Cristo, responderemos que a doutrina de Sócrates não era pagã, pois tinha por finalidade combater o paganismo, e que a doutrina de Jesus, mais completa e mais depurada que a de Sócrates, nada tem que perder na comparação. A grandeza da missão divina do Cristo não poderá ser diminuída. Além disso, trata-se de fatos históricos, que não podem ser escondidos. O homem atingiu um ponto em que a luz sai por si mesma de debaixo do alqueire e o encontra maduro para a enfrentar.

Tanto pior para os que temem abrir os olhos. E chegado o tempo de encarar as coisas do alto e com amplitude, e não mais do ponto de vista mesquinho e estreito dos interesses de seitas e de castas. Estas citações provarão, além disso, que, se Sócrates e Platão pressentiram as idéias cristãs, encontram-se igualmente na sua doutrina os princípios fundamentais do Espiritismo.

RESUMO DA DOUTRINA DE SÓCRATES E PLATÃO

I — O homem é uma alma encarnada. Antes de sua encarnação, ela existia junto aos modelos primordiais, às idéias do verdadeiro, do bem e do belo. 'Separou-se deles ao encarnar-se, e, lembrando seu passado, sente-se mais ou menos atormentada pelo desejo de a eles voltar. Não se pode enunciar mais claramente a distinção e a independência dos dois princípios, o inteligente e o material. Além disso, temos aí a doutrina da preexistência da alma; da vaga intuição que ela conserva, da existência de outro mundo, ao qual aspira; de sua sobrevivência à morte do corpo; de sua saída do mundo espiritual, para encarnar-se; e da sua volta a esse mundo, após a morte. E, enfim, o germe da doutrina dos anjos decaídos.

II — A alma se perturba e confunde, quando se serve do corpo para considerar algum objeto; sente vertigens, como se estivesse ébria, porque se liga a coisas que são, por sua natureza, sujeitas a transformações. Em vez disso, quando contempla sua própria essência, ela se volta para o que é puro, eterno, imortal, e, sendo da mesma natureza, permanece nessa contemplação tanto tempo quanto possível. Cessam, então, as suas perturbações, e esse estado da alma é o que chamamos de sabedoria. Assim, o homem que considera as coisas de baixo, terra-a-terra, do ponto de vista material, vive iludido. Para apreciá-las com justeza, é necessário vê-las do alto, ou seja, do ponto de vista espiritual. O verdadeiro sábio deve, portanto, de algum modo, isolar a alma do corpo, para ver com os olhos do espírito. E isso o que ensina o Espiritismo.

III — Enquanto tivermos o nosso corpo, e a nossa alma encontrar-se mergulhada nessa corrupção, jamais possuiremos o objeto de nossos desejos: a verdade. De fato, o corpo nos oferece mil obstáculos, pela necessidade que temos de cuidar dele; além disso, ele nos enche de desejos, de apetites, de temores, de mil quimeras e de mil tolices, de maneira que, com ele, é impossível sermos sábios por um instante. Mas, se nada se pode conhecer puramente, enquanto a alma está unida ao corpo, uma destas coisas se impõe: ou que jamais se conheça a verdade, ou que se conheça após a morte. Livres da loucura do corpo, então conversaremos, é de esperar, com homens igualmente livres, e conheceremos por nós mesmos a essência das coisas. Eis porque os verdadeiros filósofos se preparam para morrer, e a morte não lhes parece de maneira alguma temível. Temos aí o princípio das faculdades da alma, obscurecidas pela mediação dos órgãos corporais, e da expansão dessas faculdades depois da morte. Mas trata-se, aqui, das almas evoluídas, já depuradas; não acontece o mesmo com as almas impuras.

IV — A alma impura, nesse estado, encontra-se pesada, e é novamente arrastada para o mundo visível, pelo horror do que é invisível e imaterial. Ela erra, então, segundo se diz, ao redor dos monumentos e dos túmulos, junto dos quais foram vistos às vezes fantasmas tenebrosos, como devem ser as imagens das almas que deixaram o corpo, sem estarem inteiramente puras, e que conservam alguma coisa da forma material, o que permite aos nossos olhos percebê-las. Essas não são as almas dos bons, mas as dos maus, que são forçadas a errar nesses lugares, onde carregam as penas de sua vida passada, e onde continuam a errar, até que os apetites inerentes à sua forma material as devolvam a um corpo. Então, elas retomam, sem dúvida, os mesmos costumes que, durante a vida anterior, eram de sua predileção.

Não somente o princípio da reencarnação está aqui claramente expresso, mas também o estado das almas que ainda estão sob o domínio da matéria é descrito tal como o Espiritismo o demonstra, nas evocações. E há mais, pois, afirma-se que a reencarnação é uma consequência da impureza da alma, enquanto as almas purificadas estão livres dela. O Espiritismo não diz outra coisa, apenas acrescenta que a alma que tomou boas resoluções na erraticidade, e que tem conhecimentos adquiridos, trará menos defeitos ao renascer, mais virtudes e mais idéias intuitivas do que na existência precedente, e que, assim, cada existência marca para ela um progresso intelectual e moral.

V — Após a nossa morte, o gênio (daimon, démorí) que nos havia sido designado durante a vida, nos leva a um lugar onde se reúnem todos os que devem ser conduzidos ao Hades, para o julgamento. As almas, depois de permanecerem no Hades o tempo necessário, são reconduzidas a esta vida, por numerosos e longos períodos. Esta é a doutrina dos Anjos Guardiães ou Espíritos protetores, e das reencarnações sucessivas, após intervalos mais ou menos longos de erraticidade.

VI — Os demônios preenchem o espaço que separa o céu da terra; são o laço que liga o Grande Todo consigo mesmo. A divindade não entra jamais em comunicação direta com os homens, mas é por meio dos demônios que os deuses se relacionam e conversam com eles, seja durante o estado de vigília, seja durante o sono. A palavra daimon, da qual se originou demônio, não era tomada no mau sentido pela antiguidade, como entre os modernos. Não se aplicava essa palavra exclusivamente aos seres malfazejos, mas aos Espíritos em geral, entre os quais se distinguiam os Espíritos superiores, chamados deuses, e os Espíritos menos elevados, ou demônios propriamente ditos, que se comunicavam diretamente com os homens. O Espiritismo ensina também que os Espíritos povoam o espaço; que Deus não se comunica com os homens senão por intermédio dos Espíritos puros, encarregados de nos transmitir a sua vontade; que os Espíritos se comunicam conosco durante o estado de vigília e durante o sono. Substituí a palavra demônio pela palavra Espírito, e tereis a Doutrina Espírita; ponde a palavra anjo, e tereis a doutrina cristã.

VII — A preocupação constante do filósofo (tal como o compreendem Sócrates e Platão) é a de ter o maior cuidado com a alma, menos em vista desta vida, que é apenas um instante, do que em vista da eternidade. Se a alma é imortal, não é sábio viver com vistas à eternidade? O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa.

VIII — Se a alma é imaterial, ela deve passar, após esta vida, para um mundo igualmente invisível e imaterial, da mesma maneira que o corpo, ao se decompor, retorna à matéria. Importa somente distinguir bem a alma pura, verdadeiramente imaterial, que se nutre, como Deus, da ciência e de pensamentos, da alma mais ou menos manchada de impurezas materiais, que a impedem de elevar-se ao divino, retendo-a nos lugares de sua passagem pela terra.

Sócrates e Platão, como se vê, compreendiam perfeitamente os diferentes graus de desmaterialização da alma. Eles insistem sobre as diferenças de situação que resultam para ela, de sua maior ou menor pureza. Isso que eles diziam por intuição, o Espiritismo o prova, pelos numerosos exemplos que nos põe diante dos olhos.

IX — Se a morte fosse a dissolução total do homem, isso seria de grande vantagem para os maus, que, após a morte estariam livres, ao mesmo tempo, de seus corpos, de suas almas e de seus vícios. Aquele que adornou sua alma, não com enfeites estranhos, mas com os que lhe são próprios, somente poderá esperar com tranquilidade a hora de sua partida para o outro mundo.
Em outros termos, quer dizer que o materialismo, que proclama-o nada após a morte, seria a negação de toda responsabilidade moral ulterior, e por conseguinte um estímulo ao mal; que o malvado tem tudo a ganhar com o nada; que o homem que se livrou dos seus vícios e se enriqueceu de virtudes é o único que pode esperar tranquilamente o despertar na outra vida. O Espiritismo nos mostra, pelos exemplos que diariamente nos põe ante os olhos, quanto é penosa para o malvado a passagem de uma para a outra vida, a entrada na vida futura.

X — O corpo conserva os vestígios bem marcados dos cuidados que se teve com ele ou dos acidentes que sofreu. Acontece o mesmo com a alma. Quando ela se despoja do corpo, conserva os traços evidentes de seu caráter, de seus sentimentos, e as marcas que cada um dos seus atos lhe deixou. Assim, a maior desgraça que pode acontecer a um homem, é a de ir para o outro mundo com uma alma carregada de culpas. Tu vês, Calicles, que nem tu, nem Pólus, nem Górgias, poderíeis provar que se deve seguir outra vida que nos seja mais útil, quando formos para lá. De tantas opiniões diversas, a única que permanece inabalável é a de que mais vale sofrer que cometer uma injustiça, e que antes de tudo devemos aplicar-nos, não a parecer, mas a ser um homem de bem. (Conversações de Sócrates com os discípulos na prisão.)
Aqui se encontra outro ponto capital, hoje confirmado pela experiência, segundo o qual a alma não purificada conserva as idéias, as tendências, o caráter e as paixões que tinha na terra. Esta máxima: Mais vale sofrer do que cometer uma injustiça, não é inteiramente cristã? Ê o mesmo pensamento que Jesus exprime por esta figura: "Se alguém te bater numa face, oferece-lhe a outra." (Cap. XII, Mateus, V: 38-42 e n°s 7 e 8.)

XI — De duas, uma: ou a morte é a destruição absoluta, ou é a passagem da alma para outro lugar. Se tudo deve extinguir-se, a morte é como uma dessas raras noites que passamos sem sonhar e sem nenhuma consciência de nós mesmos. Mas se a morte é apenas uma mudança, a passagem para um lugar em que os mortos devem reunir-se, que felicidade a de ali reencontrar os nossos conhecidos! Meu maior prazer seria o de examinar de perto os habitantes dessa morada, e dentre eles distinguir, como aqui, os que são sábios dos que crêem sê-lo e não o São. Mas já é tempo de partirmos, eu para morrer e vós para viver. (Sócrates a seus julgadores.)
Segundo Sócrates, os homens que viveram na terra encontram-se depois da morte e se reconhecem. O Espiritismo no-los mostra continuando suas relações, de tal maneira que a morte não é uma interrupção, nem uma cessação da vida, sem solução de continuidade, mas uma transformação.

Sócrates e Platão, se tivessem conhecido os ensinamentos que o Cristo daria quinhentos anos mais tarde, e os que o Espiritismo hoje nos dá, não teriam falado de outra maneira. Nisso, nada há que nos deva surpreender, se considerarmos que as grandes verdades são eternas, e que os Espíritos adiantados devem tê-las conhecido antes de vir para a terra, para onde as trouxeram. Se considerarmos ainda que Sócrates, Platão, e os grandes filósofos do seu tempo, podiam estar, mais tarde, entre aqueles que secundaram o Cristo na sua divina missão, sendo escolhidos precisamente porque estavam mais aptos do que outros a compreenderem os seus sublimes ensinos. E que eles podem, por fim, participar hoje da grande plêiade de Espíritos encarregados de vir ensinar aos homens as mesmas verdades.

XII — Não se deve nunca retribuir a injustiça com a injustiça, nem fazer mal a ninguém, qualquer que seja o mal que nos tenham feito. Poucas pessoas, entretanto, admitem esse princípio, e as que não concordam com ele só podem desprezar-se umas às outras. Não é este o princípio da caridade, que nos ensina a não retribuir o mal com o mal e a perdoar aos inimigos?

XIII — É pelos frutos que se conhece a árvore. É necessário qualificar cada ação, segundo o que ela produz: chamá-la má, quando a sua consequência é má, e boa, quando produz o bem.
Esta máxima: "E pelos frutos que se conhece a árvore", encontra-se textualmente repetida, muitas vezes, no Evangelho.

XIV — Á riqueza é um grande perigo. Todo homem que ama a riqueza, não ama nem a ele nem ao que possui, mas a uma coisa que é ainda mais estranha do que aquilo que ele possui.

XV — As mais belas preces e os mais belos sacrifícios agradam menos à Divindade, do que uma alma virtuosa que se esforça por assemelhar-se a ela. Seria grave que os deuses se interessassem mais pelas nossas oferendas do que pelas nossas almas. Dessa maneira, os maiores culpados poderiam conquistar os seus favores. Mas não, pois só são verdadeiramente sábios e justos os que, por
suas palavras e seus atos, resgatam o que devem aos deuses e aos homens.

XVI — Chamo de homem vicioso ao amante vulgar, que ama mais ao corpo que à alma. O amor está por toda a natureza, e incita-nos a exercer a nossa inteligência: encontramo-lo até mesmo no movimento dos astros. É o amor que adorna a natureza com suas ricas alfombras; ele se enfeita e fixa a sua morada onde encontra flores e perfumes. É ainda o amor que traz a paz aos homens, a calmaria ao mar, o silencio aos ventos e o sossego à dor.
O amor, que deve unir os homens por um sentimento de fraternidade, é uma consequência dessa teoria de Platão sobre o amor universal, como lei da natureza. Sócrates, tendo dito que "o amor não é um deus nem um mortal, mas um grande demônio", ou seja, um grande Espírito que preside ao amor universal, esta afirmação lhe foi, sobretudo, imputada como crime.

XVII — A virtude não pode ser ensinada; ela vem por um dom de Deus aos que a possuem. É quase a Doutrina cristã sobre a graça. Mas se a virtude é um dom de Deus, é um favor, pode perguntar-se por que ela não é concedida a todos. De outro lado, se ela é um dom, não há mérito da parte daquele que a possui. O Espiritismo é mais explícito. Ele ensina que aquele que a possui, a adquiriu pelos seus esforços nas vidas sucessivas, ao se livrar pouco a pouco das suas imperfeições. A graça é a força que Deus concede a todo homem de boa vontade, para se livrar do mal e fazer o bem.

XVIII — Há uma disposição natural, em cada um de nós, para nos apercebermos bem menos dos nossos defeitos, do que dos defeitos alheios.
O Evangelho diz: "Vês a aresta no olho do teu irmão, e não vês a trave no teu?" (Cap. X, Mateus, VII: 3-5 n<?s 9 e 10.)

XIX — Se os médicos fracassam na maior parte das doenças, é porque tratam do corpo sem a alma, e porque, se o todo não se encontra em bom estado, é impossível que a parte esteja bem. O Espiritismo oferece a chave das relações entre a alma e o corpo, e prova que existe incessante reação de um sobre o outro. Ele abre, assim, novo caminho à ciência: mostrando-lhe a verdadeira causa de certas afecções, dá-lhe os meios de combatê-las. Quando ela levar em conta a ação do elemento espiritual na economia orgânica, fracassará menos.

XX — Todos os homens, desde a infância, fazem mais mal do que bem.
Estas palavras de Sócrates tocam a grave questão da predominância do mal sobre a terra, questão insolúvel sem o conhecimento da pluralidade dos mundos e do destino da terra, onde se encontra apenas uma pequena fração da Humanidade. Só o Espiritismo lhe dá solução, que é desenvolvida logo adiante, nos capítulos II, III e V.

XXI — A sabedoria está em não pensares que sabes aquilo que não sabes.
Isto vai endereçado àqueles que criticam as coisas de que, frequentemente, nada sabem. Platão completa este pensamento de Sócrates, ao dizer: "Tentemos primeiro torná-los, se possível, mais honestos nas palavras; se não o conseguirmos, não nos ocupemos mais deles e não busquemos mais do que a verdade. Tratemos de nos instruir, mas não nos aborreçamos." É assim que devem agir os espíritas, com relação aos seus contraditores de boa ou de má fé. Se Platão revivesse hoje, encontraria as coisas mais ou menos como no seu tempo, e poderia usar a mesma linguagem. Sócrates também encontraria quem zombasse de sua crença nos Espíritos e o tratasse de louco, assim como ao seu discípulo Platão.
Por haver professado esses princípios, Sócrates foi primeiro ridicularizado, depois acusado de impiedade e condenado a beber cicuta. Tanto é certo que as grandes verdades novas, levantando contra elas os interesses e os preconceitos que ferem, não podem ser estabelecidas sem lutas e sem mártires.

25 - ENCICLOPÉDIA BARSA - VOL. 13 - PAG. 22

SOCRATES (470-399 A.C.): Filósofo grego, nascido e morto em Atenas. Era filho de Sofronisco, amigo de Aristides, e Fenarete, uma parteira. A tradição que afirma ter sido Sócrates, escultor apareceu no séc. III, provavelmente devido a uma falsa interpretação de Platão. O escritor ateniense lon de Quios menciona-o como discípulo de Arquelau, sucessor de Anaxágoras. Xenofonte, em seu livro Memorabilia ("Fatos Memoráveis", IV, 7), concorda com Platão quanto ao conhecimento do filósofo sobre Geometria e Astronomia. Isso também se infere da peça burlesca de Aristófanes, Nuvens, cujo tema principal é Sócrates. Tais fatos são suficientes para provar sua extraordinária popularidade.

Casou-se, já tardiamente, com Xantipa, mulher de gênio irascível, de quem teve três filhos. Possuía resistência física fora do comum. Quase nunca se afastou de Atenas, fazendo-o apenas quando soldado do exército ateniense. Os autores antigos são unânimes em reconhecer seu caráter reto e incorruptível. Era, diz Xenofonte, o mais equilibrado e modesto dos homens. Sagaz e agudo, atribuía essas virtudes a um daimon ("oráculo interior ou demônio"), que o levava a desprezar todos os outros oráculos da Grécia. Quando, certa vez, tomou parte da Assembleia dos 500, opôs-se com tenacidade a toda e qualquer forma de injustiça.

Conta-se que o oráculo de Delfos, com excepcional bom-senso, declarou-o o mais sábio dos gregos, ao que Sócrates, com sua proverbial reserva, respondeu: "Só sei que nada sei." Para ele não existia Filosofia, enquanto o espírito não se voltasse reflexivamente sobre si mesmo: Gnóthi se aiitón ("Conhece-te a ti mesmo"). Antes dele, as reflexões dos primeiros filósofos, como Tales, Heráclito, Parmênides, Pitágoras, Demócrito e outros, se voltaram sobre os problemas do ser, do movimento e da substância primordial do mundo, a physis, procurando dar-lhes uma explicação racional.

Isso é muito bom, dizia Sócrates, mas há matéria infinitamente mais digna da meditação filosófica — o homem, a quem sempre procurava entender, como, de resto, a tudo que fosse humano. Se alguém se referia à justiça, indagava irônico: Tó ti? "Que é isso?" É verdade que, muitas vezes, suas respostas não foram satisfatórias, mas seu método e suas intenções constituíram o início da reação helênica contra o iluminismo relativista dos sofistas, que haviam levado à falência o pensamento filosófico.

Naquela época dois problemas interessavam particularmente aos jovens atenienses: o moral e o político. Os sofistas, destruindo a primitiva fé nos deuses do Olimpo, solaparam as bases da moralidade, que se apoiava, sobretudo, no respeito que os gregos tinham por suas inúmeras divindades. Um individualismo desintegrador enfraquecia, então, a democracia ateniense, o que tornou a cidade fácil presa dos espartanos, severa e autocraticamente educados. Como achar um fundamento para a moral individual e qual a melhor forma de governo ? — perguntavam a Sócrates.

Uma resposta insólita a essas duas perguntas determinou sua condenação à morte. Os conservadores o honrariam, se tentasse restaurar a velha fé politeísta, levando a juventude emancipada que o seguia aos templos e bosques sagrados. Se fosse possível, indagava Sócrates, edificar um sistema moral absolutamente alheio às doutrinas religiosas, servindo assim tanto aos ateus como aos crentes, poderiam os deuses nascer e morrer sem prejuízo da conduta humana ? Para tanto, julgou apenas necessário alicerçar a conduta moral na plena consciência responsável. Se se pudesse ensinar aos homens a ver clara e inteligentemente os resultados e a natureza última de seus atos, talvez isso bastasse para fazê-los trilhar o reto caminho.

Esse método indutivo, que permitia a Sócrates praticar na mente de seus discípulos um verdadeiro parto de idéias, recebeu o nome de maiêutica. Quanto ao problema político, ele considerava uma baixa superstição acreditar-se que a melhor sabedoria dependesse da maior quantidade de pessoas. Em virtude dessas ideias, o filósofo propôs a aristocracia como a melhor forma de governo. Sua carreira, porém, foi bruscamente interrompida pela sentença que o condenou à morte. Atenas já não mais suportava a moral e a ironia socráticas, como também não podia tolerar sua crescente influência sobre a juventude grega.

Nunca escondera o filósofo sua simpatia pelo monoteísmo; politicamente, entretanto, jamais defendera idéias ortodoxas. Anytus, seu principal acusador, assessorado por Meletus, acusou-o de ridicularizar os deuses do Estado e de corromper a juventude. Sócrates defendeu-se apenas por obrigação. Usou, como sempre, de um tom irônico e desdenhoso ao enfrentar seus juizes, indispondo-os. Contados os votos, havia 280 contra ele e 220 a favor. Em obediência à lei ateniense, foi consultado sobre que pena mereceria e proporia para si.

No mesmo tom, respondeu que, tendo durante toda a vida prestado serviço a seus concidadãos, achava que a única medida a ser tomada contra ele seria a de sustentá-lo, por conta do Estado, no Pritaneu. Ao ser instado posteriormente pelos amigos, concordou em propor uma multa de 30 minas. Conhecida a sentença, foi, como já previra, condenado à morte. Não se mostrou comovido, embora falasse longamente aos juizes, para dizer-lhes do bem que encerrava a morte.

A sentença só foi executada bastante tempo depois. Durante esse tempo, Sócrates recusou vários planos de fuga, preparados por Críton e outros amigos. Não lhe parecia correto infringir a lei. Enquanto preso, o tema predileto das discussões do filósofo era o da imortalidade da alma. Suas últimas palavras foram para recomendar a Críton que sacrificasse um galo a Esculápio. Queria oferecer ao deus, a quem se atribuía a cura da fadiga e dos males da vida, a oferenda costumeira.

26 - OS GRANDES PENSADORES - VIDA E OBRA - toda a obra

A "questão socrática"
Outros depoimentos antigos importantes sobre Sócrates são o de Aristóteles (384-322 a.C.) — discípulo de Platão — e os provenientes de biógrafos da fase helenística, como Diógenes Laércio (século III d.C). Todavia, a interpretação aristotélica de Sócrates — que o apresenta como iniciador do trabalho de definição de conceitos (relativos ao campo moral) — é vista com reservas pelos historiadores, pois Aristóteles sempre "aristoteliza" o pensamento de seus antecessores, tornando-os momentos preparatórios de suas próprias concepções filosóficas. Por outro lado, as biografias que sobre os pensadores mais antigos da Grécia foram produzidas no período helenístico não apresentam grande exigência crítica. Numa fase marcada pela sombra da perda de liberdade política, o importante para os gregos era descrever a vida daqueles que haviam vivido nos momentos da perdida grandeza política, sem se importar tanto com o rigor das informações e misturando dados históricos com relatos fantasiosos.

As fontes mais seguras para a reconstituição da vida e do pensamento de Sócrates continuam sendo, assim, os depoimentos de seus contemporâneos. Do confronto entre os testemunhos deixados por Platão, Xenofonte e Aristófanes é que sobretudo os historiadores têm procurado recompor a verdadeira fisionomia do Sócrates-homem e do Sócrates-filósofo. Se Aristófanes teria focalizado Sócrates na fase anterior a seu magistério filosófico e se, além disso, misturou-lhe os traços com os de cosmólogos jônicos e os dos sofistas, então de Xenofonte e de Platão é que devem ser recolhidas as principais informações referentes ao Sócrates que marcou tão profundamente não apenas a cultura grega como também toda a herança ocidental. Xenofonte, porém, segundo a maioria dos historiadores, espírito bastante simplório, não teria tido condições para apreender toda a dimensão dos ensinamentos socráticos. Essa seria a razão de, frequentemente, trazer as idéias éticas de Sócrates para o nível de simples lugares-comuns, empobrecendo-as e deturpando-as.

O contrário exatamente é o que se pode dizer de Platão: ninguém mais bem-dotado para acompanhar o mestre em todas as suas sutilezas e em todos os seus vôos, por mais altos que se alçassem. Aqui o perigo é oposto: Platão pode ter atribuído a Sócrates mais do que ele disse ou quis dizer. E, na medida em que o torna personagem-chave de quase os Diálogos que escreveu, não apenas reportou situações e debates vividos por Sócrates, como — considerando-se continuador da linha de pensamento inaugurada pelo mestre — utilizou-o, a partir de certo momento da evolução de sua própria filosofia, como porta-voz de suas doutrinas. A resolução da "questão socrática" transforma-se assim, em grande parte, na questão da delimitação de fronteiras entre o pensamento de Sócrates e o de Platão, dentro dos próprios Diálogos platônicos.

Confrontando-se o socratismo de Platão com o dos chamados "socráticos menores" ( megáricos, cínicos, cirenaicos), pode-se, até certo ponto, tentar uma aproximação do Sócrates histórico. Este, de qualquer forma, desde a Antiguidade, perdeu o caráter estrito de indivíduo concreto, condenado à morte em 399 a.C., para se transformar em ideal humano ou motivo de escândalo — um elemento definitivamente integrante da consciência ética do Ocidente. Na medida mesma em que só se tem de Sócrates reflexo produzidos na consciência e na obra de discípulos ou à que ele teria escolhido a comunicação direta e viva se difícil reconstruir com fidelidade sua vida e seu pensamento. Diante das incertezas inevitáveis, alguns historiadores modernos chegaram a levantar a hipótese da inexistência do Sócrates histórico — pelo menos com as características que foram apontadas pelos relatos dos antigos. Sócrates, chegou-se a afirmar, seria uma criação literária, a serviço do nascionalismo ateniense.

Se essa tese não prevalece entre os historiadores, por outro lado é inegável que a recuperação de Sócrates como "fato" histórico defronta-se com a dificuldade da escassez de dados indisputáveis: a objetividade histórica de Sócrates se dilui na teia de depoimentos diversos e às vezes discrepantes. Porém não foi justamente isso o que - segundo A Apologia platônica - ele quis ser: alguém que apontava não para a ciência das coisas e sim para a consciência do próprio homem? A ciência sobre Sócrates - a resolução da "questão socrática", a reconstituição do Sócrates histórico - não poderiaassim ser socraticamente reformulada? A escassez de dados objetivos indiscutíveis a seu respeito não o transforma, fundamentalmente, num apelo à consciência do homem que dele se aproxima - como contemporâneo ou como estudioso, em qualquer época, de seu pensamento. Ele, reiteradamente teria afirmado não possuir ciência alguma, não teria também delcaro ter aceito a missão de ajudar os homens a se voltarem para o conhecimento de si mesmo, para o desbravamento da própria subjetividade tentando a conquista da própria alma? Pois essa consciência e essa subjetividade é que estão desde logo comprometidas com Sócrates, quando se pretende recuperar sua fisionomia autêntica. Tentar decifrá-lo é já decifrar-se um pouco, buscar conhecê-lo é inevitavelmente uma ocasião para reagir ao desafio de seu enigma. Sócrates remete seu decifrador à própria consciência, oferecendo-lhe uma ocasião para se conhecer a si mesmo.

O homem e o oráculo

Nascido em Atenas em 470 ou 469 a.C., na época em que findava a guerra entre gregos e os persas (guerras médicas) e quando a vitória da Grécia marcaria o início da fase áurea da democracia ateniense, Sócrates era filho de um escultor, Sofronisco, e de uma parteira, Fenareta. Teria seguido, durante algum tempo, a profissão paterna e é provável que tivesse recebido a educação dos jovens atenienses de seu tempo, aprendendo música, ginástica e gramática. Além disso beneficiou-se da própria atmosfera cultural da época, das mais brilhantes da cultura grega. Era o famoso "século de Péricles", idade de ouro da civilização ateniense. Através de sua frota, Atenas domina os mares e chega a criar uma verdadeira talassocracia. Graças à proteção de Péricles, artistas como os escultores Fídias e Ictino embelezam a cidade com suas obras magistrais, enquanto pensadores de outras regiões do mundo helênico, como Anaxágoras de Clazômena e Protágoras de Abdera, trazem para Atenas os frutos da investigação filosófica e científica que, desde o século VI a.C, vinha se desenvolvendo nas colônias gregas da Ásia Menor e nas cidades da magna Grécia (sul da Itália e Sicília).

É o momento também dos grandes autores trágicos: Esquilo morreu quando Sócrates tinha cerca de catorze anos, Sófocles e Eurípedes eram aproximadamente mais velhos dez anos que o filho de Fenareta. Centro do mundo grego, "Hélade da Hélade", Atenas é, no tempo de Sócrates, um ponto de convergência cultural e um laboratório de experiências políticas, onde se firmara, pela primeira vez na história dos povos, a tentativa de um governo democrático, exercido diretamente por todos os que usufruíam dos direitos de cidadania. Nessa democracia, a função pública dos oradores torna-se fundamental e, conseqüentemente, a palavra torna-se não apenas um instrumento de ascensão política, como também um problema a preocupar retóricos e pensadores. Preparar o indivíduo para a vida pública, conferir-lhe capacitação ou virtude (aretê) política, representa, basicamente, adestrá-lo na arte da persuasão através da palavra.

Atendendo a esses requisitos da ação política da Atenas democrática, para aí acorrem os sofistas, professores de eloquência que, bem remunerados, se disputam a ensinar aos jovens atenienses o uso correto e hábil da palavra. Eles próprios, designando-se "sábios" (sofistas), traziam uma mensagem contrária às pretensões dos tradicionais "amigos da sabedoria" (filósofos). Não se preocupavam com tentar desvendar o segredo dos astros ou da origem do universo, como os cosmologistas jônicos, voltando seu interesse para o plano humano, dos valores morais e políticos. Negando a possibilidade de se desvendar a natureza (physis) das coisas, fundamentam todo o conhecimento na convenção (nomos), a partir das impressões sensíveis. Donde resulta que nenhuma afirmativa poderia pretender validade absoluta, só valendo relativamente às experiências e às circunstâncias em que tem origem. "O homem é a medida de todas as coisas, das que são enquanto são e das que não são enquanto não são", afirma Protágoras de Abdera, exprimindo o relativismo da sofística.

Outro grande representante dessa corrente, Górgias de Leontinos (c.487-380 a.C.), justificando o valor da retórica, mostra que as noções propostas pelos filósofos como capazes de resolver os problemas do mundo físico eram turvas e cheias de ambiguidades: seria pelo menos tão difícil falar sobre o ser quanto sobre o não-ser. Lidando apenas com suas sensações, o homem não teria acesso às coisas e jamais teria a garantia de estar transmitindo a outrem, com fidelidade, aquilo que ele percebe. Resta-lhe um plano em comum com os demais: o das palavras, convenções que resumem múltiplas sensações. A linguagem é o que compete ao homem investigar, desenvolver, aprimorar, para atender a seus interesses e necessidades. Desvinculadas da physis, não mais expressão da "alma das coisas", as palavras se dessacralizam. Mas, com isso, os valores humanos que elas exprimem perdem o peso do absoluto e da universalidade: tornam-se convencionais, circunstanciais, relativos.

A moral tradicional e as normas de conduta política pareciam estar ameaçadas pela vaga de racionalização trazida pelos sofistas. Mas, na verdade, não é com eles que tem início a humanização relativizadora dos valores. Eles apenas exprimem o clima cultural do Atenas daquele tempo: a relativização dos valores e a laicização das questões morais aparecem na própria evolução da tragédia grega, de Esquilo a Eurípides, passando por Sófocles. O "homem medida de todas as coisas" era mais do que a expressão do relativismo de Protágoras de Abdera: manifestava uma situação geral do momento histórico vivido pela Grécia, e particularmente por Atenas, como resultado da progressiva valorização da "medida humana", iniciada alguns séculos antes. O próprio regime democrático — fruto daquela valorização — permitia ao cidadão ateniense a experiência diária de que é o homem que faz ou altera as leis, como resultado do confronto e do acordo entre interesses e pontos de vista diferentes.

Embora confundido — como por Aristófanes — com os sofistas, Sócrates desenvolverá, junto aos atenienses, uma atividade sob vários aspectos oposta à dos mestres de eloquência e da arte de persuasão. Essa atividade ele mesmo considera, como relata Platão na Apologia, a sagrada missão que lhe fora confiada pelo deus de Delfos. Até esse momento, ele havia acompanhado, como pretendem alguns biógrafos, os ensinamentos de sofistas como Hípias (século V a.C.) e Pródicos (c.465-399 a.C.). Havia também se encantado provisoriamente — como narra o Fédon de Platão— com a doutrina de Anaxágoras, que afirmava que todas as coisas do universo se tinham organizado devido à ação inicial da Inteligência ou do Espírito (Naus). Teria ainda recebido a influência de duas mulheres, a cortesã Aspásia de Mileto e a sacerdotisa Diotima de Mantínéia (a quem Sócrates, no Banquete de Platão, atribui a concepção de amor que apresenta).

Em 432 a.C. explode o conflito entre Atenas e a outra cidade que com ela disputava a hegemonia do mundo grego: Esparta. Sócrates toma parte na guerra do Peloponeso e destaca-se pela bravura e pelas demonstrações de resistência física. Durante o cerco de Potidéia, salva a vida de Alcibíades (c.450-404 a.C.), que se tornará político e militar famoso e discutido, além de dedicar a Sócrates — como Platão o faz declarar no Banquete— um exaltado afeto. No mesmo diálogo, Alcibíades revela outro traço da personalidade de Sócrates que o tornava invulgar: certa vez, em Potidéia, ele teria permanecido, durante 24 horas, imóvel e absorto em seus pensamentos, diante da estupefação dos soldados.

Mais tarde (424 a.C.), Sócrates teria participado novamente de campanha militar, desta vez em Délio, quando os atenienses foram derrotados pelos tebanos. Teve então a oportunidade de salvar a vida de Xenofonte. Mas também em tempos de paz sua coragem foi demonstrada. Em 406 a.C., enfrentou a ira da multidão que exigia a condenação sumária dos generais tidos como responsáveis pelo desastre de Arginusas — quando a tempestade impediu que fossem recolhidos no mar, como estabelecia a lei, os corpos dos que pereceram no combate. Apesar das ameaças, Sócrates, sorteado para dirigir a assembléia escolhida para julgar os generais, fez prevalecer a lei, impondo que houvesse tantos julgamentos quantos eram os acusados. Noutra ocasião, quando o regime democrático foi provisoriamente interrompido pelo governo dos Trinta Tiranos, Sócrates arrostou a fúria desses oligarcas, ao recusar-se a participar da tentativa de sequestro dos bens de Leon de Salamina, o que considerava injusto. Diante de qualquer forma de governo e de qualquer autoridade constituída, Sócrates prestava primeiro obediência aos ditames de sua própria consciência.

Mas o fato que teria marcado, de forma decisiva, o resto de sua existência foi, segundo ele mesmo afirma na Apologia, a declaração, pelo oráculo de Delfos a seu amigo Querefonte, de que ele era o mais sábio dos homens. Logo ele, sem nenhuma especialização, ele que estava ciente de sua ignorância? Logo ele, numa cidade repleta de artistas, oradores, políticos, artesãos? Sócrates parece ter meditado bastante tempo, buscando o significado das palavras da pitonisa. Afinal conclui que sua sabedoria só poderia ser aquela de saber que nada sabia, essa consciência da ignorância sobre coisas que era sinal e começo da autoconsciência. E viu nas palavras oraculares a indicação de uma missão a cumprir. "Desde então", conta em seu julgamento, "de acordo com a vontade do deus, não deixei de examinar os meus concidadãos e os estrangeiros que considero sábios e, se me parecerem que não o são, vou em auxílio do deus revelando-lhes sua ignorância."

O renascer na própria alma

A atividade filosófica de Sócrates tinha em sua origem — a crer no depoimento da Apologia platônica — uma dimensão religiosa. Se, em nome da indicação contida na afirmativa do oráculo, Sócrates desenvolveu uma insistente investigação sobre o significado de palavras, certamente não visava, como interpretará Aristóteles, à definição de conceitos. Tanto que os Diálogos de Platão, considerados transcrições aproximadas de conversações efetivamente entabuladas por Sócrates (os primeiros Diálogos, justamente designados "socráticos"), terminam sempre sem que se chegue a uma conclusão a respeito do tema debatido. É que, para Sócrates, a meta seria não o assunto em discussão, mas a própria alma do interlocutor, que, por meio do debate, seria levada a tomar consciência de sua real situação, depois que se reconhecesse povoada de conceitos mal formulados e obscuros.

A implacável racionalização contida na dialogação socrática — com a qual, segundo o filósofo alemão Nietzsche (1844-1900), Sócrates teria amortecido a primitiva força criadora do gênio grego — significava, ao que parece, fidelidade e submissão ao oráculo. Em Sócrates a razão seria tão mais forte e exigente quanto não teria apenas em si mesmo o motivo de sua autoconfiança. A sabedoria oracular — que já havia marcado o pensamento e a linguagem de Heráclito de Éfeso (540-480 a.C.) — parece constituir para Sócrates o absoluto em que se apoia a razão. Ao tentar decifrá-lo, a razão não se contrai, antes se expande, e, porque o absoluto é sua meta e seu ponto de referência, ela pode e deve traçar um itinerário que não conhece limites.

No cumprimento da missão de que se sente encarregado, Sócrates dialoga. Geralmente o interlocutor, tido como autoridade em algum ramo de conhecimento ou de atividade, decepciona-o. Apenas nos artífices encontra alguma consciência daquilo que fazem. Mas esses revelam um conhecimento restrito a suas especializações e embaraçam-se quando levados a opinar sobre outros assuntos, embora de geral interesse para os homens. Isso parece confirmar a Sócrates o sentido da superioridade que lhe fora atribuída pelo oráculo: o reencontro consigo mesmo só pode partir da consciência da própria ignorância. Mas essa ignorância, que é um atributo de Sócrates, não é geralmente assumida pelas outras pessoas, que se julgam na posse de "verdades". Torna-se necessário, portanto, levá-las, de saída, a despojar-se dessas pseudoverdades — única forma de torná-las aptas a caminharem em direção ao conhecimento de si mesmas.

A demolição das falsas idéias que fundamentam a falsa imagem que as pessoas têm delas próprias é o que pretende a ironia: momento do diálogo em que Sócrates, reafirmando nada saber, força o interlocutor a expor suas opiniões, para, com habilidade, emaranhá-lo na teia obscura de suas próprias afirmativas e acabar reconhecendo a ignorância a respeito do que antes julgava ter certeza. A ironia socrática tem, assim, a função de propiciar uma catarse: um purificação da alma por via da expulsão das idéias turvas, das ilusões e dos equívocos que distanciavam a alma de si mesma. Orientado por seu "demônio" (daimorí), espécie de voz interior que às vezes lhe freava as iniciativas e impedia-o de dialogar com determinadas pessoas, Sócrates escolhia aqueles com os quais a conversa poderia assumir caráter de reconstrução, após o exorcismo propiciado pela ironia. Nessa outra fase do método socrático, o interlocutor — transformado em discípulo — é levado, progressivamente, pela habilidade das questões propostas, a tentar elaborar ele mesmo suas próprias idéias.

Não mais a repetição automática de fórmulas consagradas ou chavões herdados, embora ocos de sentido. Agora, de início timidamente, o interlocutor-discípulo é conduzido ao risco de tentar ser ele mesmo, de ele mesmo conceber ideias. E de ser ele mesmo sua própria alma. Sócrates — dando um exemplo que a pedagogia moderna frequentemente tenta reviver — reserva-se nessa fase, chamada maiêutica ou parturição das idéias, um papel semelhante ao de sua mãe, Fenareta. Ela ajudava as mulheres a darem à luz seus filhos; Sócrates, que se dizia ele mesmo estéril — pois só sabia que nada sabia —, procurava auxiliar as pessoas noutra forma de concepção, a das ideias próprias: forma de se ir ao encontro de si mesmo — como prescrevia a inscrição do templo de Delfos — e de fazer de si mesmo seu próprio ponto de partida. Em algumas afirmativas que lhe são atribuídas, Sócrates compara-se aos médicos: como estes, ele submetia, quando necessário, o interlocutor-paciente à purgação da ironia, condição preliminar para a recuperação da saúde da alma, que seria o conhecimento de si mesma. E, na verdade, o sentido da filosofia — que ele identificava com sua sagrada missão — era o de conduzir o indivíduo a pensar como quem se cura: pensando palavras como quem pensa feridas.

Na escolha de seus interlocutores, Sócrates não levava em conta fatores de natureza social e econômica. Seu daimon guiava-o no processo seletivo, fazendo-o perceber, com um agudo senso de oportunidade pedagógica, quais as pessoas que ainda não dispunham de condições psicológicas para ser submetidas ao "tratamento" da ironia e da maiêutica. Imbuído de espírito missionário, Sócrates, ao contrário dos sofistas, não cobrava por seu trabalho: considerava-se a serviço do deus. Assim, enquanto a atividade pedagógica dos sofistas tinha como consequência política facilitar a ascensão na vida pública daqueles que dispunham de recursos suficientes para pagar suas caras lições — e que, portanto, já detinham em suas mãos o poder econômico —, a de Sócrates, exercida em nome do espírito religioso, abria-se a qualquer um que manifestasse situação psicológica favorável à realização do processo de autoconheci-mento. Essa forma de seleção dos interlocutores-educandos tornava democratizadora a pedagogia socrática.

Mas, para aquela democracia, que recusava o direito de cidadania às mulheres, aos estrangeiros e aos escravos — portanto, à maioria da população de Atenas —, o Sócrates pedagogo e médico de almas constituía uma denúncia de suas limitações e, conseqüentemente, um perigo. No diálogo Ménon, Platão descreve Sócrates realizando a maiêutica com um escravo e levando-o a conceber noções sobre intrincada questão matemática (relativa aos "irracionais"). Mesmo que não se trate, no caso, do relato de um fato efetivamente ocorrido, ou se teria sido outro o conteúdo da conversação entre Sócrates e o escravo, não importa: a situação descrita por Platão é certamente representativa do menosprezo de Sócrates pelos preconceitos sociais da própria democracia ateniense.

Demonstrar publicamente que um escravo era capaz, se bem conduzido pelo processo educativo, de ter acesso às mais importantes e difíceis questões científicas era sem dúvida provar que ele era pelo menos igual, em sua alma, a qualquer cidadão. Era invalidar as distâncias sociais e políticas entre os indivíduos e mostrar que, de direito, todos eram intrinsecamente semelhantes. Porque sua missão era levar todos os homens a buscar o verdadeiro bem — pelo cuidado da própria alma —, Sócrates contrariava os interesses daquela minoria que detinha o poder na democracia ateniense. Assim, quando em 399 a.C. a democracia condena-o à morte, ela não apenas o pune: ela se defende.

O que É ser bom?

Para os primeiros filósofos gregos, o homem seria explicado pelo mesmo substrato ou pela mesma natureza (physis) que justificaria a existência de todos os seres. Se tudo era constituído ou proviria de água, ou de fogo, ou de átomos, também o homem teria na água, no fogo ou nos átomos as "raízes" de sua realidade física, psíquica e moral. Como transparece claramente no pitagorismo, a ética se inseria na cosmologia. Justamente a grande revolução filosófica instaurada pelos sofistas consistiu na desvinculação do homem em relação à physis universal. Certamente sob a influência das escolas médicas — que verificavam a peculiaridade de determinadas reações orgânicas do homem —, os sofistas passam a atribuir autonomia à natureza humana. Mas o humanismo que formulam apresenta-se vinculado ao ceticismo, à indiferença religiosa e ao relativismo epistemológico. Refletindo outros fundamentos, o humanismo socrático — centralizado no preceito "conhece-te a ti mesmo" — caminha num sentido aparentemente semelhante, mas, na verdade, profundamente diverso.

A tradição ética na cultura grega parte de Homero e Hesíodo. As epopéias homéricas (séculos X-VIII a.C.) formulam uma ética aristocrática que fazia da virtude (areie) um atributo inerente à nobreza e manifestado por meio da conduta cortesã e do heroísmo guerreiro. Justamente porque identificada a atributos da nobreza, a areie homérica era usada para designar não apenas a excelência humana, como também a superioridade de seres não-humanos — como a força dos deuses e a rapidez dos cavalos nobres. Originariamente, portanto, a palavra areíê não tem o sentido preciso de "virtude". Ainda não atenuada por seu uso posterior puramente ético, estava de início ligada às noções de função, de realização e de capacitação, denotando a excelência de tudo o que é útil para algum ato ou fim. Com Hesíodo (século VIII a.C.) é que a areie passa a assumir significado mais estritamente moral: deixa de ser atributo natural de bem-nascidos para se transformar numa conquista, resultado do esforço e do trabalho enobrecedor de qualquer homem.

Por isso mesmo é que com Hesíodo já se propõe a questão do ensino da areie, que será retomada pelos sofistas e por Sócrates. Antes dos sofistas, o tema da areie e de seu ensino, desde Hesíodo, estivera inserido na temática de poetas, como Teognis, Simônides e Píndaro, que desenvolveram a chamada poesia parenética, de exortação moral. Os sofistas é que transpõem para a prosa uma questão de que tradicionalmente se ocupara a poesia — e isso é sinal de que neles essa problemática recebia sua definitiva racionalização. Sócrates reage ao relativismo sofístico. Ao que tudo indica, alicerçado em pressupostos religiosos órfico-pitagóricos, não concebe o conhecimento humano como apenas a sucessão de impressões sensíveis — fugazes e intransferíveis — ou a criacão, a partir delas, dos sinais convencionais que constituiriam a linguagem. Se as palavras são geralmente um terreno instável e uma expressão de opinião relativa e insegura, é porque, segundo ele, não estariam acompanhadas da consciência de seu significado.

Mas esse significado, por sua vez, deveria emanar da própria alma do indivíduo, que constitui uma unidade subjacente às mutáveis impressões dos sentidos. Na verdade, Sócrates criou uma nova concepção de alma (psique), que passou a dominar a tradição ocidental. Antes, como em Homero, a psique era o "duplo" que podia se desprender provisoriamente durante o sono ou definitivamente, com a morte, mas que nada tinha a ver com a vida mental ou as "faculdades" da pessoa. Nos órficos, era o princípio superior, que se reencarnava sucessivamente, atravessando o processo purificador que a reconduziria às estrelas e a reintegraria na harmonia universal; mas, enquanto ligada ao corpo, só se manifestava em situações excepcionais — sonhos, visões, transes. Nos pensadores jônicos do século VI a.C., si psique era apenas uma parte do todo: porção do pneuma (ar) infinito que habitava o corpo, vivificando-o provisoriamente até escapar, como último alento, na hora da morte — como em Anaxímenes de Mileto; ou porção de fogo a aquecer e animar o corpo até que afinal retornasse à unidade do Fogo-Razão, o Logos universal "eternamente vivo, que se acende com medida e se apaga com medida" — como em Heráclito de Éfeso.

É a partir de Sócrates — ou pelo menos é na literatura referente a ele e que se seguiu à sua morte — que surge a concepção de alma como sede da consciência normal e do caráter, a alma que no cotidiano de cada um é aquela realidade interior que se manifesta mediante palavras e ações, podendo ter conhecimento ou ignorância, bondade ou maldade. E que, por isso, deveria ser o objeto principal da preocupação e dos cuidados do homem. Essa concepção de alma torna compreensível a tese socrática de que virtude é conhecimento e que, por conseguinte, ninguém erra deliberadamente. Só que aquele conhecimento nada teria a ver com as opiniões flutuantes e geralmente infundadas. O conhecimento que Sócrates identifica à areie é a episteme (ciência), não a doxa (opinião). E essa episteme — que não pode ser ensinada — não constitui uma ciência sobre coisas ou informações voltadas para a obtenção de prestígio ou de riquezas: é o conhecimento de si mesmo, a autoconsciência despertada e mantida em permanente vigília. Bom é, assim, o homem autoconstruído a partir de seu própio centro e que age de acordo com as exigências de sua alma-consciência: seu oráculo interior finalmente decifrado.

CRONOLOGIA:


480 a.C — A perda das Termópilas abre a Grécia central à invasão. A frota grega esmaga a persa em Salamina. Nascimento de Eurípides.

479 a.C. — Vitória dos gregos sobre os persas em Plateia, em terra, e em Micala, no mar. Término da segunda guerra médica e início da
hegemonia de Atenas.

477 a.C. — Formação da confederação de Delos, que se transformará, pouco a pouco, em império anteniense.

470 ou 469 a.C. — Nascimento de Sócrates.

461 a.C.(?) — Anaxágoras de Clazômena fixa-se em Atenas.

460 a.C. — Nascimento de Tucídides.

456 a.C. — Morte de Esquilo.

449-429 a.C. — Governo de Péricles.

432-429 a.C. — Sócrates participa da companha e do cerco de Potidéia.

431 a.C. — Começo da guerra do Peloponeso entre Esparta e Atenas.

428 a.C. — Nasce Platão.

424 a.C. — Sócrates participa da batalha de Délio.

423 a.C. — São apresentados simultaneamente, em concurso, As Nuvens

421 a.C. — Paz de Nícias: fim do primeiro período da guerra.

415-413 a.C. — A guerra recomeça entre Atenas e Esparta.

406 a.C. — Questão dos Arginusas e pritania de Sócrates.

404 a.C. — Assédio e capitulação de Atenas. Assassínio de Alcibíades.

404-403 a.C. — Governo dos Trinta.

403 a.C. — Restauração da democracia.

399 a.C. — Processo e morte de Sócrates.

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