Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 14 de julho de 2015

Compaixão

Compaixão

Marcus De Mario*

Na famosa Parábola do Bom Samaritano, registrada pelo evangelista Lucas no capítulo 10, versículos 25 a 37 de seu Evangelho, o Mestre Jesus, ao citar a ação do samaritano, faz um destaque muito importante:
“(...) Mas um samaritano, que ia a seu caminho, chegou perto dele, e quando o viu, foi tocado de compaixão por ele: (...)”.
Antes de acudir o viajante que havia sido assaltado e estava ferido à beira da estrada, o samaritano foi tocado pela compaixão. Que, segundo as definições dos dicionários, significa “sentimento de simpatia e identificação com quem sofre ou tem dificuldade”. A compaixão é igualmente identificada com a piedade. Portanto, é preciso ter uma espécie de identificação com o problema que o outro está enfrentando; é preciso sentir a angústia e a dor que invadem o próximo, o que então nos predispõe para o auxílio, para o ato da caridade a benefício do sofredor. Foi o que aconteceu com o bom samaritano.
O benfeitor espiritual Emmanuel nos oferta belíssima página sobre o tema, psicografada pelo médium Chico Xavier, e que se encontra no livro Ceifa de Luz, da qual retiramos para nosso estudo o seguinte trecho:
“Se quisermos que a piedade nos ilumine, é imperioso exercitar a compreensão. E compreensão não vem a nós sem que façamos esforço para isso”.
Temos aqui duas advertências. Primeiro, que diante de toda dor, de todo sofrimento, de toda miséria, de toda injustiça, enfim, precisamos compreender que nada acontece por acaso, que há uma lei divina tudo regendo, e que somos irmãos, portanto, compreender antes que julgar. Segundo, que a compreensão não cai dos céus, ela é desenvolvida pela própria pessoa, espírito imortal a caminho da evolução, portanto, requer esforço íntimo para sua aquisição ao inalienável patrimônio psíquico. Conquista-se a compreensão através de exercícios constantes na convivência.
Ao final de seu texto, Emmanuel enfatiza:
“Compaixão é a porta que se nos abre no sentimento para a luz do verdadeiro amor, entretanto, notemos: ninguém adquire a piedade sem construí-la”.
Ele volta a lembrar da necessidade de adquirirmos a compaixão, ou piedade, com o próprio esforço, acenando que essa conquista, através de paciente trabalho íntimo, é que nos faz descortinar e sentir o verdadeiro amor ao próximo, é a porta, na sua expressão, que abre o sentir, ou seja, o sentimento, tirando-nos do egoísmo e da indiferença.
Também a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis nos brinda com belo texto sobre a compaixão, encontrado no livro Responsabilidade, psicografia do médium Divaldo Franco. Ela nos informa que:
“(A compaixão) é o primeiro passo para a vigência ativa das virtudes morais, abrindo espaços para a paz e o bem-estar pessoal”.
Decerto o bom samaritano sentiu paz e bem-estar ao realizar todos os esforços para socorrer aquele irmão vitimado por um infortúnio, dando de si tudo o que podia, preocupando-se, de coração, com o viajante anônimo necessitado de auxílio. Quem age de coração, não mede esforços, nem cogita de recompensas, apenas realiza a caridade como um dever de solidariedade.
Ainda a benfeitora espiritual nos alerta:
“Desenvolve esse sentimento de compaixão para com o teu próximo, o mundo, e, compadecendo-te das suas limitações e deficiências, cresce em ação no rumo do Grande Poder”.
É preciso nos ligarmos a Deus, nosso Pai e Criador, que nos criou iguais, simples e ignorantes e com o mesmo potencial. A caminhada evolutiva é feita por cada um, utilizando o livre-arbítrio, e, se somos frágeis, cheios de limitações e deficiências, sendo necessitados do auxílio divino e de nossos irmãos que estão na mesma caminhada, os outros também possuem essa mesma necessidade, assim, com essa compreensão, seremos capazes de, mais e mais, exercitarmos a compaixão.
Por fim, convidamos o leitor amigo a conhecer a saborosa, instrutiva e meditativa história narrada pelo espírito Irmão X, com o título “O Ferreiro Intransigente”, e que se encontra no livro Contos Desta e Doutra Vida, na psicografia de Chico Xavier. É um conto que faz pensar, e do qual transcrevemos as palavras finais, como um convite à compaixão:
“Somente a compaixão pode salvar-nos, soerguendo-nos do abismo de nossas próprias faltas. (…) Os laços que armarmos contra o próximo serão inevitável flagelo para nós mesmos”.
* Marcus De Mario é Educador, Escritor e Consultor Editorial.

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