Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 26 de junho de 2015

A fatalidade da morte

Joanna de Ângelis

 
Dor alguma é comparável àquela que surge após a desencarnação de um ser querido.
Ceifando a alegria de viver de quem fica no corpo, assinala profundamente os sentimentos de amor, deixando vigorosas marcas no campo emocional.
A morte, no entanto, é uma fatalidade inevitável, e todos aqueles que se encontram vivos no corpo, em momento próprio dele serão arrebatados.
Nada obstante esse conhecimento, as criaturas transitam na matéria como se esta devesse durar para sempre, não se interrompendo o fluxo da energia, não se decompondo, não sofrendo modificações através do tempo, não sucumbindo à inevitável desconexão celular.
Impregnando-se da matéria orgânica, o espírito adormece relativamente, olvidando o Grande Lar de onde procede, e intoxicando-se, de alguma forma, nos fluidos que sustentam o corpo.
A cultura e a convivência social, caracterizadas pelo utilitarismo, desde cedo infundem no ser necessidades que não são legítimas, criando condicionamentos que dizem respeito apenas ao prazer, em grave equivoco em torno dos objetivos da existência terrestre.
Por outro lado, as religiões tradicionais e muitas outras denominações evangélicas, preocupadas com o mundo, descuidam-se do lado espiritual da jornada terrestre, estimulando os seus fiéis à conquista dos valores enganosos do mundo, distantes dos compromissos libertadores da imortalidade.
Anteriormente, sem compreenderem o significado da renúncia e da abnegação, os religiosos, dominados por doentio fanatismo, propunham o ódio ao mundo, favorecendo terríveis cilícios e mortificações desnecessárias, mediante os quais se pretendia castigar o corpo, libertando o espírito.
A ignorância e a soberba de muitos teólogos e pastores religiosos desrespeitavam o amor, para afirmarem as determinações em nome do Deus terror, punitivo e cruel, que se impunha mediante as vergastadas da aflição desmedida nas criaturas que O buscavam.
Suplícios injustificáveis eram impostos àqueles que desejavam a plenitude, a perfeita integração no Seu amor, tornando-os amargos, distantes, indiferentes, alienados...
Imposições perversas eram apresentadas como salutares para a purificação, para a libertação do pecado, que se encontrava mais na imaginação doentia desses líderes religiosos do que propriamente na conduta infeliz e sofredora dos candidatos ao aperfeiçoamento.
À medida, porém, que a cultura substituiu a superstição e o conhecimento abriu campo para as investigações em torno do ser psicológico, essas práticas absurdas caíram em descrédito, tornando-se detestáveis e dignas de abominação.
Surgiram então novas propostas salvacionistas organizadas de maneira a seduzir os ambiciosos, que pretendem o reino dos Céus, mediante a conquista dos tesouros da Terra, permitindo-se a lavagem cerebral que lhes proporciona a fuga da realidade para as fantasias de ocasião, vestidas de fortuna, poder, destaque na comunidade, sem nenhuma estruturação emocional para a vida depois da morte.
Essa é tida como algo muito remoto de acontecer, ficando para posterior análise quando o tempo permitir.
Simultaneamente, a indiferença pela vida espiritual vem tomando corpo na sociedade, com exceções, naturalmente, dando margem a vivências religiosas perfeitamente integradas no contexto da conduta materialista de ocasião.

Reflexiona em torno da vida e da morte.
Não serás exceção ante o inexorável fenômeno da desencarnação.
Dedica alguns minutos diários para pensar na transitoriedade da vida física.
Aqueles com os quais convives são bênçãos para o teu crescimento espiritual: familiares e amigos, adversários e perseguidores são companheiros da imortalidade, momentaneamente vestidos de carne, com os quais tens compromissos de fraternidade e de amor.
Cuida de viver com eles em clima de saúde espiritual e de paz, aproveitando cada instante para aprimorar os sentimentos fraternos, promovendo-os e promovendo-te, afeiçoando-te e liberando-te, porque chegará o momento em que te separarás do seu convívio físico.
Assim agindo, enfrentarás melhor o momento da desencarnação, quando algum deles antecipar-te na viagem de retorno à Pátria espiritual.
Saberás envolvê-lo em lembranças felizes, de forma que se sinta amado e agradecido pelo tempo em que esteve contigo na vilegiatura carnal.
Por tua vez, se fores aquele que deverá despojar-se da matéria em primeiro lugar, estarás em paz de consciência e em condições de avançar no rumo da imortalidade, rico de alegria pelos deveres que foram cumpridos, pelos labores executados, pelo conhecimento adquirido, que insculpirás no âmago do ser.
Nunca te rebeles com a presença da morte no teu caminho evolutivo.
Trata-se de benfeitora nobre que contribui eficazmente para o desenvolvimento espiritual de todas as criaturas.
Ela interrompe o curso longo do sofrimento, concedendo libertação àquele que se encontrava agrilhoado à dor.
Às vezes conduz alguém saudável, deixando outrem enfermo, no entanto, há razoes ponderáveis para que assim aconteça.
Num momento, arrebata um ancião querido, que vem experimentando terríveis angústias e acerbas dores, o que representa grande misericórdia. Noutro, porém, tomará pelas mãos alguém na infância ou na juventude louçã, produzindo frustração e angústia no grupo familiar. Todavia, cumpre com o dever de renovar a sociedade e as criaturas, ensejando a todos as mesmas oportunidades de aprendizado e de evolução.
Desfruta, então da convivência com os seres queridos, vivendo cada momento, como se fosse o último no corpo, destituído da visão dolorosa da separação.
Voltarás a relacionar-te com aqueles que fazem parte da tua agenda de afetividade. Eles não desaparecerão do teu currículo, porquanto estarão inscritos como membros da tua família espiritual. Por isso, não se encontram ao teu lado, por acaso, por circunstância não prevista pela Divindade.
Quando se adquire a consciência perfeita dos valores terrenos e daqueles espirituais, pode-se viver com mais alegria e intensidade, em face da certeza de que nada se destrói, nem os amores deixam de existir, somente porque se romperam os laços materiais.
A fim de que possas fruir do verdadeiro amor daqueles aos quais te afeiçoas, cuida de crescer interiormente, acendendo a luz da sabedoria no imo e permitindo que ela derrame claridade em tua volta.
Quanto mais estejas iluminado, melhor poderás ajudar e libertar os seus afetos que, por qualquer razão, permaneçam na escuridão de si mesmos, na perturbação defluente das paixões e dos enganos que se permitiram
Desse modo, tem em mente que a morte é instrumento de vida e jamais de extermínio, como alguns infelizmente a consideram.
Toda a Doutrina de Jesus, rica de amor e de sabedoria, perderia o seu sentido e o seu profundo significado psicológico, se, tendo ocorrido a Sua morte, não houvesse, logo depois, a Sua gloriosa ressurreição.
Assim também acontecerá contigo e com todos aqueles que fazem parte dos teus relacionamentos, bons ou maus, porquanto eles ressuscitarão.
Vive, pois, confiante em Deus, e cresce espiritualmente, a fim de que, no momento da tua morte, logo comece a tua ressurreição em triunfo.


(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na tarde de 15 de agosto de 2007, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador,Bahia.)

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