A felicidade não é deste mundo
Por – Joilson José Gonçalves Mendes
“A felicidade não é deste mundo”. Ao lermos esta frase que consta da mensagem de François-Nicolas-Madeleine, cardeal Morlot (Paris 1863), do Cap V, item 20, de o Evangelho segundo o Espiritismo, nossa memória nos remete a este outro ensinamento deixado por Jesus: "No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16.33). Mas como entender estes ensinamentos à luz da Doutrina Espírita? O que podemos fazer para termos uma vida menos sofrida? É possível sermos felizes?
Sempre ouvimos, ou até mesmo já pronunciamos a frase de que a Doutrina Espírita é a doutrina esclarecedora e consoladora dos espíritos. Contudo, poucas pessoas parecem assimilar este adágio popular. A Doutrina Espírita, por intermédio dos diversos livros publicados, mais especificamente nas obras básicas de Allan Kardec, trás uma gama de informação sobre as Leis Universais, sobre a evolução do ser humano, do planeta etc.
Muitas são as pessoas que se dedicam ao estudo destas obras, se aprofundam buscando sempre mais informação do mundo espiritual. Conhecem detalhadamente o Livros dos Espíritos e o Evangelho Segundo o Espiritismo que são, em minha opinião, as obras mais consultadas e estudadas, porém, a impressão que muitos destes “estudiosos” nos passam é de que o aprendizado fica apenas no campo mental/intelectual, pouquíssimas são as pessoas que trazem estes conhecimentos para o seu dia-a-dia, para a vida prática e quando as tribulações da existência os alcançam, desmoronam feito castelos de areia.
Sabemos que vivemos em um planeta de provas e expiações, e o que significa isso? Significa que saímos de um mundo primitivo e conquistamos o direito de viver em um mundo melhor. Todavia, temos que ter em mente que, um planeta de provas e expiações é apenas o segundo em uma escala evolutiva de cinco categorias, segundo ensina Allan Kardec.
Neste tipo de planeta o mal ainda prevalece sobre o bem, é uma verdadeira escola onde temos que aprender a lapidar a pedra bruta que ainda somos. E por isso é perfeitamente natural vermos tanto sofrimento, tanta miséria material e principalmente a miséria moral. "No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16.33).
Entretanto, não podemos pensar que estamos abandonados à nossa própria sorte. Em sua misericórdia divina, Deus, nos envia constantemente, seres iluminados para auxiliar em nosso progresso. À medida que vamos melhorando, cada vez mais informações chegam do plano espiritual e foi assim que a Doutrina Espírita chegou até nós, devido ao avanço que fizemos. Mas como ainda estamos arraigados nos velhos ensinamentos, fica difícil para algumas pessoas compreenderem as lições trazidas pelos espíritos.
Sabemos que a Terra está em processo de transformação para um mundo de regeneração. Nesta escala evolutiva o bem prevalece sobre o mal e para que tenhamos condições de habitar a Terra regenerada temos que fazer por merecê-la. "Bem- Aventurados os Mansos, (Brandos) porque eles possuirão a Terra." (Mateus, 5:5).
Ao compreendermos a lei de causa e efeito, por exemplo, devemos passar a agir em consonância com esta lei, que é universal. Sabendo que hoje somos fruto do ontem, é importantíssimo que comecemos a trabalhar para que, no futuro, venhamos a ser merecedores de uma existência menos sofrida.
A lei de causa e efeito ou ação e reação nos ensina que se hoje passamos por momentos difíceis é porque prejudicamos outras pessoas em uma vida pregressa, as fizemos sofrer, roubamos matamos, etc, transgredimos a lei maior e agora chegou o momento do resgate. Não necessariamente estejamos resgatando os débitos da última vida, mas talvez de umas cinco ou seis existências antes dessa.
O importante é compreendermos quais as razões do sofrimento, mesmo que seja de maneira genérica; se sofro é por que causei sofrimento e procurarmos melhorar, exercitando o perdão, a tolerância e a humildade; lutando quando for necessário ou nos resignando diante da vontade Divina, mas sempre com fé, perseverança e confiança de que nada acontece por acaso e, termos sempre em mente, que somos os construtores do nosso destino.
Para que possamos compreender em sua profundidade e pureza dos ensinamentos trazidos é inadiável que nos empenhemos em um trabalho de autoconhecimento, não foi sem razão que Sócrates, muito antes de Jesus, já concitava seus discípulos a este trabalho interior que em poucas palavras consiste em andarmos pelos caminhos retos.
Para respondermos a última questão proposta, sim, é possível sermos felizes mesmo em um planeta de provas e expiações, obviamente teremos uma felicidade relativa, pois que: Como ser plenamente feliz, se ao olharmos para o lado sempre vemos pessoas necessitadas?
Assim, a relatividade de nossa felicidade é diretamente proporcional à medida que façamos o outro feliz, este é o segredo que Francisco de Assis a mais de 700 anos anunciou em sua belíssima oração:
“É dando que se recebe”
“É perdoando que se é perdoado”
Paz e Luz a todos os corações aflitos.....
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