Certa feita, um jovem abastado, tendo se formado na Universidade de Filosofia e mal se contendo para pôr em prática os conhecimentos exaustivamente apreendidos em classe, dispôs-se em viagem para conhecer em meio aos diferentes povos do mundo o verdadeiro significado de religião.
Passou anos coletando informações, analisando e pesquisando, descobriu maravilhas mas também se decepcionou várias vezes, contudo nunca se dava por satisfeito.
E foi assim dessa forma, meio frustrado com o desfecho de seu trabalho, que resolveu, enfim, retornar para casa.
No caminho de volta, em seu carro particular, ia contemplando a paisagem rural interiorana quando avistou no meio de um milharal um velho agricultor que realizava a colheita de sua plantação. Teve, então, a idéia de realizar uma última entrevista, visando levantar a noção do homem simples do campo a respeito da religião.
Aproximou-se daquele homem e lhe indagou qual o seu entendimento sobre religião, e obteve a seguinte resposta:
- Óia, seu moço – principiou o velho lavrador – pra mim, religião é igual quiném a coieita do miio aqui da roça, num sabe...
- Como a colheita do milho? – um tanto atônito com a comparação, o jovem pesquisador pediu para que se explicasse melhor o senhor.
- Pois veje só: nóis que veve aqui na roça, prepara a terra, escói a semente, pranta o miio, aduba e cuida da prantação até a hora da coieita… asdispois que nóis cói o miio, nóis tem que leva ele té lá a cidade pra mó de vendê ele por lá… pra chegá lá nóis pode í por treis caminho: tem o caminho da estrada de chão, tem o caminho do açude no meio do pasto, e tem o caminho da estrada de asfarto… mas daí quando nóis chega lá na cidade e vai vendê o miio pros varejista eles num vão pregunta pra nóis por que caminho que nóis veio... eles vão querê sabê é se o miio é bão!
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