Nínive, capital da antiga Assíria, situada à margem rio Tigre, era uma cidade muito importante, na qual vivia mais de 120 mil habitantes.
No livro do Profeta Jonas é descrita como uma cidade excessivamente grande. Era uma junção importante para as rotas comerciais que cruzavam o rio Tigre. Ocupando uma posição central na grande estrada entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico, assim unindo o oriente e o ocidente, recebia a riqueza que fluía de várias fontes, tornando-se logo uma das maiores cidades da região àquela época.
Társis foi uma cidade cuja localização não é bem determinada. É provável que se situasse numa região do sul da Espanha e que se tratasse de um porto fenício avançado.
O Livro de Jonas é um pequeno livro do Antigo Testamento, onde o profeta narra sua própria história. É um livro simbólico, mas de grande profundidade pelos ensinamentos que traz.
Neste livro, Jonas recebe do Pai a missão de tomar um navio e ir a Nínive converter todo o seu povo que se encontrava perdido, cheio de injustiças e totalmente descrente. Se esquivando da incumbência, Jonas toma um caminho contrário e opta por ir a Társis.
Durante a viagem de navio a Társis, ocorre grande tempestade no mar enquanto o profeta escolhe ir dormir no porão da embarcação. Em meio à fúria das águas, o capitão pede que todos orem a seus deuses e vai ao encontro de Jonas sacudindo-o e se indignando, com sua atitude omissa. Ordena que o profeta se levante e responda a vários questionamentos como: quem é? qual sua profissão? qual a sua gente? Ao que Jonas responde ser judeu (de passagem, peregrino), e estar fugindo da presença do Senhor. Todos entendem que Jonas deve ser lançado ao mar para aplacar a ira divina, assim sendo feito. O mesmo é engolido por um peixe bem grande, ficando em seu ventre por três dias e três noites, quando na solidão, dirige a Deus belíssima oração de fé, esperança e louvor, sendo depois vomitado pelo peixe em terra firme, próximo a Nínive, onde consegue cumprir sua missão.
O nome Jonas vem de Iona, que significa pomba das asas aparadas, e representa toda a humanidade coberta de seres que sabem voar, mas ficam a ciscar no chão. É o arquétipo do que renasce com uma missão e escolhe errado. Nem sempre a tarefa do Senhor é um passeio e um deleite em festas e ações que não exigem esforço. O navio é nossa travessia e só os ratos ficam em seu porão. Jonas era uma consciência adormecida nos porões do navio, até que o capitão (cabeça; consciência) o acorda.
No momento da tomada de consciência perguntamos quem somos nós? a que viemos? e entramos em crise existencial. Todos somos peregrinos e estamos de passagem nesta Terra, mas a sacudida da consciência nos lança às consequências da falta de nosso comprometimento e a mergulhar na barriga de um grande peixe, num mar profundo (nosso mergulho dentro de nós mesmos), onde na solidão e na escuridão nos conectamos ao Criador, oramos e pedimos misericórdia. Neste momento perdemos os mapas de nossas vidas, mas não a bússola, que é a centelha de Deus em todos nós.
A alegoria de Jonas é um convite especial para este momento planetário e, sendo os discípulos mais jovens de Jesus, não devemos fugir de nossas missões e deixarmos lacunas no Universo.
É assim que Jesus, quando procurado por um grupo de fariseus, que lhe pediram um sinal dos céus, para que vissem e acreditassem, enfaticamente responde: “Maligna é esta geração; ela pede um sinal e não lhe será dado outro sinal senão o de Jonas”. E, peremptoriamente, diz: “Nenhum sinal será dado a esta geração maligna e infiel”.
O Mestre assim os responde em face da incompreensão e da dureza dos corações humanos, que simplesmente ignoravam todos os sinais que Ele já houvera dado. Afinal, curara Ele os leprosos, restaurara a visão dos cegos, levantara os paralíticos e anunciara a boa nova.
Quando asseverou que nenhum sinal seria dado àquela geração adúltera senão o sinal de Jonas, Ele queria dizer que, se o povo fosse mais dócil, mais humilde, mais razoável, teria recebido e acatado as suas advertências, assim como fizera o povo de Nínive.
O fato é que os fariseus não aceitavam os sinais de Jonas e tampouco os de Jesus, conforme se depreende no Evangelho de João: “E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele; Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?”.
O pedido dos fariseus para que Jesus lhes desse um sinal miraculoso dos céus, desprezando todos os demais que Ele já os havia dado, representa o desejo de permanecermos em nossa zona de conforto, adiando, sempre que possível e com argumentos inconsistentes, o mergulho em nós mesmos para processarmos a reforma íntima necessária e fazer prevalecer as verdades espirituais sobre a matéria.
Jesus, nos leva a melhor compreender a misericórdia divina. O Pai está sempre à espera de nossa tomada de consciência, quando decidimos trocar nossos equívocos por acertos, optando pela porta estreita ao abraçarmos com coragem e persistência nossas missões e arcarmos com as consequências de nossos erros.
Acreditemos, pois, nos sinais e ensinamentos transmitidos por Jesus, o Divino Mestre e Amigo.
O sinal do profeta Jonas, por José Márcio de Almeida. Publicado no n.º 54 (pág. 10) do Jornal Sal da Terra.
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