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Estudando o Espiritismo
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quinta-feira, 24 de abril de 2014
Ressurreição e Reencarnação - Evangelho Miudinho
"E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação." (João, 5: 29)
"Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna."(Gálatas, 6: 8)
Ao iniciarmos o estudo destes versículos faz-se preciso como introdução fazermos algumas considerações.
Conforme nos informa Kardec a reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição1. Porém, como ele próprio coloca, as idéias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo.2
Isso acontecia não só com os judeus, mas também com outros povos que criam na proposta palingenésica.
Só com o advento da Doutrina Espírita a idéia da reencarnação ganhou um estudo mais completo e que pôde elucidar alguns pontos até então obscuros. Não foi Kardec quem inventou nem quem descobriu a reencarnação, ela existe desde o princípio dos tempos, porém, ele com lógica e bom senso, e assessorado pelos Espíritos superiores, deu uma fundamentação científica ao assunto.
Outro ponto que precisa ser considerado é que nem todos os judeus criam na teoria das vidas sucessivas. O judaísmo ao tempo de Jesus não era uma religião sem rupturas, um bloco concreto e unificado, no judaísmo do I século de nossa era havia muitos subgrupos entre os judeus cada qual com suas características próprias.
Os fariseus tinham uma idéia sobre a reencarnação; é ela também fundamental para a crença da corrente hassídica.3
Todavia, quando Jesus se referia à ressurreição não era de reencarnação que ele estava dizendo.
…mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro e a ressurreição dos mortos nem hão de casar, nem ser dados em casamento; porque já não podem mais morrer, pois são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.4
Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.5
Analisemos o texto proposto:
“E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação.” (João, 5: 29)
E os que… - Define que todos que procederem da forma indicada terão como consequência colheita de acordo com a semeadura. É a Lei de Causa e Efeito.
Depois há uma relação:
Fazer o bem - ressurreição da vida
Fazer o mal - ressurreição da condenação
"Sair para ressurreição da vida é dinamizar a capacidade nossa de, na medida em que nos entrosarmos num processo de maior ajuste às Leis que nos governam, sairmos da necessidade de ressurgir no plano reencarnatório nas linhas das provas e expiações. É quando entramos numa linha de cooperação com as forças superiores da vida dentro de uma linha missionária. Perdemos peso de inferioridade e ganhamos em espiritualidade." (Honório Abreu)
O que isto significa?
É quando vencemos aquele último inimigo citado por Paulo, a morte [do pecado], e aí entramos na vida eterna.
A expressão vida eterna no Evangelho não fala de nossa vida biológica que temos e não vemos perder mais, mas de uma vida de qualidade, qualidade esta obtida através da aplicabilidade do Evangelho. É a vida abundante; nesse momento cessa o ciclo reencarnatório.
É aí que entra o segundo versículo proposto para o estudo:
…mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna. (Gálatas, 6: 8)
Portanto, ressurreição da vida, conforme esta análise é não mais precisar reencarnar é adquirir qualidade para entrar no mundo vindouro:
…mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro e a ressurreição dos mortos nem hão de casar, nem ser dados em casamento; porque já não podem mais morrer…6
Ressurreição da condenação, dentro deste contexto, é justamente viver sob o impacto da Lei em seu aspecto justiça. Aí é que entra a reencarnação.
Não que reencarnar seja uma condenação como pensaram os gnósticos. Reencarnar é uma benção divina, porém não deixa de ter seu lado condenatório, pois aquele que reencarna dentro do processo natural da evolução está imerso no ambiente das provas e das expiações.
Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção…
Dentre os conceitos de corrupção está o ato, processo ou efeito de corromper. Deterioração, decomposição física, orgânica de algo; putrefação.7
Não é a isso que estamos sujeitos no plano em que vivemos? Morte sob vários aspectos?
Desejamos sair deste plano de acontecimentos de sucessivas perdas e ganhos, de vida e morte?
Adotemos então a proposta do Evangelho.
Jesus veio justamente instaurar em nós a era do Espírito, tudo que aconteceu anteriormente era relativo ao homem-biológico…
…eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância.8
Queridos amigos, esta é apenas uma interpretação do texto, muitas outras, e até melhores do que esta, certamente haverá.
…sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.9
Primeiro estudo proposto
O tema da ressurreição era um tema polêmico no tempo de Jesus.
Os fariseus tinham-na como certa, os saduceus não a aceitavam.
Conforme colocação de Kardec:
A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acreditavam nisso. As idéias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não eram claramente definidas, porque apenas tinham vagas e incompletas noções acerca da alma e da sua ligação com o corpo. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o fato poderia dar-se. Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação. Com efeito, a ressurreição dá idéia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a Ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo já se acham desde muito tempo dispersos e absorvidos. (Evangelho Segundo o. Espiritismo, cap. 4 item 4)
Josefo, em Guerra dos Judeus, II.8.14 conforme citação de Champlin, nos diz que:
"Os fariseus criam na imortalidade da alma, que haveria de reencarnar-se. Isso poderia envolver uma série de reencarnações (doutrina essa muito comum naquela época, que evidentemente também era defendida pelos essênios.), mas também incluía a idéia de que a alma haveria de animar o corpo ressurrecto. Criam fortemente na sorte ou determinismo, no universo, bem como na existência dos espíritos. (O Novo Testamento, Interpretado Versículo a Versículo. Nota a Marcos, 3: 6)
Se os fariseus mantinham um ponto de vista que cria na ressurreição literal, os saduceus rejeitavam essa idéia, juntamente com outras doutrinas que envolvem o sobrenatural, como a existência e a sobrevivência da alma e a existência dos espíritos. (Ib. Nota a Mateus, 22: 23)
Diante este contexto, e aplicando ao Evangelho os ensinamentos da doutrina espírita, como podemos compreender os versículos evangélicos abaixo?
E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação. (João, 5: 29)
Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna. (Gálatas, 6: 8)
1 Evangelho Segundo o. Espiritismo, cap. 4 item 4
2 Idem
3 Cf. SEVERINO, Celestino. Analisando as Traduções Bíblicas, 2ª Ed. Pág. 145.
4 Lucas, 20: 35 e 36.
5 João, 11: 25
6 Lucas, 20: 35 e 36
7 Dicionário Houaiss
8 João, 10: 10
9 2 Pedro, 1: 20
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