Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Uma Conclusão: Jesus Não É O Espírito Da Verdade

Uma Conclusão: Jesus Não É O Espírito Da Verdade

Francisco Aranda Gabilan

Há, efetivamente, muita confusão em torno deste assunto, havendo quem afirme categoricamente de que Jesus Cristo é o Espírito da Verdade, baseando-se exclusivamente no Cap. VI de O Evangelho Segundo o Espiritismo – O Cristo Consolador.

Sem querer entrar na polêmica, mas apresentar apenas o resultado de uma análise do tema, que, para mim, acaba sendo fruto de errônea interpretação, usando como fonte a mesma obra básica da Codificação, mas baseada em ensinamentos contidos no livro O Espírito e o Tempo, de J. Herculano Pires, que considero adequadíssimos e peço licença a ele para endossar, já que o considero, sem dúvida, ter sido um dos luminares do Espiritismo moderno.

Comecemos, como premissas do raciocínio, por ver o que consta do ESE (item 4, Cap. VI) sobre o assunto: "Jesus promete outro consolador, o Espírito da Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito da Verdade tinha de vir mais tarde para ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo. Se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido."

E mais: "O Espiritismo vem, no tempo assinalado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito da Verdade preside ao seu estabelecimento. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo compreender o que o Cristo só disse em parábolas."

Sobre essas palavras, ouçamos Herculano (obra citada, item 3, pg. 121, que tem por subtítulo "O Espírito da Verdade"):

"A mensagem da cesta-escrevente, como podemos ver no estudo da obra de Kardec, é a da natureza positiva da alma, sobrevivência do homem, não como fantasma, mas na plenitude de sua personalidade. Ela tornou possível a investigação do mundo espiritual, através dos próprios métodos da experimentação. Mas a ciência nada mais é do que uma forma de relação pela qual o sujeito conhece o objeto. Se a mensagem da cesta-escrevente não fosse além disso, estaríamos tão somente em face de um novo capítulo do desenvolvimento científico - exatamente o capítulo que coube a Richet no século passado e a Rhine, neste século, desenvolverem, com a elaboração sucessiva da Metapsíquica e da Parapsicologia. Em outras palavras, o Espiritismo não seria mais do que um capítulo da Ciência.

Muito mais profunda, porém, se apresenta a mensagem da cesta-escrevente, quando o Prof. Rivail, na sessão de 25 de março de 1856, em casa do Sr. Boudin, pergunta ao Espírito que o orienta qual é a sua identidade. A resposta foi registrada nas anotações particulares de Kardec, e hoje podemos tê-la em OBRAS PÓSTUMAS. Foi a seguinte: ‘Para ti, chamar-me-ei Verdade’. No momento, certamente, ninguém percebeu o sentido dessa resposta. O próprio Kardec anotará, mas tarde: ‘A proteção desse Espírito, cuja superioridade eu estava, então, longe de imaginar, jamais de fato, me faltou’". Kardec acentua ainda, nas anotações sobre a sessão de 8 de abril do mesmo ano, que o Espírito da Verdade lhe prometera ajuda, para a realização da sua obra, inclusive no tocante à vida material. A resposta do Espírito, nesse ponto, encerra uma lição de amor: "Neste mundo, a vida material tem de ser levada em conta e não te ajudar a viver seria não te amar".

A simples análise destes fatos é suficiente para destruir algumas tentativas de confusão sobre a obra de Kardec, lançadas no meio espírita, e segundo as quais o Espírito da Verdade só o teria auxiliado na elaboração de O Livro dos Espíritos – conforme afirma procedentemente o confrade Milton Luz, em artigo em O Clarim, de 15.01.98. Consulte-se a anotação do mesmo Kardec de que tal proteção jamais lhe faltou. E ainda: confirme-se a afirmação do próprio Espírito de que o protegeria até mesmo no tocante aos problemas da vida material, a fim de que ele pudesse desincumbir-se da missão que lhe fora confiada.

Afinal: "O Espírito da Verdade não era apenas um símbolo, mas o Guia Espiritual de toda uma falange de Espíritos Superiores incumbida de dar cumprimento à promessa do Cristo sobre o advento do Consolador. Essa falange, por sua vez, não se restringe ao plano espiritual, mas se projeta na vida material, através da encarnação dos seus elementos, incumbidos de atuarem neste plano. Daí a referência do Espírito da Verdade ao amor que o ligava a Kardec e lhe impunha a necessidade de assisti-lo ao longo de sua vida.

Cremos ser facilmente dedutível que Jesus acompanha o desenvolvimento de toda a humanidade terrestre, enquanto que no plano individual, Espíritos, de maior ou menor elevação espiritual acompanham movimentos necessários à evolução dos seres, fazendo-se representar inclusive por falanges dirigidas por "coordenadores", por assim dizer, caracterizando-se como espíritos-guia.

Por Espírito-Guia entenda-se (Dicionário de Filosofia Espírita, L. Palhano Jr.): "Espírito controlador. Espírito que, em missão junto a um médium, responsabiliza-se espiritualmente pelos destinos das produções mediúnicas do mesmo, ordenando um uso disciplinado e seguro para um rendimento maior dos trabalhos. Um Espírito-Guia deseja sempre o bem do médium e procura orientá-lo de modo que cumpra a sua missão da melhor maneira possível."

Antônio Luiz Sayão, em seu livro Elucidações Evangélicas (por favor, despreze a parte roustanguista do autor...), pgs. 83-84, afirma textualmente que "o Espírito da Verdade não é um ser corpóreo ou fluídico; é o conhecimento progressivo da verdade, conhecimento que se não pode adquirir senão pelo aperfeiçoamento; é o conjunto dos Espíritos do Senhor, os quais, manifestando-se aos homens os fazem penetrar naquele conhecimento..."

No final do ano passado, o site da Federação (www.feesp.com.br), fez uma pesquisa perguntando exatamente quem era o Espírito da Verdade; parece-me que o resultado (pesquisa, hem, não conclusões definitivas!) foi no sentido de que seria Jesus...

Curiosamente, há lá uma coluna chamada Revue Spirite, onde há duas transcrições de falas de Espíritos sobre o nome do Espírito da Verdade, apesar de que não muito esclarecedoras sobre a real identidade. Apenas gostaria de transcrever uma linha só de uma fala dos Espíritos ali constante: "Vede os Espíritos superiores, que conheces pela sublimidade de seus ensinamentos: não ousam dizer-se santos; qualificam-se simplesmente de Espíritos de verdade." (grifo meu). Bastante claro, não?!

Porém, como não sou dono da verdade, e somente deduzo meu raciocínio pautando pelo uso da razão, queiram os leitores tirar suas próprias conclusões sobre o assunto. O que não parece ser lícito, será afirmar-se isto ou aquilo apressadamente e sem base lógica ou divorciada da dedução dos textos kardequianos.

A Paz de Jesus esteja conosco!


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