Estudando o Espiritismo

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domingo, 12 de fevereiro de 2017

GLÂNDULA PINEAL

GLÂNDULA PINEAL

Jorge Andréa
Médico e Expositor do
Instituto de Cultura Espírita do Brasil

A Glândula pineal ou epífise foi bastante conhecida dos antigos, fato observado através das descrições existentes. A escola de Alexandria participou ativamente nos estudos pineais que se achavam ligados às questões de ordem religiosa. Os gregos conheciam-na por "conarium" e os latinos por "glândula pinealis". Estes povos em suas dissertações localizavam na
glândula pineal o centro da vida.

Muito mais tarde, os trabalhos sobre a glândula pineal se enriquecem com De Graf, Stenon e Descartas. Este último fez interessante e minuciosa descrição, atribuindo até nossos dias; para ele, a alma era o hóspede misterioso da glândula pineal.

No começo deste século, os estudos tomam maior incremento com observações mais aprimoradas. Nos nossos dias, apesar de experimentações mais meticulosas, ainda não temos definitiva interpretação sobre sua real função, daí as divergências nas hipóteses apresentadas.

As pesquisas embriológicas em certos animais vertebrados (lacertídeos), notificaram a presença de um elemento que denominaram ''olho pineal", considerado por muitos como órgão sensorial destinado à visão de certos animais fósseis. Seria órgão vestigiário, órgão em repressão, cuja presença nos animais mais avançados na escala zoológica representaria o resquício de olho ímpar de certos invertebrados? Inúmeras experiências foram feitas nas
diversas espécies animais a respeito do olho pineal; as conclusões são contraditórias e pouco razoáveis.

Poderíamos pensar que o olho pineal, em vez de ser elemento regressivo, com tendências ao desaparecimento, fosse, ao contrário, elemento em desenvolvimento. Do olho externo e ímpar de certos animais haveria, aos poucos, nos lentos e meticulosos processos de mutações e transformações evolutivas que desconhecem o tempo, uma inflexão para o interior da caixa
craniana, tomando características histológicas especiais sem perderem as de sua origem. Atenderia esta formação ao controle de funções de alta relevância para o animal tais sejam os diversos mecanismos do instinto, com tonalidades próprias, conforme o desenvolvimento da espécie. Com o aparecimento progressivo em relação à escala zoológica, portanto evolutivo,
iria aparecendo ao lado do olho pineal o divertículo epifisário, até que no homem alcançaria em conjunto com as paráfises (formações embriológicas mais ou menos constantes), o estado mais completo do desenvolvimento pineal.

Desse modo, o olho poderá ser visto como o ponto em que se iniciam os verdadeiros alicerces da glândula pineal e, como tal, o início da Individualidade espiritual-as expressões de um EU em formação - que não existe nos invertebrados, cuja zona espiritual deve fazer parte de um
conjunto próprio da espécie ( alma grupo ), sem as nuanças que caracterizam o Indivíduo, o EU. Lógico seria admitir que, à medida que a escala zoológica avança, os instintos se desenvolvem atingindo seus mais altos graus; e, na espécie humana a glândula pineal responderia pelos mecanismos da meditação e ao discernimento, da reflexão e do pensamento e pela direção e orientação dos fenômenos psíquicos mais variados.

A glândula pineal ou epífise, na espécie humana, ocupa posição central em relação aos órgãos nervosos (gravura 1).

A- Cortex cerebral; B- Lobo frontal; C-Hipófise; D-Protuberância
E-Bulbo; F-Medula; G-Sist.de ativação reticular; H- cerebelo
I- Glândula Pineal; J- Região talâmica; K- Impulsos nervosos

A glândula pineal mantém relações com as glândulas endócrinas e deixa transparecer sua influência em maior ou menor grau. Ainda é difícil estabelecer as relações exatas entre a pineal e as demais glândulas embora possamos asseverar, pelos trabalhos e observações conjuntas, que a pineal seria realmente a orientadora da cadeia glandular, comunicando-se com as demais glândulas direta ou indiretamente tendo na hipófise o grande campo de
suas expansões com o organismo inteiro. Não seria a neuro-hipófise, mas precisamente, a zona por intermédio da qual a pineal orientaria todo o seu trabalho no equilíbrio endócrino?

Com os gritos da puberdade, aos 14 anos em média, a pineal chefiando a cadeia glandular e mais condicionada pelo desenvolvimento físico do indivíduo, encontra melhor campo e distribuição das emoções de vidas pregressas, cedidas pelos vórtices da zona inconsciente (zona espiritual) .
Estes profundos vórtices energéticos do inconsciente, por se acharem ligados às manifestações do sexo, causam modificações como que preparando o campo físico (através da glândula pineal) às necessidades evolutivas, onde as imensas regiões das emoções melhor se expressam. Essa glândula responderia pelos mais altos fenômenos da vida - "glândula da vida espiritual" - e por ser elemento básico e controlador das razões emocionais, o sexo em suas múltiplas manifestações dependeria integralmente de sua interferência Ainda seria por intermédio dessa glândula que os fatores propulsores de evolução espiritual (renúncia, uso equilibrado do sexo, tolerância, bondade, abnegação e disciplina emotiva por excelência) alcançariam índices bastantes elevados. Desse modo, a pineal séria a tela medianeira onde o espírito encontra os meios de aquisição dos seus íntimos valores, por um lado e, pelo outro, fornece as condições para o crescimento mental do homem em verdadeiro ciclo aberto, inesgotável de possibilidades e potencialidades. As aquisições para o espírito serão cada vez maiores e as influências do espírito na matéria serão cada vez mais potentes. Tudo se amplia e completa nas ajustadas etapas palingenéticas, como possibilidades mais lógicas da evolução no esquema cósmico.

Pelas referências acima, percebemos a influência diretora da glândula pineal sobre a cadeia glandular do organismo. A ligação que mantém com o hipotálamo e outras zonas nobres do sistema nervoso central é evidente, como também a influência que exerce no sistema neuro-vegetativo. Desse modo, jamais podemos afastar a glândula pineal da participação de inúmeras funções orgânicas, direta ou indiretamente, assim como da acentuada correlação no setor psíquico.

Porque não admitir a pineal - devido à sua situação absolutamente central em relação aos órgãos nervosos, às unidades glandulares que dirige, aos elementos somáticos que influencia, ao sistema neuro-vegetativo que atua e controla - como sendo o Centro Psíquico, o Centro Energético, o Centro Vital, que se responsabilizaria pela ativação e controle de todos os atos
orgânicos, desde os mais simples até os fenômenos mais altos da vida?

Podemos considerar a pineal como sendo a glândula da vida psíquica; a glândula que resplandece o organismo, acorda a puberdade e abre suas usinas energéticas para que o psiquismo humano, em seus intrincados problemas emocionais, se expresse em vôos imensuráveis.

A afirmação filosófica-intuitiva da escola de Alexandria, dos antigos gregos e mais modernamente de Descartes, como sendo a pineal a sede da alma, e com os estudos que atualmente possuímos, devemos meditar profundamente, sem julgarmos a priori aquilo que nossa ciência oficial ainda não alcançou.

Existe outro terreno orgânico, ainda desconhecido inexplorado, para além do físico, de energia mais sutil e menos condensada do que aquela da matéria e que por isso mesmo a dirige e orienta. É terreno puramente vibratório, não observado pelo olho humano mesmo com aparelhagem óptica especializada, contudo perceptível pelos reais efeitos: terreno no qual estaria mergulhada a energia condensada que é a matéria, obedecendo aos seus influxos, por
serem mais evoluídos, mais vividos, mais experientes e, por isso, com possibilidade de comandar inteligentemente.

Para que a ciência progrida resolva seus difíceis problemas, terá que imergir nas energias, mais precisamente nas energias do mundo psíquico, para melhor defini-lo, estudá-lo e compreendê-lo. Não mais se entenderá uma ciência que fique a arrastar-se na análise e a computar exclusivamente aquilo que os sentidos humanos possam perceber; terá que integrar-se no todo, ter a visão sintética, a visão de conjunto e não mais rastejar teimosamente em dimensões menores.

Os pesquisadores, em suas dissecções anatômicas e em seus mergulhos nos infinitamente pequenos, vão transformando a matéria de viva em morta, e com isso jamais encontram o Princípio Vital, a Essência dessas unidades de trabalho. Por assim proceder, afirmam solenemente nada existir além do que os sentidos percebem, e iludem-se com o mais densificado.


Fonte: Nos Alicerces do inconsciente - Jorge Andréa

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