Estudando o Espiritismo

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sábado, 4 de fevereiro de 2017

GENEROSIDADE 2 - Hammed

A generosidade tem como síntese perfeita ou fator fundamental a ação dignificadora,
que propõe ajuda ao próximo, validando, acima de tudo, sua realidade pessoal.

As criaturas generosas, que aprenderam verdadeiramente a promover o bem,
procuram agir com "alteridade", quer dizer, respeito pela natureza das pessoas ou pela
condição do que é distinto no outro. Por isso, não interpretam as necessidades alheias
baseadas em seu jeito de ver e de sentir, nem adotam uma forma de socorro
fundamentada na sua forma individual e personificada de perceber as ocorrências do
mundo exterior.
Os generosos são todos aqueles que, quando beneficiam alguém, não subvertem
conflitos ou adversidades, nem tentam decifrar através de hipóteses as aspirações e
desejos das pessoas, mas as distinguem e as observam, não as "generalizando", quer
dizer: não deixam que o acervo de suas experiências de vida passe a ser a verdade que comanda as coisas básicas ou fundamentais dos indivíduos que pretendem auxiliar.
É difícil conceber que uma criatura esteja completamente errada no tocante a qualquer
situação complexa. Cada um de nós tem uma parcela da verdade a partilhar ou
ensinar. Nossa visão de mundo é só nossa; ninguém pode normalizá-la para nós.
Quanto mais percebermos nossas "generalizações", mais aptos ficaremos para auxiliar
nas dores alheias, pois, ampliando nossa consciência, compreenderemos melhor o
próprio reino interior, bem como o dos outros. Quase sempre a "generalização" nos
impede de fazer uma análise mais acurada daquilo que nos rodeia e de considerar os
fatos como realmente aconteceram.
Por exemplo, quando "generalizamos" uma emoção desagradável ocorrida conosco,
podemos fazer com que ela influencie toda e qualquer situação semelhante,
interligando-a a outras tantas, induzidos que somos a acumular e perpetuar mágoas e
ressentimentos.
"Generalizar" é deixar que nosso futuro fique contaminado pela sensação difícil do
passado e dar continuidade a essa mesma emoção através da estrada do tempo.
Nenhuma criatura sobre a face da Terra possui a compreensão de toda a verdade. Às
vezes nos comportamos como se fôssemos os "guardiões da verdade absoluta", mas o
fato é que cada um de nós tem apenas uma diminuta parte dela.
A generosidade tem como síntese perfeita ou fator fundamental a ação dignificadora,
que propõe ajuda ao próximo, validando, acima de tudo, sua realidade pessoal.
A natureza do ser benevolente não julga nada nem nomeia ninguém de "normal" ou
"anormal"; simplesmente analisa os fatos com imparcialidade e considera os
indivíduos como portadores de diferentes filtros mentais, ou melhor, admite que cada
um percebe, seleciona, separa ou retém o que para si é essencial ou desejado, segundo seu modelo de vida.
Quando reconhecemos e validamos a nossa pequena parcela da verdade, fica mais
fácil aceitarmos a verdade dos outros. A partir daí, estaremos livres para cooperar
realmente e compartilhar essa nossa porção ou "pedaço da verdade", com isso obtendo maior e mais completa visão da realidade.Na Natureza nada é imobilizado, tudo faz
parte de um progresso constante. No mundo em que vivemos, a verdade é
relativa, pois está em permanente mutação. Devido a essa mutabilidade, às vezes até
sentimos certo "desconforto de personalidade", ou mesmo dificuldade de
adaptação a novas necessidades e circunstâncias existenciais, porquanto
nossas idéias, conceitos, memórias, valores, idéias sofrem transformação pela
interferência dos fatores lugar, espaço e tempo.
Assim considerando, o indivíduo realmente generoso entende perfeitamente que " (...) cada um deles (os Espíritos) tem maior ou menor vivência e, por conseguinte, maior ou menor
experiência. A diferença está no grau da sua experiência e da sua vontade (...)." 1

Muitas vezes partimos do falso pressuposto de que todos buscam adquirir o que
desejamos ou reagem exatamente como nós. Nossa carência não é igual a dos
outros, e aquilo que nos provoca entusiasmo, anseio, medo ou insegurança pode
não ter nenhuma repercussão sobre outrem.
Por exemplo: três pessoas olham lados distintos de um mesmo prisma;
dependendo do ângulo do qual elas o observam ou o consideram, poderão ver cores
diferentes, pois o prisma tem a propriedade de decompor a luz branca no espectro de
cores.
Um dos lados pode irradiar a cor amarela, outro, a vermelha e outro ainda, a azul.
Quando a pessoa do lado amarelo insiste em dizer que o prisma é incontestavelmente
amarelo, induz as outras, que consideram os lados opostos, a não concordar:
"impossível, você é daltônica; ele é vermelho". A outra diz: "que nada, ele é azul". É
óbvio que todas têm um fragmento da verdade, mas como não abrem mão de possuir
a verdade total, entram em discórdias e discussões.
Quase sempre, a tendência de "generalizar" faz com que distorçamos os reais objetivos da "ajuda generosa", os quais podem ser sintetizados em alguns itens importantes:

• encorajar as pessoas a uma consciência nova e mais plena de seus poderes;
• capacitá-las a tomar suas próprias decisões;
• não projetar em quem auxiliamos nossas necessidades e valores pessoais;
• utilizar de forma compassiva a "alteridade", abandonando a ânsia de tudo saber e
poder.
O generoso mantém uma postura de alma em que ninguém é melhor ou pior, apenas
diferente. Acredita que a ajuda real deve partir da suposição de que todos precisam ser
avaliados e auxiliados de maneira individualizada.
Pecar é interpretar o outro, utilizando apenas os nossos pontos de vista. Esse hábito de sentir, pensar e agir radicalmente, elegendo o nosso jeito de ser como "norma correta"
de toda realidade e reação humana, fere e desrespeita profundamente a visão de
mundo dos outros.

1 Questão 804
Por que Deus não deu as mesmas aptidões para todos os homens?
"Deus criou todos os Espíritos iguais, mas cada um deles tem maior ou menor vivência e, por conseguinte, maior ou menor experiência. A diferença está no grau da sua experiência e da sua vontade, que é o livre-arbítrio: daí, uns se aperfeiçoam mais rapidamente e isso lhes dá aptidões diversas. A variedade das aptidões é necessária, afim de que cada um possa concorrer aos objetivos da Providência no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais: o que um não faz, o outro faz. E assim que, cada um, tem um papel útil. Depois, todos os mundos sendo solidários uns com os outros, é preciso que os habitantes dos mundos superiores — e que, na maioria, foram criados antes do vosso — venham aqui habitar para vos dar o exemplo. (361)"

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