Estudando o Espiritismo

Observe os links ao lado. Eles podem ter artigos com o mesmo tema que você está pesquisando.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Fazer o bem sem ostentação

Fazer o bem sem ostentação

Será que “caridade” e “caridade do bem” são as mesmas coisas? Acredito que não.

Muitos podem até discordar, mas entendo que caridade qualquer pessoa possa fazer, mas e o bem de coração (a verdadeira caridade) quem faz? Ficando feliz em ajudar o próximo?

Pensar nos outros, nas suas dificuldades. Ajudar… sem atrapalhar?

O trecho a seguir é dos Livros dos Espiritos… (E que eu consiga sempre praticar o bem no meu dia a dia e é como gostaria que todos agissem!!

“…O benefício sem ostentação tem duplo mérito: além da caridade material, constitui caridade moral, pois contorna a suscetibilidade do beneficiado, fazendo-o aceitar o obséquio sem lhe ferir o amor próprio e salvaguardando a sua dignidade humana, pois há quem aceite um serviço mas recuse a esmola. Converter um serviço em esmola, pela maneira por que é prestado, é humilhar o que o recebe, e há sempre orgulho e maldade em humilhar a alguém. A verdadeira caridade, ao contrário, é delicada e habilidosa para dissimular o benefício e evitar até as menores possibilidades de melindre, porque todo choque moral aumenta o sofrimento provocado pela necessidade. Ela sabe encontrar palavras doces e afáveis, que põe o beneficiado à vontade diante do benfeitor, enquanto a caridade orgulhosa o humilha. O sublime da verdadeira generosidade está em saber o benfeitor inverter os papéis, encontrando um meio de parecer ele mesmo agradecido àquele a quem presta o serviço. Eis o que querem dizer estas palavras: Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita.”

E quando convivemos com exemplos, é mais fácil seguir a linha desse “bem de coração”… Obrigada Dra Jakeline por me ajudar a trilhar o caminho do BEM!!! E pelo que conheço da TdB, tenho certeza que os “membros dessa turma” são do BEM de CORAÇÃO!!!



Elizane Oliveira de Oliveira
Secretária do Bem de Pelotas/RS

Fazer o bem sem ostentação


O Valor da Esmola

  Um mendigo que esmolava à porta de uma grande mesquita ergueu, certa vez, ao Altíssimo a seguinte prece:
- Senhor! Fazei com que as primeiras esmolas que me forem dadas hoje tenham para mim o mesmo valor que tiverem aos vossos olhos!
Momentos depois cruzava a mesquita um rico Sheik que regressava de uma festa acompanhado de vários amigos e admiradores. Tomou o orgulhoso de um punhado de ouro e com o fito especial de deslumbrar os que o rodeavam, atirou as rutilantes moedas aos pés do velho mendigo. O infeliz, em sinal de gratidão, beijou o chão que o nobre senhor pisara.

  Quando, porém, procurou juntar as moedas que recebera, notou, com indizível surpresa, que elas se haviam transformado em folhas secas.
No mesmo instante compreendeu o mendigo - ao recordar-se da prece que pouco antes fizera - que aquela transformação milagrosa era obra de Allah, o Onipotente: as moedas dadas pelo orgulhoso Sheik não passavam de folhas secas e inúteis que o vento arrasta, espedaça e reduz a pó.

  E o mendicante tomado de profunda tristeza começou a lamentar a sua triste sorte.
Um humilde tecelão que passava compadeceu-se da situação do infeliz pedinte e deu-lhe um punhado de tâmaras, pois não trazia de seu nem mesmo um simples dinar de cobre. Realizou-se, porém, um novo milagre: as tâmaras ofertadas pelo tecelão, mal caíram entre as mãos do mendigo, transformaram-se em pérolas e rubis.

  Louvado seja Allah, Justo e Clemente! A esmola dada por ostentação é, aos olhos de Deus como folhas seca do caminho; o óbulo piedoso, esse vale mais do que todos os tesouros de um califa!

  Este texto de Malba Tahan, célebre escritor do livro "O homem que calculava", nos mostra a importância de fazer o bem sem ostentação, assim disse o Mestre Jesus: "- Guardai-vos, não façais as vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles." (Mateus,VI: 1-4).

  Infelizmente ainda existem irmãos renitentes no erro da vaidade. Exibem-se para os outros, maculando uma das mais sublimes virtudes do homem, que é a caridade. Sem dúvida, eles ainda se perdem no alarde de suas obras por ignorância das leis do Grande Arquiteto do Universo, mas é certo que um dia acordarão no caminho da Divina Providência, demonstrando enfim a superioridade moral, que é mais meritório.

  Em uma mensagem de Joanna de Ângelis, na psicografia de Divaldo Franco, diz: A caridade é algo maior do que o simples ato de dar. Certamente, a doação de qualquer natureza sempre beneficia aquele que lhe sofre a falta. Todavia, para que a caridade seja alcançada, é necessário que o amor se faça presente, qual combustível que permite o brilho da fé, na ação beneficente.


  Lembrando o espírito Emmanuel, que nem só de bens materiais se faz a caridade : A caridade não brilha unicamente na dádiva. Destaca-se nos mínimos gestos do cotidiano. Está no sorriso de compreensão e tolerância; na palavra que tranquiliza; na gentileza para com desconhecidos; no amparo a criança; no socorro ao doente; na atenção para com quem fala; no acatamento das confidências de um amigo; no silêncio, ante os conceitos agressivos desse ou daquele adversário; e no respeito perante os hábitos e as cicatrizes do próximo.  

Por: Getúlio M. A. Neto

Fazer o bem sem ostentação

Fazer o bem sem ostentação


Elisa, de onze anos, era uma menina que gostava de ajudar todo mundo. Fosse criança, adulto, idoso, ela não fazia distinção. Se pudesse fazer alguma coisa pela pessoa, não deixava passar a oportunidade.
Além disso, também gostava dos animais e das plantas. Quando via um cãozinho abandonado na rua, trazia logo para casa; diante de uma plantinha seca, logo pegava água para molhar.

Seus pais, pessoas muito boas, a educaram desde cedo na observância do Evangelho de Jesus. Todas as semanas, em dia combinado, eles faziam o estudo do Evangelho no Lar, com grande satisfação e aproveitamento da menina.
Certo dia, porém, a mãe saiu para visitar uma amiga que morava na periferia, e levou a filha. No trajeto, encontraram um garoto muito pobrezinho e Elisa o cumprimentou:
— Como vai, José? E a família? Olhe, mamãe! Está vendo essa camiseta? Fui eu que dei ao José!...        
De cabeça baixa, envergonhado, o garoto respondeu:


— Nós vamos bem, Elisa, graças a Deus! — e seguiu em frente.
Mais adiante, Elisa viu uma senhora que estendia umas roupas e chamou a atenção da mãe:
— Reconhece o vestido que aquela senhora está vestindo? Era seu, mamãe!
A mulher, tendo ouvido, balançou a cabeça com expressão chateada e disse:
— Tem razão, Elisa. Foi você que me deu este vestido, e eu lhe agradeço. Muito obrigada! A senhora tem uma filha muito boazinha, dona
Fátima — completou dirigindo-se à mãe.
— Fico contente que tenha lhe servido, Ana. Assim, quando tiver outros, poderei trazer-lhe — disse a mãe de Elisa com um sorriso.
Virando a esquina, Elisa deparou-se com outra menina que ajudara, depois foi um homem, e assim por diante. Ora era um par de calçados, roupas ou brinquedos.
A mãe, a cada nova menção, sentia-se mais constrangida do que as pessoas citadas pela filha.
Ao chegarem ao endereço aonde Fátima precisava ir, ela conversou com a dona da casa, uma costureira amiga sua a quem costumava levar serviço, e retornaram. A mãe queria dizer algo à filha, mas achou melhor esperar chegarem a casa para conversarem calmamente.
Alberto, o pai de Elisa, já as aguardava para o Evangelho no Lar. Sentaram-se à mesa, Elisa fez a prece inicial e o pai abriu o Evangelho. A página era: “Fazer o bem sem ostentação”.
Após a leitura, a mãe perguntou se a filha tinha entendido a lição, que fora providencial, ao que ela respondeu:
— Mais ou menos, mamãe. O que quer dizer “que a mão esquerda não saiba o que faz a direita?”... Elas estão tão perto que é impossível isso acontecer!
— Trata-se de sentido figurado, Elisa. Jesus quis nos ensinar a sermos discretos ao praticarmos a caridade. Isto é, que, ao fazer o bem, não saiamos a divulgar o que fizemos. Entendeu, filha?
— Mas por quê?
— Se as pessoas a quem fizermos o bem nos agradecerem, estaremos pagos. Já recebemos pelo que fizemos. Deus não nos dará a recompensa pela nossa boa ação — completou o pai.
Elisa ficou pensativa, depois olhou para a mãe e perguntou:
— Quer dizer que agi mal hoje, não é, mamãe?
— Não, Elisa. Mas seria melhor se tivesse se calado diante das pessoas a quem ajudou. O que achou da reação delas? — Fátima disse, fitando a filha com carinho.
A menina pensou um pouco e comentou:
— Achei estranha a reação dos meus amigos! Não pareciam estar contentes!...
— Isso mesmo, Elisa. Coloque-se na posição deles. Se você estivesse vestindo roupas ou calçados velhos, que ganhou de alguém por não poder comprar, ficaria satisfeita se a pessoa que deu comentasse o fato?
— Não, mamãe. Acho que me sentiria muito envergonhada, constrangida...
— Exatamente, Elisa. Ninguém fica contente numa situação dessas, filha. Por isso, o melhor é fazer o bem e esquecer. A pessoa beneficiada sempre irá lembrar, e é nisso que consiste o mérito de quem ajuda. Deus, que tudo sabe e tudo vê, dará a recompensa que merecemos.
— Tem toda razão, mamãe. Devo pedir desculpas a eles pelo que eu fiz?
Fátima, imediatamente, levantou as mãos, sorridente:
— Não!... De modo algum, filha; suas desculpas só fariam com que eles voltassem a lembrar-se do que aconteceu. É como se você revirasse a faca numa ferida aberta, que iria doer de novo. Basta não tocar mais no assunto.
— Entendi, mamãe. E que Deus me perdoe pelo que eu fiz, mesmo sem saber.
— Não se preocupe. Deus é nosso Pai, minha filha, e nos envolve sempre com muito amor. Além disso, Ele sabe que você não fez por mal.

                                                                     MEIMEI

(Recebida por Célia Xavier de Camargo, em Rolândia-PR, aos 7/01/2013.)      

FAZER O BEM SEM OSTENTAÇÃO

FAZER O BEM SEM OSTENTAÇÃO

No Evangelho de Mateus encontramos o seguinte ensinamento de Jesus: Tomai cuidado para não fazer vossas boas obras serem vistas diante dos homens; de outro modo, não recebereis recompensa alguma de vosso Pai que está nos Céus.

Os homens em virtude de seu orgulho e de sua vaidade têm a tendência de se deixarem seduzir pelos aplausos, estimando muito mais a aprovação dos homens do que a de Deus.

E o que Jesus quer dizer com este ensinamento?
Que fazer o bem sem se exibir e sem ostentação, é um grande mérito. É um sinal indiscutível de fraternidade e amor de quem pratica algum ato de caridade para com o próximo.

Faz-se necessário, portanto, que vigiemos nossas ações para que não venhamos a cair nesta vala comum daqueles que preferem mostrar à sua mão esquerda o que a direita fez.

Porque o ensinamento “que a mão esquerda não saiba o que faz a mão direita” caracteriza muito bem, a beneficência modesta.

Mas se existe a beneficência modesta, há também a beneficência fingida, dissimulada. Aquele que deixa a mostra parte de suas ações para que possa ser reconhecido.

Jesus já dizia que quando derdes esmola, não façais soar a trombeta diante de vós, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas.

Fazer o bem sem ostentação tem um duplo mérito: além de ser caridade material é caridade moral, porque respeita os sentimentos de quem beneficiamos.

E o simples fato de respeitarmos esses sentimentos, não atingindo o amor próprio desse nosso irmão, protegendo sua dignidade prova a nossa superioridade moral.

O mais importante de tudo isso e que realmente devemos levar em conta é que Deus, que vê tudo o que se passa, em segredo, é que nos dará a recompensa.

O sublime da verdadeira generosidade é quando nós, invertendo os papéis, encontramos um meio de parecer que somos nós os beneficiados, frente àquele a quem estendemos a nossa mão.

Fiquem com Deus

Fazer o bem sem ostentação

Fazer o bem sem ostentação

• Na noite de hoje nos vamos iniciar o capítulo 13 do Evangelho Segundo o Espiritismo que fala: “Que a vossa mão esquerda não saiba o que da a vossa mão direita”.
• Esse capítulo 13 é todo sobre a questão do desinteresse pessoal na prática do Bem.
• Podemos dizer que é um roteiro de "COMO FAZER CARIDADE"
• Essa passagem evangélica está em Mateus e me coube os três primeiros itens, onde nós iremos falar sobre: “Fazer o bem sem ostentação”.
• Se fizéssemos uma pesquisa com cinqüenta pessoas e perguntássemos o que gostariam de fazer de suas vidas, é bem possível que a resposta predominante fosse: “Ajudar as pessoas”.
• Quando pensamos no quanto os seres humanos podem ser grosseiros, violentos e pouco amorosos, essa resposta é capaz de surpreender.
• No entanto, o instinto natural da maioria é estender a mão para ajudar o próximo.
• Somos movidos em nossos atos por dois sentimentos: ou o ato é movido pelo orgulho, ou ele é movido pela humildade.
• Para sabermos se esse ato é um ato orgulhoso ou um ato humilde basta nós nos reportarmos aos nossos sentimentos.
• Buscarmos no nosso interior o que foi que nos moveu para fazer aquilo.
• E nós então vamos saber se foi um ato orgulhoso ou um ato humilde.
• Quando você faz um bem em um determinado ato, você faz o bem pelo próprio bem, sem esperar nenhuma recompensa.
• O bem que você faz você esquece.
• Se você fizer alguma coisa para uma pessoa, e quando você a encontrar lembrar-se desse bem, reflita, pois talvez você não tenha feito essa ação com todo seu coração, com todo seu amor.
• Talvez você esteja esperando um reconhecimento dessa criatura, lhe pagando esse bem.
• Quase sempre quando realizamos algum ato de bondade, esperamos por gratidão.
• Desejamos que alguém reconheça o nosso ato, que ao menos alguém tenha observado e percebido nosso gesto nobre.
• E tomai cuidado com isso, por que isso é uma troca, e em nossa sociedade é muito comum isso.
• Pessoas ajudando outras pessoas, não pelo bem, mas para que tenha um depósito com aquela pessoa.
• Fazendo uma poupança.
• Eu vou arrumar emprego para essa pessoa por que amanhã ela pode ser usada por mim.
• Esse tipo de coisa não é o bem.
• Você pode até arrumar um emprego para uma pessoa, mas se você estiver esperando que ela lhe retribua no futuro, não foi o bem, foi uma troca.
• Tomar cuidado para que o bem não seja feito por ostentação ou por uma troca.
• Jesus nos recomenda que seja a humildade que prepondere as nossas ações.
• Quando você faz um bem pra uma pessoa você é movido por esse sentimento e esse sentimento é em ver o outro como uma extensão de si mesmo, por que você Tb poderá estar numa situação dessa.
• O orgulhoso não, ele acha que nunca poderá estar numa situação dessa, não vê que poderá precisar da ajuda de alguém nesta vida e muito menos em outras vidas.
• Saberá em que situação nós vamos reencarnar em outras vidas.
• Muito poucos espíritos encarnados no planeta estão aqui em missão.
• A grande maioria de nós, talvez a quase totalidade, está nesta Terra para resgatar os erros do passado e aprender como melhor se comportar em relação ao próximo.
• Assim sendo, é necessário que estejamos conscientes, ao praticarmos a caridade, que tal atitude é, antes de tudo, em nosso próprio proveito e que aquele que parece ser nosso beneficiado nada mais é que uma alma caridosa que nos beneficia ao nos dar a oportunidade de servi-la.
• Temos-nos que respeitar a pessoa que esta recebendo o beneficio.
• É ter sensibilidade para perceber o que é solicitado, para não ir além do que está sendo pedido.
• Ou, então, em nossa ânsia de ajudar alguém, deixamos de perceber como a nossa dádiva pode ser embaraçosa para uma pessoa sensível.
• Ou, ainda, como pode parecer pesado para quem recebe o dever da gratidão.
• Ter sabedoria para distinguir o que é uma necessidade justa, que merece ser atendida, de um mecanismo de exploração e, neste caso, ter firmeza para dizer não.
• Muitas vezes o maior serviço que podemos prestar a alguém é dizer “não” quando sentimos que a pessoa tem capacidade para fazer o que nos está pedindo e irá se diminuir se nos delegar a tarefa que lhe cabe.

ENTRE VOCÊ E DEUS

Muitas vezes, as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas.
Perdoe-as, assim mesmo!
Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta, interesseiro.
Seja gentil, assim mesmo.
Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e inimigos verdadeiros.
Vença, assim mesmo.
Se você é honesto e franco, as pessoas podem enganá-lo.
Seja honesto e franco, assim mesmo.
Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir inveja.
Seja feliz, assim mesmo.
O bem que você faz hoje, pode ser esquecido amanhã.
Faça o bem, assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você, assim mesmo.
Veja você que, no final das contas,
É ENTRE VOCÊ E DEUS.

Autora: Madre Tereza

Fazer o bem sem ostentação - cvdee

Fazer o bem sem ostentação
-------------------------------------------------------------------

A - Texto de Apoio:

Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para serem vistas, pois, do contrário, não recebereis recompensa de vosso Pai que está nos céus. -Assim, quando derdes esmola, não trombeteeis, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Digo-vos, em verdade, que eles já receberam sua recompensa. - Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita; - a fim de que a esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos recompensará. - (S. MATEUS, cap. VI, vv. 1 a 4.)
Tendo Jesus descido do monte, grande multidão o seguiu. - Ao mesmo tempo, um leproso veio ao seu encontro e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, poderás curar-me. - Jesus, estendendo a mão, o tocou e disse: Quero-o, fica curado; no mesmo instante desapareceu a lepra. - Disse-lhe então Jesus: abstém-te de falar disto a quem quer que seja; mas, vai mostrar-te aos sacerdotes e oferece o dom prescrito por Moisés, a fim de que lhes sirva de prova. (S. MATEUS, cap. VIII, vv. 1 a 4.)

Em fazer o bem sem ostentação há grande mérito; ainda mais meritório é ocultar a mão que dá; constitui marca incontestável de grande superioridade moral, porquanto, para encarar as coisas de mais alto do que o faz o vulgo, mister se torna abstrair da vida presente e identificar-se com a vida futura; numa palavra, colocar-se acima da Humanidade, para renunciar à satisfação que advém do testemunho dos homens e esperar a aprovação de Deus.

Aquele que prefere ao de Deus o sufrágio dos homens prova que mais fé deposita nestes do que na Divindade e que mais valor dá à vida presente do que à futura. Se diz o contrário, procede como se não cresse no que diz.

Quantos há que só dão na esperança de que o que recebe irá bradar por toda a parte o benefício recebido! Quantos os que, de público, dão grandes somas e que, entretanto, às ocultas, não dariam uma só moeda! Foi por isso que Jesus declarou: "Os que fazem o bem ostentosamente já receberam sua recompensa." Com efeito, aquele que procura a sua própria glorificação na Terra, pelo bem que pratica, já se pagou a si mesmo; Deus nada mais lhe deve; só lhe resta receber a punição do seu orgulho.

Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita é uma imagem que caracteriza admiravelmente a beneficência modesta. Mas, se há a modéstia real, também há a falsa modéstia, o simulacro da modéstia. Há pessoas que ocultam a mão que dá, tendo, porém, o cuidado de deixar aparecer um pedacinho, olhando em volta para verificar se alguém não o terá visto ocultá-la. Indigna paródia das máximas do Cristo! Se os benfeitores orgulhosos são depreciados entre os homens, que não será perante Deus? Também esses já receberam na Terra sua recompensa. Foram vistos; estão satisfeitos por terem sido vistos. E tudo o que terão.

E qual poderá ser a recompensa do que faz pesar os seus benefícios sobre aquele que os recebe, que lhe impõe, de certo modo, testemunhos de reconhecimento, que lhe faz sentir a sua posição, exaltando o preço dos sacrifícios a que se vota para beneficiá-lo? Oh! para esse, nem mesmo a recompensa terrestre existe, porquanto ele se vê privado da grata satisfação de ouvir bendizer-lhe do nome e é esse o primeiro castigo do seu orgulho. As lágrimas que seca por vaidade, em vez de subirem ao Céu, recaíram sobre o coração do aflito e o ulceraram. Do bem que praticou nenhum proveito lhe resulta, pois que ele o deplora, e todo benefício deplorado é moeda falsa e sem valor.

A beneficência praticada sem ostentação tem duplo mérito. Além de ser caridade material, é caridade moral, visto que resguarda a suscetibilidade do beneficiado, faz-lhe aceitar o benefício, sem que seu amor-próprio se ressinta e salvaguardando-lhe a dignidade de homem, porquanto aceitar um serviço é coisa bem diversa de receber uma esmola. Ora, converter em esmola o serviço, pela maneira de prestá-lo, é humilhar o que o recebe, e, em humilhar a outrem, há sempre orgulho e maldade. A verdadeira caridade, ao contrário, é delicada e engenhosa no dissimular o benefício, no evitar até as simples aparências capazes de melindrar, dado que todo atrito moral aumenta o sofrimento que se origina da necessidade.

Ela sabe encontrar palavras brandas e afáveis que colocam o beneficiado à vontade em presença do benfeitor, ao passo que a caridade orgulhosa o esmaga. A verdadeira generosidade adquire toda a sublimidade, quando o benfeitor, invertendo os papéis, acha meios de figurar como beneficiado diante daquele a quem presta serviço. Eis o que significam estas palavras: "Não saiba a mão esquerda o que dá a direita."


B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 - Que significam as palavras de Jesus "...não saiba a vossa mão esquerda o que faz a direita"?

2 - Por que Jesus afima que os que alardeiam a caridade praticada já receberam sua recompensa?

3 - Como devemos agir para auxiliar o próximo?

Fazer o bem sem ostentação - Conclusão Voltar ao estudo


Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
Sala Virtual Evangelho

-------------------------------------------------------------------
EESE076b - Cap. XIII - Itens 1 a 3
Tema: Fazer o bem sem ostentação
-------------------------------------------------------------------

A - Conclusão do Estudo:

Fazer o bem é dever de todos nós. Portanto, não há razão para buscarmos aplausos para os nossos atos. O verdadeiro bem age em silêncio, com a aprovação agradecida do beneficiário, o agrado de Deus e a satisfação interior de quem o pratica.

B - Questões para estudo e diálogo virtual:

1 - Que significam as palavras de Jesus "...não saiba a vossa mão esquerda o que faz a direita"?

Que devemos fazer o bem pela satisfação de auxiliar o irmão necessitado, e não como meio de chamar atenção sobre nós mesmos.

"Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para serem vistas..."

"Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita é uma imagem que carateriza, admiravelmente, a beneficência modesta."

2 - Por que Jesus afima que os que alardeiam a caridade praticada já receberam sua recompensa?

Porque, quem assim age, o faz movido por orgulho e vaidade, a fim de merecer os elogios das pessoas. E, sendo esse o seu propósito, o reconhecimento já lhe basta, porque seu orgulho foi satisfeito.

"Quando destes esmolas, não trombeteeis..."

"A prática do bem com ostentação é demonstração real de inferioridade moral."

3 - Como devemos agir para auxiliar o próximo?

Ajudando nosso irmão discretamente, em segredo; cuidando em ocultar nosso gesto e dando graças a Deus pela oportunidade, que nos concede, de praticar a caridade.

Na prática da caridade, o maior beneficiado não é quem a recebe, mas aquele que a pratica.



1998-2015 | CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo

Fazer o bem sem ostentação - links

http://cebatuira.org.br/estudos_detalhes.asp?estudoid=483

https://evangelhoespirita.wordpress.com/capitulos-1-a-27/cap-13-que-a-mao-esquerda-nao-saiba-o-que-faz-a-direita/fazer-o-bem-sem-ostentacao/

http://bvespirita.com/Fazer%20o%20Bem%20Sem%20Ostentacao%20(Aparecida%20Cruz).pdf


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A beneficência

ALTAMIRANDO CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)



A beneficência


Edgard Armond dizia que o verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que não apenas dá o que sobra, mas divide o que tem. A hora é de juntarmos nossos esforços em favor dos corações em sofrimento.

A cada ação de desprendimento, vamo-nos espiritualizando e diminuindo o nosso apego ao mundo material, tão passageiro. Olhemos em volta. Quantos bens nos são disponibilizados no dia-a-dia, até mais do que precisamos! E se observarmos no que nos sobra e que simplesmente jogamos fora, certamente daremos um puxão de orelha em nós mesmos, e diremos: “Mas que egoísta que eu sou!”

Este é o maior desafio a ser vencido, para fazer valer a encarnação. Jesus disse que o Filho do Homem não veio à Terra para ser servido, mas para servir. E nós, também, aqui estamos para servir. A caridade é a virtude por excelência e constitui a mais alta expressão do sentimento humano, sobre cuja base as construções elevadas do Espírito encontram firmeza para realizar atividades nobres, em prol de todas as criaturas.

Em mensagem inserida no item 11 do capítulo XIII de O Evangelho segundo o Espiritismo: Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita, Adolfo, Bispo de Alger, diz:

 “A beneficência, meus amigos, vos dará neste mundo os gozos mais puros e mais doces, as alegrias do coração, que não são perturbadas nem pelos remorsos, nem pela indiferença. Oh, pudésseis compreender tudo o que encerra de grande e de agradável a generosidade das belas almas, esse sentimento que faz que se olhe aos outros com o mesmo olhar voltado para si mesmo, e que se desvista com alegria para vestir a um irmão! Pudésseis, meus amigos, ter apenas a doce preocupação  de fazer aos outros felizes! Quais as festas mundanas que se podem comparar  a essas festas jubilosas, quando, representantes  da Divindade, levais a alegria a essas pobres famílias  que da vida só conhecem  as vicissitudes e as amarguras, quando vedes nelas os semblantes macerados refulgirem subitamente de esperança, porque, faltos de pão, os desgraçados ouviam seus filhinhos, ignorantes de que viver é sofrer, gritando repetidamente, a chorar, estas palavras, que, como um punhal, se lhes enterravam nos corações maternos: ‘Estou com fome!...’ ”

Jesus esclareceu-nos  que todas as vezes que dermos de comer a um faminto; dermos de beber a quem tem sede; dermos abrigo a quem não tem um lar; vestirmos os nus; visitarmos os doentes e encarcerados,  é a Ele próprio e a Deus que estamos fazendo.

Portanto,  mãos à obra. Há um longo caminho a percorrer, e  que será menos áspero cada vez que nos disponibilizarmos a praticar a beneficência. “Não pode a alma elevar-se às altas regiões espirituais, senão pelo devotamento ao próximo; somente nos arroubos da caridade encontra ela ventura e consolação. Sede bons, amparai os vossos irmãos, deixai de lado a horrenda chaga do egoísmo. Cumprindo esse dever, abrir-se-vos-á o caminho da felicidade eterna...”, recomenda-nos S. Vicente de Paulo, no item 12 do capítulo citado do Evangelho.

Cuide da mão esquerda e invista na mão direita


Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita; – a fim de que a esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos recompensará. (MATEUS, 6: 3 a 4.)

Jesus é o modelo de perfeição a que a humanidade pode aspirar, disseram os espíritos à Allan Kardec (LE, 625). Foi o maior Pedagogo, o maior Psicólogo, o Médico dos Médicos, o Advogado fiel, o Amigo com qual todos podiam e podem contar.

Suas ideias e palavras são carregadas de profundo significado, sempre buscando tocar o espírito humano. Suas frases e parábolas encerram verdades profundas e ensinamentos de sublimidade que ainda hoje não nos foi possível absorver por completo e, sempre que se volta para elas, sorve-se um pouco mais do perfume e da beleza.

Quando Jesus proferiu o discurso que Mateus reproduziu, suas palavras – parecendo inocentes – não estavam se referindo tão somente aos nossos membros superiores. Uma interpretação do significado espiritual se faz necessária para tentar absorver um pouco da lição verdadeira.

A cultura da época era rica em símbolos, Jesus como profundo conhecedor da cultura a que pertencia sabia disso. Em diversas passagens da Bíblia – do novo e do velho testamentos – encontram-se diversas alusões às mãos, quase sempre deixando evidente tratar-se da esquerda ou da direita. Há passagens que se referem às mãos (Isaías 41:13; Salmos 80:15; 1 Pedro 3: 22; Atos 7: 56), outras não, mas a questão do lado esquerdo ou do lado direito está lá (Marcos 14: 62 – 16: 19; Romanos 8:34).

O que Jesus quis dizer?

As pessoas têm um lado do corpo predominante, com mais força ou habilidade. A maioria é destra, ou seja, tem o lado direito dominante. Quem tem o lado esquerdo mais atuante e habilidoso, diz-se canhota.

Destro quer dizer habilidoso, ágil, sagaz, correto. Canhoto tem mesma raiz de canhestro, acanhado, significando desajeitado, grosso, torto, tanto que em tempos passados a palavra também era usada como sinônimo de demônio e diabo. Felizmente, hoje isso é passado e a ciência comprovou que ser destro ou canhoto não faz de ninguém melhor ou pior e que é tão relevante quanto a cor dos cabelos ou dos olhos, o formato da orelha ou do nariz.

Sem pretensão de monopólio da verdade e buscando o pensamento de gente mais gabaritada e experiente em evangelho, percebe-se que uma das interpretações possíveis da lição é a de que ela pretende ressaltar que ao realizarmos uma boa ação (dar esmola, por exemplo), devemos praticá-la com a “mão direita” (agir corretamente, praticar o ato por caridade, enfim, seja nossa boa índole atuando) e que a “mão esquerda” não deverá ficar sabendo (agir movido por vaidade, caridade fingida, ação calculada visando benefício próprio).

Portanto, parece claro que Jesus pretendeu ensinar que ao praticar-se uma boa ação, seja qual for, devemos fazê-la utilizando nosso lado bom, que é a manifestação do sentimento de caridade, a vontade sincera de ajudar, sem querer qualquer tipo de recompensa, vantagem ou reconhecimento. Que devemos vigiar nosso lado sombra, pois ele pode querer apropriar-se da intenção de fazer o bem e transformá-la numa ação egoísta, calculada, vaidosa e apegada a resultados ou a reconhecimentos (o aplauso dos homens).

A satisfação pela ação no bem deve ser íntima, não vaidosa, que se traduz na alegria pela oportunidade de praticá-la, pela oportunidade de ver um rosto triste transformar-se em expressão de felicidade. Mahatma Ghandi denominava: “trabalho desapegado”.

Façamos nossa autoanálise e busquemos constatar se nossas ações no bem são verdadeiramente desapegadas. Se praticamos a virtude pelo bem da virtude, ou se estamos a buscar algo em troca ou reconhecimento. Se nossas ações visam melhorar o mundo em que vivemos, ajudando às pessoas a saírem do fosso da ignorância e do sofrimento.

Ao agir no bem estamos cuidando para que “a mão esquerda não saiba o que faz a mão direita”?

QUE VOSSA MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE DÁ A DIREITA

QUE VOSSA MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE DÁ A DIREITA


Mais uma vez torna o Evangelho ao seu tema central - a caridade - expressão ativa do amor ao próximo. Toda religião, toda moral encontram-se encerradas nos dois preceitos: "Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos que nos fizessem". Se e quando esses preceitos viessem a ser seguidos, a Terra se transformaria num recanto de paz e felicidade, aspiração até agora inatingida justamente porque o egoísmo e a agressão mútua, nas suas mais variadas formas, comandam o comportamento dos homens.

A caridade se revela no seu nível mais profundo, como instrumento essencial da evolução, quando é vista como um ato que deve ser praticado sem ostentação, sem visibilidade, como é dito: quando deres uma esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita. Aqueles que trombeteiam a sua benemerência, para serem honrados pelos homens, já recebem sua recompensa através da glória terrena, não lhes restando créditos onde mais importa, que é no mundo espiritual que a todos aguarda. A esmola, pois, deve ficar escondida, pois o Pai que está no Alto vê o que se passa em segredo e dará a devida recompensa. Muito cuidado, porém, com a modéstia falsa, pois há pessoas que escondem a mão que dá, tendo o cuidado de deixar aparecer uma pontinha, reparando se alguém as vê escondê-la. Pior ainda é a situação moral daquele que faz pesar seus benefícios sobre o beneficiado, que lhe exige de qualquer maneira os testemunhos do reconhecimento.

Além da caridade material há a caridade moral que respeita a suscetibilidade do beneficiado, fazendo-o aceitar a ajuda sem ferir seu amor-próprio e preservando sua dignidade, porque é mais fácil aceitar um serviço do que uma esmola. A verdadeira caridade sabe encontrar palavras doces e afáveis, enquanto a caridade orgulhosa humilha o beneficiado. O sublime da verdadeira generosidaade está quando o benfeitor, invertendo os papéis, acha um meio de parecer ele mesmo agradecido àquele a quem presta o serviço.

Eis o âmago da questão. Essa atitude não é uma teatralidade para deixar bem o necessitado. Verdadeiramente, quem dá é mais beneficiado do que aquele que recebe. Dar ao próximo é o caminho específico de evoluir do egoísmo, da separação, para o nível mais alto da unidade com o Criador, que se manifesta nas suas criaturas. A senda da elevação conduz o ser humano do estágio do eu egoísta para a integração no amor ilimitado, no todo universal que é Deus.

Esta é uma concepção de extrema importância nos tempos atuais, quando a ajuda aos necessitados é uma função social, podendo ser atingida através de caminhos políticos que buscam alcançar uma estrutura social mais justa. A atitude individual da caridade clássica do século passado poderia parecer superada pele "welfare state", que é o Estado moderno provendo as necessidades dos cidadãos mais desfavorecidos. Estaria, assim, eliminada a razão de ser da esmola, da caridade, destinada a amparar os miseráveis, os deserdados, os doentes, os indigentes, as crianças desvalidas, já que a sociedade pode encarregar-se dessas funções, no passado exercidas pelos indivíduos de bom coração.

Se a verdadeira caridade, no seu sentido mais profundo, consistisse apenas nesse tipo de assistência social, estaria à vista a solução dos problemas humanos. Mas o mecanismo da evolução terrena dá à caridade uma configuração muito mais complexa, já que a simples melhora das condições materiais não tem levado ao progresso moral da Humanidade, como pode ser observado nas nações mais prósperas.
A caridade, através de todas as suas manifestações, só é instrumento de evolução quando é uma expressão de amor incondicional ao próximo. Daí a atualidade do Evangelho de Kardec, mesmo quando ele exemplificava a caridade com ações individuais de assistência social, que hoje poderiam ser substituídas pela atuação mais completa do Estado. É óbvio que, ainda assim, resta um grande espaço para a ajuda material aos necessitados, por iniciativa das pessoas e instituições movidas pelo espírito de fraternidade.

"A caridade moral consiste em se suportar uns aos outros e é isto o que menos fazeis neste mundo inferior onde estais encarnados no momento", dizia significativa mensagem espiritual. E ainda em outra mensagem: "Podeis prestar caridade pelos pensamentos, palavras e atos". O essencial da caridade é a mudança de atitude interior de cada um, que não se resume apenas no gesto exterior. O que esse gesto continuado de estender a mão ao próximo faz, é ir mudando os reflexos egoístas para uma nova postura íntima. Caridade é um exercício contínuo que vai condicionando a alma para elevar-se a planos mais altos, no caminho da aproximação com a Divindade. É esse verdadeiro "treinamento" do Espíriito, que torna a caridade mais importante para aquele que dá do que para aquele que recebe.
Na prática do bem, usa o homem o seu livre arbítrio, ou seja, pode deixar de praticá-la, mas receberá, por via da lei de causa e efeito, o retorno da inquietação, da infelicidade, pois Deus, na sua infinita solicitude, colocou no fundo dos corações uma sentinela vigilante a que chamamos de consciência.

As vozes dos Espíritos elevados exortam incessantemente os homens para a prática da caridade. Dizem: "Todos vós podeis dar. A qualquer classe que pertençais, tendes alguma coisa que podeis dividir. Seja o que for que Deus vos haja dado, deveis uma parte disso àquele a quem falta o necessário, porque, no lugar deles, estaríeis bem contentes se alguém viesse dividir convosco. Vossos tesouros da Terra ficarão um pouco menores, mas vossos tesouros no céu serão mais abundantes. Vós colhereis o cêntuplo do que houverdes semeado em benefício aí na Terra".
Baruch Ben Ari

O benfeitor anônimo


Não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita. As palavras do Mestre de Nazaré foram colhidas pelo Apóstolo Mateus e inseridas no capítulo sexto do seu Evangelho.

Certamente seguindo este especial ensinamento, é que aquele homem, muito rico, distribuía benefícios.

Primava pelo anonimato. Certa vez, chegando em uma pequena cidade, a negócios, entrou em uma lanchonete para um rápido lanche.

Observou que entre os garotos que brincavam na rua, um mancava por causa de um dos pés deformado.

Chamando-o, lhe perguntou se o pé o incomodava, ao que o menino respondeu que não podia correr, como os demais.

Também falou que precisava cortar um pedaço do sapato para poder pisar melhor.

Você gostaria de ter seu pé curado? – Perguntou o homem.

É claro! Respondeu o garoto, com os olhos brilhando.

Pois eu vou providenciar que seu pé fique normal. – Prometeu o estranho.

Em seguida, pediu ao seu motorista que descobrisse o endereço do menino Jimmy, de oito anos.

Depois, que falasse com os seus pais, conseguindo autorização para a realização da cirurgia.

Não foi tarefa difícil ao empregado, pois todos conheciam o garoto do pé defeituoso.

Ele encontrou uma casa muito pobre, com vestidos remendados e algumas camisas velhas no varal.

Foi preciso conversar muito para convencer os pais que tudo não passava de armação.

Afinal, disse a mãe, ninguém dá nada de graça.

Mas o meu patrão, afirmou o motorista, costuma fazer isso sempre.

Jimmy foi para uma clínica especializada e submeteu-se a cinco cirurgias. Tornou-se o xodó da enfermagem.

O fiel motorista acompanhou tudo, a pedido de seu empregador, providenciando o que fosse preciso.

Finalmente, chegou o dia de voltar para casa. Sapatos novos foram providenciados.

Jimmy não cabia em si de contentamento e ansiedade.

Quando o luxuoso carro parou na porta da sua casa, ele disse:

Espere! Quero entrar sozinho.

Os pais e os irmãos vieram à porta. E um menino de pés sem defeitos, calçando sapatos novos, desceu do automóvel e andou, sorridente, de braços abertos, ao encontro deles.

Naquele Natal, o empresário ainda providenciou que toda a família fosse levada a uma grande loja da cidade, para que cada um deles escolhesse um par de sapatos.

Jimmy se tornou um bem sucedido homem de negócios, e jamais soube o nome do seu benfeitor.

Tudo porque seu benfeitor, Henry Ford, pioneiro da indústria automobilística americana, sempre dizia que é mais divertido fazer algo pelas pessoas quando elas não sabem quem lhes fez o bem.

*   *   *

Fazer o bem sem ostentação é grande mérito. Mais meritório ainda é ocultar a mão que dá.

É mesmo marca de grande superioridade moral, porque renuncia à satisfação do aplauso dos homens.

Os que assim agem, provam sua real modéstia e se enquadram exatamente no ensino evangélico: Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita.



Redação do Momento Espírita, com base no cap. O benfeitor secreto,
 do livro Histórias para aquecer o coração dos pais, de Jack Canfield,
Mark Victor Hansen, Jeff Aubery, Mark & Chrissy Donnelly, ed. Sextante
e no cap. XIII, item 3, de O Evangelho segundo o Espiritismo,
 de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 5.10.2015.

não saiba a vossa mão esquerda o que dá a vossa mão direita

http://ipeak.net/site/estudo_janela_conteudo.php?origem=1689&idioma=1

http://www.aeradoespirito.net/ArtigosRC/NAO_SAIBA_A_VOSSA_MAO_RC.html

http://pt.slideshare.net/gmo1973/cap-13-no-saiba-a-vossa-mo-esquerdao-que-d-a-vossa-mo-direita-46187597

http://www.espiritoimortal.com.br/nao-saiba-a-tua-mao-esquerda-o-que-faz-a-direita/

http://www.febtv.com.br/nao-saiba-a-vossa-mao-esquerda-o-que-da-a-direita_7b079fd4b.html

domingo, 28 de agosto de 2016

ÓDIO, REMORSO,VINGANÇA E AGRESSIVIDADE

ÓDIO, REMORSO,VINGANÇA E AGRESSIVIDADE
A - Ódio ou Cólera
"Em suma, a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede de fazer muito bem e pode levar à prática de muito mal. Isto deve ser suficiente para induzir o homem a esforçar-se para dominá-la. O espírita é concitado a isso ainda por outro motivo: o de que a cólera é contrária à caridade e à humildade cristãs. "
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiri­tismo. Capítulo IX. Bem-aventurados os Bran­dos e Pacíficos. A Cólera.)


- O que é o ódio?
O ódio é uma manifestação dos mais primitivos sentimentos do homem animal, que ainda guarda no espírito em evolução os resquícios do instinto de conservação, sob as formas de defesa, de amor-próprio.

- Quais os vários modos pelos quais o ódio se manifesta em nós?
Desde os aspectos mais sutis, dissimulado na hipocrisia social e nas formas de antipatias, aos atos mais cruéis e brutais de violência.

- Como o ódio se apresenta dentro de nós?
Como um sentimento, uma emoção incontida, um impulso que, ao nos dominar, expressamos através de palavras ofensivas, quando contraímos o coração, cerramos os maxilares, fechamos os punhos e soltamos faíscas vibratórias de baixo padrão, sintonizados com as entidades malévolas, que assim podem nos envolver, instigando-nos até ao crime.

- E até que limites pode o ódio nos levar?
Nesses momentos, podemos ser levados a cometer os atos mais indignos de violência, de agressividade, causando dissensões e até mortes, contraindo, muitas vezes, as mais penosas dívidas em nossa existência.

- Quais os motivos que nos levariam a odiar alguém?
Em geral, os ódios são despertados pelas humilhações sofridas, ou quando injustiçados, maltratados, traídos no afeto, na confiança ou quando ofendidos. Encontramos, igualmente, em muitas antipatias indecifráveis que possamos sentir por alguém, os ódios recônditos de outras existências, quase sempre frutos de nossas paixões.

- As manifestações de ódio são sempre instiladas pelos espíritos inferiores?
Podemos realmente deixar campo aberto para as infiltrações das entidades maldosas, que estão quase sempre à espreita para nos levar aos cometimentos do ódio. Entretanto, esses auxiliares que nos ajudam no nosso fortalecimento no bem, pelos testes que nos proporcionam, só conseguem nos atingir quando descemos aos níveis vibratórios ao alcance deles. Está, realmente, em cada um de nós, as origens das manifestações de ódio.

- Quais os sentimentos decorrentes do ódio?
Junto ao ódio encontramos o rancor, que é a permanência dele, nas promessas feitas a nós mesmos de revide. A vingança é sua decorrência. A agressividade às vezes externa um estado íntimo também decorrente das nossas manifestações de ódio, rancor, de cólera. Invejas, cobiças, ciúmes, inconformações, ressentimentos podem gerar ódios.

- É o ódio a ausência de amor?
Amor e ódio são sentimentos opostos. Um pode dar lugar ao outro em frações de segundos, dentro de nossas reações íntimas. Muitos ódios refletem expressões de um amor ainda possessivo, em criaturas que foram preteridas nos seus afetos mais profundos. Os arrependimentos copiosos por males antes nutridos em ódios distantes são os primeiros lampejos de um amor despertado, fazendo finalmente vibrar as fibras sensíveis do coração, que assim quebra a casca endurecida que o envolve. Aquele que odeia está a reclamar direitos. Aquele que ama dá de si sem esperar recompensa.

- Como podemos combater o ódio?
Perdoando aos que nos ofendem. E o nosso Divino Mestre já nos deu a fórmula: "não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete", ou seja, infinita e plenamente.

- O que fazer quando o ódio nos invade a alma?
O primeiro passo é segurá-lo de todos os modos, não deixá-lo expor-se à vontade. Calemos a boca, contemos até dez ou até cem, caso seja preciso. Logo em seguida, procuremos um local onde possamos nos recolher: aí iremos nos acalmando e mentalmente trabalharemos para serenar nosso ânimo exaltado. Então, dominá-la. O espírita é concitado a isso ainda por outro motivo: o de que a cólera é contrária à caridade e à humildade cristãs. " Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo IX. Bem-aventurados os Brandos e Pacíficos. A Cólera.)
Tomemos uma página esclarecedora de um livro ao nosso dispor e meditemos recorrendo ao Amigo Protetor. Não demorará muito e já nos reequilibraremos, vendo a fogueira que conseguimos ultrapassar.

B - Mágoas, Ressentimentos, Inconformações

É muito comum ouvirmos algumas pessoas dizerem: "Ah! Eu perdoei fulano, mas não esqueço o que ele me fez!" Nesse caso, perguntamos, será que houve mesmo o perdão? Houve um começo, uma parte digamos, um entendimento racional da necessidade de perdoar. Em outras palavras, mentalmente o indivíduo se dispôs a não alimentar rancor ou ideias de vingança. Está, por ele mesmo, convencido de não odiar.

No campo emocional, no entanto, ainda ficaram impregnados os resquícios daqueles sentimentos, que, embora não identificados como impulsos de cólera, manifestam-se sutilmente em forma de mágoas, ressentimentos, inconformações, desgostos, amarguras e descontentamentos.

Acautelemo-nos quando esses sentimentos, ou esses lampejos de impressões, estiverem ainda presentes em nossas emoções, nos nossos solilóquios, curtidos no silêncio, ao flutuar vagamente a nossa imaginação.

Não nos deixemos levar ou iludir por essas manifestações desavisadas. Elas são ainda modos de expressão do ódio que está ali nos corroendo e desagregando a nossa resistência.

Guardar ou manter em nós os ressentimentos, as mágoas, as inconformações é nos deixar envolver, ainda, pelas teias da cólera; é não termos realmente perdoado. Isso é enganoso e muito grave no nosso comportamento. São as maneiras de não aceitação das ofensas recebidas. Atingidos em nosso orgulho, sentimo-nos assim e permanecemos, então, ruminando inconformações, amarguras. É o amor-próprio ferido, os direitos que exigimos, a retratação de quem nos feriu.

Renunciemos corajosamente a esses direitos e inconformações, mesmo cobertos de razões, e deixemos que o tempo e o amadurecimento natural realizem as transformações naqueles que julgamos terem errado conosco. Façamos a nossa parte, perdoemos incondicionalmente, sem quaisquer restrições.

C - VINGANÇA 

"Vingar-se é, bem o sabeis, tão contrário àquela prescrição do Cristo: 'Perdoai aos vossos inimigos', que aquele que se nega a perdoar não somente não é espirita, como também não é cristão. A vingança é uma inspiração tanto mais funesta quanto tem por companheiras assíduas a falsidade e a baixeza."
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritis­mo. Capítulo XII. Amai os Vossos Inimigos. A Vingança — Júlio Olivier.)

- Como se apresenta em nós a vingança?
A vingança se manifesta no nosso íntimo como uma reação carregada de forte emoção, por uma ofensa a nós dirigida. São também as formas dos revides, em discussões acaloradas, quando trocamos grosserias, os propósitos violentos de vingar crimes cometidos a familiares. Em geral, são as emoções muito fortes do ódio que levam as criaturas a atos criminosos de vingança.

- É comum o sentimento de vingança?
Quem é agredido por palavras ou ações, dificilmente passa por tais situações sem revidar aos impropérios ouvidos ou às pancadas recebidas. Estamos longe de oferecer a outra face àquele que nos bata numa. A atitude, a disposição íntima de quem é agredido, para ser fiel ao ensinamento evangélico, deve se revestir de uma coragem muito grande, e de um autocontrole gigantesco. O que em geral ocorre é a perda total do equilíbrio, desencadeando-se lutas corporais, ou discussões em altas vozes, com palavras de baixo calão.

Como, nos nossos dias, podemos vencer os impulsos de vingança? Mantendo-nos vigilantes no equilíbrio interior, alicerçado num profundo amor ao próximo, sem nos deixar cair nas teias da nossa animalidade inferior. Ainda aqui, o perdão é o antídoto.

- Podemos angariar conquistas nos capacitando ao perdão?
O bom combate se inicia dentro de nós e as conquistas, mesmo quando lentamente obtidas, vão aumentando nossa capacidade de perdoar. Para avaliar nossa atual condição, observemo-nos diante das situações em que alguém nos fira, até mesmo fisicamente, e analisemos os sentimentos que ainda despontam em nossa alma, a intensidade deles, até que altura eles nos dominam e até onde conseguimos esquecer o fato e as criaturas que nos atingiram. Se os guardamos por muito tempo, e alimentamos as emoções desagradáveis, é sinal de alerta, que nos deve levar à meditação na tolerância e a redobrar nosso esforço no perdão, prosseguindo para melhores resultados.

— Como justificar o combate à vingança?
Para não sermos infratores às leis de causa e efeito, de ação e reação, para não fazermos ao próximo o que não gostaríamos que alguém nos fizesse. Pelo sentido de saldar os erros cometidos no passado, não mais repetindo-os na atual existência. E pelo amor Universal que a todos une, numa confraternização de verdadeiros irmãos que já receberam os exemplos dignificantes de um Mestre como Jesus.

"A vingança é um dos últimos remanescentes dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens." (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XII. A Vingança - Júlio Oliver.) Embora não sejam as ocorrências de vingança revestidas de tanta crueldade como nos tempos bárbaros, parece acontecer, em nossos dias, com surpreendente frequência, como resultado das ofensas não-perdoadas: as mortes por vingança, os crimes por desonra em casos passionais, os ódios íncontidos, fazendo vítimas, etc.

"O homem do mundo, o homem venturoso, que por uma palavra chocante, uma coisa ligeira, joga a vida que lhe veio de Deus, joga a vida do seu semelhante, que só a Deus pertence, esse é cem vezes mais culpado do que o miserável que, impelido pela cupidez, algumas vezes pela necessidade, se introduz numa habitação para roubar e matar os que se lhe opõem aos desígnios. Trata-se quase sempre de uma criatura sem educação, com imperfeitas noções do bem e do mal, ao passo que o duelista pertence, em regra, à classe mais culta."(O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XII. Item 15. O Duelo — Agostinho.)

Poderá hoje, entre os seguidores da Doutrina dos Espíritos, ou entre seus leitores, constituir-se em grande dilema a questão que deriva dessa abordagem do espírito de Santo Agostinho, ou seja, o da defesa pessoal, na contingência de ser atingido por assaltantes na rua ou em sua própria casa. Deve o espírita portar arma para se defender? Preocupado com sua segurança e com a de seus familiares, no receio de serem violados na integridade física e até moral, precisam, portanto, estar prontos para se protegerem?
Mesmo que essa defesa implique na morte de algum assaltante? Entendemos que quem tem amor no coração nada deve temer. A segurança está na confiança que devemos ter na Justiça Divina, na proteção dos Amigos Espirituais, na aceitação das provas reservadas a nós e a nossos familiares, por mais cruéis que possam ser. É preferível não se arriscar em eliminar a vida de alguém, e por isso mesmo é preferível evitar o uso de armas. A Espiritualidade tem recursos muito maiores de proteção do que possamos imaginar, e os mesmos podem ser colocados em ação em frações de tempo.

D - AGRESSIVIDADE

"Se ponderasse que a cólera nada soluciona, que lhe altera a saúde e compromete a sua própria vida, reconheceria ser ele próprio a sua primeira vítima. Mas, outra consideração, sobretudo, deveria contê-lo, a de que torna infelizes todos os que o cercam. Se tem coração, não sentirá remorsos por fazer sofrer as criaturas que mais ama? E que mágoa profunda não sentiria se, num acesso de arrebatamento, cometesse um ato de que teria de arrepender-se por toda a vida!"(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo IX. Bem-aventurados os Brandos e Pacíficos. A Cólera.)

Podemos, de maneira geral, identificar as nossas manifestações de agressividade nos diferentes campos, que compreendem as emoções, os pensamentos, as palavras e os atos.

- No Campo das Emoções
Os impulsos de agressão brotam no nosso campo emocional como reflexos do ódio, do rancor, dos desejos de vingança, da cólera. A agressividade pode ser um estado permanente no indivíduo, para com tudo e para com todos, como um sintoma da cólera, situação que retraía o endurecimento do sentimento de criaturas nos estados íntimos mais penosos e difíceis. São as pessoas fechadas no entendimento, inflexíveis no coração.

A agressividade pode, no entanto, apresentar-se momentaneamente em algumas ocasiões, principalmente quando reagimos às ofensas recebidas. Mesmo aí, é também consequência da nossa condição ainda primitiva de reações animais, em que os instintos ancestrais de defesa emergem das camadas profundas, embora muito vivas, do nosso subconsciente.

Em ambos os casos, permanente ou momentânea, a agressividade surge como impulso emocional, de maior ou menor intensidade, dependendo da condição da criatura, do seu grau de consciência e do esforço que realiza no combate à predominância do mal. O Aprendiz do Evangelho, que busca localizar essas ocorrências, deve dirigir suas atenções para as manifestações do campo emocional.

É esse o seu terreno de trabalho, é nele que conscientemente vai exercendo seu domínio, refreando, inicialmente, seus impulsos, para controlar-se e, em seguida, trabalhando mentalmente, de modo a dosar, com o conhecimento, novas disposições, novos sentimentos, como alguém que substitui uma emoção forte de violência por uma vibração suave de carinho.

- No Campo dos Pensamentos
Quando cedemos às emoções e nelas nos envolvemos, ficamos impregnados daqueles sentimentos de animosidade que levam ao campo mental os correspondentes impulsos, geradores de pensamentos agressivos. São os diálogos íntimos que têm lugar no nosso consciente, quando nos deparamos brigando dentro de nós mesmos com alguém, nos armando assim das disposições de transmitir a outrem o veneno que armazenamos mentalmente.

Emitimos ondas vibratórias densas na direção de quem nos provocou. Ficamos, às vezes, horas arquitetando e elaborando, detalhe por detalhe, todas as palavras que iremos dirigir ao nosso algoz, que já se tornou nossa vítima, antes mesmo do entrevero. A agressão por pensamento talvez seja a maneira mais comum em que expressamos a nossa cólera. Embora essa forma ainda não tenha se concretizado numa realidade física, direta, de agressão, já provocou seus efeitos maléficos pelas vibrações emitidas ao nosso contraditor.

Do domínio obtido na nossa esfera emocional, onde possamos ter conseguido atenuar e controlar as erupções do vulcão que regorgitava em impulsos de violência, vamos agora sanear a nossa atmosfera mental, afastando dos nossos pensamentos as idéias de revide, os planos de vingança, os propósitos de reivindicar direitos por ofensas injustas, etc. Para isso, alimentamos os nossos pensamentos com idéias de tolerância, de perdão, de renúncia. Vamos nos desarmando dos projéteis mentais que estamos lançando ao próximo, envolvido nas nossas tramas. Vamos suavizando nossas emissões mentais, até conseguirmos vibrar amor em nosso íntimo, sem restrições ou condicionamentos, em direção do nosso opositor. Não importa qual virá a ser a reação ou aceitação do nosso contestador; importa, sim, a nossa atitude de tolerância e perdão para com ele, importa realizar a nossa parte, dar o nosso testemunho evangélico.

- No Campo das Palavras
Imantados nos envolvimentos magnéticos de ódio, podemos reproduzir ou devolver agressões, concretizadas nas palavras pronunciadas com intensa carga vibratória, em altos sons, de efeitos desequilibradores. À força magnética da palavra somam-se os componentes emocionais e mentais. São verdadeiros petardos explosivos que lançamos àqueles que agredimos com a nossa voz.

Os impropérios pronunciados, os desaforos, as ofensas que dirigimos são as diversas maneiras de agredirmos por palavras. E quando não represamos de início a torrente de palavras que jorra continuamente numa discussão, é mais difícil nos dominar depois. Como é desagradável e penoso o clima que se sente numa discussão, numa troca de ofensas. Os contendores ficam pálidos, mudam de expressão, se desequilibram, tremem, se envenenam mutuamente e permanecem por muito tempo nesse estado, nervosos, alterados, em profunda infelicidade. E para quê? Com que proveito?

De nada adiantam as gritarias, as altas vozes. São maus costumes que em nada ajudam. "Uma boa palavra auxilia sempre", mas pronunciada serenamente, com profundidade, aí sim ela penetra e cala, transformando a criatura que a recebe. Conter as palavras que possam ser pronunciadas, com resquícios de ódio, rancor, é o grande desafio aos Aprendizes do Evangelho. Articulá-las exclusivamente quando houver a certeza que ao serem pronunciadas efetivamente beneficiarão criaturas e induzirão bons propósitos.
Muito cuidado, portanto, no "falar" e sobre "o que falar", lembrando sempre que não será por muito falar que seremos ouvidos ou convenceremos alguém, a não ser simplesmente pelas nossas atitudes e pelos nossos exemplos, incluindo-se entre esses o silenciar nas horas propícias.

- No Campo dos Atos
A agressividade atinge sua manifestação mais desagradável e perigosa quando transborda incontidamente para o campo dos atos físicos, das agressões corporais. É o que assistimos, às vezes, entre amigos, colegas ou familiares, que, trocando ofensas, chegam às lutas corporais, não raro com ferimentos, fraturas e escoriações dos contendores, quando não aos extremos casos de morte.

É incrível observar, em nossos dias, a crescente onda de violência entre as criaturas, a reagirem por nada, sacando uma arma e cometendo, até involuntariamente, trágicos crimes. É o que constatamos nos casos mais chocantes, comentados pelos jornais, nos crimes passionais, nas próprias diligências policiais e nos campos de encontros esportivos. E como se não bastasse, o assunto é explorado pela imprensa, rádios e emissoras de televisão, com requintes de competição, nas disputas de maiores audiências, pelos seus produtores, além de ocuparem os temas preferidos nos filmes policiais e de guerra, onde a melhor técnica e todo o avanço na arte cinematográfica são utilizados para evidenciar os aspectos mais terríveis e deprimentes da violência humana.
As platéias continuam vibrando com as demonstrações de força e desamor. Transfere-se, para o relacionamento entre as criaturas na sociedade, o mesmo comportamento observado e induzido pelos exemplos degradantes, apresentados nos filmes, jornais, revistas, programas de rádio e de televisão.

Somos induzidos, pelas imagens que se fixam subconscientemente, a cometer os mesmos atos de agresssividade, as mesmas demonstrações de violência. E nesse contexto o Aprendiz do Evangelho é solicitado a dar com esforço os seus testemunhos de brandura, compreensão e perdão, desenvolvendo sua capacidade de não se deixar levar pelos impulsos de agressão física, incompatíveis com seus ideais de amor e tolerância, que podem muitas vezes pegá-lo de surpresa, em momentos como no trânsito, no relacionamento familiar, no trabalho, nas aglomerações, nos salões de espetáculos, etc.

CONHEÇA MELHOR O ÓDIO E A AGRESSIVIDADE 

Responda ao Questionário:

1ª - É a agressividade um efeito do ódio?
______________________________________________________________________________________________
 - Como, ou de que modo, a agressividade pode se manifestar?

a) Por pensamentos. Dê exemplos.
b) Por palavras. Dê exemplos.
c) Por atos (corporais). Dê exemplos.

 - O ódio é considerado como uma deformidade mental, ou, se quiser, como o oposto ao amor. Você concorda? Por quais razões?
______________________________________________________________________________________________
 - O ódio consome muito mais depressa aquele que odeia do que aquele que é odiado. Por quê?
______________________________________________________________________________________________
 - Segundo um psicólogo, em geral, o ódio manifesta-se de cinco modos:

I. atos agressivos;
II. palavras ofensivas;
III. 
desconfiança;
IV. fuga;
V. inveja.

Procure identificá-los em você mesmo, lembrando, como exemplo, as manifestações de desconfiança, fuga e inveja. Para isso, damos abaixo algumas pistas:

III - Desconfiança:
A amizade desentendida induz à dúvida e à suspeita. Sentimentos traídos levam à revolta, ao ódio. Origens: amor-próprio ferido, intolerância. Remédio: perdão, tolerância, paciência.

IV - Fuga:
Quando se fere alguém injustamente vem o remorso, o ódio a si mesmo. A falta de coragem em enfrentar a própria insensatez leva o indivíduo a fugir das situações que possam aproximá-lo da pessoa por ele ofendida. Zangado, consome a si mesmo.
Origens: insegurança, medo.
Remédio: coragem, reconciliação.

V - Inveja:
Não-aceitação da condição relativamente superior de alguém, ou de uma situação de vida de outrem melhor que a sua, leva à inconformação, ao ódio, procurando ferir e destruir o objeto da inveja.
Origens: insegurança, ambição.
Remédio: tolerância, conformação.

6ª - Pode o ódio tornar-se um hábito da personalidade? Como? É uma questão de colocação íntima?
______________________________________________________________________________________________
 - Comente cada um dos incidentes descritos no quadro abaixo e as reações negativas ou positivas que teria:
______________________________________________________________________________________________
INCIDENTE
REAÇÃO NEGATIVA
REAÇÃO POSITIVA
Você é punido quando criança."Meus pais não me amam.""Eu errei, estou arrependido."
Como adolescente, você não é convidado para um grupo que você cobiçava."Eles são uns convencidos. Não quero nada com eles.""Perguntarei a meus pais o que eles pensam sobre o caso."
Você é despedido de um emprego."O patrão tem os seus protegidos. Eu me vingarei.""Que poderá esta experiência ensinar-me, que me auxilie no próximo emprego?"
Você perde um filho."Como Deus pôde fazer isso comigo?""Aceito a vontade de Deus acima da minha."
Você é atingido por alguma grave enfermidade."O destino me pregou uma peça.""Aprenderei como conviver com ela."
Você perde sua independência financeira."Fulano e sicrano são responsáveis por isso.""Tenho saúde, darei um jeito."

 - . Desde a leve irritação, até a paixão violenta, o ódio se manifesta. Já pensou que isso tudo tem uma única origem? Qual é?
______________________________________________________________________________________________
 - . Uma autocorreção poderá auxiliá-lo a vencer o ódio?
______________________________________________________________________________________________
10ª - Acha que o amor e o perdão são os verdadeiros antídotos do ódio?
______________________________________________________________________________________________
FAÇA SEU PRÓPRIO TESTE - AVALIE O ÓDIO EM VOCÊ:
Abaixo estão arroladas 20 características importantes na análise de seu problema do ódio. As 10 primeiras referem-se à causa. As 10 seguintes, ao combate dos efeitos. Se nenhuma delas se aplica a você ou ao seu caso, marque três pontos a seu favor na coluna das notas. Confira o grau de cada uma que se aplica a você. Caso não possa decidir entre duas delas, marque na coluna estreita entre duas delas. A nota do grau de cada causa ou cura encontra-se acima de cada coluna. Seja justo consigo mesmo. Ponha os valores na coluna das notas, some-as e verifique o total.
CAUSA
GRAU
1
2
3
4
5
NOTAS
1ª.- IMPACIÊNCIAMinha família considera-me uma pessoa muito impaciente Demonstro impaciência várias vezes por dia. Sou conhecido como uma pessoa muito paciente. 
2ª- PALAVRAS
ÁSPERAS
Sou franco e rude. Uso-as quando me provocam. Aprendi a refrear-me. 
-SARCASMOReceio usá-lo com frequência. Uso-o talvez uma ou duas vezes por semana. Creio que não o uso mais do que uma vez por mês. 
4ª.- MEXERICOS
ou maledicências
Gosto de ouvir e repetir novidades picantes. Creio que sou normal nesse sentido. Às vezes também me envolvo nisso. Aprendi a fechar meus ouvidos e meus lábios nesse sentido. 
5ª.- DesconfiançaTodos têm suas "manhas", eu me acutelo. Aprendi a confiar em algumas criaturas.   
6ª.- Intolerância
(religiosa, racial,
política, etc...)
Evito as pessoas cujas crenças sejam diferentes das minhas. Algumas dessas pessoas são boas. Tenho bons amigos de difrentes raças, religiões e opiniões políticas. 
7ª. - Ressentimento (ódio) pensamento sombriosReceio passar uma hora diária com essa atitude. Talvez essessentimentos me assaltem uma hora por semana. Não muito seguido; não mais do que uma hora por mês. 
8ª.- Raiva violenta
dirigida contra alguém
Perco as "estribeiras" talvez uma vez por semana. Uma vez por mês. Uma vez por ano. 
9ª.- Inveja ou cobiçaInvejo muitas pessoas. Queria ter o que elas têm Confesso que invejo algumas pessoas. A inveja praticamente não passa pelo meu pensamento. 
10ª.- CIÚMETenho muito ciúme de quem amo. Sinto ciúme, porém, procuro vencê-lo. Esta é uma emoção que praticamente não me incomoda. 
CURA
VERIFIQUE A EXTENSÃO DO USO QUE FAZ DESSES MEIOS
11ª.- SUPRESSÃO
das fontesdo ódio
Lembro-me constantemente de pessoas odiosas. Procuro ignorar minhas fontes de ódio. Procuro compreender as causas das ações odiosas. 
12ª.- Reação Demorada
quanto à irritação
Eu ainda reajo impetuosamente em algumas situações. Procuro refrear as reações repentinas, nas situações irritantes. Adquiri o hábito da deliberação, de ponderar. 
13ª.- FÉ nas pessoasPerdi a fé na integridade da maioria das criaturas. Tenho fé naqueles que me provaram merecê-la. Acredito que a maioria das pessoas quer fazer o que é direito 
14ª.- AUXÍLIO àqueles que você odeia/invejaJá experimentei: não deu resultado. Algumas vezes experimentei com êxito. Realmente tento fazê-lo quase sempre. 
15ª.- PERDÃO aos
que o ofendem
Eu guardo rancor, procuro vingar-me. Ignoro, porém não perdôo. Perdôo e esqueço prontamente. 
16ª.- RELAXAR conscientemente à tensão muscularUma parte do tempo eu fico tenso; dá-me cansaço. Fico tenso quando me irritam. Aprendi a relaxar conscientemente a tensão muscular. 
17ª.- ATIVIDADE
FÍSICA
Uso os quatro grandes músculos do meu corpo quatro horas por semana ou menos. Oito horas por semana Doze ou mais horas por semana. 
18ª.- EXAME
MÉDICO
Há cinco anos ou mais me examinei pela última vez. Há três anos. Faço um exame anualmente ou com mais frequência. 
19ª. ORAÇÃOExperimentei sem resultados. Oro quando não posso vencer sozinho o ódio. Oro regularmente; dá-me paz de espírito e compreensão. 
20ª. - Os pensamentos
positivos substitutos dos pensamentos depressivos
Não consigo fazer isso. Às vezes me livra do malefício do ódio. Uso-os sempre para vencer meus ódios. 
     TOTAL 
AVALIAÇÃO

Estude o total de suas notas pela tabela seguinte:

Notas Significado

76 a 100 ........ Você tem bom controle de si mesmo.
59a 75 ........ Normal. Tente, entretanto, ter mais controle.
Até 58. ......... Você está se envenenando. Precisa de mais paz de espírito. Desenvolva mais esforço na Reforma Intima.

PARA SUA MEDITAÇÃO


O ódio abrange uma grande faixa de manifestações, desde a leve irritação até a paixão violenta. Pode manifestar-se em ações, palavras ou disposição de espírito.
Confunde-se às vezes com a culpa e o medo. Você pode estar adquirindo hábitos que não passam de reações de ódio. Uma autocorreção é necessária e poderá auxiliá-lo a vencer o ódio e todas as outras emoções negativas. Os verdadeiros antídotos do ódio, na realidade, são o amor e o perdão, já nos ensinou o sublime Amigo Jesus.

LEMBRE—SE: "O amor cobre todas as transgressões."

Ney P. Peres

O antigo hábito do duelo

O antigo hábito do duelo

O duelo figura na História da Humanidade como uma prática violenta e injusta.

Por muito tempo, as legislações admitiram esse genuíno resquício da barbárie.

Ele consistia na exaltação do mais desmedido e descontrolado orgulho, embora travestido de honra.

Sua lógica era a de que a honra se lavava com sangue.

Entretanto, o homem verdadeiramente honrado não precisa matar ninguém, a fim de atestar essa sua qualidade.

A honra é um atributo espiritual de quem cumpre todos os seus deveres, inclusive os de humanidade.

E é desumano matar alguém, por mais grave que seja a ofensa recebida.

Quando se admitia o duelo, era considerado prova de coragem dele participar.

Na verdade, tinha-se apenas exibicionismo social e arrogância, sem qualquer preocupação ética.

O duelista treinado não passava de um homicida.

Ele se lançava na empreitada ciente de sua supremacia.

Já o que aceitava o desafio sabendo-se em desvantagem cometia suicídio.

Ambos violavam os Códigos Divinos.

Teriam tempo de se arrepender do orgulho a que se entregavam.

Essa prática infeliz deixava viúvas e órfãos, por cujas dores e provações os duelistas no futuro responderiam.

Lentamente a legislação humana evoluiu.

Hoje não mais se admite o duelo.

Entende-se que a honra não se conquista ou se mantém à custa de homicídios ou suicídios.

Mas a criatura humana é sempre herdeira de suas más inclinações.

Antigos hábitos do passado espiritual não desaparecem com facilidade.

Orgulho, arrogância, prepotência, egoísmo, ódio e ressentimento são vícios que ainda pesam fundo na economia moral da Humanidade.

Esses sentimentos cruéis são a herança do que se viveu no pretérito remoto.

Superá-los é o dever de todo homem comprometido com ideais de paz e redenção.

Como visto, hoje não há mais duelos de vida e morte.

Mas as criaturas permanecem se digladiando por bobagens.

Embora não armados, tais confrontos permanecem bastante nocivos.

Eles tiram a paz e semeiam tragédias.

No lar, no ambiente de trabalho, no meio social, os indivíduos se melindram, com grande facilidade.

Ao invés de conversarem e acertarem as diferenças, cultivam mágoas e ódios, à semelhança de tesouros.

Tão nefasto cultivo um dia explode na forma de violentas discussões.

Na falta de coragem para enfrentar o presumido opositor, não são raros os que lançam mão da maledicência.

Tornam a vida do desafeto um inferno, ao espalhar em torno de seus passos as sementes da desconfiança.

Onde ele antes via sorrisos e simpatia, passa a confrontar má-vontade e cara feia.

Há ainda quem duele mentalmente, desejando o mal àquele que supostamente o ofendeu.

Os pensamentos negativos por vezes atingem o destinatário, se este vibra em faixa equivocada e também se entrega a remoques.

Mas sempre empestam a atmosfera espiritual de quem os emite e geram mal-estar e enfermidades.

Ciente dessa realidade, preste atenção a como você reage a provocações e desentendimentos.

Saiba que há mais coragem e sabedoria em relevar do que em revidar as ofensas.

Cesse com o triste hábito de duelar e ofender e passe a perdoar e compreender.

Uma vida honrada é a melhor resposta a provocações.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base
no cap. XVII, do livro Jesus e vida, pelo
 Espírito Joanna de Angelis, psicografia
de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 12.02.2008.

O Duelo

O Duelo IV

"O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo XII, itens 15 e 16"

Estudo Espírita
Promovido pelo IRC-Espiritismo
http://www.irc-espiritismo.org.br
Centro Espírita Léon Denis
http://www.celd.org.br

Expositora: Lúcia Moreira
Rio de Janeiro
05/02/2003

Dirigente do Estudo:

Wania Flintz

Oração Inicial:

<Wania> Jesus amigo, companheiro nosso de todas as horas, mais uma vez rogamos ao Teu coração generoso, que nos ampare a tarefa da noite. Envolva a todos que aqui estão, pacificando nossos espíritos com Tuas vibrações de Paz e de Amor. Envolva a nossa companheira Lúcia que conduzirá o estudo da noite. Que seja em Teu nome , Senhor da Vida, em nome da espiritualidade amiga que nos orienta, mas sobretudo em nome de Deus, a realização de mais um momento de estudo e prece.

Que assim seja!

Mensagem Introdutória:

DUELOS

Realmente, a civilização baniu o duelo das praças públicas e não mais vemos espadas desembainhadas, suscitando aflição, ferimento e morte.

Os códigos evoluídos reprimem hoje, nos povos mais cultos, semelhantes manifestações de animalidade e selvageria.

Entretanto, se as lâminas repousam ensarilhadas, não ocorre o mesmo com os dardos envenenados da vida mental.

Muitas vezes, arremessamos raios de perturbação e indisciplina, angústia e destruição para todos os ângulos da estrada em que a nossa vida se movimenta. São os pensamentos desvairados do psiquismo deprimente.

Não raro, arrojamo-los, desprevenidos, contra o amigo que não nos compreende; endereçamo-los, sem piedade, para quantos nos desatendem ao egoísmo; enviamo-los aos parentes que não se afinam com as nossas maneiras e concepções; protejamo-los sobre aqueles com quem não edificamos ainda os alicerces da simpatia; detonamo-los contra as pessoas que não nos aceitam os padrões vivência e trabalho; e, nessa provocação permanente, perante as inteligências desiguais que nos cercam, improvisamos e permutamos males e enfermidades, problemas e obstáculos que, indubitavelmente, se voltam depois contra nós.

Em razão disso, a vida na Terra ainda se encontra muito distante do roteiro de harmonia e de amor que o céu espera de nossa conduta vulgar.

De quando a quando, guerras civis e internacionais são as crises nevrálgicas dos nossos duelos cronificados do pensamento intemperante e insubmisso.

Mas, assim como as convenções impuseram o repouso da espada entre amigos, na obra da civilização, o Evangelho consolidará o serviço legítimo da educação espiritual, em cuja grandeza aprendemos a ver circunstâncias e pessoas, no lugar que lhes compete, encontrando a verdadeira felicidade no dever de servir com aquele que, pelo reino do amor, não hesitou em aceitar o sacrifício e a cruz por normas de aquisição da paz inextinguível.

Emmanuel
Do Livro: Canais da Vida
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: CEU

Exposição:

<Lucia_Moreira> De onde provem o duelo?

Duellum - é a forma antiga de Bellum cujo significado é luta, guerra e disputa. Surgiu no auge da Inquisição (século XI, XII) e foi até meados do século vinte

A Igreja Católica no Concílio de trento proibiu a pratica do duelo sobre pena de excomunhão

O duelo era a luta entre um ofendido e um ofensor, com armas iguais (espada, florete e pistola), mas mesmo com essa proibição vários países da Europa, principalmente a Espanha, ainda continuaram um essa pratica.

No Evangelho Segundo Espiritismo, Kardec, estudando o Capítulo XII “Amai aos vossos inimigos”, dentre outros assuntos, dedicou cinco itens ao tema duelo. Interessante que dos cinco, quatro foram tratados por representantes da Igreja Católica: Adolf- Bispo de Argel, Francisco Xavier - Sacerdote, Agostinho, o próprio Kardec e um Espirito protetor.

Com o progresso e a evolução dos costumes, a sociedade aboliu a prática mecânica. Lembramos do comentário de Kardec, no item 16, “ O Espiritismo fará desaparecer os últimos vestígios do barbarismo, inspirando aos homens o espirito de caridade e de fraternidade.”

Sabemos que " oficialmente " não existe o duelo com espadas, floretes ou pistolas, mas sim, armas mais poderosas que são o ódio, o desamor, a violência e principalmente palavras, pensamentos e agressões.

O papel da Doutrina Espirita, tanto a moral espirita como a moral Cristã, é muito falada, mas pouco praticada. E moral quer dizer regra de bem proceder.

Bem proceder é você não se afastar das Leis de Deus.

Nas perguntas 758 e 759, do Livro dos Espíritos, Kardec indaga aos espíritos:

- Podemos considerar o duelo como um caso de legítima defesa?

- Não!!! É um assassinato e um costume absurdo, digno dos bárbaros. Com a civilização adiantada e mais moralizada, o homem compreenderá que o duelo é tão ridículo como os combates de juízos de Deus

O duelo é um duplo crime porque envolve suicídio e um assassinato. É um crime duplo.

Na pergunta 759 [ Livro dos Espíritos ] Kardec indaga :

- Que valor tem o que se chama ponto de honra, em matéria de duelo?

- Orgulho e vaidade, dupla chaga da humanidade.

Santo Agostinho, em sua mensagem, diz que o homem do mundo [ planeta Terra ], é um homem feliz. A nossa falta de coragem moral e de atitudes indefinidas estão destruindo nossa felicidade.

Existem duelos familiares entre: marido e mulher, pais e filhos, empregados e patrões, o povo e os políticos. Não conseguimos ter humildade de conviver com as adversidades e diversidades de pensamentos diferentes do nosso.

O Senhor Jesus certa vez falou:

- Quem não é por mim, é contra mim. Que o nosso falar seja sim sim, não não!!!

Duelos como amor X egoísmo e orgulho, fé e dúvida, coragem e medo, céu e inferno. Da vitória de um deles depende a nossa vitoria, para deixarmos de duelar temos que ter coragem de calar.

Coragem de falar, de ouvir, coragem de aceitar, coragem de dizer: me perdoe, me desculpe, eu não sei, eu te amo.

Existe uma lenda sobre a sabedoria do samurai. Os samurais eram lutadores no Japão, século XIX, que pertenciam a um príncipe. Eles só poderiam começar suas lutas quando o adversário ofendesse.

Um velho campeão samurai certa vez foi desafiado para uma luta. No dia da luta, diante da multidão, o desafiante ofendeu de todas as formas, a sua família, os seus ancestrais, mas o velho samurai não revidou

O povo que o assistiu perguntou: - Como o senhor suportou tanta indignidade e mostrou-se à tanta covardia?

O sábio olhou calmamente e perguntou: - Se alguém chega com um presente e você não aceita, com quem fica o presente?

Todos responderam:

- Com quem tentou entregá-lo.

Nada disso pode abalar a nossa paz quando não os aceitamos. A nossa paz interior depende de nós.

Sempre que alguém tentar lhe tirar do sério, lembre-se do samurai. Não existe ninguém que possa perturbar a sua paz , a sua consciência.

Jesus afirmou que só os lobos caem em armadilhas para lobos. Ghandi também quando visitou a Inglaterra, depois do massacre aos Indianos, o repórter lhe perguntou:

- O senhor não se sente ofendido com que os Ingleses fizeram ao povo indiano?

Gandhi lhe respondeu:

- Não, eles apenas pensam diferente.

Perguntas/Respostas:

[01] <_Adriana__> O que pensar do duelo moral, onde as pessoas destroem a outra moralmente?

<Lucia_Moreira> Adriana, ninguém consegue nos destruir moralmente. Se formos caluniados, difamados com inverdades, a nossa consciência estará sempre tranqüila. Existe um ditado que diz " A mentira tem perna curta.” Mais cedo ou mais tarde a verdade aparecera. Não devemos por "pesos" demasiados naquilo que não merece nem "pesinho" de uma pena. O importante é nossa consciência tranqüila.

Oração Final:

<Wania> Senhor Jesus! Te agradecemos pela oportunidade que nos é concedida, de podermos estudar a Doutrina Espírita, através deste meio de comunicação. Que a Tua paz nos envolva, que o Teu amor nos fortaleça, que a Tua luz ilumine os nossos caminhos, permitindo-nos pensar sobre os conceitos que nos foram trazidos pela companheira. Abençoe a todos que aqui estão, e aos amigos, que por diversas razões, não conseguiram chegar. Que seja em Teu nome, em nome de Cairbar Schutel, Gabriel Delane, mas sobretudo em nome de Deus, o encerramento da tarefa desta noite.

Que assim seja!