Estudando o Espiritismo

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quinta-feira, 21 de julho de 2016

Nós e Cesar – O real valor das coisas

Nós e Cesar – O real valor das coisas



“E Jesus, respondendo, disse-lhes: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” — (MARCOS, CAPÍTULO 12, VERSÍCULO 17.)

Em todo lugar do mundo, o homem encontrará sempre, de acordo com os seus próprios merecimentos, a figura de César, simbolizada no governo estatal. Maus homens, sem dúvida, produzirão maus estadistas.

Coletividades ociosas e indiferentes receberão administrações desorganizadas. De qualquer modo, a influência de César cercará a criatura, reclamando-lhe a execução dos compromissos materiais. É imprescindível dar-lhe o que lhe pertence.

O aprendiz do Evangelho não deve invocar princípios religiosos ou idealismo individual para eximir-se dessas obrigações. Se há erros nas leis, lembremos a extensão de nossos débitos para com a Providência Divina e colaboremos com a governança humana, oferecendo-lhe o nosso concurso em trabalho e boa-vontade, conscientes de que desatenção ou revolta não nos resolvem os problemas.

Preferível é que o discípulo se sacrifique e sofra a demorar-se em atraso, ante as leis respeitáveis que o regem, transitoriamente, no plano físico, seja por indisciplina diante dos princípios estabelecidos ou por doentio entusiasmo que o tente a avançar demasiadamente na sua época. Há decretos iníquos? Recorda se já cooperaste com aqueles que te governam a paisagem material.
Vive em harmonia com os teus superiores e não te esqueças de que a melhor posição é a do equilíbrio. Se pretendes viver retamente, não dês a César o vinagre da crítica acerba. Ajuda-o com o teu trabalho eficiente, no sadio desejo de acertar, convicto de que ele e nós somos filhos do mesmo Deus.
Fonte: Item 102 do livro “Pão Nosso”, Emmanuel, psicografado por Chico Xavier.
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A figura dos líderes está presente em todos os povos e culturas. Um representante do povo surge do povo, mesmo se este fizer parte de algum tipo de grupo seleto, a aristocracia por exemplo, pois esta é sustentada por uma estrutura sócio-cultural baseada em algum tipo de dominação. Mesmo que esse modelo favoreça uma parcela pequena de sociedades e ainda entendendo que aristocracia está mais enfraquecida em nossa época, qualquer que seja o modelo de dominação é sustentado pela índole das coletividades humanas. Emmanuel reforça um conceito que parece óbvio: “Maus homens produzirão maus estadistas”.

No entanto esse conceito é um tanto mais complexo do que supomos. A negligência e a preguiça de um povo estarão expressas naquele governo. O suborno ofertado pelo motorista imprudente a um guarda de transito, como forma de escapar de multas pesadas, de certa forma gera o precedente para que o governante oportunista cobre comissões para a aprovação de obras de qualidade duvidosa, fechando o ciclo de causas e efeitos nocivos à sociedade.

Outro raciocínio apresentado por Emmanuel diz respeito à nossa necessidade de fazer parte da sociedade que escolhemos para viver. O César aqui referido está na mesma escola que nós. Da mesma forma que não podemos julgá-lo, também não podemos usar nossa denominação cristã para ignorar o tecido social, numa forma de fuga dos nossos compromissos sociais.

A moral dos espíritos recomenda a coerência de nossas ações, nos alertando para a importância da indulgência para com todos os nossos companheiros de jornada. O verdadeiro julgamento sobre os nossos atos cabe somente à nossa consciência, qualquer crítica nociva se mostra mais como desperdício de tempo do que qualquer outra coisa.

Os compromissos materiais reclamam nossa atenção da mesma forma que os compromissos espirituais. Faz parte da nossa coerência como espíritos em evolução respeitar cada momento de aprendizado. Ao assumirmos o compromisso na terra, somos presenteados com as tarefas que desejávamos quando estávamos em erraticidade.

Torna-se portanto incoerente rejeitar aquilo que tanto suplicamos. Viver em harmonia com nossos irmãos. Essa é a grande meta. A posição espírita é a do auxílio constante. Tornar a nossa vida melhor implica em criticar menos os enganos alheios e trabalhar muito mais, extirpando nossa negligência disfarçada de opinião e nossa ociosidade leviana.

Sejamos pois o exemplo do trabalho. Exemplo da ação que busca o aprimoramento constante das nossas atividades, sejam elas destinadas a um César moderno ou destinadas ao Deus de sempre. Que o nosso exemplo no bem possa contagiar outros, construindo assim uma efetiva transformação social.

E por fim, que a luz do exemplo maior de Jesus possa nos servir de orientação, lembrando que ele sempre buscou primeiro o trabalho digno e a ação transformadora na busca da unificação pelo amor.

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