Estudando o Espiritismo

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sexta-feira, 1 de julho de 2016

Bem-aventurados os aflitos?!

MARCELO SENEDA
marcelo.seneda@gmail.com
Londrina, PR (Brasil)

 
Bem-aventurados os aflitos?!


O capítulo V de O Evangelho segundo o Espiritismo requer nossa mais detalhada atenção. “Bem-aventurados os aflitos” pode, em um primeiro momento, causar estranheza, naqueles que não conhecem em profundidade este item do Sermão da Montanha.

Como pode haver alguma bem-aventurança em sofrer uma aflição? É a primeira pergunta a ser considerada.

Inicialmente, é importante notar que, sob o ponto de vista espiritual, antes padecer do que causar uma aflição. Menos crítico sofrer, do que causar sofrimento ao próximo. Se estamos em aflição, já nos colocamos no processo de reajustamento. Por outro lado, quando causamos sofrimento em alguém, estamos semeando os espinhos, os quais obrigatoriamente serão colhidos mais adiante...

Conforme esclarecido na obra de Kardec, o aspecto fundamental para entendermos a bem-aventurança aos aflitos é a compreensão sobre a vida espiritual. Ao projetarmos nosso olhar para a realidade imaterial, já vamos considerar com muito mais serenidade todos os nossos desafios, por já aceitarmos a condição transitória de qualquer que seja a razão do nosso sofrimento. Por outro lado, o materialista realmente tem motivos de sobra para se desesperar, porque o conceito de unicidade da existência é incapaz de trazer compreensão sobre os desafios mais críticos que nos afligem.

Continuando a ler o referido capítulo, nos deparamos com um aspecto muito esclarecedor: as causas das aflições. Kardec as divide em anteriores e atuais. Apesar de muitas vezes querermos remeter as causas de nossos problemas às vidas passadas, a leitura deste item nos mostra claramente: uma grande parte de nossas aflições tem causa na vida presente. Egoísmo, orgulho, impaciência, invigilância, indisciplina são algumas das falhas morais com resultados desastrosos para nossa paz e nossa felicidade. Uma análise isenta de nossos atos da vida presente pode nos mostrar que, se nossa conduta fosse realmente equilibrada, a maior parte de nossos dissabores sequer existiria!

Em relação àqueles desafios que verdadeiramente não podem ser explicados na vida atual, possivelmente, os mesmos apresentam suas causas em vidas passadas. Ainda aqui, podemos considerar a bem-aventurança da aflição, porque tratam-se de ajustes necessários para nossa jornada evolutiva. Considerando que a Justiça Divina se chama amor, os padecimentos pelos quais passamos representam uma parcela mínima dos males que causamos, apenas o necessário para nosso processo evolutivo.

Após considerarmos as causas, podemos refletir: qual o objetivo das aflições? Todos os nossos desafios são degraus de nossa jornada de ascensão. O sofrimento em si não é um fim, mas um meio, uma forma de aprendizado. Desta forma, sempre que visitados pela dor, devemos nos perguntar: “O que tenho a aprender com isto?”. “Qual o significado desta aflição?”. E nesse processo de autoanálise, temos chance de compreender que aquela dificuldade é portadora de mensagens importantes para nosso progresso moral. Vencendo a revolta, podemos analisar com imparcialidade nossa conduta e constatar quais modificações de comportamento nos são mais urgentes.

Utilizando o recurso da oração, vamos colher o bálsamo da paz. Praticando a caridade, vamos apaziguar nossas emoções. E, projetando nosso olhar para a vida futura, teremos condições de compreender o sentido profundo de: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados!”.

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