Estudando o Espiritismo

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domingo, 12 de junho de 2016

Pecado por pensamento - adultério

“Aprendestes que foi dito aos antigos: ‘Não cometereis adultério. Eu, porém, vosdigo que aquele que houver olhado uma mulher, com mau desejo para com ela, já em seu coração cometeu adultério com ela.’ (Mateus, 5:27 e 28.)

A palavra adultério não deve absolutamente ser entendida aqui no sentido exclusivo da acepção que lhe é própria, porém, num sentido mais geral. Muitas vezes Jesus a empregou por extensão, para designar o mal, o pecado, todo e qualquer pensamento mau, como, por exemplo, nesta passagem: “Porquanto se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, dentre esta raça adúltera e pecadora, o Filho do Homem também se envergonhará dele, quando vier acompanhado dos santos anjos, na glória de seu Pai.” (Marcos, 8:38.) A verdadeira pureza não está somente nos atos; está também no pensamento, porquanto aquele que tem puro o coração, nem sequer pensa no mal. Foi o que Jesus quis dizer: Ele condena o pecado, mesmo em pensamento, porque é sinal de impureza. Esse princípio suscita naturalmente a seguinte questão: Sofrem-se as consequências de um pensamento mau, embora nenhum efeito produza? Cumpre se faça aqui uma importante distinção. À medida que avança na vida espiritual, a alma que enveredou pelo mau caminho se esclarece e despoja pouco a pouco de suas imperfeições, conforme a maior ou menor boa vontade que demonstre, em virtude do seu livre-arbítrio. Todo pensamento mau resulta, pois, da imperfeição da alma; mas, de acordo com o desejo que alimenta de depurar-se, mesmo esse mau pensamento se lhe torna uma ocasião de adiantar-se, porque ela o repele com energia. É indício de esforço por apagar uma mancha. Não cederá, se se apresentar oportunidade de satisfazer a um mau desejo. Depois que haja resistido, sentir-se-á mais forte e contente com a sua vitória. Aquela que, ao contrário, não tomou boas resoluções procura ocasião de praticar o mau ato e, se não o leva a efeito, não é por virtude da sua vontade, mas por falta de ensejo. É, pois, tão culpada quanto o seria se o cometesse. Em resumo, naquele que nem sequer concebe a ideia do mal, já há progresso realizado; naquele a quem essa ideia acode, mas que a repele, há progresso em vias de realizar-se; naquele, finalmente, que pensa no mal e nesse pensamento se compraz, o mal ainda existe na plenitude da sua força. Num, o trabalho está feito; no outro, está por fazer-se. Deus, que é justo, leva em conta todas essas gradações na responsabilidade dos atos e dos pensamentos do homem.” (EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, CAP. VII, ITENS 5-7)
O desenvolvimento da física quântica trouxe ainda mais luz modernamente sobre os preceitos ensinados pelos espíritos quando da codificação coordenada por Kardec, particularmente acerca destes parágrafos contidos no capítulo oitavo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que toca a potencia do pensamento humano. Tudo aquilo que pensamos, plasmamos para nossa realidade. Ou seja, as ondas vibracionais dos nossos pensamentos interferem diretamente na nossa realidade e agem no ambiente à nossa volta muito mais do que podemos supor. A incisiva recomendação do Cristo para que vigiemos e oremos incessantemente diz respeito objetivamente a essa necessidade de educar os nossos pensamentos para o bem, para tudo o que é edificante e salutar. Desse esforço diuturno em disciplinar o nosso pensar e, por consequência, nosso agir no planeta, é que resulta uma verdadeira reforma íntima, a saber, aquela que proporcionará a profunda transformação moral, objeto último da nossa passagem pela vida física, razão pela qual suplicamos a oportunidade do reencarne. Diferentes estágios de condição moral nos são apresentados nesta linda página de O Evangelho. Primeiro aquele do espírito que sequer tem seu caminho atravessado por um pensamento inferior. Nesse, o caminho da perfeição já está adiantado e o esforço por manter-se elevado é bem menor. O segundo exemplo é daquele espírito ainda assaltado por pensamentos de maldade, mas que já se encontra capaz de não ceder a eles, repelindo-o conscientemente. Esse certamente já aprendeu por sofridas experiências vividas, que deixar-se aliciar pelo desejo torto certamente lhe trará consequências amargas. Por último, o Evangelho nos retrata aqueles que ainda somos frequentemente arrastados por pensamentos de ordem inferior e que, afundados em equívocos terríveis, colaboramos para a permanência do mal sobre a face da Terra. Esses, que infelizmente ainda somos a maioria neste planeta de provas e expiações, ainda patinamos no lamaçal da nossa inferioridade moral, dando largas às nossas paixões inferiores, atados ao egoísmo e ao orgulho, nossas chagas desde muitas encarnações. Portanto, se ansiamos verdadeiramente pelo progresso do orbe, quando o bem reinará num mundo de regeneração, cumpre-nos a árdua tarefa da reforma íntima, começando por renunciar aos pensamentos e desejos inferiores, fugindo assim do mal, criando cada vez mais ao nosso redor ocasiões de praticar o bem. Importa, antes de qualquer coisa, sabermos que a misericórdia de Deus a todos assiste e seu amor infinito a todos ampara. De modo que nenhum de nós ficará alijado das oportunidades de transformação e o progresso atingirá a todos. Uns mais cedo e com menos esforço – conforme tenham se empenhado – outros mediante lutas mais sofridas, conforme mais se tenham entregado aos desmandos do egoísmo. Consolador também é saber que, de acordo com o mesmo Evangelho, cada um só sofrerá as punições que mereça, nem mais nem menos. Porque não são punições, na verdade. São colheitas, isso sim, rigorosamente justas e proporcionais ao que tenhamos plantado. Cultivemos, pois, bons hábitos de leituras, de boas conversações, da assistência de bons programas na TV, da busca de bons conteúdos na internet. Corramos atrás das oportunidades da prática do bem nas nossas instituições espíritas ou igrejas ou centros de convivência comunitária e até mesmo – e principalmente – na família. Esses hábitos encherão nossa encarnação de bons pensamentos, que nos arrastarão a ainda mais elevados desejos, não sobrando espaço algum para o surgimento de uma brecha de inferioridade. Ou, quando surgirem tais brechas, estaremos aptos a rechaça-las imediatamente, ocupados que estaremos no trabalho do bem. É certo que concordaremos num ponto: difícil é manter tal estado de elevação enquanto habitamos um planeta de provas e expiações. As tentações e ilusões são avassaladoras e muito numerosas. A todo o momento somos bombardeados por apelos fortíssimos que vêm de encontro direto às nossas tendências mais inferiores, nossas paixões mais vis. Sem falar que há um aparente conforto dos maus do mundo que nos faz questionar, em determinados momentos, se vale mesmo a pena viver renunciando ao mal para viver uma existência aparentemente menos interessante do que a daqueles que desfrutam prazeres, poder e dinheiro ganhos ilicitamente. A resposta mais adequada a todos os que nos proclamamos discípulos do mestre Jesus é aquela que saiu mesmo de seus lábios: “No mundo só tereis tribulações. Mas tende coragem, porque eu venci o mundo”.

Ronaldo Pereira da Silva

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