Estudando o Espiritismo

Observe os links ao lado. Eles podem ter artigos com o mesmo tema que você está pesquisando.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Autoperdão - Hammed

Capítulo 10, item 15

       “Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo...
       “... porque se sois duros, exigentes, inflexí­veis, se tendes rigor mesmo por uma ofensa leve, como quereis que Deus esqueça que, cada dia, tendes maior necessidade de indulgência?... “
(Capítulo 10, item 15.)

       Nossas reações perante a vida não acontecem em função apenas dos estímulos ou dos acontecimentos exteriores, mas tam­bém e sobretudo de como percebemos e julgamos interiormente es­ses mesmos estímulos e acontecimentos. Em verdade, captamos a realidade dos fatos com nossas mais íntimas percepções, desenca­deando, conseqüentemente, peculiares emoções, que serão as bases de nossas condutas e reações comportamentais no futuro.
       Portanto, nossa forma de avaliar e de reagir e, as atitudes que tomamos em relação aos outros, conceituando-os como bons ou maus, é determinada por um sistema de autocensura que se encontra estruturado em nossos “níveis de consciência” mais profundos.
       Toda e qualquer postura que assumimos na vida se prende à maneira de como olhamos o mundo fora e dentro de nós, a qual pode nos levar a uma sensação íntima de realização ou de frustra­ção, de contentamento ou de culpa, de perdão ou de punição, de acordo com o “código moral” modelado na intimidade de nosso psiquismo.
       Esse ‘julgador interno” foi formado sobre as bases de con­ceitos que acumulamos nos tempos passados das vidas incontáveis, também com os pais atuais, com os ensinamentos de professores, com líderes religiosos, com o médico da família, com as autorida­des políticas de expressão, com a sociedade enfim.
Também, de forma sutil e quase inconsciente, no contato com informações, ordens, histórias, superstições, preconceitos e tradições assimilados dos adultos com quem convivemos em longos períodos de nossa vida. Portanto, ele, o julgador interno, nem sempre condiz com a realidade perfeita das coisas.
Essa “consciência crítica”, que julga e cataloga nossos fei­tos, autocensurando ou auto-aprovando, influencia a criatura a agir do mesmo modo que os adultos agiram sobre ela quando criança, punindo-a, quando não se comportava da maneira como aprendeu a ser justa e correta; ou dando toda uma sensação de aprovação e reconforto, quando ela agia dentro das propostas que assimilou como sendo certas e decentes.
A gênese do não-perdão a si mesmo está baseada no tipo de informações e mensagens que acumulamos através das diversas fases de evolução de nossa existência de almas imortais.
Podemos experimentar culpa e condenação, perdão e liber­dade de acordo com os nossos valores, crenças, normas e regras, vigentes, podendo variar de indivíduo para indivíduo, conforme seu país, sexo, raça, classe social, formação familiar e fé religiosa. Entendemos assim que, para atingir o autoperdão, é necessário que reexaminemos nossas convicções profundas sobre a natureza do nosso próprio ser, estudando as leis da Vida Superior, bem como as raízes da educação que recebemos na infância, nesta existência.
Uma das grandes fontes de auto-agressão vem da busca apressada de perfeição absoluta, como se todos devêssemos ser deuses ou deusas de um momento para outro. Aliás, a exigência de perfeição é considerada a pior inimiga da criatura, pois a leva a uma constante hostilidade contra si mesma, exigindo-lhe capacidades e habilidades que ela ainda não possui.
Se padrões muito severos de censura foram estabelecidos por pais perfeccionistas à criança, ou se lhe foi imposto um senso de justiça implacável, entre regulamentos disciplinadores e rígidos, provavelmente ela se tornará um adulto inflexível e irredutível para com os outros e para consigo mesmo.
Quando sempre esperamos perfeição em tudo e confron­tamos o lado “inadequado” de nossa natureza humana, nos sentire­nos fatalmente diminuídos e envolvidos por uma aura de fracasso. Não tomar consciência de nossas limitações é como se admitíssemos que os outros e nós mesmos devêssemos ser oniscientes e todo-poderosos. Afirmam as pessoas: “Recrimino-me por ter sido tão ingênuo naquela situação...”; “Tenho raiva de mim mesmo por ter aceitado tão facilmente aquelas mentiras...” “Deveria ter previsto estes problemas atuais”; “Não consigo perdoar-me, pois pensei que ele mudaria...”. São maneiras de expressarmos nossa culpa e o não-perdão a nós mesmos - exigências desmedidas atribuídas às pessoas perfeccionistas.
Os viciados em perfeição acham que podem fazer tudo sem­pre melhore, portanto, rejeitam quase tudo o que os outros fazem ou fizeram. Não aceitam suas limitações e não enxergam a “perfeição em potencial” que existe dentro deles mesmos, perdendo assim a oportunidade de crescimento pessoal e de desenvolvimento natu­ral, gradativo e constante, que é a técnica das leis do Universo.
A desestima a nós próprios nasce quando não nos aceita­mos como somos. Somente a auto-aceitação nos leva a sentir plena segurança ante os fatos e ocorrências do cotidiano, ainda que os indivíduos ao nosso redor não entendam nossas melhores intenções.
O perdão concede a paz de espírito, mas essa concessão nos escapará da alma se estivermos presos ao desejo de dirigir os passos de alguém, não respeitando o seu propósito de viver.
Devemos compreender que cada um de nós está cumprin­do um destino só seu, e que as atividades e modos das outras pes­soas ajustam-se somente a elas mesmas. Estabelecer padrões de comportamento e modelos idealizados para os nossos semelhantes é puro desrespeito e incompreensão ante o mecanismo da evolu­ção espiritual. Admitir e aceitar os outros como eles são nos permite que eles nos admitam e nos aceitem como somos.
Perdoar-nos resulta no amor a nós mesmos - o pré-requisito para alcançarmos a plenitude do “bem viver”.
Perdoar-nos é não importar-nos com o que fomos, pois a renovação está no instante presente; o que importa é como so­mos hoje e qual é nossa determinação de buscar nosso progresso espiritual.
Perdoar-nos é conviver com a mais nítida realidade, não se distraindo com ilusões de que os outros e nós mesmos “deveríamos ser” algo que imaginamos ou fantasiamos.
Perdoar-nos é compreender que os que nos cercam são reflexos de nós mesmos, criações nossas que materializamos com nossos pensamentos e convicções íntimas.
O texto em estudo - “Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo” - quer dizer: enquanto não nos libertarmos da ne­cessidade de castigar e punir o próximo, não estaremos recebendo a dádiva da compreensão para o autoperdão.
Adaptando o excerto do apóstolo Paulo às nossas vidas, perguntamo-nos: “...porque se sois duros, exigentes, inflexíveis, se tendes rigor mesmo por uma ofensa leve...”, como haveremos de criar oportunidades novas para que o “Divino Processo da Vida” nos fecunde a alma com a plenitude do Amor e, assim, possamos perdoar-nos?



Renovando Atitudes
Espírito - Hammed
Médium -  Francisco do Espirito Santos

Nenhum comentário:

Postar um comentário