Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Necessário e supérfluo

Necessário e supérfluo

715. Como pode o homem conhecer o limite do necessário?

“Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa.”

716. Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite das nossas necessidades?

“Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais.”

717.  Que se há de pensar dos que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário?

“Olvidam a lei de Deus e terão que responder pela privações que houverem causado aos outros.”

Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo. A Civilização criou necessidades que o selvagem desconhece e os Espíritos que ditaram os preceitos acima não pretendem que o homem civilizado deva viver como o selvagem. Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas. A Civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. Os que vivem à custa das privações dos outros exploram, em seu proveito, os benefícios da Civilização. Desta têm apenas o verniz, como muitos há que da religião só têm a máscara.

Resumo

O homem ponderado conhece o limite do necessário por intuição, mas muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa. Sendo insaciável, os vícios lhe alteram a constituição e criam necessidades que não são reais. Os que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário, olvidam a lei de Deus e terão que responder pelas privações que houverem causado aos outros.

Comentários

Grande parte dos sofrimentos que experimentamos advém não da falta do necessário, mas porque nos lamentamos de não possuir o supérfluo. Compreender a diferença entre o que é necessário e o que é supérfluo não é matéria exclusiva dos compêndios espíritas. Leiam a respeito algumas citações de autorias variadas:

“Compra não o que consideras oportuno, mas o que te falta; o supérfluo é caro, mesmo que custe apenas um soldo.” (Catão, Citado em Sêneca, Cartas a Lucílio)

“A utilidade mede a necessidade: e como avalias o supérfluo?” (Sêneca)

“Os bens supérfluos tornam a vida supérflua.” (Píer Pasolini, Scritti Corsari)

“Sabei escusar o supérfluo, e não vos faltará o necessário.” (Marquês de Maricá, Máximas)

“Todo o Mal Provém não da Privação, mas do Supérfluo.” (Fernando Namora)

“A economia significa o poder de repelir o supérfluo no presente, com o fim de assegurar um bem futuro e sobre este aspecto representa o domínio da razão sobre o instinto animal.” (Thomas Atkinson)

“O supérfluo, com o tempo, torna-se numa coisa muito necessária.” (George Buffon)

“A lei seca da arte é esta: 'Ne quid nimis', nada além do necessário. Tudo o que é supérfluo, tudo aquilo que podemos suprimir sem alterar a essência é contrário à existência da beleza.” (Ortega y Gasset)

“A sabedoria da natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil.” (Copérnico)

Voltando ao aspecto espírita de nosso estudo, acrescentamos dois textos de Emmanuel a respeito do necessário e do supérfluo:

Supérfluo

Por toda parte na Terra, vemos o fantasma do supérfluo enterrando a alma do homem no sepulcro da provação.

Supérfluo de posses estendendo a ambição…

Supérfluo de dinheiro gerando intranqüilidade…

Supérfluo de preocupações imaginárias abafando a harmonia…

Supérfluo de indagações empanando a fé…

Supérfluo de convenções expulsando a caridade…

Supérfluo de palavras destruindo o tempo…

Supérfluo de conflitos mentais determinando o desequilíbrio…

Supérfluo de alimentação aniquilando a saúde…

Supérfluo de reclamações arrasando o trabalho…

No  entanto,  se  o  homem  vivesse  de  acordo  com  as  próprias  necessidades, sem exigir o que ainda não merece, sem esperar o que não  lhe cabe, sem  perguntar  fora  do  propósito  e  sem  reprovar  nos  outros  aquilo  que  ainda  não retificou em si mesmo, decerto a existência na Terra estaria exonerada da  grande  maioria  dos  tributos  que  aí  se  pagam  quase  diariamente  à perturbação.

  Se procuras no Cristo o mentor de cada dia, soma as  tuas possibilidades no bem,  subtrai  as  próprias  deficiências,  multiplica  os  valores  do  próprio serviço e divide o amor para  com  todos,  a  fim de que os que  te  cercam aprendam com a vida o que convém realmente à própria segurança.

O  problema  da  felicidade  não  está  em  sermos  possuídos  pelas  posses humanas, quaisquer que elas  sejam, mas em possuí-las, com prudência e serenidade, usando-as no bem para os  semelhantes, que  resultará  sempre em nosso próprio benefício.

Alija o supérfluo de teu caminho e acomoda-te com o necessário à tua paz. Somente  assim  encontrarás  em  ti mesmo  o  espaço mental  indispensável  à comunhão clara e simples com o nosso Divino Mestre e Senhor. (Do livro Plantão da Paz, Cap. 12, psicografia de Francisco Cândido Xavier)

No bem de todos

“Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes, porque ele disse: não te deixarei, nem te desampararei.” — PAULO (Hebreus, 13.5).

Encarna-se  e  reencarna-se  o  Espírito  na  Terra,  a  fim  de  aperfeiçoar-se  no rumo das Estâncias Superiores do Universo.

Não  te  encarceres,  assim,  nos  tormentos do  supérfluo que  a  avareza  retém, como  sendo  recurso  indispensável  à  vida,  na  cegueira  com  que  inventa fantasiosas necessidades.

O dono do pomar não comerá dos  frutos  senão a quota compatível com os recursos do estômago.

O atacadista de algodão vestirá uma camisa de cada vez.

Entretanto,  o  cultivador  e  o  negociante  serão  abençoados  nos  Céus  se libertam os valores que administram, em louvor do trabalho que dignifica, da  educação  que  eleva,  da  beneficência  que  restaura  ou  da  fraternidade que sublima.

Atendamos  aos  deveres  que  as  circunstâncias  nos  atribuem,  acalentando ideais  de melhoria, mas  aprendamos  a  contentar-nos  com  o  que  temos, sem  ambicionar  o  que  não  possuímos,  em  matéria  de  aquisições passageiras,  a  fim  de  conquistarmos,  sem  atritos  desnecessários,  os talentos que nos faltam.

Ainda não se viu homem no mundo, cercado de tesouros infrutíferos, que se livrasse,  tão-somente  por  isso,  das  leis  que  regem  o  sofrimento  e  a enfermidade, a velhice e a morte.

Respeitemos os princípios divinos do bem para todos.

Confiemos, trabalhando.

Caminhemos, servindo.

“Não te deixarei, nem te desampararei”— disse-nos o Senhor.

Sim,  o  Senhor  jamais  nos  deixará,  nem  nos  desamparará,  mas,  se  não queremos  experiências  dolorosas,  espera  naturalmente  que  não  nos releguemos à ilusão, nem lhe desprezemos a companhia. (Do livro Palavras de vida eterna, cap. 142, psicografia de Francisco Cândido Xavier)

Aos que quiserem aprofundar um pouco mais sobre esse assunto:

SOUZA, Juvanir Borges de. Tempo de transição. 3 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. 5 (Necessário e supérfluo), p. 50.

XAVIER, Francisco Cândido & VIEIRA, Waldo. O espírito da verdade. Por diversos Espíritos. 14. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap. 1 (Problemas do mundo - mensagem do Espírito Bezerra de Menezes), p. 15-16.

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