Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 7 de outubro de 2014

Ciúme e inveja

Ciúme e inveja

Orson Peter Carrara

Sentimentos contrariam adesão aos princípios morais

Recordando Allan Kardec

Esses dois sentimentos são destruidores da paz que se deve buscar para a harmonia da convivência. Apegos, medos e especialmente a insegurança pessoal, aliados ao egoísmo são seus geradores. Além da presença nos lares, nos relacionamentos, eles também comparecem com toda força nas instituições inspiradas pelo Espiritismo, pois que provenientes da imperfeição do caráter humano, ainda necessitado de correções morais. Como destaca Allan Kardec em O Livro dos Médiuns1, item 336, referindo-se aos inimigos do Espiritismo, “(...) os mais perigosos não são os que o atacam abertamente, mas os que agem nas sombras; estes, o acariciam com uma mão e o difamam com a outra. (...) graças aos surdos enredos que passam desapercebidos, semeiam a dúvida, a desconfiança e a desafeição; sob a aparência de um hipócrita interesse pela coisa, criticam tudo, formam conciliábulos e rodas que cedo rompem a harmonia do conjunto (...) Esse estado de coisas, deplorável em todas as sociedades, o é mais ainda nas sociedades espíritas, porque se não levam a uma ruptura, causa uma preocupação incompatível com o recolhimento e a atenção”.

São severos inimigos da boa convivência. Filhos do orgulho, comparecem na seara doutrinária do Espiritismo com os sintomas da animosidade crônica. Diríamos que como uma estranha rivalidade com alguém ou um fechamento intencional do afeto, que coagula as emoções na frieza disfarçada. Tais sentimentos não aceitam a felicidade, o êxito alheio ou perfis psicológicos diferentes dos quesitos pessoais do próprio invejoso ou ciumento. E formam os sutis detetives da conduta alheia. Na verdade significam apego e apropriação de espaços de trabalho, em cargos ou atividades, e mesmo ainda em autênticas disputas mentais que o invejoso trava entre si e aquele que julga como oponente, em razão muitas vezes, da desenvoltura do imaginário adversário.

A Revista Espírita2 traz abordagens sobre tais temas. O Espírito São Luiz abordou a questão da inveja, respondendo a um questionamento: “(...) seu Espírito está inquieto, sua felicidade terrestre está no auge; ele inveja o ouro, o luxo, a felicidade aparente ou fictícia de seu semelhante; seu coração está destroçado, sua alma surdamente consumida por essa luta incessante do orgulho, da vaidade não satisfeita; ele carrega consigo, em todos os instantes de sua miserável existência, uma serpente que ele reaquece, que lhe sugere, sem cessar, os mais fatais pensamentos: ‘Terei essa volúpia, essa felicidade?’ (...) E se debate sob sua impotência, vítima dos horríveis suplícios da inveja. (...)” E conclui: “(...) Fazei vossa felicidade e vosso verdadeiro tesouro sobre a Terra as obras de caridade e de submissão, as únicas que devem contribuir para serdes admitidos no seio de Deus; essas obras do bem farão vossa alegria e vossa felicidade eternas; a inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do vosso globo; a caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males (...)”

A outra referência, sobre o ciúme2, está assinado por O Espírito protetor do médium e trata-se de mensagem recebida na presença do Codificador. Pondera o autor: “(...) O ciúme é o companheiro do orgulho e da inveja; ele vos leva a desejar tudo o que os outros possuem, sem vos dar conta se, invejando a sua posição, não pedis senão que se vos faça presente uma víbora que aquecereis em vosso seio. (...)” Claro que esse comentário pode ser estendido a todas as demais conquistas daquele que sofre a ação do ciúme e não se circunscreve aos patrimônios materiais.

Em ambos os casos, porém, a clara indicação do aprimoramento interior no combate a esses sentimentos, frutos do orgulho. Ambos são tolos e causam enorme perda de tempo, tranqüilidade e progresso. E já que a finalidade da presença do Espiritismo no planeta é a melhora moral dos seres humanos, iniciemos desde já uma análise interior para avaliar a presença desses indesejáveis sentimentos e seu expurgo, mesmo que a longo prazo, para que possamos desfrutar da incomparável experiência de viver buscando o progresso que a vida destina a todos nós.

129a edição IDE, novembro de 1993, tradução de Salvador Gentille.

2Em Julho de 1858 sobre A inveja e Outubro de 1861, sobre O ciúme. Edições do IDE, respectivamente páginas 177/178 e 315, tradução de Salvador Gentille.

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