Estudando o Espiritismo

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domingo, 7 de setembro de 2014

Com flexibilidade, sem submissão


Escrito por Jayme Lobato

Mário, Frederico, Rosa e Miriam participam ativamente de um grupo de estudos no centro espírita. Na reunião em que iriam discutir a fraternidade, após as medidas iniciais, de praxe, fala Rosa:
- No meu entender, meus companheiros, a pretexto de sermos fraternos, estamos deixando de ser sinceros, de conversar claramente com os companheiros do nosso próprio meio espírita.
- Concordo com você, Rosa! - fala Mário. Falta transparência no relacionamento com os companheiros, o que, de certa forma, complica muito o ambiente no Centro!
Miriam, então, argumenta:
- É isso mesmo! A espontaneidade é condição substancial para que um ambiente se torne fraterno e solidário.
- A espontaneidade exercida com educação, Míriam! - propõe Mário. Porque, muitas vezes, a espontaneidade é ferina, provocadora!
- Quando não é substituída por uma superficialidade no trato, por um artificialismo, que muitos chamam de fraternidade! - observa Miriam.
Rosa, então, questiona:
- Mas, Miriam, fraternidade construída em cima de artificialismo, seria realmente fraternidade?
- Dada a sua importância - entende Mário, devemos ainda conversar muito sobre esse assunto! Ele é de real valia para o nosso crescimento individual e para o desenvolvimento de um ambiente o mais sadio possível no Centro.
Frederico, até então quieto, entra na conversa.
- Às vezes, meus irmãos, chego a pensar que, nós espíritas, queremos criar uma nova moral, apesar de os Espíritos Benfeitores terem afirmado categoricamente que a moral espírita é a moral cristã.
- Mas, por que você diz isso, Frederico? - pergunta Miriam.
- Míriam, Jesus disse: seja o seu falar sim, sim - não, não. No nosso meio, quem assim procede, mesmo em termos de notória civilidade, é tido como "persona non grata" e, por alguns, é, em muitas ocasiões, chamado de obsidiado!
E Rosa intervém:
- Quem será realmente o obsidiado, pergunto eu? Aquele que aceita tudo, sem avaliação, numa atitude de total passividade, ou aquele que argumenta, e é até capaz de chamar o outro para conversar, visando dirimir dúvidas surgidas num possível desentendimento?
- Segundo Mateus, Cap. 18, v. 15, Jesus recomendou: "Se teu irmão cometer alguma falta contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele só" - lembra Frederico.
- Taí, Frederico - fala Miriam - essa postura ensinada por Jesus é realmente muito diferente da que normalmente se adota no meio.
- É por isso que eu falo da nova moral que nós estamos criando, quando a própria Doutrina Espírita, em nenhum momento, propõe posturas dúbias, acovardadas.
- Jesus, aliás, meus amigos - enfatiza Rosa - demonstrou muita coragem o tempo todo que esteve aqui na Terra. O Mestre, em nenhum momento, ficou em cima do muro.
E Rosa continua:
- Precisamos mudar esse comportamento equivocado, aqui mesmo em nossa casa espírita! Devemos, a meu ver, discutir nossas próprias divergências, sem paixão.
- Eu acho que é perda de tempo ficarmos discutindo essas coisas. Devemos procurar passar por cima das divergências. Amanhã será outro dia! - propõe Miriam.
- Esse é o problema, Míriam! Estamos sempre a passar por cima das coisas, sem nenhuma disposição de encarar a situação, o que seria benéfico para a existência de uma comunidade espírita mais saudável, mais cristã, sem formalismo, sem farisaísmo. Aí, a fraternidade não seria uma utopia.
- Acho válido o pensamento do Frederico. Comecemos por nossa casa espírita. Continuemos, pois, debatendo esse assunto, para nosso aprimoramento - é a proposta de Mário, que, ainda, acrescenta:
- Voltando à questão da espontaneidade, penso que uma visão estreita da proposta espírita faz com que resvalemos na questão da superioridade religiosa. Passamos a adotar um comportamento estereotipado de "bonzinho", que, no meu entendimento, desfigura a real condição de ser bom e cria a falta de transparência que já foi mencionada.
Míriam dilata o assunto:
- Pensando bem, Mário, acho que você está certo! Em muitas ocasiões nos consideramos pessoas boas, nossos julgamentos os mais justos, nossos conceitos os mais corretos. Contudo, a bondade é resultante do progresso moral realizado pelo ser. Não se forja um estado de bondade. Ninguém passa a ser bom da noite pro dia.
- Essa sua visão, Míriam, é interessante! Passamos, até inconscientemente, a nos comportar como se pertencêssemos a uma elite religiosa, a ditar regras e posturas para os outros - observa Frederico, que acrescenta:
- Essa pretensão, aliada à falta de verdadeiro conhecimento básico espírita, cria uma certa insegurança e faz com que nos aflijamos com as diferenças. Precisamos entender que podemos divergir sim, mas com educação, sem brigar, sem querer impor nosso modo de pensar!
- No entanto, Frederico - assegura Rosa, uma certa flexibilidade é também necessária, para que a nossa palavra não se torne impositiva, ferina e, ao invés de ajudar, crie mais confusão.
Mário, preocupado, adverte:
- Mas, Rosa, essa flexibilidade não pode ser confundida com submissão a certo tipo de comportamento copiado dos outros e que não corresponda a nossa própria realidade!
- Também penso assim! - fala Frederico. O assunto ainda merecerá de nós muita reflexão. Que estejamos dispostos a apreciar temas como este de forma clara, objetiva, sem pretensões de santi-dade!
Os outros, em coro, concordam:
- Tá certo, Fred!

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