Estudando o Espiritismo

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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Justificativas do esquecimento do passado

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
Curitiba, Paraná (Brasil)


Justificativas do esquecimento do passado


Apresentamos nesta edição o tema no 83 do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que está sendo aqui apresentado semanalmente, de acordo com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em seis módulos e 147 temas.

Se o leitor utilizar este programa para estudo em grupo, sugerimos que as questões propostas sejam debatidas livremente antes da leitura do texto que a elas se segue.

Se destinado somente a uso por parte do leitor, pedimos que o interessado tente inicialmente responder às questões e só depois leia o texto referido. As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto abaixo.

Questões para debate

1. Se o homem viveu antes, por que não se lembra de suas existências anteriores?

2. Se não se lembra das existências passadas, como pode aproveitar a experiência adquirida nelas?

3. Se não recorda o que fez ou o que aprendeu no passado, cada existência não seria para ele qual se fosse a primeira? Não estaria ele, desse modo, sempre a recomeçar?

4. A reminiscência das existências anteriores perturbaria ou melhoraria as relações sociais?

5. Existem razões de ordem científica para que o Espírito, ao reencarnar-se, esqueça o seu passado?

Texto para leitura

Nossas tendências instintivas são uma reminiscência do passado
1. O esquecimento do passado, que é considerado a mais séria objeção oposta à lei de reencarnação, dá ensejo aos seus antagonistas de proporem indagações como estas:

·                 Se o homem viveu antes, por que não se lembra de suas existências anteriores?

·                 Se não se lembra das existências passadas, como pode aproveitar a experiência adquirida nelas?

·                 Se não recorda o que fez ou o que aprendeu no passado, cada existência não seria para ele qual se fosse a primeira? Não estaria ele, desse modo, sempre a recomeçar?

2. Allan Kardec dá-nos em “O Livro dos Espíritos”, em linguagem clara e concludente, uma explicação lógica e uma resposta convincente às referidas indagações.

3. Não temos durante a existência corpórea, reconhece Kardec, lembrança exata do que fomos e do que fizemos nas anteriores existências, mas possuímos disso a intuição, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do passado. Não fossem a nossa consciência e a vontade que experimentamos de não reincidir nas faltas já cometidas, seria difícil resistir a tais pendores.

4. A aptidão para essa ou aquela profissão, a maior ou menor facilidade nessa ou naquela disciplina, as inclinações interiores – eis elementos que não teriam justificativa se não existisse a reencarnação. Com efeito, se a alma fosse realmente criada junto com o corpo da criança, as pessoas deveriam revelar igual talento e idênticas predileções, mas não é isso que vemos. Os que têm filhos sabem muito bem quão diferentes eles são, conquanto criados no mesmo ambiente e recebendo os mesmos estímulos.

O esquecimento do passado atesta a bondade do Criador

5. No esquecimento das existências anteriores, sobretudo quando foram amarguradas, há efetivamente algo de providencial e que atesta a bondade e a sabedoria do Criador. Tal como se dá com os sentenciados a longas penas, todos nós desejamos apagar da memória os delitos cometidos e felizes ficamos quando a sociedade não os conhece ou os relega ao esquecimento.

6. A razão desse desejo é fácil de explicar. Freqüentemente – ensina o Espiritismo – renascemos no mesmo meio em que já vivemos e estabelecemos de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes tenhamos feito. Se reconhecêssemos nelas criaturas a quem odiamos, talvez o ódio despertasse outra vez em nosso íntimo, e ainda que tal não ocorresse, sentir-nos-íamos humilhados na presença daquelas a quem houvéssemos prejudicado ou ofendido.

7. É preciso ter em conta ainda um outro dado: o esquecimento do passado ocorre apenas durante a existência corpórea. Volvendo à vida espiritual, mesmo que não recobremos de imediato a lembrança das existências passadas, readquirimos informações suficientes que nos situem perante as pessoas do nosso círculo. Não existe, portanto, esquecimento, mas tão-somente uma interrupção temporária das nossas recordações. Livres da reminiscência de um passado certamente importuno, podemos viver com mais liberdade, como se déssemos início a uma nova história.

8. Suponhamos ainda que, em nossas relações, em nossa família mesma, se encontre um indivíduo que nos deu, outrora, motivos reais de queixa, que talvez nos tenha arruinado ou desonrado, e que, arrependido, reencarnou-se em nosso meio, a fim de reparar suas faltas. Se nós e ele lembrássemos as peripécias do passado, ficaríamos na mais embaraçosa posição, que em nada contribuiria para a renovação das atitudes.

9. Basta essa ordem de raciocínios para entendermos que a reminiscência das existências anteriores perturbaria as relações sociais e constituiria um tropeço real à marcha do progresso.

Há razões de ordem científica que explicam o esquecimento do passado

10. Léon Denis e Gabriel Delanne dão-nos as razões de ordem científica pelas quais as lembranças do passado não podem ocorrer ao se dar a nova encarnação do Espírito.

11. Segundo Denis, em conseqüência da diminuição do seu estado vibratório, o Espírito, cada vez que toma posse de um corpo novo, de um cérebro virgem, acha-se na impossibilidade de exprimir as recordações acumuladas em suas vidas precedentes.

12. Delanne esclarece que o perispírito toma, ao encarnar, um movimento vibratório bastante fraco para que o mínimo de intensidade necessário à renovação de suas lembranças possa ser atingido.

13. Podemos, pois, concluir em poucas linhas:

·                 O esquecimento do passado e, por conseguinte, das faltas cometidas não lhes atenua as conseqüências.

·                 O conhecimento delas seria, porém, um fardo insuportável e uma causa de desânimo para muitas pessoas.

·                 Se a recordação do passado fosse geral, isso concorreria para a perpetuação dos ressentimentos e dos ódios.

·                 A existência terrestre é, algumas vezes, difícil de suportar, e o seria ainda mais se, ao cortejo dos nossos males atuais, acrescentássemos a memória dos sofrimentos e dos equívocos passados.

Respostas às questões propostas
1. Se o homem viveu antes, por que não se lembra de suas existências anteriores?

R.: O esquecimento do passado se dá graças à bondade e à sabedoria do Criador. Tal como ocorre com os sentenciados a longas penas, todos nós desejamos apagar da memória os delitos cometidos e felizes ficamos quando a sociedade não os conhece ou os relega ao esquecimento. Como freqüentemente renascemos no mesmo meio em que já vivemos e estabelecemos de novo relações com as mesmas pessoas, apagar momentaneamente a recordação dos nossos atos concorre de maneira extraordinária para o estabelecimento de novas relações com as referidas pessoas, fato que seria muito difícil em face da lembrança viva de ocorrências desagradáveis havidas no passado.

2. Se não se lembra das existências passadas, como pode aproveitar a experiência adquirida nelas?

R.: Se não temos durante a existência corpórea lembrança do que fomos e do que fizemos nas anteriores existências, possuímos disso a intuição, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do passado. A aptidão para essa ou aquela profissão, a maior ou menor facilidade nessa ou naquela disciplina, as inclinações interiores – eis elementos que não teriam justificativa se não existisse a reencarnação.

3. Se não recorda o que fez ou o que aprendeu no passado, cada existência não seria para ele qual se fosse a primeira? Não estaria ele, desse modo, sempre a recomeçar?

R.: Aparentemente sim, mas o conhecimento acumulado, as experiências vividas, o aprendizado realizado no passado dão-nos uma base a partir da qual as aptidões e o talento se manifestam. Os pais sabem muito bem quão diferentes são seus filhos, conquanto criados no mesmo ambiente e recebendo os mesmos estímulos. Enquanto uns avançam no estudo e muitas vezes superam os próprios professores, há os que apresentam dificuldades enormes no aprendizado, o que demonstra que trazem bagagens diferentes, tanto no campo intelectual quanto no campo moral.

4. A reminiscência das existências anteriores perturbaria ou melhoraria as relações sociais?

R.: Se em nossas relações, e mesmo em nossa família, houver um indivíduo que nos deu, outrora, motivos reais de queixa, que talvez nos tenha arruinado ou desonrado, e que, arrependido, reencarnou-se em nosso meio, a fim de reparar suas faltas, é evidente que a lembrança do passado em nada contribuirá para a renovação de nossas atitudes. Igual raciocínio aplica-se na situação oposta, quando nós, por hipótese, tenhamos sido o verdugo de nossos próprios familiares. Basta essa ordem de raciocínios para entendermos que a reminiscência das existências anteriores perturbaria as relações sociais e constituiria um tropeço real à marcha do progresso.

5. Existem razões de ordem científica para que o Espírito, ao reencarnar-se, esqueça o seu passado?

R.: Sim. Léon Denis e Gabriel Delanne falam disso em suas obras. Segundo Denis, em conseqüência da diminuição do seu estado vibratório, o Espírito, cada vez que toma posse de um corpo novo, de um cérebro virgem, acha-se na impossibilidade de exprimir as recordações acumuladas em suas vidas precedentes. Delanne esclarece que o perispírito toma, ao encarnar, um movimento vibratório bastante fraco para que o mínimo de intensidade necessário à renovação de suas lembranças possa ser atingido. Eis fatores que constituem impedimento real a que a lembrança das existências passadas se torne possível.


Bibliografia:

O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questões 392 a 394.

O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo V, item 11.

O que é o Espiritismo, de Allan Kardec, pp. 114, 116 e 117.

A Reencarnação, de Gabriel Delanne, págs. 305 e 306.

A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne, pág. 175.

Depois da Morte, de Léon Denis, págs. 145 e 146.

O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Léon Denis, pág. 182.

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