Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 26 de agosto de 2014

ESQUECIMENTO DO PASSADO

ESQUECIMENTO DO PASSADO

Por que nos esquecemos das vidas pregressas? Isto não seria um obstáculo à tese da reencarnação?

Veja aqui a opinião de Allan Kardec sobre estas e outras questões envolvendo a pluralidade das existências e o esquecimento do passado.

O esquecimento do passado é freqüentemente questionado diante da tese da reencarnação, sustentada pela Doutrina Espírita, exatamente porque, defrontadas por tal realidade, as pessoas querem saber quem foram em outras existências, onde viveram e que papel representaram em suas vidas passadas os parentes, cônjuges, amigos e inimigos atuais.

Além disso, é muito comum vermos pessoas ou visitarmos cidades com a impressão mais ou menos precisa de que já as conhecíamos, embora com a certeza absoluta de que nunca as tenhamos visto na vida presente (a este fenômeno os franceses denominam déjà-vu, que significa “já visto”).

Por outro lado, faz alguns anos que a Terapia de Vidas Passadas (TVP) tem sido realizada com relativo sucesso por vários psicanalistas profissionais, sem contar os inúmeros curiosos que praticam a regressão de memória com resultados desastrosos para seus “pacientes”, normalmente pessoas desprevenidas para o perigoso reencontro com um passado infeliz, que precisa ficar encoberto durante a vida de relação.

Sendo assim, como atualmente essa temática tem servido de roteiro para filmes, telenovelas e peças teatrais, fomos pesquisar, para nossa instrução, algumas abordagens feitas por Allan Kardec, na Revista Espírita de Julho de 1860, Setembro de 1863, Novembro de 1864, Fevereiro de 1867 e Junho de 1869, sobre a delicada questão envolvendo a reencarnação, as causas das misérias humanas, o esquecimento e a lembrança de  vidas passadas.

Vejamos o resultado dessa singela pesquisa.

1. Sendo a reencarnação uma realidade, como o Espiritismo responde à objeção feita a esta teoria pelo esquecimento do passado?

“A questão da pluralidade das existências, desde longa data preocupou os filósofos, e muitos deles viram na anterioridade da alma a única solução possível dos mais importantes problemas da Psicologia. A maior objeção que se pode fazer a esta teoria é a da ausência de lembrança das existências anteriores. O Espiritismo responde, inicialmente, que a lembrança das existências infelizes, juntando-se às misérias da vida presente, tornariam esta ainda mais penosa; é, pois, um acréscimo de sofrimentos, que Deus nos quis evitar; sem isto, qual não seria, por vezes, a nossa humilhação, ao pensarmos naquilo que fomos!

Quanto ao nosso melhoramento, essa lembrança seria inútil. Durante cada existência damos alguns passos à frente; adquirimos algumas qualidades e despojamo-nos de algumas imperfeições; cada uma delas é, assim, um novo ponto de partida, no qual somos aquilo que nos fizemos, onde nos tomamos pelo que somos, sem termos que nos inquietar com aquilo que fomos.”

2. A lembrança das vidas passadas não tornaria mais fácil o progresso do homem, na medida em que o ajudaria a não repetir os erros cometidos?

“Dai-vos ao trabalho de estudar o Espiritismo e o sabereis. Não repetiremos, pois, o que cem vezes foi demonstrado relativamente à inutilidade da lembrança, para aproveitar a experiência adquirida em vidas precedentes e o perigo dessa lembrança para as relações sociais.”

“Por outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto o supõem. Ele só se dá na vida exterior de relação, no mesmo interesse da humanidade; mas a vida espiritual não sofre solução de continuidade. Tanto na erraticidade, quanto nos momentos de emancipação, o Espírito se lembra perfeitamente e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz na voz da consciência, que o adverte do que deve, ou não deve, fazer.

Se não a escuta, então é culpa sua. Além disso, o Espiritismo dá ao homem um meio de remontar ao seu passado, senão aos atos precisos, ao menos aos caracteres gerais desses atos que ficaram mais ou menos desbotados na sua vida atual. Das tribulações que suporta, das expiações e provas deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas, apoiando-se no princípio que a mais justa punição é a conseqüência da falta, pode deduzir seu passado moral. Suas tendências más lhe ensinam o que resta de imperfeito a corrigir em si.”

3. Como explicar alguns casos evidentes de lembranças do passado?

“Essas lembranças vivas são muito raras. A faculdade de se recordar é uma aptidão inerente ao estado psicológico, isto é, ao mais fácil desprendimento da alma em certos indivíduos do que em outros, uma espécie de visão espiritual retrospectiva, que lhes lembra o passado, ao passo que aos que não a possuem, esse passado não deixa qualquer traço aparente.

O passado é como um sonho, do qual a gente se lembra mais ou menos exatamente, ou do qual se perdeu totalmente a lembrança. Só raramente Deus o permite, a fim de trazer os homens ao conhecimento da grande lei da pluralidade das existências, a única que explica a origem das qualidades boas ou más, mostra-lhe a justiça das misérias que suporta aqui e lhe traça a rota do futuro.”

4. Os males que nos acontecem são sempre decorrentes do nosso passado?

“Esses males têm uma causa. Ora, a menos de os atribuir ao capricho do Criador, é-se forçado a admitir que a causa esteja em nós mesmos e que as misérias que experimentamos não podem ser resultado de nossas virtudes. Então têm sua fonte nas nossas imperfeições. Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, as honras e todos os prazeres materiais, poder-se-á dizer que sofra a prova do arrastamento; para o que cai na desgraça por sua conduta ou sua imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais e pode dizer-se que é punido por onde pecou.”

“Mas que dizer daquele que, após o nascimento, está a braços com as necessidades e as privações, que arrasta uma existência miserável e sem esperança de melhora, que sucumbe ao peso de enfermidades congênitas, sem ter ostensivamente nada feito para merecer tal sorte? Como todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter a sua; se esta não estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior.”

5. As misérias humanas são expiações ou provas?

“São expiações no sentido de que são conseqüência de uma falta e provas em relação ao proveito delas tirado. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Assim, se formos feridos e se não somos inocentes: o mal que sentimos é o castigo, a maneira porque o suportamos é a prova.

6. O esquecimento do passado não retiraria dos males humanos o caráter de expiação, que então seriam sempre provas?

“É um erro. Dai-lhe o nome que quiseres: não fareis que não sejam a conseqüência de uma falta. Se o ignorais, o Espiritismo vo-lo ensina. Quanto ao esquecimento das faltas mesmas, ele não tem as conseqüências que lhe atribuis. Temos demonstrado alhures que a lembrança precisa dessas faltas teria inconvenientes extremamente graves, por isso que nos perturbaria, nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do próximo; trariam uma perturbação nas relações sociais e, por isto mesmo, travaria o nosso livre-arbítrio. As misérias daqui são, pois, expiação, por seu lado efetivo e material, e provas, por suas conseqüências morais. Seja qual for o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: o melhoramento. Em presença de um objetivo tão importante, seria pueril fazer uma questão de princípio de uma questão de palavra. Isto provaria que se liga mais importância às palavras do que à coisa.”

7. Qual o motivo da proliferação das idéias espíritas pela imprensa?

“As idéias espíritas hoje se produzem sob todas as formas; estão na ordem do dia e a imprensa, sem querer confessá-las, as registra e as semeia em profusão, crendo que apenas enriquece suas colunas de facécias. Não é admirável que todos os adversários da idéia, sem exceção, trabalhem a porfia na sua propagação? Gostariam de calar o que a força das coisas os arrasta a falar. Assim o quer a Providência — para os que crêem na Providência.”

Eliseu Mota Júnior.
(Coluna originalmente publicada na Revista Internacional do Espiritismo, Novembro  de 1996)


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