Estudando o Espiritismo

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quarta-feira, 30 de abril de 2014

Em tempos de solidão

Em tempos de solidão

Por Joana Abranches

Num momento em que epidemias e pandemias roubam a cena nos noticiários, uma doença silenciosa, há algum tempo sutilmente instalada no meio de nós, continua causando estragos não menos danosos que as enfermidades anunciadas. Sim, na sociedade dos “sem tempo”, do individualismo e das relações descartáveis, um dos males do século é a solidão.

Aqui e ali, jovens e “adolescentes retardatários” - contingente cada vez maior de pessoas entre os 20 e os 40 anos de comportamento infantilizado - se acotovelam em noitadas regadas a muito chopp, vodca e ou drogas sintéticas. Nos barzinhos e danceterias, entram em bandos, “ficam” com muitos e saem com muito pouco... Mais sozinhos e perdidos do que nunca. Daí a imprescindível reincidência cotidiana no enganoso jogo do frequentar. Frequentar significa a chance de estar na vitrine e encontrar companhia. Companhia qualquer, que no dia seguinte jaz exibida como troféu em orkuts e blogues, nas fotos repetitivas dos sorrisos forçados sempre emoldurados pelo copo ou pela latinha exibidos orgulhosamente numa das mãos, enquanto a outra automaticamente faz sinal de positivo, ou outro qualquer – conforme a tribo – pra ilustrar a pseudo-alegria de mais uma noite vazia e igual.

Por outro lado, os assumidamente maduros formam a imensa fila dos solteiros, separados e viúvos que procuram relacionamentos sólidos, parceiros afetuosos e leais, mas que, em maioria, se precipitam em relacionamentos arriscados, diante da incomoda sensação de que o tempo está passando, o corpo envelhecendo e as chances diminuindo em razão da ditadura do corpo perfeito e da eterna juventude, excludente e implacável, numa sociedade que há muito vem super valorizando o supérfluo em detrimento do essencial. O desespero faz com que joguem no escuro, seduzidos pela primeira impressão ou por mentiras virtuais em que se quer muito acreditar, mas na verdade seduzidos pela própria carência e premência de ostentar um parceiro. É a lógica de resultados, absorvida por inteiro, a se transportar de forma perversa para a vida pessoal, nela também - e principalmente - fazendo seus reféns. Estar só é sinônimo de incompetência afetiva ou falta dos atrativos exigidos pelo mercado. Viramos coisa, objeto, que independente do conteúdo, se consome ou se rejeita conforme a embalagem e o marketing. O subproduto, claro, é a solidão.

Solidão acompanhada e não menos solitária. Compartilhada pela TV, pelo cachorrinho de estimação, pelas horas a fio nos sites de relacionamento ou pela espera ansiosa de um simples email. Solitude que dói quando se é mais um, igual a todos e – por consequência – invisível; Quando a gente se olha e não se vê ou vê no outro a idealização fugidia de algo que nunca virá a ser. A dor de possuir o que não se tem, desnudar-se a quem não quer ver... A dor de perceber-se descartável, embora humano.

Mas a dor maior será talvez a do equívoco da finitude, a ausência do sentido real da existência, da transcendência, do ser espiritual que pulsa e anseia - sem se dar conta - por algo além da vã materialidade. No fundo, “ser feliz é tudo o que se quer”, mas felicidade é também dar felicidade, o que só virá quando o individualismo der lugar à generosidade e as aparências à essência. Só virá, de fato, quando deixar de ser “um sonho que se sonha só”.

Não nascemos pra viver sozinhos, é verdade. Além do mais, fomos secularmente aculturados para o acasalamento inevitável e complementar. Assim, faz parte do existir compartilhar a vida com alguém especial - às vezes nem tão especial assim – mas cuja presença representa um cobertor emocional para que não se morra de frio quando as crianças crescem e se vão, quando nossos pais já não estão mais por aqui, ou quando aqueles irmãos, amigos e primos, antes inseparáveis, tomam outros rumos. Em tese, o parceiro é a garantia de alguém que fica, quando todos partiram.

Porém, em tempos bicudos de frustrações afetivas, precisamos encontrar alternativas que atenuem a incomoda sensação de abandono que vez por outra teima em nos assaltar... A saída é dar razão de ser à vida. Focar menos no que não se tem e mais no que se pode ser. Colocar as mãos num trabalho gratificante e a cabeça em ideais superiores que certamente preencherão nossos dias. Repartir o que tenhamos em abundancia para oferecer, inclusive afeto. Enquanto o “amor da nossa vida” não chega, concentremo-nos no amor que podemos dar e receber da vida. Adotemos outras famílias, novos amigos, programas saudáveis e divertidos, trabalho voluntário, intimidade com Deus. Voltar a estudar, reencontrar um velho amigo também solitário, desengavetar aquele antigo projeto... Estar por inteiro no mundo, sem metades perdidas e com direito a uma auto-estima pra lá de achada... Eis o segredo para que se possa estar contente com a própria companhia quando não houver mais ninguém por perto; para que se possa perceber o quanto é prazeroso abrir a porta de casa após um dia daqueles, dar de cara com a gente no espelho da sala vazia e, sem nenhum ranço de auto-piedade, poder dizer pra si mesmo sem medo de ser feliz: - Eta sossego danado de bom!

* Joana Abranches - Assistente Social e Presidente da Sociedade Espírita Amor Fraterno – Vitória/ES
joanaabranches@gmail.com – amorefraterno@gmail.com

SOLIDÃO

SOLIDÃO


Originada do medo, a solidão é, hoje em dia, um dos mais graves problemas humanos.
       A necessidade de relacionamento, como mecanismo de afirmação pessoal, tem gerado vários distúrbios de comportamento.
       Por isso, enxameiam os solitários.
       A sociedade competitiva dispõe de pouco tempo para a cordialidade desinteressada.
       A busca do triunfo impede o indivíduo de receber e dar atenção e respeito ao próximo.
       Entretanto, o homem sem ideal mumifica-se. O ideal lhe é de vital importância.
       O sucesso social apoia-se na promoção de mercado para vender imagens e ilusões.
       O homem faz questão de cercar-se de sorrisos, embora sem profundidade afetiva.
       Tal sucesso é, talvez, um dos maiores responsáveis pela solidão profunda.
       O solitário é alguém que receia conhecer-se, que não confia nos próprios valores.
       O homem solidário jamais está solitário.
       A fé no futuro, o amor e a busca da paz íntima - eis os recursos para vencer a solidão.    
Joanna de Ângelis / Médium Divaldo Franco
Livro: O Homem Integral

Solidão - Hammed 1

Solidão - Hammed

Declarar de modo geral que o divórcio é sempre errado é tão incorreto quanto assegurar que está sempre certo.
Sofremos de solidão toda vez que desprezamos as inerentes vocações e naturais tendências de nossa alma. Assim que nos distanciamos do que realmente somos, criamos um autodesprezo, passando, a partir daí, a desenvolver um sentimento de soledade, mesmo rodeados das pessoas mais importantes e queridas de nossa vida.
Na auto-rejeição, esquecemos de perceber a presença de Deus vibrando em nossa alma; logo, anulamos nossa força interior.É como se esquecêssemos a consciência de nós mesmos.
Para que nossa essência emerja, é preciso abandonarmos nossa compulsão de fazer-nos seres idealizados, nossa expectativa fantasiosa de perfeição e nosso modelo social de felicidade. Somente assim, exterminamos o clima de pressão, de abandono, de tensão e de solidão que sentimos interiormente, para transportarmo-nos para uma existência de satisfação íntima e para uma indescritível sensação de vitalidade.
A renúncia de nosso eu idealizado nos dará uma sensação de renascimento e uma atmosfera de liberdade como nunca antes havíamos sentido.
O ser idealizado é uma fantasia mental. É uma imitação inflexível, construída artificialmente sobre uma combinação de dois básicos comportamentos neuróticos, a saber: adotar padrões existenciais super-rígidos, impossíveis de serem atingidos, e alimentar o orgulho de acreditar-se onipotente, superior e invulnerável.
A coexistência desses dois modos de pensar ocasiona freqüentes estados de solidão, tristeza habitual e sentimentos mútuos de vazio e aborrecimento na vida afetiva de um casal.
O amor e o respeito a nós mesmos cria uma atmosfera propícia para identificarmos nossa verdadeira natureza, isto é, nossa identidade de alma, facilitando nosso crescimento espiritual e, por conseguinte, proporcionando-nos alegria de viver.
Quase todos nós crescemos ansiosamente querendo ser adequados e certos para o mundo, porque acreditamos que não somos suficientemente bons para ser amados pelo que somos. Por isso, procuramos, desesperadamente, igualar-nos a uma imagem que criamos de como deveríamos ser. O esforço metódico para sustentar essa versão idealizada é responsável por grande parte dos nossos problemas de relacionamento conosco e com os outros.
Entre todos os problemas de convivência, o de casais, talvez, seja um dos mais comuns entre as pessoas. Todavia, todos nós queremos companhia e afeto, mas para desfrutarmos uma união amorosa, madura e equilibrada é preciso, acima de qualquer coisa, respeitar o direito que cada criatura tem de ser ela mesma, sem mudar suas predileções, idéias e ideais.
Os traços de personalidade não são futilidades, teimosia ou manias. Cada parceiro tem seus “direitos individuais” de manter sua parcela de privacidade e preferências.
Para tanto, o diálogo compreensivo, a renúncia aos próprios caprichos, o compromisso de lealdade são fatores imprescindíveis na vida a dois, que não pode permitir a confusão de “direitos individuais” com direitos individualistas, com vulgaridade, com cobrança e com leviandade.
Eis a razão de viver bem consigo mesmo: tudo passa, pois todos somos viajores do Universo, porém só nós viveremos eternamente com nós mesmos.
A complexidade maior das dificuldades nos matrimônios talvez seja a não-valorização dos verdadeiros sentimentos, que força um dos parceiros, ou mesmo ambos, a contrariar sua natureza para satisfazer as opressões, intolerâncias e imposições do outro. Ninguém pode ser feliz assim, subordinando-se ao que o cônjuge quer ou decide.
“...a indissolubilidade absoluta do casamento” (...) “É uma lei humana muito contrária à da Natureza. Mas os homens podem modificar suas leis, só as da Natureza são imutáveis.”  - (Questão 697 - Livro dos Espíritos- Allan Kardec).
Declarar de modo geral que o divórcio é sempre errado é tão incorreto quanto assegurar que está sempre certo. Em algumas circunstâncias, a separação é um subterfúgio para uma saída fácil ou um pretexto com que alguém procura esquivar-se das responsabilidades, unicamente.
Há uniões em que o divórcio é compreensível e razoável, porque a decisão de casar foi tomada sem maturidade, porque são diversos os equívocos e desencontros humanos.
Em outros casos, há anos de atitudes de desrespeito e maus-tratos, há os que impedem o desenvolvimento do outro. São variadas as necessidades da alma humana e, muitas vezes, é melhor que os parceiros se decidam pela separação a permanecerem juntos, fazendo da união conjugal uma hipocrisia. Em todas as atitudes e acontecimentos da vida, somente a própria consciência do indivíduo pode fazer o auto julgamento e decidir sobre suas carências e dificuldades da vida a dois.
Todos os livros sacros da humanidade têm como máxima ou mandamento o amor. A base de todo compromisso é o amor. O amor enriquece mutuamente as pessoas e é responsável pela riqueza do seu mundo interior.
A estrutura do verdadeiro ensino religioso nos deve unir amorosamente uns aos outros e não nos manter unidos pela intimidação, pelo medo do futuro ou pelas convenções sociais.
O ensino espírita, propagado pelo “O Livro dos Espíritos”, nos faz redescobrir o sentimento de religiosidade inato em cada criatura de Deus. Religiosidade é o que possuía Allan Kardec em abundância, pois enxergava os fatos da vida com os olhos da alma, quer dizer, ia além dos recursos físicos, usando os sentidos da transcendência a fim de encontrar a verdade escondida atrás dos aspectos exteriores.
O eminente professor Rivail entendia que o verdadeiro sentido da religião deve consistir na busca da liberdade, no culto da verdade e na clara distinção entre o temporal / passageiro e o real / permanente.
Estar com alguém por temor religioso é diferente de estar com alguém por amor. Somente o amor tem significado perante a Divina Providência.
Lembremo-nos de que a solidão aparece, quando negamos nossos sentimentos e ignoramos nossas experiências interiores.
Essa forma comportamental tende a fazer-nos ver as coisas do jeito como queremos ver, ou seja, como nos é conveniente, em vez de vê-las como realmente são. Assim é que distorcemos nossa realidade.
Não rejeitemos o que de fato sentimos. Isso não quer dizer viver com liberdade indiscriminada e sem controle, mas sim reconhecer o devido lugar que corresponda aos nossos sentimentos, sem ignorá-los, nem tampouco deixá-los ser donos de nossa vida.
Se devemos permanecer ou não ao lado de alguém, é decisão que se deve tomar com espontaneidade, harmonia e liberdade, sem mesclas de medo ou imposições.
Livro: As dores da alma.
Hammed – Francisco do Espírito Santo Neto.
                Estudando O Livro dos Espíritos  - Allan Kardec.
Questão 697 – Está na lei da Natureza, ou somente na lei humana, a indissolubilidade absoluta do casamento?
Resposta: É uma lei humana muito contrária à da Natureza. Mas os homens podem modificar suas leis; só as da Natureza são imutáveis.

Solidão - Hammed 2

Vivendo a Solidão...


Segundo Pascal, o grande pensador científico-filosófico do século XVII, “a verdadeira natureza do homem, seu verdadeiro bem, sua verdadeira virtude e a verdadeira religião são coisas cujo conhecimento é inseparável.”

Nem sempre a solidão pode ser encarada como dor ou insânia. É, em muitas ocasiões, períodos de preparação, tempos de crescimento, convites da vida ao amadurecimento.


De acordo com o pensamento de Pascal, o âmago do ser está intimamente ligado ao bem, à virtude e à religião. É justamente nas “épocas de solidão” que conseguimos a motivação necessária para estabelecer a verdade sobre esse fato.


Na solidão é que encontramos sanidade para nosso mundo interior, respostas seguras para nossos caminhos incertos e nutrição vitalizante para os labores que enfrentamos em nossa viagem terrena.


Nestes nossos apontamentos sobre a solidão, não estamos nos referindo à “tristeza de estar só”, mas sim, necessariamente, à “quietude íntima”, tão importante e saudável para que façamos um trabalho de autoconsciência, valorizando as nuances de nossa vida interior.


Muitos indivíduos vivem dentro de um ciclo diário estafante. Realizam suas atividades num ambiente de competitividade agitação, pressa e rivalidade, vivendo em constante tensão psicológica e, por conseqüência, alterando suas funções fisiológicas. Por viverem num estado de cansaço e desgaste contínuos, não conseguem fazer uma real interação entre o meio ambiente e seu mundo interno, o que ocasiona sérios problemas de convivência e inúmeros conflitos pessoais.


Nem sempre é possível abandonarmos a vida alvoroçada, os ruídos e as músicas estridentes, talvez seja até mesmo inviável; mas é perfeitamente realizável dedicarmos algum tempo à solidão, retirando-nos para momentos de reflexão.


Nos instantes de silêncio, exercitamos o aprendizado que nos levará a abrir um canal receptivo à Consciência Divina. É nesse momento que ficamos cientes de que realmente não estamos sozinhos e que podemos entrar em contato com a voz da consciência. A voz de Deus, por assim dizer, começará a “falar em nós”.


Inúmeras criaturas criam uma mente agitada por temerem que estão vazias, pensam não haver nada dentro delas que lhes dê proteção, apoio e segurança. Acreditam que são uma casca, que precisa exclusivamente de sustentação exterior; por isso, continuam ocupando a casa mental ansiosamente, obstruindo seu acesso à luz espiritual.


A mente pode ser uma ajuda efetiva, ou mesmo um obstáculo ferrenho na escolha da melhor direção para atingirmos o amadurecimento íntimo. A crença em nossa limitação é que faz com que restrinjamos nossa mente. Isso se agrava quando envolvemo-la no burburinho de vozes, no tumulto e na agitação do cotidiano, passando assim a não avaliarmos corretamente seu verdadeiro potencial.


São muitos os caminhos de Deus, e a solidão pode ser um deles. “E saindo, foi, como costumava, para o Monte das Oliveiras; e também os seus discípulos o seguiram”. (Lucas, 22:39)


Jesus Cristo, constantemente, se retirava para a intimidade que o silêncio proporciona, pois entendia que a elevação de alma somente é possível na “privacidade da solidão”.


O Cristo Amoroso sabia que, quando houvesse silêncio no coração e no intelecto, se estabeleceriam as bases seguras da relação entre a criatura e o Criador, proporcionando a percepção de que somos unos com a Vida e unos com todos os seres.


“... buscam no retiro a tranqüilidade que certos trabalhos reclamam. (...) Isso não é retraimento absoluto de egoísta. Esses não se insulam da sociedade, porquanto para ela trabalham”. (questão 771 de “O Livro dos Espíritos”)


A Espiritualidade Maior entende que, nos retiros de tranqüilidade, criamos uma sustentação interior, que nos permite sintonizar com as leis divinas e com os valores reais da consciência cristã.


Ouçamos com os ouvidos internos, pois ninguém pode assimilar bem uma experiência que não provenha de sua própria orientação interior.


Ninguém é capaz de seguir sua verdadeira estrada existencial, se não refletir sobre sua essência. Não encontraremos o caminho de que verdadeiramente necessitamos, se nós mesmos não o buscarmos, usando nosso inerentes recursos da alma para perceber as inarticuladas orientações divinas em nós. Somente cada um pode interpretar as razões da Vida em si mesmo.


Adotemos o aprendizado com o Senhor Jesus, exemplificado no Horto das Oliveiras: retiremo-nos para um lugar à parte e cultivemos os interesses de nossa alma.


Se não encontrarmos um recanto externo que facilite a meditação, nem alguma paisagem mais afastada junto à Natureza, onde possamos repousar da inquietação da multidão, mesmo assim poderemos penetrar o nosso santuário íntimo.


Sigamos o mestre, recolhendo-nos na solidão e no silêncio do templo da alma, onde exclusivamente encontraremos as reais concepções do amor e da justiça, da felicidade e da paz, de que todos temos direito por Paternidade Divina.




Hammed
Do livro “As Dores da Alma” - Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto



SOLIDÃO APARENTE

SOLIDÃO APARENTE

Singela homenagem do Núcleo Espírita Chico Xavier ao apóstolo da caridade no seu mês de natalício.
Querido Chico, receba nosso preito de eterna gratidão.

SOLIDÃO APARENTE

Em meados de 1932, o “Centro Espírita Luiz Gonzaga” estava reduzido a um quadro de cinco pessoas, José Hermínio Perácio, D. Carmen Pena Perácio, José Xavier, D. Geni Pena Xavier e o Chico. Os doentes e obsidiados surgiram sempre, mas, logo depois das primeiras melhoras, desapareciam como por encanto.
Perácio e senhora, contudo, precisavam transferir-se para Belo Horizonte por impositivos da vida familiar. O grupo ficou limitado a três companheiros.D. Geni, porém, a esposa de José Xavier, adoeceu e a casa passou a contar apenas com os dois irmãos.
José, no entanto, era seleiro e, naquela ocasião, foi procurado por um credor que lhe vendia couros, credor esse que insistia em receber-lhe os serviços noturnos, numa oficina de arreios, em forma de pagamento.
Por isso, apeschico-xavier.jpgar de sua boa vontade, necessitava interromper a freqüência ao grupo, pelo menos, por alguns meses.
Vendo-se sozinho, o Médium também quis ausentar-se.
Mas, na primeira noite, em que se achou a sós no centro, sem saber como agir, Emmanuel apareceu-lhe e disse:
- Você não pode afastar-se. Prossigamos em serviço.
- Continuar como? Não temos freqüentadores…
- E nós? – disse o espírito amigo. – Nós também precisamos ouvir o Evangelho para reduzir nossos erros. E, além de nós, temos aqui numerosos desencarnados que precisam de esclarecimento e consolo. Abra a reunião na hora regulamentar, estudemos juntos a lição do Senhor, e não encerre a sessão antes de duas horas de trabalho.
Foi assim que, por muitos meses, de 1932 a 1934, o Chico abria o pequeno salão do Centro e fazia a prece de abertura, às oito da noite em ponto.
Em seguida, abria o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, ao acaso e lia essa ou aquela instrução, comentando-a em voz alta.
Por essa ocasião, a vidência nele alcançou maior lucidez.
Via e ouvia dezenas de almas desencarnadas e sofredoras que iam até o grupo, à procura de paz e refazimento.
Escutava-lhes as perguntas e dava-lhes respostas sob a inspiração direta de Emmanuel.
Para os outros, no entanto, orava, conversava e gesticulava sozinho…
E essas reuniões de um Médium a sós com os desencarnados, no Centro, de portas iluminadas e abertas, se repetiam todas as noites de segundas e sextas.

Ramiro Gama (Lindos casos de Chico Xavier)

SOLIDÃO - EMMANUEL

SOLIDÃO - EMMANUEL

“O presidente, porém, disse: – mas, que mal fez ele? E eles mais clamavam, dizendo: – seja crucificado.” –(Mateus, 27:23.)


À medida que te elevas, monte acima, no desempenho do próprio dever, experimentas a solidão dos cimos e incomensurável tristeza te constringe a alma sensível.
Onde se encontram os que sorriram contigo no parque primaveril da primeira mocidade?
Onde pousam os corações que te buscavam o aconchego nas horas de fantasia? Onde se acolhem quantos te partilhavam o pão e o sonho, nas aventuras ridentes do início? Certo, ficaram...
Ficaram no vale, voejando em círculo estreito, à maneira das borboletas douradas, que se esfacelam ao primeiro contacto da menor chama de luz que se lhes descortine à frente. Em torno de ti, a claridade, mas também o silêncio... Dentro de ti, a felicidade de saber, mas igualmente a dor de não seres compreendido... Tua voz grita sem eco e o teu anseio se alonga em vão. Entretanto, se realmente sobes, que ouvidos te poderiam escutar a grande distância e que coração faminto de calor do vale se abalançaria a entender, de pronto, os teus ideais de altura? Choras, indagas e sofres... Contudo, que espécie de renascimento não será doloroso? A ave, para libertar-se, destrói o berço da casca em que se formou, e a semente, para produzir, sofre a dilaceração na cova desconhecida. A solidão com o serviço aos semelhantes gera a grandeza. A rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o Sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho. Não te canses de aprender a ciência da elevação. Lembra-te do Senhor, que escalou o Calvário, de cruz aos ombros feridos. Ninguém o seguiu na morte afrontosa, à exceção de dois malfeitores, constrangidos à punição, em obediência à justiça. Recorda-te dele e segue... Não relaciones os bens que já espalhaste. Confia no Infinito Bem que te aguarda. Não esperes pelos outros, na marcha de sacrifício e engrandecimento. E não olvides que, pelo ministério da redenção que exerceu para todas as criaturas, o Divino Amigo dos homens não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também foi perseguido e crucificado.
Fonte: item 70, extraído do livro Fonte Viva- Médium Franciso C Xavier /Emmanuel, ed. FEB

Solidão e Jesus

Quando as amarguras da jornada te assinalem a alma, jungindo-te ao carro sombrio onde a solidão se demora algemada, recorda o Mestre Crucificado, em terrível abandono.

Onde os amigos d'outrora, as multidões saciadas e os corações socorridos?

Começara o ministério, a que se entregaria integralmente, nas alegres bodas de Caná, e encerrava-o numa Cruz, esquecido dos beneficiários constantes que O envolviam em álacre vozerio.

Sempre estivera o Mestre cercado pelas criaturas...

Pregara nas cercanias formosas das cidades e das aldeias, nas praias livres entre o lago e as montanhas, nas Sinagogas repletas e nas praças movimentadas.

Atendera a todos que Lhe buscaram socorro.

Todo o Seu Apostolado de amor foi de enobrecimento.

À mulher desprezada e em aviltamento, ofereceu as mais belas expressões da sua Mensagem.

Consolou e esclareceu a Samaritana atormentada.

Retirou dos coxins de veludo e seda a obsedada de Magdala.

Convidou Marta às questões do Espírito.

Atendeu à mulher Cananéia, prodigalizando o equilíbrio à filha endemoniada.

Hanah, a sogra de Pedro, recebeu-Lhe o passe curador.

À pobre hemorroíssa sito-fenícia restituiu a saúde.

Ofereceu à viúva de Naim o filho considerado morto.

Joanna, a mulher de Cusa, recebeu-Lhe o convite para a vida imperecível.

A filha de Jairo prodigalizou a bênção do despertamento das malhas da catalepsia.

Além delas, distendeu o amor a todos os corações.

Leprosos e sadios participaram do Seu convívio.

Homens ilustres e mendigos foram comensais da sua afeição.

Recuperou a serenidade no homem de Gadara, infelicitado por Espíritos obsessores e curou o filho do Centurião.

Elucidou o afortunado príncipe do Sinédrio em colóquio fraterno, e propiciou luz aos olhos fechados de mísero cego das estradas de Jericó.

Honrou a rica propriedade de Zaqueu e fez refeições nos barcos humildes dos pobres pescadores.

Revelou a Boa Nova aos sábios de Jerusalém que a escutaram deslumbrados e, à última hora, ensinou aos malsinados ladrões, companheiros de crucificação, a porta estreita para a liberdade espiritual.

Movimentou os membros paralisados de Natanael, descido pelo telhado, e revelou aos discípulos do Batista os sinais que O identificam como o Esperado...







Milhares de alma receberam a paz e a saúde de Suas mãos.

Os "demônios" submetiam-se a sua voz.

O mar respeitou-Lhe a ordem.

O vento atendeu-Lhe o imperativo.

As doenças desapareciam ao Seu contato.

Os anjos obedeciam-Lhe à vontade.

No entanto, à hora da angústia, sorveu a taça de amargura a sós.

O coração feminino, junto à Cruz, apresentou-Lhe apenas a saudade e a aflição, em lágrimas.

Mas provou a agonia, o escárnio e a humilhação em suprema soledade.

Nenhuma voz se ergueu para defendê-lO nas Altas Cortes.

Todavia, entregando-se confiante ao Pai, venceu o mundo e todos os seus enganos e, mesmo depois da morte, ressurgiu glorioso, voltando ao amor para a felicidade de todos.

Lembra-te dEle.

Só no mundo, e o Pai com Ele.

À hora das tuas provações, os companheiros e beneficiários do teu carinho não podem ficar contigo; seguirão adiante. A vida espera mais além.

Tem paciência!

Não os ames menos por isso, Eles necessitam da tua compreensão e do teu carinho.

Cresce para ajudar no crescimento deles.

E mesmo que a morte venha às tuas carnes, renascerás das cinzas da sepultura, em esplêndida madrugada, para continuares o teu labor junto àqueles que te abandonaram.

Na tua solidão, entretanto, Jesus estará sempre contigo.







Joanna de Ângelis
por Divaldo P. Franco
no Livro: Messe de Amor.


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Triste solidão


Há dias em que sentimos com mais intensidade
o fardo da solidão.
À medida que nos elevamos, monte acima, no desempenho
do próprio dever, experimentamos a solidão dos cimos e
profunda tristeza nos dilacera a alma sensível.
Onde se encontram os que sorriam conosco
no parque primaveril da primeira mocidade?
Onde pousam os corações que nos buscavam
o aconchego nas horas de fantasia?
Onde se acolhem quantos nos partilhavam o pão
e o sonho, nas aventuras felizes do início?
Por certo, ficaram...
Ficaram no vale, voejando em círculo estreito, à maneira das
borboletas douradas, que se esfacelam ao primeiro contato
da menor chama de luz que se lhes descortine à frente.
Em torno de nós, a claridade, mas também o silêncio...
Dentro de nós, a felicidade de saber, mas igualmente a dor de
não sermos compreendidos... Nossa voz grita sem eco
e o nosso anseio se alonga em vão.
Entretanto, se realmente subimos, que ouvidos nos poderiam
escutar a grande distância e que coração faminto de calor do vale
se abalançaria a entender, de pronto, os nossos ideais de altura?
Choramos, indagamos e sofremos...
Contudo, que espécie de renascimento não será doloroso?
A ave, para libertar-se, destrói o berço da casca em que se formou,
e a semente, para produzir, sofre a dilaceração na cova desconhecida.
A solidão com o serviço aos semelhantes gera a grandeza.
A rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o sol
que alimenta o Mundo inteiro brilha sozinho.
Não nos cansemos de aprender a ciência da elevação.
Lembremo-nos do Senhor Jesus, que escalou o Calvário,
de cruz aos ombros feridos.
Ninguém o seguiu na morte afrontosa, à exceção de dois malfeitores, constrangidos à punição, em obediência à justiça.
Não relacionemos os bens que porventura já houvermos espalhado.
Confiemos no infinito bem que nos aguarda.
Não esperemos pelos outros, na marcha de sacrifício e engrandecimento.
E não nos esqueçamos de que, pelo ministério da redenção que exerceu
para todas as criaturas, o Divino Amigo da Humanidade
não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também
foi perseguido e crucificado.
O sacrifício na cruz é a mais bela lição de resignação
que o Mestre nos legou.
Sem nenhuma imposição conclamou-nos:
"Quem quiser vir após Mim, tome a sua
cruz, negue-se a si mesmo e siga-Me."
O que equivale a dizer que tomemos a cruz dos nossos sofrimentos
com abnegação, e escalemos a montanha da ascensão espiritual,
confiantes Naquele que nos fez o convite.
E embora com os pés sangrando, ao chegarmos no topo do monte, depararemos com a planície florida e a estrada iluminada
que nos conduzirá ao Mestre.
Recordemo-Lo portanto, e sigamo-Lo...



Se não temos conosco as marcas do testemunho pela responsabilidade,
pelo trabalho, pelo sacrifício ou pelo aprimoramento íntimo,
é possível que amemos profundamente
a Jesus, mas é quase certo que ainda não nos colocamos,
junto Dele, na jornada redentora.
Abençoemos, pois, a nossa cruz e sigamo-Lo, sem temor,
buscando a vitória do amor e a felicidade eterna.

Redação do Momento Espírita

A solidão sem amor


 Solidão - Frases e Pensamentos
Seres humanos precisam de amor, mesmo aqueles que vivem em solidão, geralmente esta solidão é provocada pelas próprias atitudes.

Às vezes por medo de ser enganado, medo de sentir algo por alguém e não ser correspondido, medo de passar por problemas de infidelidade.

O medo faz em nosso caráter de maneira involuntária o fechamento de qualquer porta, qualquer abertura para um relacionamento, como consequência criamos barreiras intransponíveis por outras pessoas que às vezes estão nos amando e não damos a elas chance nenhuma de se aproximar.


Espiritismo Verdadeiro

A BOA SOLIDÃO ACAUTELA O HOMEM CONTRA A VIDA SOLITÁRIA

A BOA SOLIDÃO ACAUTELA O HOMEM CONTRA A VIDA SOLITÁRIA (Jorge Hessen)
Jorge Hessen
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Pesquisa realizada por John Cacioppo, cientista e professor de psicologia da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, sugere que o isolamento impacta e acelera o extermínio “prematuro” do idoso solitário. Para Cacioppo há fatores de risco em face do sentimento de solidão, dentre os quais estão a interrupção frequente do sono, elevação da pressão arterial, aumento do cortisol (hormônio do estresse), alteração do sistema imunológico e aumento da depressão. (1) Talvez realmente a solidão seja preocupante enfermidade dos dias de hoje.

As criações tecnológicas, avançando em uma velocidade vertiginosa, propõem “democratizar” as relações sociais. Tais recursos vêm disponibilizando recursos sedutores, a saber: a TV digital, os smartphones com suas múltiplas funções, os vídeos e filmes de alta definição, os notebooks, os tablets, a internet, as redes sociais, os jogos eletrônicos virtuais; eis aí uma lista mínima do que a tecnologia tem proporcionado.

Há uma respectiva quebra da necessidade de se estar fisicamente “junto”, a fim de conversar, ampliar amizade, trocar emoções. Consegue-se através do aplicativo whatsapp, por exemplo, dialogar, trocar mensagens, vídeos, fotos, de qualquer lugar, horário e distância, conectando-se todos a tudo. Viabiliza-se resgatar amizades perdidas no tempo, reencontrar familiares que a distância afastou e refazer relacionamentos que se submergiram pelos caminhos. Entretanto, paradoxalmente, a tecnologia que nos cerca externamente pouco preenche interiormente. De tal modo que não será a tecnologia que nos afastará da “má solidão”, aliás, característica dos que não vivem valores da solidariedade, da compaixão, da fraternidade.

Vive-se hoje a estranha sensação de que não se está sozinho na multidão. Indivíduos cercados por pessoas em ônibus, metrôs, aviões, estádios, localidades de trabalho, avenidas, ruas. Contudo, nessa selva de pedras existem muitos sujeitos solitários. E quanto mais são cercados de gente, de barulho, de tarefas, mais se agrava a sensação de que estão sozinhos. Parece contraditório? Será a “maligna solidão” a ausência de companhia, de pessoas à volta de certos solitários? Consistiria em estar longe das civilizações?

Mas será que toda solidão é malfazeja? Notemos a rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o Sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho. Lord Byron dizia que "na solidão é quando estamos menos só." (2) Para certas horas a saudável solidão é para o espírito o que a dieta é para o corpo. Muitas vezes, para ouvirmos a voz sincera da consciência precisamos saber fazer silêncio em torno de nós e dentro de nós. Há momentos em que é imprescindível a busca da benéfica solidão para nos encontrarmos conosco, em um reencontro com a própria alma, de maneira tranquila e serena, sabendo que guardamos em nossa intimidade a chave para nossa ascensão espiritual. É nesses momentos de introspecção que conseguimos analisar atitudes, valores e sentimentos. Sob esse ponto de vista, a meiga solidão será oportuna companheira a ser buscada, para que possamos nos encontrar e nos conhecer.

Não esqueçamos que em nossa marcha rumo à luz imperecível cultivamos diálogos que dizem respeito somente a nós mesmos. Nada nos impede, pois, com regularidade, evadirmo-nos do mundo, buscando momentos de magna solidão, em que teremos apenas nós mesmos para viajar em torno da consciência, pois quando silencia o mundo à nossa volta conseguimos ouvir a voz da consciência e até mesmo escutar o nosso “EU” histórico. Serão esses espaços de abençoada solidão que nos consentirão reavaliar comportamentos para, nas próximas experiências, evitar que repitamos os mesmos desacertos, em análogas ocasiões. A sós, diariamente, alguns momentos para meditar a respeito do que fazemos, como fazemos, nos permitirá marchar por estradas íntimas e nos desvendar em profundidade.

Há quem use a prodigiosa solidão como tempo de inspiração, análise e programação. Quando fazemos silêncio exterior, damos vazão ao mundo interno, intenso e palpitante. Há tanta gente mergulhada em alaridos indigestos, dominada por conversas maledicentes ou pelo estrondo de risadas burlescas; há tanta gente rodeada de pessoas, mas com a alma amargurada, oprimida, oca. Lembremos que tudo tem o seu tempo determinado, conforme narra o Eclesiastes. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar, tempo de colher, tempo de chorar e tempo de sorrir; tempo de falar e tempo de silenciar também.” (3) Então, por que temer a santa solidão? Se a vida nos oferece a bondosa solidão, saibamos abrigá-la como um tesouro. Aproveitemos cada instante para meditações. Encaremos tudo e todas as circunstâncias como ensejo de aprendizado.

Obviamente Deus nos criou para viver em sociedade. Não nos ofereceu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação humana. É natural que o “isolamento absoluto” seja contrário à lei da Natureza, até porque por instinto buscamos a sociedade e devemos concorrer para o progresso, auxiliando-nos mutuamente. Ora, completamente isolados, não dispomos de todas as faculdades. Falta-nos o contato com os outros de nós. No isolamento incondicional ficamos brutos e morremos. (4) Por essas criteriosas razões é importante caracterizar as distintas solidões – aquela que significa fuga definitiva do convício social daquela outra que nos abastece a alma a fim de que jamais constemos no rol dos seres solitários.

Notas e referências bibliográficas:

(1)           Disponível em http://oglobo.globo.com/saude/solidao-aumenta-em-14-as-chances-de-idosos-morrerem-de-forma-prematura-11609030#ixzz2yAIPeewV acesso em 05/04/2014
(2)           George Gordon Byron, comumente conhecido como Lord Byron; foi um escrito/poeta inglês do século XIX.
(3)           Eclesiastes 3:1-8
(4)           Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questões 766,767 e 768, Rio de Janeiro: Ed FEB, 2000

Solidão e consciência

Solidão e consciência

Nesta época em que vivemos, a sensação é que jamais estamos sós. Cercados por gente em ônibus, metrôs, aviões, locais de trabalho e ruas. Entretanto, nunca fomos tão solitários.

E quanto mais nos cercamos de gente, de barulho, de tarefas, mais se agrava a sensação de que estamos sós. Parece contraditório?

Parece sim. Mas não há contradição. Porque estar em companhia de alguém é muito mais do que estar ao lado da pessoa.

Muitas vezes a presença física está lá, mas a alma já escapou para um lugar distante.

Um dos maiores compositores da Humanidade, Giuseppe Verdi, criou uma imagem fascinante para as pessoas que vivem cercadas de gente, em festas cheias de risos e de alegria, mas que se sentem caminhando sós pelo Mundo.

Está na ópera La traviata. É quando a personagem Violeta fala que é uma mulher sozinha em um populoso deserto.

Quantas vezes nos sentimos em um deserto habitado por gente estranha!

Sim, em nossa vida raramente temos pessoas que pensam igual a nós.

Aqui e ali temos afinidades e pontos em comum, mas a trajetória da alma é solitária. Nossas descobertas, vitórias e frustrações são intransferíveis.

Em nosso caminho para Deus estabelecemos diálogos que dizem respeito apenas a nós mesmos.

Processos pessoais, momentos puramente individuais em que a voz da consciência ressoa em nossa alma com exatidão... Com rara sinceridade.

Por melhores sejam os amigos, eles não nos dirão as verdades como a nossa própria consciência o faz.

O amigo não vai desejar nos ofender, maltratar ou irritar. Por isso, ele tentará minimizar a dura verdade.

Mas a consciência, não. Ela nos apresenta uma avaliação rigorosa de nossos atos. Ela nos põe diante de nós mesmos.

Tudo muito naturalmente. E sequer conseguimos contestar essa avaliação criteriosa.

Então, por que temer a solidão? É quando silencia o mundo à nossa volta que conseguimos ouvir a voz da consciência.

O homem sábio muitas vezes busca o deserto, a quietude, o silêncio, a fim de se encontrar consigo mesmo, de voltar-se para Deus.

Há tempo para tudo, ensina o Eclesiastes, um dos livros bíblicos. Tempo de semear, tempo de colher, tempo de falar, tempo de silenciar também.

Silenciar para ouvir os sons da alma, os conselhos do coração.

Então, se a vida lhe oferece a solidão, acolha-a como um presente. Aproveite cada minuto para reflexões. Encare tudo como oportunidade de aprendizado.

Há tanta gente imersa em ruídos, sufocada por conversas maledicentes ou pelo som de risadas irônicas. Há tanta gente cercada de pessoas mas com o coração amargurado, oprimido, vazio.

Por isso, não lamente a falta de companhia do Mundo. Busque na sua solidão a mão amiga de Deus.

* * *

Enquanto você se crê solitário e triste, frustrado nos anseios que acalentava, perde os olhos nas tintas carregadas do pessimismo e não vê aqueles olhos que o fitam inquietos, desejando se acercar de você, sem oportunidade de poder fazê-lo.

Pense nisso!


Redação do Momento Espírita.

O espiritismo e a solidão


O espiritismo usado como forma de enfrentamento das angustias do ser humano, também como alívio da depressão, o espiritismo e sua força ajuda em casos de solidão, pessoas com complexo de inferioridade, auto estima baixa, dificuldade de relacionamento com outras pessoas, medos e traumas da vida urbana, como a violência que está presente em nosso dia a dia..
Todas estas situações requerem uma doutrina forte, com o bom senso e discernimento em suas questões, com fundamentos no obvio, sem formas de enriquecimento por parte de quem está a frente da religião.

O espiritismo se embrenha dentro de nossas veias, se entrava em nosso pensamento e nossa consciência de tal forma que muitas vezes quando nos deparamos com alguém querendo nos prejudicar, procuramos ajudar aquela pessoa a sair daquela linha de pensamento e atitude, o verdadeiro espírita da valor a vida em toda a sua essência, desde um pequeno inseto, um pequeno bichinho de estimação, ou a vida de seu semelhante da mesma forma.ião, sem interesse de grupos financeiros por traz de ajudas dispensadas a pessoas que procuram com o coração aberto e com sinceridade nos lábios uma ajuda para sair de uma situação de desespero, procuram um caminho em suas vidas, procuram a Deus.

O espiritismo é verdadeiro em suas raízes, ele se fundamenta nas palavras do Cristo em primeiro lugar, dentro dele está vários colaboradores que através de anos e anos de trabalho produziram centenas de livros editados no mundo inteiro, no entanto a renda da venda destes livros foram destinados a caridade, como nosso amigo Francisco Candido Xavier, por exemplo.

A vida nossa é curta e devemos torná-la útil a nós mesmos, o nosso amor interno, aquele que está dentro de nosso coração, aquele que temos medo de demonstrá-lo, por termos medo de sermos abusados, medo de sermos enganados, este amor é o que devemos colocar para fora, devemos expandir nossos horizontes, olhar para frente, perdoar nossos amigos que nos prejudicaram de alguma forma.

Só diante de situações traumáticas é que o nosso celebro, nosso consciente e nosso subconsciente, transforma nosso julgamento de quanto as coisas simples da vida são as mais belas e importantes, situações em que perdemos nossos entes queridos, amigos ou familiares próximos como Mães e Pais, companheiros e filhos, daí é que vamos perceber que deveríamos ter dispensado mais atenção e amor a eles.

O lógico do comportamento é de achar que quando tudo está bem, nada é necessário para se manter bem, sempre se acha que a situação está bem e vai continuar bem sempre sem a ajuda de Deus, é errado pensar assim, muitas vezes esquecemos de Deus pelas notas que temos em nosso bolso, esquecemos que no mundo existe muitas coisas para se sofrer independente do dinheiro e da estabilidade financeira que as vezes conquistamos.

Seus pensamentos acabam mudando com o passar do tempo porque espíritos de luz e de grande evolução ajuda.

Nós os seres humanos somos a criação de Deus, mas não daquela forma alegórica que aparece na Bíblia, que Deus criou Adão no barro e de sua costela criou Eva, mas de uma forma mais linda e lógica, “Deus criou tudo que existe em todos os lugares e continua criando”, ele colocou a evolução das espécies na parte material e física e junto com a evolução espiritual onde todos nós temos as mesmas chances, não importa se nesta vida você é feia ou bonita, pobre ou rico, negro ou branco, HÉTEROS OU HOMOS, com saúde ou doente, não importa, todos nós temos as mesmas chances de vários e vários retornos aqui neste mundo, e de várias formas e situações para sermos evoluídos e testados quanto ao nosso aprendizado, quanto ao refinamento espiritual.m a formar seu caráter, isto acontece por vários motivos, o principal é a vibração mental, a forma das energias positivas e benéficas que se espalham pelo ambiente e a sua volta, atraindo ainda mais espíritos evoluídos, formando um conjunto de forças que superam qualquer
problema terrestre.

Desta forma uma pessoa que tinha solidão já não se sente mais só no mundo, ela sabe em seu intimo que além de Deus a seu lado ela tem muitos amigos espirituais, ela sabe que o fato de estar só é uma situação passageira, medos e angustias são abrandados pelo coração que se torna manso, a auto estima acaba por melhorar porque os valores já não são os mesmos, esta pessoa acaba percebendo que ela é única no universo, não existe mais outro ser humano igual a ela, se sente especial, acaba percebendo também que pertence a criação de Deus, e está aqui encarnada por algum motivo, tem algo a cumprir, uma meta, a evolução do seu espírito.

Isto acontece porque somos iguais perante a Deus e nunca seríamos privilegiados perante o nosso semelhante, somos a criação do
criador, o universo é a criação de Deus, Deus criou as leis da física e da química, tudo está funcionando porque Deus permite.

DEVEMOS SEMPRE LEMBRAR QUE DEUS NOS AMA COMO SOMOS, ELE NOS CRIOU SUA IMAGEM E SEMELHANÇA. ENTÃO ACEITE QUE VOCÊ É IMAGEM DE DEUS, E SE ACEITE COMO É. JAMAIS DEUS CRIARIA UM SER HUMANO INFERIOR. APROVEITE DESSE AMOR QUE DEUS TEM POR NÓS, VIVA A VIDA!!!
COM RESPONSABILIDADE É CLARO.

Solidão - Tonini

Solidão


Se não houver uma compreensão verdadeira acerca do envelhecimento humano, o idoso se deixará conduzir pelo desânimo e abatimento, refugiando-se na cela escura da solidão.

É certo que, com a idade avançada, cresça a necessidade da reflexão em torno da vida. Muito natural, portanto, que o idoso, algumas vezes, busque o refúgio silencioso da meditação, interessando-se por um recanto tranquilo e sereno.

A prece, o diálogo interior lhe darão sempre uma visão mais ampla acerca da vida e dos acontecimentos cotidianos.

Entretanto, se alguns minutos diários de interiorização representam auxílio para o próprio crescimento e entendimento da vida, a reclusão, que conduz ao abandono e à solidão, é sempre prejudicial.

Quase sempre, o idoso se deixa envolver pelas sombras da solidão, explicando que os seus amores, seus amigos e companheiros partiram através da morte e que, no final da existência, está só.

É compreensível que ele sinta a falta das pessoas com as quais desfrutava a companhia, porém, a vida não o impede de fazer novas amizades.

O homem não pode viver só: a Lei de Deus impõe-lhe como necessidade a vida em sociedade.

Quantos idosos não se deixam levar pela nostalgia, entregam-se a melancolia e, embora cercados por familiares, vivem em completa solidão?!...

Com tanta gente necessitando de afeto e amizade no mundo, concluímos que o indivíduo em solidão fez uma escolha infeliz.

Porque solidão é antes de tudo uma opção infeliz. Quem vive só, quase sempre escolheu assim viver.

O idoso consciente não se permitirá essa conduta.

Buscará sempre a companhia dos familiares, dos vizinhos, trabalhando sempre na manutenção dos laços afetivos e na aquisição de novas amizades.

Na obra da criação, tudo é harmonia e solidariedade: as aves voam em bandos, cruzando o céu; os peixes agrupam-se em cardumes no fundo das águas; as flores entrelaçam-se no campo, compondo um painel de cores; os animais vivem em grupos de acordo com as espécies; e as estrelas formam um colar de jóias preciosas, brilhando no firmamento.

Por que o homem haverá de viver só?!...

À sua volta, a natureza é lição viva de solidariedade a dizer-lhe: “Abre os braços para o abraço da fraternidade, estende a tua mão para tocar outras mãos e sê feliz!...”

Pelo Espírito: Antônio Carlos Tonini

Psicografado por: Luís Antônio Ferraz

Livro: No Entardecer da Existência –Editora DIDIER

(Casa Editora Espírita “Pierre-Paul Didier”) – 2ª Edição –

Solidão: é muito mais que viver só

Solidão: é muito mais que viver só


Solidão é definida como estado de quem se acha ou vive só1. Solitário é aquele que vive em estado de solidão, aquele que não convive com os seus semelhantes(1).

Levando em conta esta definição, ou seja, solidão como viver só, Kardec(2) ensina que a vida social está na natureza, dentro da Lei da Sociedade. Deus fez o homem dando-lhe a palavra e as demais faculdades para que pudesse viver em sociedade. Desta forma, todos os seres humanos devem concorrer para o progresso, auxiliando-se mutuamente. Ressalta que o homem não pode viver insulado, pois se embrutece e não progride. Aquele que vive em reclusão, fugindo do contato com o mundo, é portador de um grave egoísmo.



Kardec é enfático quando diz que os laços sociais e familiares são necessários ao progresso do ser humano, pois, desta maneira, quis Deus que os homens aprendessem a amar-se como irmãos.

Assim, Kardec, sem utilizar a palavra solidão, repreende o homem com tendência a se isolar e a viver só. Orienta-o para o progresso e para isto deve ter uma vida de relação.

Tem-se que levar em conta, ainda, que estar sozinho, em muitos momentos, pode ser uma ocasião de solitude saudável e enriquecedora. Pode até desencadear notáveis expressões de criatividade, mas não implica dizer que toda solidão (viver só) traz benefício dessa natureza. Muitos indivíduos dizem se sentir bem quando conseguem ficar sozinhos por um curto período (como dizem: um tempo que é dado só para si) e muitas vezes esta situação faz com que se voltem para dentro de si e se conheçam melhor, principalmente revendo suas atitudes e imperfeições.

O mundo moderno propicia ao homem se sentir só. As causas principais são: famílias menos estáveis, divórcios em larga escala, filhos abandonando os lares na maioridade, computador (pessoas que passam a maior parte do tempo num mundo virtual), bullying (seja na escola, no trabalho, ou em outra situação, provocando o retraimento e isolamento do indivíduo) e outros. Estima-se que em 2010, 31 milhões de americanos viveram sozinhos em casa(3). No Brasil, a Fundação Getulio Vargas divulgou pesquisa em que estimou um número crescente de brasileiros que vivem sós.

Logicamente que o viver só, com pouca interação com o semelhante, pode ocasionar sintomas de tristeza, de incapacidade, de autodesvalorização (depressão) e tendência ao egocentrismo.

Geralmente, na Psicologia e na Psiquiatria, utiliza-se o termo solidão, no mesmo sentido que ensinam os dicionários: falta de alguém ou viver só.

Na prática médico-psiquiátrica a coisa não é bem assim. É comum ouvir a queixa solidão de pessoas que vivem sozinhas, ou porque perderam alguém (separação ou morte) ou pela dificuldade para ter uma amizade ou um relacionamento. No entanto, também se ouvem queixas de pessoas que sentem solidão mesmo convivendo com muitas pessoas, em companhia. Esta solidão é descrita como uma sensação de vazio ou de desconforto interno. Nota-se, desta forma, que se trata de um sentimento mais profundo do que estar simplesmente só.

Este vazio, quase sempre não bem explicado pelo indivíduo, é decorrente de outros sentimentos, tais como: abandono, rejeição, insegurança, baixa autoestima, falta de perspectiva futura, inutilidade; enfim, de sentimentos que encarceram a alma, que bloqueiam a vida afetiva saudável e relacionamentos sociais positivos.

Muitos existencialistas dizem que cada pessoa vem ao mundo sozinha, atravessa a vida como um ser separado dos demais e morre sozinha. Induzem a uma ideia de que o homem vive só na vida, esquecendo-se de que o ser humano é um ser social por sua própria natureza. O lidar com isto e direcionar tudo de uma forma satisfatória é uma condição humana, porque cada um pode e deve cultivar suas qualidades e modificar os seus defeitos, no anseio de viver bem consigo mesmo e na esfera social.

Solidão, no sentido mais profundo, também pode ser definida como uma incapacidade de sentir compaixão, de ser amado, de se amar e de ter esperança. Ainda, a procura de si dentro do vazio existencial, de direcionar os seus sentimentos e de se ligar com o Ser superior. Não se pode depender de alguma coisa para não se sentir em solidão.

A Psicologia e a Psiquiatria lançam mão de muitas formas para tratar a solidão. Entendida como viver ou estar só, a psicoterapia é um método efetivo e frequentemente muito bem sucedido. Nos casos da solidão vista como um vazio existencial, a terapia deve mostrar ao indivíduo que ter uma companhia ou melhorar seu relacionamento social não é o tudo. Deve enfatizar o entendimento e a compreensão da sua causa, a reversão dos pensamentos negativos, buscando a transformação dos sentimentos e atitudes negativas. Como se vê, a terapia espiritual é aconselhável em todos os casos.

A prática psiquiátrica ensina que não é comum a queixa de solidão isolada; geralmente ela está inserida em muitos transtornos emocionais como: a depressão, a ansiedade e as fobias. Transtornos nos quais se encontra um desequilíbrio de sentimentos.

Na visão espírita, ao praticar os ensinamentos de Kardec, a solidão pode ser evitada se as Leis de Deus forem consideradas. Ninguém deve se isolar; a interação entre os homens serve para a evolução e para a constante transformação dos sentimentos e atitudes. Agindo dessa forma, foge-se do egocentrismo e do vazio da alma que chamamos de solidão.

Emmanuel(4) ensina: “se desejas emancipar a alma das grilhetas escuras do eu (solidão, grifo nosso) começa o teu curso de autolibertação, aprendendo a viver como possuindo tudo e nada tendo, e, com todos e sem ninguém”.


BIBLIOGRAFIA:

1. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da Língua Portuguesa.

2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Brasília: FEB,1985.

3. Loneliness and Isolation: Modern Health Risks – The Pfizer Journal IV, 2000.

4. XAVIER, Francisco C. / EMMANUEL. Fonte Viva. Rio de Janeiro: FEB, 2010.



José Luiz Condotta

Revista Internacional de Espiritismo - Agosto de 2011

Dias de solidão


Tem dias em que a gente se sente como quem partiu ou morreu. Quando o
poeta da música popular escreveu esses versos, explicitava na
canção o sentimento que muitas vezes se apodera de nossa alma.

São aqueles dias onde a alma se perde na própria solidão,
encontrando o eco do vazio que ressoa intenso em sua intimidade.

São esses dias em que a alma parece querer fazer um recesso das
coisas da vida, das preocupações, responsabilidades e compromissos,
para simplesmente ficar vazia.

Não há quem não tenha esses dias de escuridão dentro de si. Fruto
algumas vezes de experiências emocionais frustrantes, onde a amargura
e o dissabor nos relacionamentos substituem as alegrias de
bem-aventuranças anteriores.

Outras vezes são os problemas econômicos ou as circunstâncias
sociais que nos provocam dissabores e colocam sombras na alma.

A incompreensão no seio familiar, a inveja no círculo de amizades,
a competição e rivalidade desmedida entre companheiros de trabalho
provocam distonias de grande porte em algumas pessoas.

Nada mais natural esses dissabores. Jesus, sabiamente, nos advertiu
dizendo que no mundo só encontraríamos aflições.

Tendo em vista a condição moral de nosso planeta, as aflições e
dificuldades são questões naturais e, ainda necessárias para a
experiência evolutiva de cada um de nós.

Dessa forma, é ilusório imaginarmos que estaríamos isentos desses
embates ou acreditarmo-nos inatacáveis pela perversidade, despeito
ou inferioridade alheia.

Assim, nesses momentos faz-se necessário enfrentar a realidade, sem
deixar-se levar pelo desânimo ou infelicidade.

Se são dias difíceis os que estejamos passando, que sejam retos
nosso proceder e nossas ações. Permanecer fiel aos compromissos e
aos valores nobres é nosso dever perante a vida.

Os embates que surjam não devem ser justificativas para o desânimo,
a queixa e o abandono da correta conduta ou ainda, o atalho para dias
de depressão e infelicidade.

Aquele que não consegue vencer a noite escura da alma, dificilmente
conseguirá saudar a madrugada de luz que chega após a sombra, que
parece momentaneamente vencedora.

Somente ao insistirmos, ao enfrentarmos, ao nos propormos a bem agir
frente a esses momentos, teremos as recompensas conferidas àquele
que se propõe enfrentar-se para crescer.

* * *

Se os dias que lhe surgem são desafiadores, lembre-se de que mesmo
Jesus enfrentou a noite escura da alma, em alguns momentos, porém,
sempre em perfeita identificação com Deus, a fim de espalhar a
claridade sublime do Seu amor entre aqueles que não O entendiam.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 7,
 do livro Atitudes renovadas, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
 psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

A SOLIDÃO DOS BONS

A SOLIDÃO DOS BONS


Reflexão...

O exercício da bondade é comportamento que gera mudança na vida de relações. Não é necessário ser Bom na verdadeira acepção da palavra, o mero treino das atitudes boas, o ser "bom", já é suficiente para entender como nasce essa solidão.

Quando alguém passa a dedicar-se a muitos, dificilmente tem tempo para poucos, as vezes não tem tempo nem para si. Passam a ser raros os que aparecem para saber como estão, pois sendo a vida feita de afinidades e os "bons" (que raramente procuram os outros para um olá) com o tempo são substituídos ainda que o afeto se mantenha. Tal resultado não merece nenhuma crítica, surge das situações.

Paralelamente aumentam, graças a Deus, as pessoas que os procuram para perguntar algo, pedir uma orientação, solicitar uma prece, compartilhar seus medos, dúvidas, problemas. Foi para isso que eles se disponibilizaram e, obviamente, tal procura exige resposta pautada nos conceitos que trouxeram essas pessoas para perto, em geral motivadas pela necessidade e fé.

O tempo do "trainee da bondade" é cada vez mais aproveitado em fazer e ser, e menos em ter, e como a sociedade atual exige "ter" (ter amigos, ter dinheiro, ter tempo para diversão...), esse tipo de pessoa passa por um processo interessante: entre muitos, está quase sempre só.

Recordo-me de uma experiência que talvez exemplifique: fiz parte de um centro espírita onde um médium vinha de outra cidade, uma vez por mês, fazer atendimento de cura. Casa sempre cheia, o médium sempre muito assediado (todos faziam tudo para estar com ele alguns minutos - ele tinha uma energia boa que fazia querer estar perto). Um dia esse médium decidiu que não mais atenderia naquela cidade. O CE, sempre cheio, estava lotado no primeiro mês, esperando-o voltar. No segundo mês também. No terceiro começou a diminuir os assistidos que iam à casa. No quarto mês, idem. No quinto mês alguns trabalhadores do CE se ausentaram. No sexto mais pessoas abandonaram o trabalho e assim continuou acontecendo. No final de um ano sem o médium que só fazia um trabalho na casa, embora tivéssemos estudos, evangelho de salão, passes, reuniões com a comunidade para distribuição de mantimentos, só ficaram na casa o Presidente e eu... esse centro espírita fechou.

Ressalvadas as diferenças, é assim a vida de relação dos bons. Enquanto têm algo a oferecer, enquanto precisam deles e eles ajudam, não estão fisicamente sós. Mas ai se precisarem de ajuda! A existência serve para que nos tornemos pessoas independentes e o "bom" trabalha para que o próximo não precise mais dele, sendo capaz de realizar sozinho - é assim que deve ser.

O comum é que enquanto necessitadas e não saciadas as pessoas fiquem perto. Mas, quando ocorre a cura do corpo ou da alma, ou quando não há mais o que oferecer, quase todos partem. E como os "bons", muitas vezes, não foram capazes de sustentar as amizades reais por falta de tempo, optando por dedicarem-se à efemeridade das relações geradas pela necessidade, acabam convivendo com os que querem deles algum benefício. Eles são seres invisíveis em sua essência, por isso tão sós.

Isso indica que as razões pelas quais as almas realmente boas e que dedicam suas vidas verdadeiramente ao próximo, raramente formam família, pois é incompatível ser tudo na intimidade precisando ser tudo na coletividade.

Acredito que houve muita solidão na vida de Chico Xavier, de Irmã Dulce, de Madre Teresa, de Gandhi e tantos outros, ainda que sempre tenham tido à sua volta, muitas, muitas pessoas... Não darei uma sugestão de solução para isso. Meu coração diz o que seria certo cada um fazer, mas há coisas que não se ensinam, sente-se, percebe-se a partir do discernimento e da própria compreensão de caridade.

By Vania Mugnato de Vasconcelos

"Solidão da Alma"


Que Sentimento é esse que surge de repente e nos sentimos como uma minúscula formiga a carregar o mundo nas costas?
Quem já não vivenciou ao menos por um dia essa experiência?
É importante compreendermos quais as causas desse sentimento tão triste que chamamos de solidão.
Não podemos confundir o estar só num espaço físico com a solidão que vem de dentro.
Alguns poderiam questionar a passagem em que Jesus deixa a todos e se dirige ao monte para orar. Neste momento ele estava só, vivendo um momento de introspecção e comunhão com o Pai. Era um momento de interiorização, de diálogo íntimo. E não um momento de solidão como sinônimo de desespero, mágoa e tristeza.
Ainda quando falamos em solidão muitas outras imagens se formaram em nossas mentes como a figura de um ermitão, de um monge, ou ainda de uma casa de repouso para a melhor idade ou ainda os cômodos vazios de uma casa onde os filhos já se mudaram ou ainda após o término de uma relação conjugal.
Queremos abordar aqui um conceito mais abrangente da solidão. A solidão que é muito mais do que um espaço físico, a solidão da alma.
Há milhões de pessoas que se sentem em completa solidão em grandes metrópoles como São Paulo, Nova York, Tóquio, Inglaterra, etc. Já pensaram nisso? Rodeadas de seres e completamente sozinhas.
No mundo materialista em que vivemos há uma enorme competição por status, posição no mercado, dentre tantas outras coisas. Somos induzidos a vivermos egoisticamente e com muito orgulho em nossas "bolhas", em nossas mazelas.
Ainda há o sentimento de que por diversas vezes, nos sentimos profundamente sozinhos mesmo diante de amigos e de pessoas que amamos muito.
Dessa maneira não podemos considerar a solidão da alma como a ausência de pessoas ao redor, concordam?
Aprofundemos um pouco mais...
Solidão da alma é não se encontrar consigo mesmo. Quantos vivem hoje distantes de sua alma? Distantes de si mesmos?
Por quê? Vocês saberiam me responder?
Pelo simples fato de não terem aprendido ainda a desenvolver o auto amor, o auto perdão... Não conhecem a si mesmos, talvez com medo de que possam encontrar as possíveis decepções do que se idealizou. Mas de que adianta viver de máscaras?
Preferimos deixar de ouvir a centelha divina que habita em nosso interior e fornece todas as respostas aos nossos questionamentos íntimos e vamos procurar a aprovação dos outros.
Quando não conseguimos a aprovação nos sentimos profundamente em solidão. E desta maneira caminhamos a galopes para entrar numa depressão e quem sabe até numa obsessão e um suicídio.
Então qual a causa dessa solidão? Quem é o responsável? O Outro que não se importou comigo? Ou que não aceitou minha maneira de pensar?
Acredito que a maioria diria que a culpa é do outro. Mas respondo com total convicção de que culpa é sua.
E ainda poderão me questionar, mas e nos casos das casas de repouso, onde muitos filhos abandonam os pais e esses se sentem em completa solidão, que culpa terão os pais? Ou ainda se meu cônjuge não me ouve? Meus amigos não compartilham as ideias e momentos comigo, como não solidão?
E eu tranquilamente respondo... SIM e cada um é culpado por suas ações.
Vejamos o por que.
Essa solidão que se sente nos fatos apresentados é proveniente de nosso egoísmo, de nossa mania de perfeição, de nosso orgulho. Achamos que sempre temos as melhores respostas, os melhores caminhos, afinal somos "quase perfeitos" não é mesmo? Tomando o cuidado de dizer "quase", pois como espíritas sabemos que somente a Deus cabe à perfeição.
Não somos melhores ou piores que outros apenas cada qual vive segundo o estágio de aprendizado que se encontra. Tendo a certeza de que todos chegarão mais próximos a perfeição num futuro, pois é essa nossa missão.
Criamos expectativas em relação ao outro e em relação a nós mesmos. E quando as expectativas não são atendidas sentimos a mais profunda solidão, e em nossa forma "racional" de pensar, acreditamos que é nosso "dever" mudar o outro e assim não respeitamos o seu tempo de aprendizado e o seu livre arbítrio.
Essa situação é muito comum nos relacionamentos.
Lembremos que as mudanças acontecem somente interiormente. Mudança é um movimento de dentro para fora, ou seja, é preciso querer mudar. É também uma opção pessoal, portanto não mudamos as pessoas. Toda mudança será proveniente do empenho, dedicação e persistência da mesma. Através do exemplo podemos influenciar de forma positiva ou negativa, mas a mudança real depende do empenho e conquista de cada ser.
Vivenciamos ainda a solidão por não sabermos lidar com nossos sentimentos.
Dizemos que somos Todos UM com O pai, então como poderemos nos sentir sozinhos? Como podemos vivenciar essa solidão? Jamais seremos abandonados pelo Pai.
Coragem amigos... Enfrentemos os fantasmas que nos assombram. Assumamos nosso equilíbrio interno, façamos uma limpeza em nossos arquivos emocionais e conseguiremos desmistificar a solidão.
Recordemos que somos frutos de nossos pensamentos e nunca estamos sós. Emanando e recebendo vibrações estamos sempre na companhia dos que possuem a mesma frequência.
Compartilhamos com todos os Universos a grandeza de sermos Filhos de Deus, na comunhão, amparo e apoio eternos.
Estejam em paz e na companhia de todos os que vibram e obram pelo bem.
Irmão Matheus

O antídoto para a solidão

O antídoto para a solidão

Octávio Caúmo Serrano

"É bom ser importante, mas o importante é ser bom"

Um dos flagelos da humanidade chama-se solidão.

Mas o que é a solidão? Seria a ausência de companhia, de pessoas à nossa volta? Seria estar longe das civilizações?

Mais grave do que estar só é sentir-se só. Duas pessoas que vivem situações parecidas poderão ter comportamentos diferentes. Enquanto uma é infeliz, a outra sobrevive, e bem.

Solidão, mais do que estar só, é a insatisfação da pessoa com a vida e consigo mesma. É precisar da multidão à sua volta, por não perceber que pode bastar-se por si mesma, desde que descubra a riqueza do seu interior. A solidão nasce da insegurança e da necessidade de sentir-se amada, porque ignora que o grande truque é amar.

Há quem use solidão como tempo de inspiração, análise e programação. Não é mais a solidão popularmente conhecida, porque se transforma em recolhimento ao próprio íntimo, necessidade que todos temos, sem nos dar conta. Vez que outra, é preciso estar só. Tentamos nos dar bem com os outros, mas não sabemos viver na harmonia de nós mesmos. Quando Amyr Klink, saindo da África, chegou à Bahia, navegando dias e dias, sozinho em sua pequena embarcação, perguntaram-lhe se a solidão não teria sido seu maior obstáculo. A resposta foi que nunca estivera só, porque muitos torciam por ele e, além disso, fazia o que lhe causava prazer. Quem age dessa forma não dá espaço para a solidão.

Cabe analisar quem são as vítimas da solidão. E responderíamos que são os que não lutam, que nada realizam, não amam, não vivem...!

Quem se fecha em seus problemas, em suas mágoas, melindra-se facilmente, auto-flagela-se e inutiliza preciosas oportunidades de realizações importantes. Deus não pode ocupar-se com os que insistem em ser infelizes. Deixa primeiro que despertem e valorizem a vida, para depois enviar-lhes a ajuda que possam compreender.

O antídoto para a solidão, mais do que os antidepressivos ou os divãs dos analistas, é a ocupação. De qualquer tipo. Trabalho profissional, trabalho de lazer, trabalho de amor ao próximo. Quem se achar em sofrimento, procure ser útil. Quem vive gastando o tempo para reclamar de má sorte, experimente aplicar as horas tristes no trabalho. E como catalisador para esse entendimento não podemos desprezar um agente eficaz contra a solidão: O Centro Espírita.

Nesse pequeno compartimento da imensa Casa de Jesus há, sempre, disponibilidade de vagas para serviços no bem. E, sempre, atinge primeiro o próprio agente. É aí que o jovem estudante busca serenidade para entender as lições mais difíceis; é aí que a moça, frustrada com a perda do namorado, encontra para substituí-lo um amor diferente, sublimado; é ai onde a mãe que ficou, prematuramente, sem o filho querido, conhece outros filhos que suprirão a falta dele; é ai onde a viúva, idosa e enferma, encontra a companhia de operosos auxiliares do Cristo, para suavizar o seu isolamento e a saudade do companheiro; é aí, enfim, onde todo sofrimento se transforma em progresso e entendimento.

Nenhum outro lugar, por mais prazer que ofereça, pode combater a solidão como o Centro Espírita, sem dispêndio para aquele que chega com a mágoa no coração. Ali, enquanto serve, se cura; quando oferece, recebe; ao sorrir, se alegra; com ajuda, se reergue.

Abençoado Centro Espírita, que além destes abriga também os que se sentem infelizes, que têm a alma sensível pronta para oferecer-se. São os que têm consciência de como a vida é boa e retribuem a Deus pela dádiva, ao invés de queixar-se do abandono ou revoltar-se contra os atos comuns da vida de todos nós. Centro Espírita que a todos recebe, servidores e necessitados, com a intenção de irmaná-los e integrá-los em um só propósito e diminuindo a infelicidade porque esta, sempre, faz seu ninho no escuro de cada um, independente da idade, saúde ou situação financeira.

Felizes os que despertam e passam pela porta estreita do Centro. Metade do problema já estará resolvido.

Felizmente, a cada dia os que ali aportam são em maior número e, brevemente, chegará o dia em que o entendimento será absoluto.

Revista Espírita Allan Kardec, nº 37.

SOLIDÃO NA VISÃO ESPÍRITA

A palavra SOLIDÃO encontrada no dicionário vem com o seguinte significado: - Estado de quem está só; Lugar ermo; Isolamento.
Em SOLITÁRIO encontramos:
- Que foge da convivência; situado em lugar ermo; aquele que vive na solidão;
- Jóia com uma só pedra preciosa.
Essas denominações exprimem de forma muito generalizada um possível significado da Solidão e daquele que sente. Esse significado é o que comumente as pessoas se referem, mas existem outras faces desse tema que as pessoas também experimentam e não costumam explorar, ficando tudo misturado como se fossem meras nuances da mesma coisa.

NA VISÃO FILOSÓFICA

"O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) afirma que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte. Podemos nos conformar com isso ou não. Mas nos distinguimos uns dos outros pela maneira como lidamos com a solidão e com o sentimento de liberdade ou de abandono que dela decorre, dependendo do modo como interpretamos a origem de nossa existência.
O Homem pode encarar esta situação de duas formas; Pode aceitar a solidão, como forma de sua própria liberdade, ou interpretar a solidão como abandono ou castigo, ficando assim subjugado as influências externas, abrindo mão de sua própria existência, tornando-se um estranho para si mesmo, colocando-se a serviço dos outros e diluindo-se no impessoal, não assumindo a sua responsabilidade perante a espiritualidade.
Rollo May, afirma que “Não há dúvida que em todas as épocas a solidão foi temida e as pessoas dela procuram fugir.” E acrescenta mais adiante: “A diferença é que, em nossa época, o medo da solidão é muito mais intenso e as defesas contra ele – diversões, atividades sociais e amizades – são mais rígidas e compulsivas.”
Segundo May, o grande medo da solidão é o de nos sentirmos abandonados pelos outros e ficarmos sós, entregues a nós mesmos, e a partir daí sermos responsáveis por todos os nossos atos, sem ter o outro para responsabilizar ou culpar.

NA VISÃO PSICOLÓGICA

Sentir-se só, isolado, com ou sem pessoas à volta, sentir-se abandonado, desvinculado do mundo, sentir-se com medo.
O medo que advém desse estado tem lastro no ensimesmamento em que ficamos, porque estamos em um momento de estar entregue a nós mesmos, sentindo abandono e desvalia, perdidos, sem o referencial do controle de nossos pensamentos e sentimentos que muitas vezes temos quando estamos na frente dos outros.

Nesse momento estamos diante de nós mesmos e só de nós mesmos. Somos então impiedosamente críticos conosco, cobramos, revisamos nossos erros de forma cruel, o nosso vazio, o que não modificamos. É difícil aceitar as limitações e dificuldades sem lutar contra elas.
Essa solidão pode ser vivenciada junto com outra chamada pelos especialistas de Isolamento estrutural ou de Isolamento existencial. Que em síntese falam de uma condição da humanidade, em que cada um de nós somos seres lançados no mundo sozinhos, entregues a nós mesmos e só a nós cabe cuidar de nosso ser.
Segundo especialistas, define-se o isolamento em:
O Isolamento Estrutural (comum a todos os seres humanos)
A pessoa o sente porque é um indivíduo diferente dos outro, possuindo a sua originalidade, suas características peculiares e uma existência específica e singular (...) Os seus pontos extremos se encontram no nascimento e na morte: nascemos sozinhos e sozinhos morremos.”
"É quando precisamos fazer escolhas e tomar decisões, sobretudo as que são mais relevantes para a nossa vida. Nesta ocasião, os outros podem estar conosco e ajudar-nos até certo ponto. Mas há o instante nevrálgico em que todos nos deixam e não podem mesmo ficar conosco. Sentimo-nos, então, sozinhos, porque, na verdade, ninguém pode escolher e nem decidir em nosso lugar”.
Pode-se experimentar esse tipo de isolamento, de estar sozinho, de três formas:
- Não perceber que está (mergulhado em alguma tarefa);
- Perceber e gostar (afastamento voluntário para refletir);
- Perceber e não gostar (ao se ver rejeitado do convívio das pessoas)

O Isolamento Funcional (distanciamento parcial por determinada circunstância) Pode-se experimentar por:
-Motivo espacial, geográfico (uma pessoa que é responsável por farol marítimo);
-Motivo de usos e costumes (pessoa idosa em ambiente só de jovens)
-Motivo cultural (estrangeiro que vive em terra estranha);
-Motivo de preconceito (uma pessoa negra que vive em comunidade branca racista).
O Isolamento Interpessoal
Pode-se experimentar por:
-Isolamento geográfico;
-Dificuldade de socialização;
-Fatores culturais;
-Declínio de instituições promotoras de aproximação (família grande, estabilidade de residência e vizinhança, comércio local, médico de família, etc.)
O Isolamento Intrapessoal
Refere-se a experiência de se abrir mão de seus próprios desejos e sentimentos aceitando "você tem que" ou "você deve" como se fosse seu próprio desejo, não confiando em seu próprio julgamento, ocultando suas próprias possibilidades, enfim, um afastamento de si próprio.
Mas é o Isolamento Existencial (Isolamento Estrutural) que se define pelo tipo de solidão mais fundamental da existência, persistindo mesmo com os relacionamentos mais gratificantes com outras pessoas. Como nos mostra a autobiografia de Thomas Wolfe em que o protagonista refletia: "Uma solidão inescrutável e uma tristeza o invadiram: ele viu sua vida através da solene vista das veredas da floresta, e ele soube que ele seria sempre uma pessoa triste: preso naquele pequeno corpo, aprisionado num coração secreto, e pulsante, sua vida continuaria sempre passando por caminhos solitários. Perdido. Ele compreendeu que os homens foram sempre estranhos uns aos outros, que ninguém veio, a saber, realmente quem o outro era, que aquele aprisionamento no escuro útero de nossas mães, nos trouxe a vida sem nunca ter visto seu rosto, que nós, um estranho fomos colocados em seus barcos e que, da prisão insolúvel do ser, nós nunca
escaparemos não importa que barco nos segure, que boca nos beije, que coração nos aquece. Nunca, nunca, nunca, nunca, nunca”.
Como alguém se protege do pavor do isolamento máximo? Nenhum relacionamento pode eliminar o isolamento. No entanto a solidão pode ser compartilhada de tal forma que o amor compensa a dor do isolamento, ou seja, o maior apoio contra esse terror é relacional em sua natureza. Compartilhando do fato de ambos serem solitários, sensíveis a isso. Mas quando dominados pelo medo, nossos relacionamentos se tornam inadequados, fracassados, medidos pela necessidade, por funções utilitárias.
De qualquer forma estaremos sempre sós, podemos dar conta do isolamento funcional, interpessoal e até do intrapessoal, mas não temos como extirpar uma condição da humanidade, a solidão de cada ser (isolamento existencial ou estrutural), o que podemos fazer é sentir e lidar com ela, ora se desesperando, ora aproveitando o que de mais belo ela pode nos ensinar, cuidar do ser, cuidar de ser.
"A angústia provocada pela solidão é o sentimento que muitas pessoas experimentam quando se conscientizam de estarem sós no mundo. É o mal-estar que o ser humano experimenta quando descobre a possibilidade da morte em sua vida, tanto a morte física quanto à morte de cada uma das possibilidades da existência, a morte de cada desejo, de cada vontade, de cada projeto."
"Cada vez que você se frustra, que você não se supera, que você não consegue realizar seus próprios objetivos, você sente angústia. É como se você estivesse morrendo um pouco."
"Muitas pessoas sentem dificuldade de estarem a sós consigo mesmas. Não conseguem viver intensamente a sua própria vida. Muitas vezes elas acreditam que o brilho e o encantamento da vida se encontram no outro e não nelas mesmas. Sua vida tem um encantamento, um brilho, algo de especial porque é sua, apenas sua. Independentemente do que você esteja fazendo, sua vida pode ser intensa, prazerosa, simplesmente pelo fato de ser sua e por você ser único. Cada um de nós pode ser uma pessoa especial para si mesmo."
"A solidão é a condição do ser humano no mundo. Todo ser humano está só. Esta é a grande questão da existência, mas não significa uma coisa negativa nem que precise de uma solução definitiva. Ou seja, a solução não é acabar com a solidão, não é deixar de sentir angústia, suprimindo este sentimento. A solução não é encontrar uma pessoa para preencher o vazio existencial, não é encontrar um hobby ou uma atividade. A solução não é se matar de trabalhar e se concentrar nisso para não se sentir sozinho. Também não é encontrar uma estratégia para driblar a solidão. A solução é aceitar que se está só no mundo. Simplesmente isso. E sabendo-se só no mundo, viver a própria vida, respeitar a própria vontade, expressar os próprios sentimentos, buscar a realização dos próprios desejos. Quando se faz isso, a vida se enche de significado, de um brilho especial."

"O objetivo não é fingir que a solidão não existe, não é buscar a companhia dos outros, porque mesmo junto com os outros você está e sempre será solitário. O outro é muito importante para compartilhar, trocar. O outro é muito importante para a convivência, mas não para preencher a vida, não para dar sentido e significado a uma outra existência. A presença do outro nos ajuda, compartilhando, mostrando a parte dele, dando aquilo que não temos e recebendo aquilo que temos para dar, efetivando a troca. Mas o outro não é o elemento fundamental para saciar a angústia ou para minimizar a condição de solidão”.
"Cada um de nós nasceu só, vive só e vai morrer só”.
A experiência de cada um de nós é única. O nascimento é uma experiência única, pois ninguém nasce pelo outro. Da mesma forma que a morte é uma experiência única, pois ninguém morre pelo outro. E a vida inteira, cada momento, cada segundo da existência, é uma experiência única, pois ninguém vive pelo outro.


NA VISÃO ESPÍIRITA

O VERBO NA CRIAÇÃO TERRESTRE

“Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em repouso. Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que  cobria toda a Terra.
Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada, com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens.
O homem primitivo falava, porém não como o homem: alguns sons guturais, acompanhados de gestos, os precisos para responder às suas necessidades mais urgentes. Fugia da sociedade e buscava a solidão; ocultava-se da luz e procurava indolentemente nas trevas a satisfação de suas exigências naturais. Era escravo do mais grosseiro egoísmo; não procurava alimento senão para si; chamava a companheira em épocas determinadas, quando eram mais imperiosos os desejos da carne e, satisfeito o apetite, retraía-se de novo à solidão sem mais cuidar da prole.
O homem primitivo nunca ria; nunca seus olhos derramavam lágrimas; o seu prazer era um grito e a sua dor era um gemido. Com o passar dos tempos as famílias foram se unindo, formando tribos, se amalgamando, cruzando tipos, elegendo chefes e elaborando as primeiras regras de vida em comum.
A partir daí a raça humana acelera o seu processo de crescimento interior desenvolvendo cada vez mais o senso gregário, ora para se proteger dos predadores, ora para se proteger das intempéries ora para a preservação da espécie.
Não poderia ser diferente, pois esta forma complexa e perfeita é composta de uma porção material perfeitamente elaborada em sua estrutura física, onde cada elemento desta construção ocupa o real espaço para o desenvolvimento de suas funções divinas, e sua contra-parte essência, que anima e dá sentido a esta maravilhosa estrutura, mantendo-se fiel através dos tempos à centelha divina que a criou, tendo a perfeita união destas duas partes, proporcionada pela ação de uma substância parte material e parte essência que, proporciona-lhe, cumprir a sua missão a cada existência.
Tudo provém da Unidade e volve à Unidade. O Universo é o Uno na sua constituição, resultado do Psiquismo Divino que tudo envolve e dinamiza.
Em se tratando de um mundo de provas e expiações é necessário compreender que há necessidade de ampliarmos os nossos conhecimentos e sentimentos.
Com os primeiros, valorizaremos cada vez mais a vida espiritual e conseqüentemente a nossa imortalidade. Com os segundos ampliaremos a nossa vida de relação com os nossos semelhantes realçando a nossa caminhada evolutiva, que em conjunção com as duas alçaremos vôo em direção à angelitude.

Entendo assim, que em cumprimento a Lei de Divina, passamos pelas oportunidades reencarnatórias colhendo os frutos da nossa semeadura. E de conformidade com a passagem evangélica que diz: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”. Necessário se faz sair da nossa solidão egoísta e atendermos aos reclames dos nossos irmãos que são os nossos instrumentos de trabalho pela divina misericórdia. Aí sim, fazendo a nossa parte poderemos dizer: Adeus solidão.
“O outro é o nosso instrumento de libertação”.
O ser humano necessita do calor afetivo de outrem, mediante cuja conquista amplia o seu campo de emotividade superior, desenvolvendo sentimentos que dormem e são aquecidos pelo relacionamento mútuo, que enseja amadurecimento e amor. Concomitantemente, espraia-se esse desejo de manter contato com s expressões mais variadas da vida, nas quais haurem alegria e renovação de objetivos, por ampliar a capacidade de amar e experimentar novas realizações.
O fluxo da vida humana se manifesta através dos relacionamentos das criaturas uma com as outras, contribuindo para uma melhor e mais eficiente convivência social. Nas expressões mais primárias do comportamento, o instinto gregário aproxima os seres, a fim de os preserva mediante a união de energia que permutam, mesmo que sem darem conta.
O desafio do relacionamento é um gigantesco convite ao amor, a fim de alcançar a plenitude existencial.
A ilusão não buscada gera conflitos que são herança de experiências fracassadas, mal vividas deixadas pelo caminho, por falta de conhecimento e de emoção, que vão adquirindo etapa-a-etapa nos processos dos renascimentos do Espírito.
A ilusão resulta, igualmente, da falta de percepção e densidade de entendimento, que se vai esmaecendo e cedendo lugar a realidade, a medida que são conquistados novos patamares representativos das necessidades do progresso.
Até o momento falamos da Solidão como liberdade do ser, como única forma de nos relacionarmos com a nossa missão quando encarnados, mas não podemos esquecer que após o desencarne, continuamos na mesma condição que nos achávamos quando na veste de carne e por conseqüência, o espírito recém chegado do mundo material, traz as suas virtudes e defeitos, os seus medos e ignorância. Então a Solidão que lhe abalava na matéria continua lhe abalando na espiritualidade.
“Descera a noite totalmente, quando penetramos estreita sala, em que um círculo de pessoas se mantinha em oração.
Várias entidades se imiscuíam ali, em meio dos companheiros encarnados, mas em lamentáveis condições, de vez que pareciam inferiores aos homens e mulheres que se fazia componentes da reunião. Apenas o irmão Cássio, um guardião simpático e amigo, de quem o Assistente nos aproximou, demonstrando superioridade moral. Notava-se-lhe, de imediato, a solidão espiritual, porquanto desencarnados e encarnados da assembléia não lhe percebiam a presença e, decerto, não lhe acolhiam os pensamentos. Ante as interpelações de nosso orientador, informou, algo desencantado:
Por enquanto, nenhum progresso, não obstante os reiterados apelos à renovação. Temos sitiado o nosso Quintino com os melhores recursos ao nosso alcance, mobilizamos livros, impressos e conversações de procedência respeitável, no entanto, tudo em vão... O teimoso amigo ainda não se precatou quanto às duras responsabilidades que assume, sustentando um agrupamento desta natureza...
Áulus buscou reconforta-lo com um gesto silencioso de compreensão e convidou-nos a observar.
Revestia-se o recinto de fluidos desagradáveis e densos”
No trecho acima, de Emmanuel em Nos Domínios da Mediunidade, podemos observar que apesar de estar em situação moral superior aos outro que estavam a sua volta, por se sentir só e não ter compreendido a sua missão, o companheiro espiritual necessita de maior apoio daqueles mais evoluídos e apesar de não estar atento à situação, Aulus assim mesmo tenta reconforta-lo e instruí-lo.
Na mesma forma, por várias vezes sentimo-nos só e desamparado, a medida que evoluímos em nossos estudos, pois cada vez que vamos entendendo o que nossos amigos espirituais nos transmitem, a medida que conseguimos por em prática os benditos ensinamentos do Mestre, mais o nosso círculo de pessoas afins vai se estreitando, pois poucos buscam a “porta estreita”.
Esta Solidão é meramente aparente, pois quanto mais estudamos, mais nos afastamos do lugar comum, do mundo material com seus prazeres efêmeros, é como se entendêssemos o que o Mestre disse em “Estar no Mundo sem ser do Mundo”, dessa forma a solidão ao invés ser um martírio, passa a ser um estágio prazeroso e indispensável para que possamos renovar nossas forças e sedimentar o nosso conhecimento, para que possamos conviver e evoluir neste mundo de Provas e Expiações.
Na mesma forma de sua concepção divina, o Homem necessita do convívio com o seu semelhante para que possa se relacionar com o mundo a sua volta e dar prosseguimento a sua evolução.
De todos os seres que habitam o nosso orbe, o Homem é o único que necessita de cuidados adicionais após o seu nascimento, pois todos o animais ao nascerem se tornam independentes e de imediato buscam se sustentar e se desenvolver. Apenas o Homem precisa de cuidados maternos após o seu nascimento, por período maior do que os outros.
A longa demora de sua independência é plenamente entendida, pois em seu estágio de evolução, o Homem necessita do convívio com aqueles que ombrearam no passado e que por motivos diversos deixaram questões a serem resolvidas, tais como ofensas, mágoas, injustiças e até mesmo atos de barbáries, que com o advento da reencarnação lhe é facultado a chance de desenvolver o amor por aquele que no passado sofreu a sua ofensa e com isso cumprir com a sua nobre missão.
Se observarmos, com passar das épocas, podemos observar que cada vez mais as crianças nascem mais independentes, mais evoluídas, exemplificando a evolução da raça, porém somente com a remissão de nossos erros passados é que poderemos nos considerar livres destes compromissos e retomarmos a nossa caminhada rumo a angelitude.
O homem solidário jamais se encontra solitário.
O egoísta, em contrapartida, nunca está solícito, por isto, sempre atormentado.
Possivelmente, o homem que caminha a sós se encontre mais sem solidão, do que outros que, no tumulto, inseguros, estão cercados, mimados, padecendo disputas, todavia sem paz nem fé interior.
A fé no futuro, a luta por conseguir a paz íntima, eis os recursos mais valiosos para vencer-se a solidão, saindo do arcabouço egoísta e ambicioso para a realização edificante onde quer que se esteja.
Reservar um tempo diário para a meditação e um outro para a reflexão, independentemente das pressões do cotidiano, é fundamental.
Fonte de ilusões é o ser humano acreditar que está no controle da vida, vinculando sua felicidade a elementos externos. Esse controle pertence a Deus, numa visão de religiosidade cósmica.
Devemos lembrar que o Pai nunca deixa os filhos desamparados, assim, se te vês presentemente sem laços domésticos, sem amigos certos na paisagem transitória do planeta, é que
Jesus te enviou a pleno mar de experiência, a fim de provares tuas conquistas em supremas lições.

CONCLUSÃO

Com tudo o que foi exposto acima, pudemos observar que o Homem, parte integrante e ativa do Universo, a partir da sua evolução, nasce só, vindo da Unidade, inicialmente atuando isoladamente, mas devido ao seu instinto gregário, sai de sua solidão para através de seu instinto genésico, iniciar sua interação com o mundo que o cerca, para dar os primeiros passos de sua evolução no orbe terrestre e a partir da crescente interação com a vida, vai perdendo o medo de se sentir só e compreende que o estado de solidão é ilusório pois sempre estaremos acompanhados e agora não mais como um ser isolado e sim como parte de um todo, constatando que como o Universo é UNO, tudo tende a unidade e a medida em que se vai evoluindo, retorna
a solidão, não mais como um ser claudicante e parcial, não mais com o medo da dúvida, mas com a certeza da plenitude da essência para finalmente cumprir a sua missão.
A mãe natureza é sábia quando determinou que cada ser vivo precisa de uma parte de sua vida para ficar só, constatado quando temos sono e temos que dormir para nos refazermos.
Quando estamos nos recolhemos em prece estamos experimentamos momentos de solidão.
Quando estamos concentrados lendo estamos sós.
Quando estamos trabalhando compenetradamente, estamos sós.
Em nenhum dos estados acima experimentamos a sensação de desconforto, pois em nenhum destes sentimos culpa, mas se as pessoas não se aproximam de nós, se as pessoas se aproximam e nós não aceitamos, se a vida nos impõe um isolamento geográfico ou um isolamento físico, aí sim a nossa culpa é despertada através de um grande sentimento de desconforto e por diversas vezes, cedemos a esta culpa, se isolando, pois não temos coragem de enfrentar as nossas debilidades e nos escondemos de nós mesmos, desempenhando o papel de coadjuvante em nossa própria estória, cedendo cada vez mais àqueles que se esforçam para que não vençamos, deixando de fazer valer o motivo para que viemos neste mundo como uma alma vivente.

Walter Araújo Machado

BIBLIOGRAFIA

O homem a Procura de Si Mesmo - Rollo May
Ser e Tempo - Martin Heidegger
A Caminho da Luz – Emannuel
Os Exilados de Capela – Edgard Armond
O Despertar do Espírito – Joanna de Angelis
Amor Imbatível Amor – Joanna de Angelis
O Homem Integral – Joanna de Ângelis


Solidão - Blog Psicologia Espírita

“O Ser real é constituído de corpo, mente e espírito. Dessa forma, uma abordagem psicológica para ser verdadeiramente eficaz deve ter uma visão holística do ser, tratando de seu corpo (físico e periespirítico), de sua mente (consciente, inconsciente e subconsciente) e de seu espírito imortal que traz consigo uma bagagem de experiências anteriores à presente existência e está caminhando para a perfeição Divina.” Joanna de Ângelis
Solidão


“Sim, onde quer que estejais, estarão convosco. Nem nos cárceres, nem nos hospitais, nem nos lugares de devassidão, nem na solidão, estais separados desses amigos a quem não podeis ver, mas cujo brando influxo vossa alma sente, ao mesmo tempo que lhes ouve os ponderados conselhos”. (Allan Kardec, questão 495 de “O Livro dos Espíritos”)

“Com o Espiritismo, não mais solidão, não mais abandono: o homem, por muito insulado que esteja, tem sempre perto de si amigos com quem pode comunicar-se”. (Allan Kardec, questão 936 de “O Livro dos Espíritos”)

Ou seja, de uma perspectiva espiritual a verdadeira solidão não existe. Falamos, do ponto de vista psicológico, de sentimentos de solidão: aquele que se caracteriza por um estado de quietude interna, onde a criatura entra em contato com sua própria essência e sente-se em paz; ou aqueloutro que se manifesta através da tristeza de sentir-se só.

Segundo Hammed (em “As Dores da Alma” por Francisco do Espírito Santo Neto), o primeiro trata-se de importante momento de reflexão, onde exercitamos o aprendizado que nos levará a abrir um canal receptivo à consciência divina. O segundo relaciona-se aos nossos conflitos internos, como por exemplo “adotarmos padrões existenciais super rígidos, impossíveis de serem atingidos e alimentarmos o orgulho de nos acreditarmos onipotentes, superiores e invulneráveis”. “O esforço metódico para sustentar essa versão idealizada é responsável por grande parte dos nossos problemas de relacionamento conosco e com os outros”. Diz ele: “Para que nossa essência emerja é preciso abandonarmos nossa compulsão de fazermo-nos seres idealizados, nossa expectativa fantasiosa de perfeição e nosso modelo social de felicidade.”

Joanna de Angelis (em “O Homem Integral” por psicografado por Divaldo Franco) traz, sobre o tema, o ensinamento que reproduzimos a seguir:

“Espectro cruel que se origina nas paisagens do medo, a solidão é, na atualidade, um dos mais graves problemas que desafiam a cultura e o homem. A necessidade de relacionamento humano, como meca­nismo de afirmação pessoal, tem gerado vários distúrbios de comportamento, nas pessoas tímidas, nos indivíduos sensí­veis e em todos quantos enfrentam problemas para um inter­câmbio de idéias, uma abertura emocional, uma convivência saudável. Enxameiam, por isso mesmo, na sociedade, os solitários por livre opção e aqueloutros que se consideram marginalizados ou são deixados à distância pelas conveniências dos grupos.”

“A sociedade competitiva dispõe de pouco tempo para a cordialidade desinteressada, para deter-se em labores a bene­fício de outrem. O atropelamento pela oportunidade do triunfo impede que o indivíduo, como unidade essencial do grupo, receba consi­deração e respeito ou conceda ao próximo este apoio que gostaria de fruir. A mídia exalta os triunfadores de agora, fazendo o pane­gírico dos grupos vitoriosos e esquecendo com facilidade os heróis de ontem, ao mesmo tempo que sepulta os valores do idealismo, sob a retumbante cobertura da insensatez e do oportunismo.”

“O homem, no entanto, sem ideal, mumifica-se. O ideal é-lhe de vital importância, como o ar que respira. O sucesso social não exige, necessariamente, os valores intelectomorais, nem o vitalismo das idéias superiores, antes cobra os louros das circunstâncias favoráveis e se apoia na bem urdida promoção de mercado, para vender imagens e ilusões breves, continuamente substituídas, graças à rapidez com que devora as suas estrelas. Quem, portanto, não se vê projetado no caleidoscópio mágico do mundo fantástico, considera-se fracassado e recua para a solidão, em atitude de fuga de uma realidade mentiro­sa, trabalhada em estúdios artificiais.”

“Parece muito importante, no comportamento social, rece­ber e ser recebido, como forma de triunfo, e o medo de não ser lembrado nas rodas bem sucedidas, leva o homem a esta­dos de amarga solidão, de desprezo por si mesmo. O homem faz questão de ser visto, de estar cercado de bulha, de sorrisos embora sem profundidade afetiva, sem o calor sincero das amizades, nessas áreas, sempre superficiais e interesseiras. O medo de ser deixado em plano secundário, de não ter para onde ir, com quem conversar, significaria ser desconsiderado, atirado à solidão. Há uma terrível preocupação para ser visto, fotografado, comentando, vendendo saúde, felicidade, mesmo que fictí­cia. A conquista desse triunfo e a falta dele produzem soli­dão.”

“O irreal, que esconde o caráter legítimo e as lídimas aspi­rações do ser, conduz à psiconeurose de autodestruição. A ausência do aplauso amargura, face ao conceito falso em torno do que se considera, habitualmente como triunfo. Há terrível ânsia para ser-se amado, não para conquistar o amor e amar, porém para ser objeto de prazer, mascarado de afetividade. Dessa forma, no entanto, a pessoa se desama, não se torna amável nem amada realmente.”

“Campeia, assim, o “medo da solidão”, numa demonstra­ção caótica de instabilidade emocional do homem, que pare­ce haver perdido o rumo, o equilíbrio. O silêncio, o isolamento espontâneo são muito saudáveis para o indivíduo, podendo permitir-lhe reflexão, estudo, auto-aprimoramento, revisão de conceitos perante a vida e a paz interior.”

“O sucesso, decantado como forma de felicidade, é, tal­vez, um dos maiores responsáveis pela solidão profunda. Os campeões de bilheteria nos shows, nas rádios, televi­sões e cinemas, os astros invejados, os reis dos esportes, dos negócios cercam-se de fanáticos e apaixonados, sem que se vejam livres da solidão. Suicídios espetaculares, quedas escabrosas nos porões dos vícios e dos tóxicos comprovam quanto eles são tristes e so­litários. Eles sabem que o amor, com que os cercam, traz, apenas, apelos de promoção pessoal dos mesmos que os en­volvem, e receiam os novos competidores que lhes ameaçam os tronos, impondo-lhes terríveis ansiedades e inseguranças, que procuram esconder no álcool, nos estimulantes e nos de­rivativos que os mantêm sorridentes, quando gostariam de chorar, quão inatingidos, quanto se sentem fracos e huma­nos. A neurose da solidão é doença contemporânea, que ame­aça o homem distraído pela conquista dos valores de peque­na monta, porque transitórios.”

“Resolvendo-se por afeiçoar-se aos ideais de engrandeci­mento humano, por contribuir com a hora vazia em favor dos enfermos e idosos, das crianças em abandono e dos ani­mais, sua vida adquiriria cor e utilidade, enriquecendo-se de um companheirismo digno, em cujo interesse alargar-se-ia a esfera dos objetivos que motivam as experiências vivenciais e inoculam coragem para enfrentar-se, aceitando os desafios naturais.”

“O homem solitário, todo aquele que se diz em solidão, exceto nos casos patológicos, é alguém que se receia encon­trar, que evita descobrir-se, conhecer-se, assim ocultando a sua identidade na aparência de infeliz, de incompreendido e abandonado. A velha conceituação de que todo aquele que tem amigos não passa necessidades, constitui uma forma desonesta de estimar, ocultando o utilitarismo sub-reptício, quando o pra­zer da afeição em si mesma deve ser a meta a alcançar-se no interrelacionamento humano, com vista à satisfação de amar.”

“O medo da solidão, portanto, deve ceder lugar, à confian­ça nos próprios valores, mesmo que de pequenos conteúdos, porém significativos para quem os possui. Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, ao sugerir o “amor ao próximo como a si mesmo” após o “amor a Deus” como a mais importante conquista do homem, conclama-o a amar-se, a valorizar-se, a conhecer-se de modo a plenificar-se com o que é e tem, multiplicando esses recursos em implementos de vida eterna, em saudável companheirismo, sem a preocu­pação de receber resposta equivalente.”

“O homem solidário, jamais se encontra solitário. O egoísta, em contrapartida, nunca está solícito, por isto, sempre atormentado.”

“Possívelmente, o homem que caminha a sós se encontre mais sem solidão, do que outros que, no tumulto, inseguros, estão cercados, mimados, padecendo disputas, todavia sem paz nem fé interior. A fé no futuro, a luta por conseguir a paz íntima — eis os recursos mais valiosos para vencer-se a solidão, saindo do arcabouço egoísta e ambicioso para a realização edificante onde quer que se esteja.”

Hammed (em “As Dores da Alma” por Francisco do Espírito Santo Neto) prossegue: “Lembremo-nos de que a solidão aparece quando negamos nossos sentimentos e ignoramos nossas experiências interiores. Essa forma comportamental tende a fazer-nos ver as coisas do jeito como queremos ver, ou seja, como nos é conveniente, em vez de vê-las como realmente são. Assim é que distorcemos nossa realidade.”
(...)
“São muitos os caminhos de Deus e a solidão pode ser um deles. Jesus Cristo, constantemente, se retirava para a intimidade que o silêncio proporciona, pois entendia que a elevação de alma somente é possível na “vivacidade da solidão”. O Cristo amoroso sabia que, quando houvesse silêncio no coração e no intelecto, se estabeleciam as bases seguras da relação entre a criatura e o Criador, proporcionando a percepção de que somos unos com a vida e unos com todos os seres. A espiritualidade Maior entende que, nos retiros de tranquilidade, criamos uma sustentação interior, que nos permite sintonizar com as leis divinas e com os valores reais da consciência cristã. Ouçamos com os ouvidos internos, pois ninguém pode assimilar bem uma experiência que não provenha de sua própria orientação interior.”

Joanna de Angelis (em “Amor Imbatível Amor” psicografado por Divaldo Franco) por fim coloca: “O medo de amar escamoteia-se e leva à solidão angustiante, que projeta o conflito como sendo de responsabilidade das demais pessoas, do meio social que é considerado agressivo e insano, fatores esses que existem no imo daquele que se recusa inconscientemente a dar-se, ao inefável prazer de libertar as emoções retidas.” Mas...

“(...) O amor relaxa e conforta, sendo felicitador e proporcionando compensação em forma de prazer. É o sentimento mais complexo e mais simples que predomina no ser humano, ainda tímido em relação às suas incontáveis possibilidades, desconhecedor dos seus maravilhosos recursos de relacionamento e bem-estar, de estimulação à vida e a todos os seus mecanismos.”

“O amor liberta quem o oferece, tanto quanto aquele a quem é direcionado, e se isso não sucede, não atingiu o seu grau superior, estando nas fases das trocas afetivas, dos interesses sexuais, dos objetivos sociais, das necessidades psicológicas, dos desejos... Certamente são fases que antecedem o momento culminante, quando enriquece e apazigua todas as ansiedades.”