Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A Fé



“Ora a fé é a substância das coisas esperadas, a prova das coisas não vistas.” (Hebreus 11:01)
“Anulamos, pois, a Lei pela fé? De modo nenhum, antes estabelecemos a Lei.” (Romanos 03:31)
“DOM JUAN - Em que coisa eu acredito?
SGANARELLE - Sim.
DOM JUAN - Eu acredito que dois e dois são quatro, Sganarelle, e que quatro e quatro são oito.
SGANARELLE - Bela crença, essa aí! Sua religião, pelo que vejo, é então a aritmética?”
(Molière. “Dom Juan”, 1665)

A palavra fé tem sua origem na palavra do latim “fides”. Esse verbete latino significa lealdade; honestidade; crédito; confiança [1].

Jesus instrui os discípulos, em Mateus 17:20, nos seguintes termos: “(...) se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível.” Allan Kardec comenta esta passagem evangélica da seguinte forma [2]: “As montanhas que a fé desloca são as dificuldades, as resistências, a má vontade, em suma, com que se depara da parte dos homens, ainda quando se trate das melhores coisas. Os preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas são outras tantas montanhas que barram o caminho a quem trabalha pelo progresso da Humanidade.”

Percebemos, no trecho acima citado da obra “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que muito do que parece impossível pode ser atingido pelo foco, determinação e confiança pautados pela humildade, que a fé traz. Vemos, também, que fé não se trata de fanatismo ou credulidade cega, sendo esses dois últimos destituídos de base. Quem descrê de forma sistemática na existência de tudo fora da matéria e acredita única e cegamente em princípios científicos, apenas por se dizerem científicos e sem lhes conhecer ao menos os fundamentos, está praticando um ato de fanatismo materialista.

O matemático austríaco Kurt Gödel apresentou, em 1931, o chamado “Teorema da Incompletude” [3], também designado como os dois “Teoremas da Indecidibilidade”. Em essência, esse Teorema afirma:

Há proposições que não podem ser provadas usando os axiomas (ou proposições) da aritmética, e por isso são consideradas verdadeiras;
Se o sistema de axiomas da aritmética é consistente, tal consistência não pode ser provada.

Por conseguinte, premissas matemáticas, mesmo as simples como 1+1=2, não podem ser provadas matematicamente. Acredita-se nesse axioma e utiliza-se o mesmo de forma proveitosa à Humanidade. A Ciência, portanto, também necessita de atos de fé. Isso não a diminui; pelo contrário, apresenta mais uma face da complementaridade entre Ciência e Religião. Ambos devem partir de um ponto para se desenvolverem e produzirem o Bem. O Espiritismo se baseia em 29 premissas constantes da “Profissão de Fé Espírita Raciocinada”, constantes à Primeira Parte de “Obras Póstumas”, com a primeira delas apregoando que “há um Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” [4].

O apóstolo Paulo de Tarso traz, na citação “a fé é a substância das coisas esperadas, a prova das coisas não vistas” (Carta aos Hebreus 11:01), profundas lições. Sendo a fé uma substância, ela é matéria, como o são os fótons, pelos quais as ondas são vistas como partícula. O pensamento, uma vez criado pelos Espíritos (que somos todos nós), é transmitido pelo Fluido Universal, iniciando o processo da criação do que se deseja, ou se espera. Toda obra humana inicia por seu projeto, e o pensamento nela é seu primeiro passo. Paulo indica que o ato de fé provê, ao coração, a evidência para se trilhar o caminho buscado, mesmo não se dispondo de todas as provas que o intelecto possa demandar.


Além das Ciências laica e Espírita, mais correntes de pensamento abordam a necessidade da fé. No Livro de Mórmon, publicado em 1830, cujo conteúdo, segundo a crença dos mórmons, foi enviado ao político e religioso norte-americano Joseph Smith Jr. por um Espírito de grande elevação, encontramos a seguinte orientação sobre a fé: “E agora, conforme falei com referência à fé — fé não é ter um perfeito conhecimento das coisas; portanto, se tendes fé, tendes esperança nas coisas que se não veem e que são verdadeiras.” (Livro de Mórmon; Livro de Alma, capítulo 32, versículo 21) [5]

Se a Ciência e a Religião requerem pontos de partida que demandam fé para serem aprendidos, então a fé também pode ser aprendida. O Codificador da Doutrina Espírita assim pontua a respeito do desenvolvimento da fé [6]: “(...) ela se adquire e ninguém há que esteja impedido de possuí-la, mesmo entre os mais refratários. Falamos das verdades espirituais básicas e não de tal ou qual crença particular. Não é à fé que compete procurá-los; a eles é que cumpre ir-lhe ao encontro e, se a buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la.”

Ainda sobre o aprendizado da fé em conjunto com o raciocínio, Kardec orienta [6]: “A resistência do incrédulo, devemos convir, muitas vezes provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas. A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender. A fé cega já não é deste século, tanto assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. (...) A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.”

Só Deus sabe tudo. Necessitamos partir de um ponto, nem sempre dotado de prova intelectual, mas necessariamente avalizado por nossa consciência como sendo o início do caminho que nos conduz à evolução por meio da prática do Bem ao outro e, por conseguinte, a nós próprios. Valorizemos nossa fé nos momentos alegres e difíceis. Respeitemos a diversidade e não tentemos impor nossa fé a ninguém. Jesus, nosso Mestre e Guia, tem fé em nossa evolução; tenhamos nós, também, fé nEle e em nós próprios.


Leia, também, neste blog, as postagens “Crer para ver”, “Evolução Espiritual de Longo Prazo”, “Fluido Universal” e “Os opositores da Doutrina Espírita”.


Bons estudos!
Carla e Hendrio


Referências:

[1] Wikcionário. Palavra fides. Disponível em http://pt.wiktionary.org/wiki/fides. Acesso em 11/06/2010.
[2] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1987. Capítulo XIX, item 02.
[3] Wikipédia. Teorema da Incompletude de Gödel. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Teorema_da_incompletude_de_G%C3%B6del. Acesso em 11/06/2010.
[4] KARDEC, Allan. “Obras Póstumas.” 27ª ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1995. Primeira parte. “Profissão de Fé Espírita Raciocinada”.
[5] “O Livro de Mórmon”. Livro de Alma, Capítulo 32. Disponível em http://scriptures.lds.org/pt/alma/32. Acesso em 11/06/2010.
[6] KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. 97ª ed. Rio De Janeiro, RJ: FEB, 1987. Capítulo XIX, item 07.


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