Estudando o Espiritismo

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domingo, 30 de dezembro de 2012

EVOLUÇÃO E REFORMA ÍNTIMA


Em biologia, evolução é a mudança das características hereditárias de uma população, de uma geração para outra. Este processo faz com que os organismos mudem ao longo do tempo. A seleção natural é um processo pelo qual características hereditárias que contribuem para a sobrevivência e reprodução se tornam mais comuns numa população, enquanto que características prejudiciais tornam-se mais raras.

O termo evolução vem do latim evolutio, que significa “desabrochamento”. Segundo o dicionário Aurélio, evoluir significa “evolver, passar por transformações”.
Sob a ótica espírita, quando falamos que o espírito evolui desde os primórdios de suas ligações com a matéria, não significa que cada átomo, cada planta ou cada micróbio seja um espírito, mas, que esses reinos primitivos são o molde, a base por onde o princípio inteligente se manifesta a fim de desenvolver-se. É como o casulo da borboleta. Antes, ela só existia como lagarta! Ou seja, tudo na natureza se encadeia para que o espírito realize voos mais altos, rumo ao infinito. Sem o reino animal, o princípio inteligente não teria desenvolvido o instinto, essa força da natureza que é a base da nossa manifestação como seres humanos. É “cuidando do ninho” que são desenvolvidas as primeiras noções de família, para, posteriormente, as transformarmos em sentimento de amor para conosco (autoestima) e com a família universal.

Evolução significa desenvolver algo que já existe em potencial. Ou seja, evoluir espiritualmente significa manifestar, de forma gradativa, todo o potencial que existe em nós. Somos centelhas divinas. Somos a própria manifestação de Deus. Quando amamos, é o amor divino que está em ação. Portanto, trazemos em nossa essência o “código genético do Pai”. Apenas precisamos nos iluminar, nos conhecermos em profundidade para que a grande reforma espiritual se realize e o brilho interno da nossa consciência se manifeste.

Resumindo: sem autoconhecimento não é possível a reforma íntima. “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”. A Verdade está além dos livros, além da razão, da mente. A verdade é nossa realidade maior, é Deus em toda sua Plenitude. Este caminho é eterno, infinito, e a cada passo um novo horizonte se abre diante de nós.

Boa jornada a todos!

Fonte: http://www.rcespiritismo.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=281:evolucao-e-reforma-intima&catid=34:artigos&Itemid=54

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Todo erro traz fraqueza


Morel Felipe Wilkon

Todo erro traz fraqueza
Você se esforça pra fazer a coisa certa? Você procura sempre agir corretamente? Se dependesse da sua vontade de agora, você deixaria de errar para sempre? O fato é que nós cometemos erros todos os dias. Fazemos tanta coisa errada que nem vale a pena comentar sobre eles. Até porque devemos valorizar os nossos acertos, devemos nos alegrar com as coisas boas que conseguimos fazer.

Há uma frase atribuída ao Chico Xavier que diz que não devemos cobrar dos outros virtudes que não temos. Não tenho a pretensão de cobrar virtude alguma de você. As minhas virtudes são poucas e acanhadas. Mas isso não me tira a vontade de querer melhorar a mim mesmo e de fazer refletir quem esteja disposto a isso.

Dei essa explicação toda pra dizer que todo erro traz fraqueza. Cada vez que cometemos um erro nos sujeitamos à fraqueza. Esse erro pode ser de propósito ou não. Desde que você perceba que o erro existe, desde que você note que o que você fez foi um erro, você dá abertura para que a fraqueza se instale em você.

As pessoas mal humoradas sofrem muito com seu mau humor, inclusive fisicamente. Elas são mal humoradas porque pensam mal dos outros, ou falam pelas costas, ou são ingratas, não valorizam a vida. Esses erros fazem delas pessoas ranzinzas, e isso é fraqueza.

As pessoas que trabalham de má vontade sentem-se sempre visadas, como se houvesse uma perseguição sobre elas. Elas trabalham de má vontade por não gostarem do que fazem, ou por não gostarem de trabalhar, ou por não valorizarem sua função, ou por simples desleixo. Por causa do seu descuido e relaxamento, esperam por alguma crítica, ou cobrança, ou reclamação, e com o tempo acham que o ambiente de trabalho é um complô para as derrubar. Isso é fraqueza.

Cada vez que desejamos mal a alguém, ou que mentalizamos brigas com alguém, ou que travamos discussões em pensamento, estamos nos predispondo a agir com fraqueza com essas pessoas ou outras pessoas em situações semelhantes. Ao nos depararmos com essas pessoas, agimos como se a discussão ou briga imaginária tivesse acontecido de verdade. É que nossa mente subconsciente não distingue realidade e imaginação…

Sempre que cometemos um erro enfraquecemos nossa confiança em nós mesmos. A cada pequeno deslize, a cada mentira pra nós mesmos, a cada história mal contada, a cada desonestidade ou deslealdade desperdiçamos um pouco da nossa força de caráter. É por isso que pessoas boas, evoluídas, são tão seguras de si, tão tranquilas e destemidas. Nada as assusta, pois nada devem a si mesmas.

Em nosso íntimo nós percebemos que não temos moral pra exigir, pra cobrar, pra esperar consideração, respeito. Quem erra muito sabe, mesmo que seja lá no fundo, que não é merecedora de dádivas da Vida, que não deve esperar muito das pessoas, pois não oferece nada de bom a elas.

É assim também com os vícios. A cada tentativa frustrada de parar de fumar, ou de beber, ou de comer doces, ou de fazer regime, a cada recaída que se comete, mais difícil fica, porque o erro traz consigo a fraqueza.

Você tem uma verdadeira fortaleza de caráter no seu íntimo. Tudo o que há de mais admirável e respeitável está dentro de você, esperando que você desenvolva a sua Vontade. Vontade é o rumo que você determina para os seus pensamentos, palavras e ações. Você está no comando. Você pode mudar quando quiser.

Sei que não é coisa simples deixar de errar. Todos os dias cometo erros, assim como você e todo mundo. Mas não podemos nos conformar com os erros como se fosse normal errar. Quanto menos erros, mais força interior; quanto menos erros, mais lucidez, mais coragem de olhar pra dentro de si mesmo.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Ninguém se retira



“Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? tu tens as palavras da vida eterna.” – (João, 6:68.)
A medida que o Mestre revelava novas características de sua doutrina de amor, os seguidores, então numerosos, penetravam mais vastos círculos no domínio da responsabilidade.
Muitos deles, em razão disso, receosos do dever que lhes caberia, afastaram-se, discretos, do cenáculo acolhedor de Cafarnaum.
O Cristo, entretanto, consciente das obrigações de ordem divina, longe de violar os princípios da liberdade, reuniu a pequena assembléia que restava e interrogou aos discípulos:
– Também vós quereis retirar-vos?
Foi nessa circunstância que Pedro emitiu a resposta sábia, para sempre gravada no edifício cristão.
Realmente, quem começa o serviço de espiritualidade superior com Jesus jamais sentirá emoções idênticas, a distância dEle. A sublime experiência, por vezes, pode ser interrompida, mas nunca aniquilada. Compelido em várias ocasiões por impositivos da zona física, o companheiro do Evangelho sofrerá acidentes espirituais submetendo-se a ligeiro estacionamento, contudo, não perderá definitivamente o caminho.
Quem comunga efetivamente no banquete da revelação cristã, em tempo algum olvidará o Mestre amoroso que lhe endereçou o convite.
Por este motivo, Simão Pedro perguntou com muita propriedade:
Senhor, para quem iremos nós?
É que o mundo permanece repleto de filósofos, cientistas e reformadores de toda espécie, sem dúvida respeitáveis pelas concepções humanas avançadas de que se fazem pregoeiros; na maioria das situações, todavia, não passam de meros expositores de palavras transitórias, com reflexos em experiências efêmeras. Cristo, porém, é o Salvador das almas e o Mestre dos corações e, com Ele, encontramos os roteiros da vida eterna.


Palavras da Vida Eterna


“Tu tens as palavras da vida eterna.” — Simão Pedro.
(João, capítulo 6, versículo 68.)

Rodeiam-te as palavras, em todas as fases da luta e em todos os ângulos do caminho:
- Frases respeitáveis que se referem aos teus deveres.
- Verbo amigo trazido por dedicações que te reanimam e consolam.
- Opiniões acerca de assuntos que te não dizem respeito.
- Sugestões de variadas origens.
- Preleções valiosas.
- Discursos vazios que os teus ouvidos lançam ao vento.

Palavras faladas... palavras escritas...
Dentre as expressões verbalistas articuladas ou silenciosas, junto das quais a tua mente se desenvolve, encontrarás, porém, as palavras da vida eterna.

Guarda teu coração à escuta.
Nascem do amor insondável do Cristo, como a água pura do seio imenso da Terra.
Muitas vezes te manténs despercebido e não lhes assinalas o aviso, o cântico, a lição e a beleza.
Vigia no mundo, isolado de ti mesmo, para que lhes não percas o sabor e a claridade.
- Exortam-te a considerar a grandeza de Deus e a viver de conformidade com as Suas Leis.
- Referem-se ao Planeta como sendo nosso lar e à Humanidade como sendo a nossa família.
- Revelam no amor o laço que nos une a todos.
- Indicam no trabalho o nosso roteiro de evolução e aperfeiçoamento.
- Descerram os horizontes divinos da vida e ensinam-nos a levantar os olhos para o mais alto e para o mais além.

Palavras, palavras, palavras..

Esquece aquelas que te incitam à inutilidade, aproveita quantas te mostram as obrigações justas e te ensinam a engrandecer a existência, mas não olvides as frases que te acordam para a luz e para o bem; elas podem penetrar o nosso coração, através de um amigo, de uma carta, de uma página ou de um livro, mas, no fundo, procedem sempre de Jesus, o Divino Amigo das Criaturas.
Retém contigo as palavras da vida eterna, porque são as santificadoras do espírito, na experiência de cada dia, e, sobretudo, o nosso seguro apoio mental nas horas difíceis das grandes renovações.

EMMANUEL
(Fonte Viva, 59, FCXavier, FEB)

O diabo



“Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós, os doze? e um de vós é diabo.” – (João, 6:70.)

Quando a teologia se reporta ao diabo, o crente imagina, de imediato, o senhor absoluto do mal, dominando num inferno sem-fim.
Na concepção do aprendiz, a região amaldiçoada localiza-se em esfera distante, no seio de tormentosas trevas...
Sim, as zonas purgatoriais são inúmeras e sombrias, terríveis e dolorosas, entretanto, consoante a afirmativa do próprio Jesus, o diabo partilhava os serviços apostólicos, permanecia junto dos aprendizes e um deles se constituíra em representação do próprio gênio infernal. Basta isto para que nos informemos de que o termo “diabo” não indicava, no conceito do Mestre, um gigante de perversidade, poderoso e eterno, no espaço e no tempo. Designa o próprio homem, quando algemado às torpitudes do sentimento inferior.
Daí concluirmos que cada criatura humana apresenta certa percentagem de expressão diabólica na parte inferior da personalidade.
Satanás simbolizará então a força contrária ao bem.
Quando o homem o descobre, no vasto mundo de si mesmo, compreende o mal, dá-lhe combate, evita o inferno íntimo e desenvolve as qualidades divinas que o elevam à espiritualidade superior.
Grandes multidões mergulham em desesperanças seculares, porque não conseguiram ainda identificar semelhante verdade.
E, comentando esta passagem de João, somos compelidos a ponderar: – “Se, entre os doze apóstolos, um havia que se convertera em diabo, não obstante a missão divina do círculo que se destinava à transformação do mundo, quantos existirão em cada grupo de homens comuns na Terra?”

Do livro Pão Nosso - Emmanuel

LIÇÃO VIVA



Emmanuel

“Duro é este discurso; quem o pode ouvir”?
(JOÃO, 6:60.)

O Cristianismo é a suprema religião da Verdade e do Amor, convocando corações para a vida mais alta.
Em vista da religião traduzir religamento, é primordial voltarmo-nos para DEUS, tornarmos ao campo da Divindade.
Jesus apresentou a sua plataforma de princípios imortais. Rasgou os caminhos. Não enganou a ninguém, relativamente às dificuldades e obstáculos.
É necessário, esclareceu o Senhor, negarmos a vaidade própria, arrependermo-nos de nossos erros e convertermo-nos ao bem.
O Evangelista assinalou a observação de muitos dos discípulos: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir”?
Sim, efetivamente é indispensável romper com as alianças da queda e assinar o pacto da redenção. É imprescindível seguir nos caminhos d’Aquele que é a luz de nossa vida.
Para isso, as palavras brilhantes e os artifícios intelectuais não bastam. o problema é de “quem pode ouvir” a divina mensagem, compreendendo-a com o cristo e seguindo-lhe os passos.

Do livro Caminho Verdade e Vida. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


O PÃO DA VIDA – PARTE V - DESFECHO

João, 6:59-71

59. Estas coisas disse ele, ensinando na sinagoga de Cafarnaum.
60. Ouvindo isso, muitos de seus discípulos disseram: "Difícil é esse ensino, quem pode entendê-lo"? 
61. Mas sabendo Jesus em si mesmo que seus discípulos murmuravam disso, disse-lhes: "isso vos escandaliza?
62. Então se vísseis o filho do homem subir aonde estava antes! ...
63. O espírito é o que vivifica; a carne não aproveita nada: as palavras que eu vos disse são espírito e são vida.
64. Mas alguns há entre vós que não confiam". Pois Jesus conhecia desde o princípio os que não  confiavam, e quem o havia de entregar.
65. E falou: "Por isso eu vos disse, que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai não lhe for concedido".
66. Desde aí muitos de seus discípulos andaram para trás, e não andavam mais com ele.
67. Perguntou, então, Jesus aos doze: "Não quereis vós também retirar-vos"?
68. Respondeu-lhe Simão Pedro: "Senhor, para quem iremos? Tu tens palavras de vida imanente, 
69. e nós confiamos, e sabemos que tu és o santo de Deus".
70. Replicou-lhes Jesus: "Não vos escolhi eu a vós, os doze? E no entanto um de vós é adversário".
71. Falava de Judas, filho de Simão Iscariotes, um dos doze, porque era ele quem o havia de entregar.


59. A "sinagoga" de Cafarnaum era, provavelmente, a construída pelo centurião (Luc. 7:5), de quem Jesus curou o servo.
60. A frase "esse ensino é difícil" corresponde ao original skleròs estin hoútos ho lógos, literalmente:  "é duro esse ensino". Muito maior precisão existe na tradução de lógos por "ensino", que por "palavra". O sentido pode ser um e outro. O verbo "entender" nós o traduzimos de akoueín, que à letra é "ouvir".
61. Transliteramos skandalízei por "escandaliza", pois o sentido é precisamente esse, e a tradução ad sensum "tropeça" constituiria aqui impropriedade lógica.
62. "Subir" traduz anabaínô, que se opõe a katabaínô, vers , 33, 38, 42 e 58. "Onde estava primeiro" (hopou hên tò próteron), ou seja, regressou ao lugar onde primitivamente residia. Geralmente interpretado em relação a "ascensão".
63. O espírito (tò pneúma) é (esti) que vivifica (tò zôopoioún) ou seja, "produz vida"; a carne (he sárx) não aproveita nada (ouk ôpheleí oudén). "As palavras (tá rêmata não ho lógos) são espírito e são
vida” (pneúma esti kai zôê estin).
64. O verbo paradídômi, aqui no particípio futuro (só usado três vezes nos Evangelhos, aqui, em Luc. 22:49 e Mat. 27:49) significa literalmente "entregar", e só por extensão "trair". Parece-nos que Jesus se referia ao ato expresso da "entrega" que Judas Dele fez aos homens do Sinédrio.
65. "Não lhe for concedido", literalmente "não lhe for dado" (eàn mê hê de doménon autôi), expressão mais branda do que a do vers. 44, q. v.
66. "muitos de seus discípulos andaram para trás", literalmente, no original, polloí apêlthon tôn mathet
ôn autón eis tà opisô.
67. "aos doze", expressão usada aqui por João pela primeira vez.
68. "palavras de Vida Imanente", rêmata zôês aiôniou.
69. “O santo de Deus", ho hágios toú theoú, segundo os manuscritos Aleph, E, C*, L, D, W; melhor que "o Cristo, o Filho de Deus", segundo outros mss.
70. "Adversário", em grego diábolos (veja vol. 1).
71. O original traz Ioúdan, Símônos Iskariôtou e não Judas Iscariotes, filho de Simão. O nome do pai é
que se agregou como cognome do filho.


Terminada a "Aula de Sapiência", o evangelista dá conta do que se passou a seguir, relatando as  reações dos discípulos e dos doze, sem mais falar dos outros ouvintes.

59. Em primeiro lugar anota que "Jesus deu esse ensino na sinagoga de Cafarnaum", salientando o ambiente fechado e mais escolhido em que falou, como se quisesse sublinhar que não foi ao ar livre, de público.
60. Terminado o discurso, provavelmente já fora da sinagoga, formaram-se os grupos dos mais  chegados - os doze com os discípulos que habitualmente acompanhavam Jesus em suas pregações pelas aldeias - e passaram a comentar o que tinham ouvido. Alguns dos discípulos acharam os conceitos emitidos demais "duros", difíceis de ser entendidos pela razão, e portanto, inaceitáveis.
61. Já aqui, nesta roda mais íntima, ainda manifestando o Cristo, pergunta Jesus se o ensino ministrado os "escandalizou", isto é, se lhes foi uma "pedra de tropeço" no caminho evolutivo.
62. E numa exclamação que sobe de gradação quanto à pergunta anterior, diz com simplicidade: "se então visseis o filho do homem subir aonde estavas antes"! ... E nada mais. Há controvérsias sobre essa frase, querendo alguns se refira à crucificação. Mas quando Jesus fala da "suspensão" na cruz, usa o verbo hupsôthenai (ser suspenso, João, 3:14 e 12:32-34), e não, como aqui, anabaínein (subir). Além disso, na crucificação Jesus não "voltou ao lugar em que estava antes". A segunda interpretação, preferida pela maioria, diz que a frase se refere ao ato da "ascensão", afirmando que esse ato constituiria a prova de que a carne que Jesus daria a comer, não era a material, do corpo denso, mas a "espiritual" ("pneumática", cfr. 1 Cor. 15:40); então, quando eles vissem a ascensão, compreenderiam o ensino, que agora lhes parecia difícil.
Ambas as interpretações são fracas, diante da sublimidade da revelação feita. Entendemos a frase como uma confissão dos êxtases de Jesus (o Filho do homem), quando tinha os Contatos com o Pai. Daí Jesus retirar-se sempre Só, para orar, a fim de poder ter Seus Encontros Místicos sem testemunhas. 
Uma única vez, sabemos que os três mais evoluídos (Pedro, Tiago e João) assistiram à "Transfigura ção" que, no entanto, só foi revelada muito mais tarde, após a "ressurreição" (cfr. Mat. 17:19). E tratou-se apenas de uma elevação ao plano mental, e não de um êxtase (samadhi) de Esponsalício Místico na união com o Pai. Se nessa elevação, ao encontrar os Espíritos de Moisés e de Elias, a apar ência externa de Jesus foi tão maravilhosa, qual não seria a apresentada numa unificação com o Pai?

Nesse sentido, a frase de Jesus adquire valor pleno e real: vocês se escandalizam com o que o digo ... se então vissem a realização prática do que ensinei, vivida pelo Filho do Homem, pela personalidade de Jesus, que diriam? Porque nesses momentos de união, Ele subia à Divindade, à qual antes vivia permanentemente ligado.
63. E logo dá a chave para confirmar que nada do que disse se refere à carne física, à personalidade, mesmo após a desencarnação. Não se trata de "corpo", seja ele denso ou astral. A explicação é taxativa: "o que vivifica , é o Espírito, a carne não aproveita nada". Então, o Pão Vivo é o ESPÍRITO; Sua carne é o ESPÍRITO; o que temos que comer e saborear e beber é o ESPÍRITO. A carne para nada aproveita, de nada serve: é simples condensação transitória da energia, a qual, por sua vez, é o baixamento das vibrações do Espírito. Tudo o que o Cristo falou, "todas as palavras que eu vos disse", nesta aula (e também em qualquer outra ocasião), "são Espírito e são Vida", com o verbo repetido para evitar ambiguidade e más interpretações. Portanto, NÃO PODEM ser interpretadas à letra, mas só "em Espírito Verdadeiro" (cfr, João, 4:24), no plano espiritual místico mais elevado.
Não são, também. símbolos: constituem a mais concreta realidade, porque estão no plano da única realidade verdadeira: DEUS.

Então, é neste versículo que Jesus explica como devemos interpretar suas palavras neste e em qualquer outro ensinamento. Por que prendê-las a letra física, entendendo que Ele falou da carne material, embora "espiritualizada" depois do desencarne? Por que rebaixar o tom, o nível de Verdades tão sublimes, para atribuí-las a um rito - esse sim, simbólico? Conceito magnífico que jamais devemos
perder de vista: "O Espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita: as palavras, que eu vos disse, são Espírito e são Vida"!
64. E termina: "mas há alguns dentre vós que não confiam". E o evangelista comenta: "desde o  princípio Jesus conhecia os que não confiavam Nele, e inclusive quem O havia de entregar ao Sinédrio". Com a penetração psicológica própria de Seu nível evolutivo, Jesus percebia a vibração tô- nica fundamental de cada um, e portanto SABIA os que não estavam suficientemente amadurecidos para acompanhá-Lo.
65. É isso mesmo o que explica o Cristo: "essa foi a razão pela qual já vos disse, que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai, lhe não for concedido" Realmente, só pela "atração" (ou impulso interior) do Pai que em cada um reside, é que conseguimos evoluir até o Encontro com o Cristo. Se não respondermos ao apelo de Amor, como esse que o Cristo fez por intermédio de Jesus (e nos faz a nós mesmos diariamente) então, pior ainda, "andaremos para trás".

66. Realmente ocorreu: "muitos de Seus discípulos andaram para trás e não andavam mais com Ele". Fica estranha a tradução literal que fizemos, em lugar da tradução comum que vem sendo feita há séculos: "afastaram-se". Mas o sentido profundo em que entendemos o ensino do Cristo requer exatamente essa expressão "andaram para trás", isto é, regrediram espiritualmente, deixaram de estar em companhia do Cristo, para voltar a seguir "doutrinas de homens" (João, 5:41), ou, como é dito mais fortemente nos Provérbios (26:11): "Como o cão que volta ao seu vômito, assim é o tolo que rei0tera sua estultice", provérbio citado por Pedro (2 Pe. 2:21-22): "Melhor lhes fora não ter conhecido o caminho da Justiça, do que, depois de conhecê-lo, desviar-se do santo mandamento que lhes fora dado. Tem-lhes sucedido o que diz o verdadeiro provérbio: voltou o cão ao seu vômito; e a porca lavada tornou a revolver-se no lamaçal".
67. Diante dessa roação decepcionante para o Mestre, que sabia o que ensinava, o Cristo se volta para os doze escolhidos, indagando se também eles queriam retirar-se.


A quem incumbe a tarefa de instruir, não importa o número de seguidores nem os aplausos vazios. Quando mais elevado é o ensino, ele sabe que menos criaturas poderão compreendê-lo e acompanhá-lo, e não se assusta de ver periodicamente seu “grupo de estudos" esvaziar-se de muitos  elementos, e chegarem outros para substituí-los. Desses outros, ele já o sabe, muitos também se retirarão. E no fim da carreira, talvez ele tenha apenas um "pequeno pugilo" um "pequeno rebanho" (cfr. Luc. 12:32) em redor de si. Não importa. O que sobretudo importa é não trair o recado que traz para a humanidade. Aqueles que são trazidos pelo Pai, esses virão a ele. Os outros, que chegam motu proprio, por curiosidade; ou por ambição de conseguir "poderes"; ou pela vaidade de dizer-se seguidor ou amigo do pregador.
Tal, que é apreciado e admirado pela multidão; ou em busca de favores espirituais; ou, pior ainda, de   posições materiais, todos esses se retiram mais cedo ou mais tarde, desiludidos de não encontrar o que buscavam, ou então "escandalizados", quer com o ensino da verdade, quer, outras vezes, com a prática da verdade.
68-69 Pedro, sempre temperamental, o mais velho ao que parece do grupo dos doze, e porta-voz deles, designado mais tarde para ser "monitor" dos discípulos, toma a palavra num rasgo de confiança absoluta: "para quem iremos"? E a razão dessa atitude: "tens palavras de Vida Imanente", ou seja, em Tuas palavras encontramos realmente o segredo da Vida Divina em nós (prova de que havia bem compreendido o sentido profundo dado por Cristo, de que lhe havia ouvido o apelo, e que o Cristo Interno despertara em seu coração, com as palavras ouvidas através da boca de Jesus). E continua: "nós confiamos e sabemos que tu és o Santo de Deus", isto é, o Eleito de Deus, o Messias (cfr. Mat. 1:24 e João, 10:36). Pedro falava em nome de todos os doze, como representante dos emissários escolhidos por Jesus.

70. No entanto, o Cristo chama sua atenção, dizendo-lhe que as palavras de confiança que proferira, não correspondiam ao pensamento de "todos". Sim, "Ele escolhera os doze". Mas, não obstante, um deles Lhe era adversário. Adversário no sentido real: tinha uma "diferença" com seu Mestre. 
Talvez mais tarde saibamos a razão dessa "diferença". Mas o fato é que esse - chamemo-lo por enquanto de "ciúme" - fez que Judas o entregasse ao Sinédrio, revelando à soldadesca o local em que se encontrava, para que fosse preso às escondidas, evitando barulho do povo que O admirava.
Se Jesus encontrou entre os Seus escolhidos um adversário que O entregou aos inimigos que O mataram, por que queixar-nos de encontrar entre os que frequentam nossas rodas espirituais "adversários" muito mais mansos, que se limitam a falar contra nós, por interpretar mal nossas palavras ou nossos atos, ou, quando muito, a caluniar-nos? Agradeçamos ainda que sofremos tão pouco! Especialmente porque ainda temos a consolação de que nós não escolhemos nossos seguidores, fato que causou ainda mais profunda tristeza em Jesus.

71. O evangelista conclui o capítulo explicando que Jesus se referia a Judas, filho de Simão Iscariotes,
o único dos doze que não era ga1ileu.











terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Maria Máximo: A grande mentora da caridade em Santos


Cirso Santiago

Esse Espírito de elevada hierarquia reencarnou numa localidade denominada Rio Dades, em Portugal, no dia 14 de dezembro de 1884. Seus pais, Aurélio Augusto Mesquita de Azevedo e Ismênia de Jesus deram-lhe o nome de Maria da Piedade. Sua infância e juventude certamente ocorreram em Rio Dades. Mas dessas duas fases importantes de sua vida não há testemunhos. O que se sabe mesmo é que ela consorciou-se com o jovem Miguel Máximo e daí para frente adotou o sobrenome do esposo. Maria Máximo e Miguel Máximo eram artistas de teatro e viviam das glórias da ribalta, colhendo em Portugal e, depois, em vários outros países europeus os merecidos aplausos de platéias seletas e amantes da bela Arte Cênica.
Tornaram-se conhecidos artisticamente como o "Duo Max", cuja fama atravessou o Oceano Atlântico e chegou ao Brasil, onde empresários desse meio artístico esperavam ansiosos por novidades.
Não passara muito tempo e o "Duo Máx" desembarcara no porto de Santos. Viera contratado, a fim de se apresentar em palcos brasileiros. Tanto quanto na Europa, o casal Maria e Miguel Máximo alcançou grande sucesso aqui também. A cada uma de suas apresentações em palcos diferentes as platéias delirantes aplaudi-os de pé, demonstrando superlativo agrado.
Depois de anos de trabalho em palcos brasileiros um novo acontecimento mudou o rumo da vida do casal. O Alto convocou-os a ingressarem num outro palco da vida, em que os cenários e as platéias eram outros bem deferentes.
Por força de compromissos espirituais Maria Máximo viu-se portadora de mediunidade aflorada e percebeu logo que essa ferramenta de trabalho não lhe viera de graça. Era preciso fazer jus para mantê-la ativa e em progresso. Confabulou com o esposo sobre sua nova responsabilidade e ele, sempre dócil, aceitou também a nova tarefa como auxiliar de sua amada.
As tradicionais e amplas cortinas de veludo vermelho se fecharam. As luzes da ribalta foram apagadas e o "Duo Max" se desfaz artisticamente, mas o casamento se mostra firme como rocha de granito e eles continuam operando com a mesma alegria de sempre num outro palco: o palco da caridade. O cenário aqui representa sempre a pobreza e por vezes a miséria material e também a espiritual. As novas platéias em vez de serem compostas de criaturas abastadas que riem por qualquer bagatela, eram de criaturas sofredoras, angustiadas, embora algumas até não tivessem necessidade de ajuda material, mas eram carentes de bens espirituais, a desafiarem suas capacidades de amor, de fraternidade e paciência.
Não tiveram grandes dificuldades para se adaptarem à Arte da Caridade, mormente Maria Máximo que era mais preparada para essa tarefa. O que é justificável porque sabemos que os artistas são criaturas mais ou menos sensíveis às inspirações que lhe chegam do Alto.
Corroborando com essa assertiva, Sylvio Brito Soares diz em sua extraordinária obra: "Grandes Vultos da Humanidade e o Espiritismo", o seguinte: "O Espiritismo, e quando assim nos expressamos referimo-nos à ação dos Espíritos desencarnados, o Espiritismo, repetimos, tal como o sopro divino, se espalha por toda a parte, penetra em todas as camadas sociais, tem luz apropriada a todos os graus da inteligência humana. Ele tem sido tão necessário, como o será, por todo o sempre, à evolução dos homens, da mesma forma que o oxigênio o é para a manutenção da vida orgânica!
Não nos receamos de afirmar que os Espíritos desencarnados têm influído, continuam e continuarão influenciando os homens de ciência e os cultivadores das artes, (grifamos) muito embora grande parte desses favorecidos os desconheçam completamente, e, quando se admiram de haverem tomado esta ou aquela atitude decisiva em suas pesquisas, ou de terem idéias magníficas, atribuem, simploriamente, à sorte, à casualidade, à sua boa estrela, ou à inspiração feliz!
Sabemos, porém, que essa inspiração, boa estrela, casualidade, sorte, tudo enfim, nada mais é do que a inspiração amiga, oculta e desinteressada de nossos irmãos da Espiritualidade!
E os Espíritos que se comprazem em auxiliar seus irmãos encarnados, para que eles consigam avançar na senda do progresso e possam melhor sentir a grandeza divina, não se agastam quando os homens não reconhecem neles os seus mentores nas várias atividades a que se entregam aqui na Terra."
Como veremos na seqüência desse nosso trabalho jornalístico, Maria Máximo conhecia décor e salteado essa Cartilha da mediunidade. Tanto que convenceu o esposo e largaram a Arte Cênica, embora estivessem no auge do sucesso artístico, e passaram de mala e cuia para o Proscênio da Arte Mediúnica caritativa.
Tinham consciência, entretanto, de que para exercerem bem essa nova função precisavam de um novo palco. Eis que Maria Máximo, com o apoio irrestrito do esposo, funda em janeiro de 1937, o Centro Espírita "Ismênia de Jesus", à Rua Pereira Barreto, 34, no bairro Gonzaga, na cidade de Santos, prestando, assim, justa homenagem àquela que lhe trouxe à luz deste mundo. Aproximadamente um ano após, muda a instituição para a Av. Conselheiro Nébias, n° 490.
Logo ampliam-se as condições para se ter uma sede própria ampla e confortável. Maria Máximo não vacila e vai à uma nova luta. Se envolve com uma nova construção, a fim de materializar o seu ideal de sede própria. E em dezembro de 1939 inaugura, com seus companheiros da época, a sede própria na Rua Campos Melo, n° 312, com um salão para 600 pessoas e um berçário, em que ela acolheu de imediato mais de vinte crianças abandonadas.
O Centro Espírita "Ismênia de Jesus" , a partir dessa época recebe um cognome muito especial e adequado à sua característica social: " Casa dos Pobres" , até hoje mantido gravado no cimento em sua fachada.
Tudo isso para muitos já era o suficiente para trabalhar muitos anos e certamente bastava. Mas, para Maria Máximo era os primeiros passos da caminhada contratada no mundo espiritual. Por isso mesmo seu espírito empreendedor e sua vontade de solidarizar-se com o sofrimento alheio queria mais, muito mais...
Eis que em 1941 vamos vê-la inaugurando no mesmo terreno ampla cozinha e um refeitório com 225 metros quadrados, onde passa a distribuir alimentos preparados a mais de 150 pessoas, diariamente. Essa iniciativa venceu o tempo e continua até hoje, sem interrupção de um só dia, desde 24 de agosto de 1941.
Maria Máximo, como vemos, não se limitou tão somente à parte doutrinária e nem tampouco estacionou na tarefa mediúnica. Sua força empreendedora inesgotável estava sempre sondando novas formas de servir. Sentiu o drama da infância abandonada e dos famintos desesperançados e olhando mais longe percebeu que não bastava dar-lhes o peixe. Era necessário e mais produtivo ensinar-lhes o manejo da pesca, mormente à juventude que vinha florescendo... E a Educação saltou de imediato sob seus olhos atentos. Estava definida sua nova vereda de ação comunitária. No dia 7 de setembro de 1944, um novo prédio de três andares , com 1.200 metros quadrados era inaugurado no terreno da Av. Conselheiro Nébias, 425, onde passou a atender mães solteiras carentes. Três anos depois seria instalada nesse mesmo prédio a Escola Espiritualista "Ordem e Progresso", que mantém os cursos Pré-Primário, Primário e o Segundo Grau.
Em fevereiro de 1947 a Prefeitura Municipal de Santos expediu o alvará de habitabilidade de n° 45. Em março do mesmo ano, o Prof. Alcides Hipólito Luiz Alves, como Diretor do Colégio "Ordem e Progresso" recebeu a Professora Maria José Gomes, a qual foi contratada para ser regente do Colégio. Ainda no mesmo mês de março chegou a Autorização n° 358 de funcionamento da Escola. A mesma foi entregue pelo então Delegado Regional do Ensino, o Sr. Luiz Damasco Pena e expedida pela então Secretaria dos Negócios da Educação e Saúde Pública. A autorização manteve os Cursos Pré-Primário, Primário fundamental. A liberação do Curso Colegial veio tempos depois. E no dia 10 de abril de 1947, acontecia festivamente a Aula Inaugural da Escola.
Nos últimos 56 anos, a Escola "Ordem e Progresso" participou de Campanhas, Cursos e atividades municipais, estaduais, e internacionais, sempre com destaque, enfim, integrou-se completamente à comunidade santista. Recebeu diplomas de Mérito, como aconteceu na Campanha de Defesa das Utilidades públicas e Privadas, ocorrida em dezembro de 1967. Bem como na Comemoração da Semana do Exército também efetivada em 1967. E na exposição de Desenhos da Enciclopédia Britânica do Brasil, em 1994 e na Segunda Micro Bienal Santista do livro acontecida em 1995 entre outras.
Na atualidade, essa Escola possui mais de quinhentos alunos, distribuídos da 1a a 8a séries. Possui laboratório e sala de vídeo, destinada às aulas de Audio-Visual. Tem uma boa estrutura técnico-pedagógica. Suas vagas são muito disputadas, pois, além de tudo, tem o privilégio de ser uma das melhores escolas da cidade de Santos. E já formou mais de 12 turmas da oitava série.
Histórico da Instituição "Ismênia de Jesus"
Localizada na Rua Campos Melo, 312, em Santos, SP- Telefone: ( 13) 3233- 3095 ocupa uma área de 6.000 metros quadrados, com os seguintes Departamentos: Centro Espírita Ismênia de Jesus, que divulga a Doutrina Espírita através de várias atividades doutrinárias e sociais, todos os dias. A "Casa dos Pobres, que serve sopa diariamente, sem interrupção. A Creche que assiste e educa cerca de 300 crianças diariamente. O Colégio, que atende mais de 500 alunos do Pré-primário, do 1o e do 2o Graus, entre outros departamentos coadjuvantes. Há ainda a Sub-Sede em Ribeirão Pires, construída numa área de 287.800 metros quadrados à Rua Cap. José Galo, 1074 e 1514 -Telefone:             (11) 4828-3103      , onde funciona um centro espírita, denominado também "Ismênia de Jesus", que mantém semanalmente reuniões doutrinárias, assistência espiritual, cursos e palestras, e o Lar Escola "Ismênia" de Jesus, onde cerca de 50 crianças socialmente carentes recebem, diariamente, refeições e orientações educacionais. Uma administração inteligente e enxuta consegue acionar e manter todo esse trabalho com um custo entre 130 a 140 mil reais/ mês. A Sub-sede, com 1.800 metros quadrados de construção tem um Diretor autônomo, o Sr. Wilson Gonçalves Couto, 56 anos, espírita de berço, que é apoiado por sua esposa, a Sra. Vera Lúcia Couto que ocupa o cargo de Secretária. Ali, também, funciona uma Granja, em que são produzidos ovos, e hortaliças para uso da instituição em geral.
Maria Máximo administrou sua obra enquanto teve forças para tal empreitada. Realizou muito numa época de crise nacional e internacional, 1939 a 1945, período em que se desenvolveu na Europa a Segunda Grande Guerra. Além de tudo não podemos esquecer que naqueles tempos a mulher era muito discriminada não só pelo sexo masculino, mas também pela Sociedade como um todo. A mulher era educada para o casamento, cuidar do lar, dos filhos e do esposo. Qualquer vôo mais alto que quisesse alçar já lhe cortavam as asas. Maria Máximo rompeu tudo isso e nos legou uma belíssima Obra, onde o trabalho doutrinário e social de qualidade vem se desenvolvendo há tantos anos consecutivos.
A preocupação com os sofrimentos alheios empurrava-a sempre para novas iniciativas. Um trabalho dessa envergadura certamente fora programado em paragens espirituais e obedecia vontades superiores e a nossa biografada recebia o apoio e orientações de seu guia espiritual, do Espírito "Pai Aurélio", que fora seu genitor, o Dr. Aurélio Augusto de Azevedo. Esse ex-médico português, segundo palavras de sua filha, incentivava-a constantemente, dizendo-lhe que o "Banco da Misericórdia Divina não a deixaria sem recursos para a Obra e que os mesmos apareceriam de forma inesperada", instando-a sempre a construir e prosseguir confiante e segura.
Maria Máximo, mulher bondosa, inteligente, médium clarividente, audiente, psicógrafa, de desdobramento, de transfiguração, de psicofonia e de excepcional capacidade curadora, atendia diuturnamente as pessoas que a procuravam, vindas de toda parte, algumas de muito longe. Oradora inspirada, era ouvida por grande assistência em absoluto silêncio. Pessoas das camadas sociais mais simples até as de grande cultura e elevada posição social e financeira, buscavam-na sequiosos de esclarecimentos e consolo.
A assistência material e a assistência espiritual multiplicaram-se em número e grau e ocupavam o tempo de Maria Máximo integralmente. Ela dispensava qualquer sugestão de descanso e se dedicava a esses trabalhos de corpo e alma, como se diz entre nós, os brasileiros. Essa benfeitora era uma rocha granítica e não se deixava abater espiritualmente, reciclando suas forças nas necessidades alheias, esquecida de si mesma. Mas, como sabemos, o tempo não perdoa ninguém. Maria Máximo, como qualquer mortal, também foi envelhecendo e apesar do seu espírito lutador, o seu corpo físico foi sentindo a luta exacerba e continua, a ponto de trazer preocupações a muitos de seus companheiros de trabalho que começaram a pressioná-la para que repousasse, a fim de recuperar as energias orgânicas. Ela, no entanto, ainda que polidamente, rechaçava toda e qualquer sugestão que lhe fizessem nesse sentido. O mais aconselhável, então, era apelar para alguém de respeitabilidade que pudesse persuadi-la de que o trabalho é importante, mas o descanso em qualquer área de atividade não é indispensável.
Maurício de Jesus Mariano, então Primeiro Secretário da Diretoria Executiva enviou uma carta ao médium Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier), em que noticiava, entre outras coisas: "Nossa irmã Maria Máximo está muito enfraquecida em sua matéria, rogai a Jesus para que a fortifique e muito particularmente vos peço, lhe aconselheis bastante repouso, que é o que ela mais necessita e à única coisa que se torna rebelde, apesar das muitas recomendações de Pai Aurélio (seu guia espiritual). A carta de Mariano foi escrita no dia 19 de janeiro de 1946. Eis que no dia 26 do mesmo mês ela mesma em carta que enviou ao Chico Xavier, com quem mantinha correspondência e visitas pessoais, diz: "Quero pedir-te um grande favor que, por certo não me negarás. Pai Aurélio pede-me repouso, Dr. Carneiro , pede-me repouso, mas as mensagens que recebo são sempre estímulo ao trabalho e, como sabes, sou filha carnal de Pai Aurélio, pedia-te orientação dada por Emmanuel, para sossego de meu espírito, pois não sei se estou obedecendo ou desobedecendo."
Há de se compreender que ela estava consciente do seu desgaste físico e também sofria preocupações, mas acima de tudo para ela estava o seu dever cristão. Assim, tornava-se-lhe irrelevante o sofrimento imposto pela enfermidade. Lutava pelo seu idealismo: servir sempre, impugnando o descanso, que se aceitasse seria muito merecido. Como se fizesse uma viagem em águas rebuliças, remava o quanto podia para vencê-las até mesmo além de suas forças, a fim de não deixar de atender a tudo e a todos.
Esta é Maria Máximo! A grande Obreira da Caridade, que atuou, por tantos anos a fio na cidade de Santos, com denodo incomensurável, como excelente médium consoladora e de cura. Trabalho este, que apesar de ser gratificante, espiritualmente considerando, é muito árduo e desgastante, pois as necessidades vinham de todas as partes, em avalanches bater à sua porta.
O agravamento progressivo e acentuado de seu estado físico levou seus parceiros de luta e de ideal espírita/cristão a transferi-la para a Granja "Fé, Esperança e Caridade", propriedade deveras agradável do "Ismênia de Jesus", localizada na hoje Estância de Ribeirão Pires, onde as crianças assistidas por ela no Internato de Santos, passavam suas férias.
Afastando-a do palco das lutas mais acerbas, obrigaram-na a aceitar o repouso por ela tão adiado e tão necessário. Conseguiram, em parte, o intento, pois mesmo distante 60 quilômetros de Santos, Maria Máximo arrumou um jeito de dar continuidade ao seu trabalho em benefício dos desvalidos. Ela passou a freqüentar a reunião de desobsessão no centro espírita local, em que atendia os espíritos sofredores, que compareciam espontaneamente em busca de consolação, ou eram trazidos por bons samaritanos espirituais, a fim de que ouvissem a tertúlia evangélica e fossem esclarecidos quanto à sua situação de desencarnados e convencidos a tomarem outros rumos em suas caminhadas. Aí também seu canal mediúnico era usado pelos mentores espirituais que eram pródigos em incentivar o grupo a se manter unido e dar continuidade à tarefa normal, houvesse o que houvesse. Nesse "exílio" a nossa expoente permaneceu dois anos, sem jamais deixar de cumprir seu missionato um dia sequer.
Intimorata, cheia de fé ela foi em frente até que seu corpo físico depauperado entregou os pontos. Aos 10 de agosto de 1949 o seu coração, que tanto amor dispensou por onde passara, parou. A luta, a perda do esposo, que desencarnou em 24 de agosto de 1940, separação forçada, que muito a abateu, pois entre eles havia um companheirismo verdadeiro, que os uniu como artistas e também no palco denominado, por ela com muito carinho de Casa Espírita "Ismênia de Jesus. Outras razões houveram para o seu enfraquecimento: o excesso de trabalho e as incompreensões que sempre impõem barreiras ao trânsito dos verdadeiros missionários, que agem em nome de Deus e de Jesus. Na chácara "Esperança e Caridade", em Ribeirão Pires, onde cumpria repouso forçado, ninguém poderia imaginar que dentro em pouco ela retornaria para despedir-se dos fiéis companheiros.
Enquanto alguns irmãos presentes na hora de sua passagem para o "outro mundo", tudo faziam para reanimá-la, os amigos espirituais preparavam-na para dar sua primeira comunicação após o desencarne.
Não fazia ainda duas horas que seu coração havia parado e eis que ela se serve de um companheiro médium que estava no local e foi logo dizendo: "Minha carta de alforria chegou". E despediu-se confortando e encorajando os companheiros a continuarem a zelar pela sua plantação.
Pela força de seu Espírito, pelo vigor do seu ideal, pelo seu desprendimento e trabalho, sua Obra continua e continuará a produzir frutos sazonados e em quantidade admirável!
A título de ilustração, narremos aqui um caso insólito, mas muito positivo proporcionado pelos recursos mediúnicos de Maria Máximo, quando ela ainda estava na cidade de Santos à frente do Centro Espírita "Ismênia de Jesus". Ela teve necessidade de ausentar-se da instituição por algum tempo e deixou a Casa por conta de alguns dos seus colaboradores. No retorno, ela encontrou na Secretaria um cheque de alto valor, que um senhor deixara lá como doação. Maria Máximo, acostumada a lidar com doações que chegavam à instituição, encabulou-se diante do referido cheque e se pôs a matutar... Após raciocinar e investigar sobre o doador, concluiu que ele, talvez, tivesse se enganado na hora de preencher o cheque e resolveu procurá-lo, a fim de esclarecer aquela doação altíssima.
No dia seguinte, bem cedo, ela seguiu, com alguns auxiliares, para a Capital à procura do misterioso doador de tão significativo valor.
Em bela mansão, localizada num dos bairros mais importantes da cidade de São Paulo, Maria Máximo e seus acompanhantes foram recebidos cortesmente por um cidadão bem posto, barba bem feita, cabelos alinhados, apresentando na altura das têmporas respeitáveis cãs. Era o mesmo que esteve no Centro Espírita "Ismênia de Jesus", conforme atestou um dos seus acompanhantes. A visitante se apresentou e explicou a razão de sua visita ao dono da mansão.
O Cel. Adindo Ribeiro solicitou-lhe que entrasse em sua casa e lá dentro manifestou sua alegria por ver tanta honestidade numa pessoa que tinha tanto o que fazer com os recursos monetários que chegavam à sua instituição. Depois de dizer isto, pediu-lhe o cheque e olhando-o disse com tranqüilidade: "Não houve engano nenhum. Eu quis doar realmente este valor à sua instituição. Leve-o de volta e aplique-o como quiser!"
Maria Máximo agradeceu a generosidade do Cel. e já se preparava para despedir-se dele, quando o Pai Aurélio lhe surpreendeu com o seguinte recado:
- "O cheque foi só uma desculpa que encontramos para que você pudesse adentrar nesta mansão, onde há um jovem manietado em camisa-de-força, esperando o socorro da sua faculdade mediúnica..."
Maria Máximo incontinente revelou ao Coronel o que acabara de ouvir de seu guia espiritual. Ele, como era de se esperar, espantou-se e pensou: "Como ela soube desse meu segredo?" Pois, ele, realmente tinha um filho completamente louco confinado num dos cômodos da mansão, sob os cuidados ininterruptos de dois enfermeiros. Mas isso não era do conhecimento público, pois sendo ele um homem rico e político influente não podia expôr essa chaga familiar ao conhecimento alheio. Hoje pode parecer estranho a alguns dos nossos leitores que um pai mantivesse sob seu teto um filho nessas condições. De fato é estranho e até mesmo pouco cristão. Ocorre que naquela época e até bem mais tarde no Brasil os hospitais para tratamento de doentes mentais, os chamados manicômios eram raros. Nós mesmos, na infância testemunhamos um caso semelhante. Um filho, o Sr. Pedro Rocha, que mantinha sua própria mãe reclusa num quarto, onde ela era assistida inclusive por um médico.
Diante daquele homem agitado, Maria Máximo não teto um filho nessas condições. De fato é estranho e até mesmo pouco cristão. Ocorre que naquela época e até bem mais tarde no Brasil os hospitais para tratamento de doentes mentais, os chamados manicômios eram raros. Nós mesmos, na infância testemunhamos um caso semelhante. Um filho, o Sr. Pedro Rocha, que mantinha sua própria mãe reclusa num quarto, onde ela era assistida inclusive por um médico.
Diante daquele homem agitado, Maria Máximo não perdeu tempo e acionada por Pai Aurélio, pediu permissão para visitar tal criatura. O Cel. se mostrou reticente e logo esclareceu que isto era arriscado, porque o rapaz era muito agressivo. Em franca obediência ao seu Guia, ela continua insistindo até ser liberada pelo receoso pai.
Chegando ao quarto em que o moço está confinado, o Coronel chama os enfermeiros e lhes recomenda atenção porque àquela mulher quer ver o enfermo, embora ele já tenha prevenido-a dos riscos que estaria sujeita. A porta é aberta e ela vê-o, manietado pela camisa-de-força encolhido num canto do cômodo, olhos arregalados, cabelos ouriçados, semelhante à uma fera. Maria Máximo solicita que os enfermeiros o libertem da camisa-de-força. Eles obedecem e ela destemida vai se aproximando do rapaz... Era como a força dos seus olhos o mantivesse imóvel. A cena, apesar de dramática, era comovente para quem não duvidava da misericórdia do Pai. Maria Máximo estende as mãos sobre a cabeça do jovem e esse se estrebucha e diz algumas coisas desconexas. Ela continua dispensando-lhe os recursos terapêuticos do Passe e dentro de alguns instantes o rapaz levantou-se, demonstrando estar consciente e senhor do seu corpo físico. Maria Máximo conversou com ele por alguns minutos e despediu-se, desejando-lhe toda a felicidade do mundo. Bastou-lhe aquele abençoado passe para que sua obsessão virasse apenas uma boa história para ser contada às novas gerações...
O Coronel Arlindo Ribeiro do Amaral, vendo seu filho completamente curado, tornou-se grande amigo da médium Maria Máximo e de sua instituição. Amplamente agradecido aproxima-se ainda mais da Obra de Maria Máximo, em Santos, e passa a injetar ali mais dinheiro. Agora mais integrado à instituição, verificou o quanto se lutava lá dentro para desenvolver as atividades beneméritas. Preocupado com a perenidade dessas atividades, vendeu uma de suas fazendas e depositou o dinheiro dessa venda no Banco do Brasil, que aplicava todo o capital e repassava, mensalmente, os juros à Entidade "Ismênia de Jesus".
Em Ribeirão Pires, o Cel Arlindo Ribeiro do Amaral adquiriu uma gleba e doou à Instituição "Ismênia de Jesus". Mais tarde ele comprou de sua própria filha a propriedade vizinha e presenteou, mais uma vez, essa instituição. Na Escritura definitiva foram juntadas as duas propriedade que somam alguns alqueires, onde depois foi erigido o Centro Espírita "Ismênia de Jesus", no. 2. Diversas vezes o Cel Arlindo Ribeiro do Amaral deu dinheiro sonante à Maria Máximo, recomendando-lhe que comprasse propriedades em Santos.
O amigo leitor, deve estar questionando: "Por que esse Coronel abrira sua "burra" tantas vezes, à Maria Máximo. Seria somente pela cura filho?"
Bem, essa é uma razão fortíssima para justificar a bondade desse político/militar. Contudo, sua atitude em relação ao "Ismênia de Jesus" não deixa de ser intrigante. Mais à frente, veremos que sua vocação benemérita tinha muito a ver com o seu passado arbitrário e delituoso.
Revelações póstumas
Conforme preceitos da Doutrina Espírita, tudo no universo se encadeia. Nada há independente. Do mais ínfimo ser até o mais amplo corpo celeste são partes de uma mesma esteira evolutiva que avança em direção ao infinito, regida por leis divinas. Olhando por esse prisma doutrinário, nós, espíritas, admitimos a evolução do Espírito através das existências múltiplas neste mundo material e em muitos outros, sempre formando e reformando grupos afins.
Embasado nesses conceitos, o Sr. Camilo Lourenço, presidente da Instituição Espírita "Ismênia de Jesus" diz que na Instituição há arquivadas informações mediúnicas seguras de grande importância para o movimento espírita, a saber:
Primeira informação: Maria Máximo era a Dona Domitila de Castro Canto e Melo reencarnada - a Marquesa de Santos (1797 -1867).
Segunda informação: O médico Aurélio Augusto Mesquita de Azevedo, genitor de Maria Máximo (Pai Aurélio) fora a reencarnação de Dom Pedro I - o Infante.
Terceira informação: Ismênia de Jesus, genitora de Maria Máximo fora a reencarnação da Imperatriz Leopoldina.
Quarta informação: O coronel Arlindo Ribeiro do Amaral, no tempo do Império no Brasil fora um político influente e desonesto, que aproveitando-se de sua posição política confiscou muitas propriedades de Dona Domitila de Castro Canto Melo - a Marquesa de Santos, que mais tarde se apresentou na Terra como Maria Máximo. É o mesmo Espírito em duas roupagens carnais diferentes, em épocas distintas.
De modo que o Cel. Arlindo Ribeiro do Amaral, reencarnando-se na mesma época que Domitila reencarnou como Maria Máximo, reviu o seu passado delituoso e se justificou perante a Lei de Deus, devolvendo à Maria Máximo tudo que havia roubado da Marquesa de Santos, ou seja ela mesma.
Como disse Jesus, nada sobre a Terra fica encoberto e nem impune perante as leis divinas. O que por direito for de um homem, por justiça retornará a esse mesmo homem, ainda que por vezes demore séculos...
Não foi sem razão que os espíritas franceses mandaram gravar no frontispício do túmulo do mestre Allan Kardec, localizado no Cemitério Pere Lachaise, em Paris, a seguinte frase: "Nascer, morrer, renascer e progredir sempre. Essa é a lei".
(Veja os box sobre Domitila, Dom Pedro e a Imperatriz Leopoldina)
A imperatriz Leopoldina - Arquiduquesa da Áustria, Leopoldina casou-se por procuração com o príncipe D. Pedro I e, a caminho do Brasil, ficou retida na Itália por causa do movimento revolucionário em Pernambuco. Recusou-se a voltar para Viena e insistiu em juntar-se ao marido para a seu lado correr os riscos do momento revolucionário.
Carolina Josefa Leopoldina, que no Brasil passou a usar os nomes de Leopoldina e Maria Leopoldina, imperatriz do Brasil, nasceu em Viena. Áustria, em 22 de janeiro de 1797. Era filha do imperador Francisco I da Áustria e II da Alemanha, da casa real dos Habsburgos, e de D. Maria Isabel de Bourbon Nápoles. Sua união com o príncipe português resultou de conversações diplomáticas no Congresso de Viena.
Muito culta, D. Leopoldina interessava-se especialmente por botânica e promoveu a vinda ao Brasil de naturalistas europeus como Von Martius e Von Spix. Em agosto de 1822 exerceu a regência do Brasil quando o marido, por razões políticas, seguiu para São Paulo, onde proclamou a Independência. Teve seis filhos, entre eles, D. Pedro de Alcântara, que subiu ao trono como D. Pedro II. D. Leopoldina morreu no Rio de Janeiro em 11 de dezembro de 1826, em conseqüência de parto prematuro. Seus restos mortais repousam no monumento do Ipiranga em São Paulo.
Domitila de Castro Canto e Melo - a Marquesa de Santos - Nasceu em 27 de dezembro de 1797. Seu pai era João de Castro Canto e Melo, coronel reformado e primeiro visconde de Castro. Ela casou-se em 1813, aos 16 anos com o alferes Felício Coelho Pinto de Mendonça, com quem teve três filhos. Entretanto, teve o seu casamento anulado em 1849 por interferência real. Motivo: durante dois anos houveram muitas brigas violentas, todas motivadas pelo ciúme, ela recebeu duas facadas na perna e ele sumiu.
Em agosto de 1822, pouco antes da proclamação da Independência, o então regente do reino do Brasil, D. Pedro I realizou uma viagem à cidade de São Paulo, tendo conhecido Domitila, que quando sorria enlouquecia os jovens do seu tempo. Ela era uma morena perturbante! Bem formada de corpo e de rosto, tinha olhos profundamente negros e o olhar esperto e malicioso. Os cabelos também negros, com as pontas encaracoladas. O rosto brejeiro e róseo, a boca carnuda e vermelha, muito úmida, possuía uma covinha em cada lado. Segundo os cronistas da época, os jovens se esmurravam por ela em público, era um verdadeiro escândalo, brigavam até na missa.
Logo depois da proclamação da Independência, D. Pedro I a levou para a corte, onde viveu durante sete anos. A favorita de D. Pedro I residiu até 1829 junto ao paço de São Cristóvão, num palacete que foi adaptado e decorado pelo artista Francisco Pedro do Amaral e doado pelo imperador à Domitila.
Introduzida na corte como primeira dama da imperatriz Leopoldina, Domitila recebeu o título de viscondessa de Santos em 1825. No ano seguinte foi elevada a marquesa.
Da ligação amorosa com D. Pedro I, Domitila teve quatro filhos: Isabel Maria Alcântara, nascida no Rio de Janeiro em 23 de maio de 1824, a qual foi dado o título de duquesa de Goiás; Pedro, que morreu na infância; Maria Isabel, que também desencarnou prematuramente e uma outra Maria Isabel, que nasceu em São Paulo, em fevereiro de 1830, após o rompimento dos pais. Esta última Maria Isabel tornou-se, depois do casamento, condensa de Iguaçu. De todos seus filhos legítimos, D. Pedro I preferia a Duquesa de Goiás. Tanto é que no seu testamento recomendou-a aos cuidados da imperatriz Maria Amélia, que a enviou para estudar em colégios de Paris e Munique. Maria Isabel casou-se em 1843 com Ernesto Ficher, conde de Treuberg e deixou numerosa descendência.
A presença de Domitila na corte após a morte da imperatriz Leopoldina criava dificuldades para o casamento de D. Pedro com dona Maria Amélia. Em 1829, Domitila e o imperador romperam o romance e ela voltou para São Paulo. Possuindo considerável fortuna, Domitila passou a viver maritalmente com Rafael Tobias de Aguiar, um dos homens mais ricos da região e destacado político liberal, com quem teve seis filhos, mas eles só casaram de fato em 1842.
Domitila, pelo que consta era uma mulher que despertava grandes paixões e sua fortuna crescia na medida em que se unia a outro homem. Gerou treze filhos e enviuvou-se em 1857, ainda mais rica. A História lhe faz justiça registrando que ela foi uma grande benemérita, virtude esta que se exacerbou quando ela viveu novamente na Terra como Maria Máximo. Domitila morreu em São Paulo, no dia 3 de novembro de 1867.

Adelaide Câmara - Aura Celeste


Adelaide Câmara

Grandes Espíritas do Brasil

Adelaide Augusta Câmara foi uma das mais devotadas figuras femininas do Espiritismo no Brasil, bem conhecida pelo seu pseudônimo de Aura Celeste.
Encarnou na cidade de Natal, Estado do Rio Grande do Norte, em 11 de janeiro de 1874, e desencarnou na cidade do Rio de Janeiro, em 24 de outubro de 1944.
Aura Celeste veio para a antiga Capital Federal em janeiro de 1896, graças ao auxílio de alguns militantes do Protestantismo, a cuja religião pertencia, os quais lhe propiciaram a oportunidade de lecionar no Colégio Ram Williams, o que fez com muita proficiência, durante algum tempo, até que organizou em sua própria residência, um curso primário, onde muitos homens ilustres do meio político e social brasileiro aprenderam com ela as primeiras letras.
Foi nesse período de sua vida, no ano de 1898, que começou a sentir as primeiras manifestações de suas faculdades mediúnicas. Nessa época, o grande Bezerra de Menezes dirigia os destinos da Federação Espírita Brasileira, revestido daquela auréola de prestígio e de respeito que crentes e descrentes lhe davam, e o Espiritismo era o assunto de todas as conversas, não só pelos fenômenos e curas mediúnicas, como pela propaganda falada, pelos livros e pela imprensa.
Sob a sábia orientação de Bezerra de Menezes começou a sua notável carreira mediúnica como psicografa, no Centro Espírita Ismael. O grande apóstolo do Espiritismo brasileiro, pela sua conhecida clarividência, prognosticou, certa vez, que Adelaide Câmara, com as prodigiosas faculdades de que era dotada, um dia assombraria crentes e descrentes. E essa profecia de Bezerra não se fez esperar, pois em breve Adelaide Câmara, como médium auditiva, começou a trabalhar na propagação da Doutrina, fazendo conferências e receitando, com tal acerto e exatidão, que o seu nome se irradiou por todo o País.
Com a desencarnação do inolvidável mestre, doutor Bezerra de Menezes, em 1900, Adelaide Câmara aproximou-se do grande seareiro que foi Inácio Bittencourt e, nas sessões do Círculo Espírita "Cáritas", passou a emprestar o seu concurso magnífico como médium e como propagandista de primeira grandeza.
Contraindo núpcias em 1906, os afazeres do lar, e a educação dos filhos mais tarde, obrigaram-na a afastar-se da propaganda ativa nos Centros, mas, nem por isso, ficou inativa. Nas horas de lazer, entrava em confabulação com os guias espirituais, e pôde receber e produzir páginas admiráveis, que foram dadas à publicidade na obra "Do Além", em 21 fascículos, e no livro "Orvalho do Céu".
Foi aí que adotou o pseudônimo de AURA CELESTE, nome com que ficou conhecida no Brasil inteiro.
Em 1920, retorna à tribuna e aos trabalhos mediúnicos, com tal vigor e entusiasmo, que o seu organismo de compleição franzina ressentiu-se um pouco, mas, nem por isso, deixou ela de cumprir com os seus deveres. O Dr. Joaquim Murtinho era o médico espiritual que, por seu intermédio, começou a trabalhar na cura dos enfermos e necessitados, diagnosticando e curando a todos quantos lhe batiam à porta, desenvolvendo-lhe, espontaneamente, diversas faculdades mediúnicas nesse período.
Além das mediunidades de incorporação, audição, vidência, psicográfica, curadora, intuitiva, possuía Adelaide Câmara, ainda, a extraordinária faculdade da bilocação. Muitas curas operou em diferentes lugares do Brasil, a eles se transportando em "desdobramento fluídico", sendo visível o seu corpo perispirítico, como aconteceu em Juiz de Fora e Corumbá (provadamente constatado), por enfermos que, sob os seus cuidados, a viram aplicar-lhes "passes".
Poetisa, conferencista, contista, e educadora sobretudo, deixou excelentes obras lítero-doutrinárias, em prosa e verso, assinando-os geralmente com o seu pseudônimo. É assim que deu a público "Vozes d"Alma", versos; "Sentimentais", versos; "Aspectos da Alma", contos; "Palavras Espíritas", palestras; "Rumo à Verdade" e "Luz do Alto". Esparsos em revistas e jornais espíritas, há muitas poesias e artigos doutrinários de sua autoria.
O grande jornalista e literato Leal de Souza, referiu-se a Adelaide Câmara como "a grande Musa moderna, a Musa espiritualista".
Em 1924, teve as suas vistas voltadas para o campo da assistência às crianças órfãs e à velhice desamparada. Centralizou todos os seus esforços no propósito de materializar esse antigo anseio de sua alma. Pouco, entretanto, pôde fazer em quase três anos de lutas. Aconteceu, então, que um confrade, João Carlos de Carvalho, estava angariando donativos e meios para a fundação de uma instituição dessa natureza, e, um dia, faz-lhe entrega da lista de donativos a fim de que Adelaide Câmara arranjasse novos óbolos para tão humanitário fim. Dias depois, João Carvalho desencarna, e ela fica de posse da lista e do dinheiro arrecadado.
Passados alguns meses, o Sr. Lopes, proprietário da Casa Lopes, que andava estudando a Doutrina, mostrou-se interessado na organização de uma instituição de amparo e assistência aos órfãos e Adelaide lhe informa possuir uma lista com alguns donativos para esse fim. A idéia foi recebida com entusiasmo e logo concretizada. Alugaram uma casa em Botafogo e aí foi instalado, no dia 13 de março de 1927, o Asilo Espírita "João Evangelista", sendo ela a sua primeira diretora. Compareceu a essa festiva inauguração o doutor Guillon Ribeiro, então 2o. secretário da Federação Espírita Brasileira e representante desta naquela solenidade. Adelaide Câmara, em breves palavras, exprimiu o júbilo de sua alma, afirmando realizado o ideal de toda a sua existência – "ser mãe de órfãos, graça do céu que não trocaria por todo o ouro e todas as grandezas do mundo".
Dedicou, daí por diante, todo o seu tempo a essa grandiosa obra de caridade, emprestando-lhe as luzes do seu saber e de sua bondade até o dia em que serenamente entregou a alma a Deus.
Com extremosa dedicação, trabalhou Aura Celeste em várias sociedades espíritas beneficentes da cidade do Rio de Janeiro, dando a todas elas o melhor de suas energias e de sua inteligência.
No Asilo Espírita "João Evangelista", porém, foi onde realizou sua tarefa máxima, não só como competente educadora, mas também como hábil orientadora de inumeráveis jovens que ali receberam, como ainda recebem, instrução intelectual e educação moral.
A vida e a obra de Adelaide Câmara foram uma escada de luz, uma afirmação de fé e humildade, e um perene testemunho de amor. Era a grande educadora que ensinava educando e educava ensinando, pelo exemplo.
Médium sem vaidades, sincera e de honestidade a toda prova, praticava a mediunidade como verdadeiro sacerdócio.
Dotada de sólida cultura teria, se quisesse, conquistado fama no mundo das letras. Poetisa de vastos recursos, oradora convincente e natural, senhora de estilo vigoroso e de fulgurante imaginação, tudo deu e tudo fez, com o cabedal que possuía, para o bom nome e o engrandecimento da Doutrina Espírita.
O Asilo Espírita "João Evangelista", no Rio de Janeiro, aí está ainda, em sede própria, atestando a obra e o devotamento à causa do bem daquela nobre mulher que se chamou Adelaide Augusta Câmara.


Adelaide Augusta Câmara, mais conhecida por Aura Celeste, foi a grande médium conhecida no Brasil inteiro, dado o vulto do seu trabalho no seio do Espiritismo.
Nasceu na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, em 11 de Janeiro de 1874 e desencarnou no Rio de Janeiro, em 25 de Outubro de 1944.
Aura Celeste veio para antiga Capital Federal em Janeiro de 1896, graças ao auxílio de alguns militantes do Protestantismo, a cuja religião pertencia, os quais lhe propiciaram a oportunidade de lecionar no Colégio Ram Williams, o que fez com muita desenvoltura durante algum tempo, até que organizou, em sua própria residência, um curso primário, onde muitos homens eminentes do meio político-social brasileiro aprenderam com ela as primeiras letras.
Foi no ano de 1898 que começou a sentir as primeiras manifestações de suas faculdades mediúnicas. Nessa época, o grande Dr. Bezerra de Menezes pontificava a verdade espírita, revestido daquela auréola de prestígio e de respeito, que crentes e descrentes lhe davam, e o Espiritismo era o assunto de todas as conversas, não só pelos fenômenos e curas mediúnicas, como pela propaganda falada, pelos livros e pela imprensa, como, por exemplo, os artigos de Bezerra de Menezes no famoso jornal "O Paiz".
Adelaide Câmara, sempre ávida de luz e sequiosa de saber, lia essas crônicas admiráveis e consigo mesma resolveu ir ver de perto o que era o Espiritismo, não obstante o sectarismo da religião protestante a que estava filiada.
Sob a sábia orientação de Bezerra de Menezes começou a sua carreira mediúnica, como médium psicógrafa, no Centro Espírita "Ismael". O grande apóstolo do Espiritismo brasileiro, na sua desmedida clarividência, prognosticou, certa vez, que Adelaide Câmara, com as prodigiosas faculdades que era dotada, um dia, assombraria crentes e descrentes. E essa profecia de Bezerra de Menezes não se fez esperar, pois, em breve, Adelaide, como médium auditiva, começou a trabalhar na propaganda da Doutrina dos Espíritos, fazendo conferências e receitando, com tal acerto e exatidão, que o seu nome se irradiou por todo o país.
Com a desencarnação de Bezerra de Menezes em 11 de Abril de 1900, Adelaide Câmara aproximou-se do grande seareiro que foi Inácio Bittencourt e, nas sessões do Círculo Espírita Cáritas, passou a emprestar o seu concurso magnífico como médium e como propagandista de primeira grandeza.
Contraindo núpcias em 1906, os afazeres do lar e a educação dos filhos, mais tarde, obrigaram-na a afastar-se da propaganda espírita nos Centros, mas, nem por isso, ficou inativa. Nas horas de lazer, entrava em contato com seus guias espirituais e conseguiu receber e produzir páginas admiráveis, que foram dadas a público com o título de "Flores do Céu" e o fascículo denominado "Do Além".
Foi aí que adotou o pseudônimo de Aura Celeste, nome com que ficou conhecida no Brasil inteiro.
Em 1920, retorna a tribuna e os trabalhos mediúnicos, com tal entusiasmo, que seu organismo de compleição fransina ressentiu-se um pouco, mas nem por isso deixou de cumprir os seus deveres. O Dr. Joaquim Murtino era um médico espiritual que, por seu intermédio, começou a trabalhar na cura dos enfermos e necessitados, diagnosticando e curando todos quantos lhe batiam à porta.
Além das faculdades mediúnicas de incorporação, audição, vidência, psicografia, receitista, curadora, intuitiva, possuia Adelaide Câmara a faculdade transporte, faculdade rara. Ela foi vista com seu corpo perispiritual, em várias cidades do Brasil, como Juiz de Fora e Corumbá, aplicando passes em enfermos que estavam sob os seus cuidados.
Em 1927 teve as suas vistas voltadas para o grande campo da assistência aos necessitados de um lar, as crianças órfãs e à velhice desamparada. Neste ano fundou o Asylo Espírita João Evangelista.
A vida e a obra de Adelaide Câmara foram uma escada de luz, um exemplo de fé e um perene testemunho de amor. Foi grande educadora, que ensinava educando e educava ensinando. Poetisa de vastos recursos, oradora convincente, senhora de um estilo vigoroso, possuidora de uma imaginação prodigiosa, tudo deu e tudo fez para o bom nome do Espiritismo.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

SEDE PERFEITOS


O Espiritismo nos ensina que  a causa primária de todas as coisas, Deus, é a perfeição absoluta. Perfeição essa que é incompreensível pelo homem no seu atual estágio de evolução, por que  falta-lhe o sentido,o que leva  o Ser que ainda demora-se na sombra, perguntar: “ Se Deus é perfeito,por que nos criou imperfeitos?
Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, mas não fisicamente, e sim, pelo Seu amor, que  está ínsito em nós.
Podemos fazer analogia ao diamante  que se forma em grandes profundidades, a mais de 150 quilômetros abaixo da superfície terrestre e numa temperatura superior a 1500 graus centígrados, cuja gema, não dispensa o buril do artesão, que a pouco e pouco vai desgastando as jaças para  o transformar no mineral de maior dureza que se conhece e na jóia mais cobiçada deste Planeta.
Nos primórdios, tivemos o acompanhamento fraterno  de Entidades Superioras até adquirirmos  o Livre Arbítrio, e  porque nos distanciamos das Leis Divinas  o nosso buril, por efeito educativo, foi a dor e o sofrimento.
Sendo artífice de nossa própria sorte, somos convidados  a burilar as jaças, as imperfeições, combatendo  em nós o egoísmo,o orgulho, a vaidade....
Fomos criados simples e ignorantes mas, com potencial para a perfeição. A sede insaciável de perfeição que o espírito experimenta, constitui a prova de sua origem divina. Deus está no homem. A mediocridade jamais o contentará, quando consciente de sua própria natureza.
Assim sendo, as palavras de Jesus, “sede vós logo perfeitos, como também vosso pai celestial é perfeito” precisam ser entendidas em seu sentido relativo pois sendo o criador perfeito, ele jamais será igualado a não ser que se abandone um de seus atributos, o de ser único, o que o descaracterizaria.
 O mestre, entretanto, ao pronunciar aquelas palavras, e consciente de que a tarefa de aperfeiçoamento é individual e intransferível, evidenciava a essência da sua revelação aos homens; o meio pelo qual o ser evolui e que a  vida se rege por amor.
Exortava aos seus discípulos e a todos nós a necessidade de adotar o comportamento que mais o aproxima da natureza divina, o amor.
“Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos tem ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam”, ou seja, busquem, sintonizem-se com o bem, com o bom, o belo e coloquem-se assim em condições de exercitar as virtudes que sublimam a emotividade e institui a paz, a fraternidade entre os homens, consubstanciando assim o amor ao próximo, a realidade das leis divinas, sendo, portanto, perfeitos como o pai o é.
A perfeição, portanto, é possível ao homem; perfeição relativa ao seu cabedal, ao seu momento na escala evolutiva, toda vez que o homem age imbuído do sentimento de amor, de caridade, que é o amor em ação.
Mas se agirmos assim, somente com aqueles que amamos ou nos amam, qual a vantagem, se os homens de má vida também o fazem? Então Jesus orientou: “Amai os vossos inimigos......”
E por que devemos amar os inimigos?
 Por que são filhos de Deus e portanto nossos irmãos , dignos  de respeito e consideração a que não devemos negar.
Amar os inimigos é uma das maiores conquistas sobre o egoísmo e o orgulho, é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo a reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em  se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar.
A essência da perfeição é a caridade, pois implica a prática de todas as virtudes, e o grau de perfeição está  na razão direta da extensão do amor ao próximo.
O esforço pela perfeição, portanto, é válido, porque se antepõe à sombra, elimina projeções negativas, contribuindo para o bem-estar do indivíduo em qualquer situação que lhe surja.
Pelo seu significado profundo, é um amor diferenciado daquele que deve ser oferecido ao inimigo, a quem se fez ofensor, projetando sua imagem controvertida e detestada por si mesmo, naquele que se lhe torna vítima. Amar a esse antagonista é não retribuir a ofensa, não o detestar, não o conduzir no pensamento, conseguir libertar-se de  seu ódio e  agressividade.
O que não ocorre quando o ressentimento, o desejo de revide, a amargura se instalam, porque, de alguma forma, a pessoa passa a depender das vibrações maléficas do seu perseguidor.
O amor libera aquele que o cultiva, por essa razão, o mal dos maus não ata a vítima ao algoz, deixando-a em tranquilidade.
O mestre ensinando que o aperfeiçoamento da criatura é infinito não coloca a si mesmo como modelo, embora todos nós, encarnados e desencarnados o tenhamos como o ser mais perfeito que teve contato conosco.
Ele ensina a todos os povos , a todas as raças e a todas as religiões, mas em particular aos Espíritas, pois, “ Àqueles a que mais será dado, mais será pedido”
Jesus, disse:”Amai-vos como Eu vos amo”  e  Allan Kardec:”Amai-vos uns aos outros, porém instrui-vos e assevera: Conhece-se o espírita pela sua transformação moral e esforço que emprega a combater suas más inclinações.”
A essência da perfeição é a caridade, pois implica a prática de todas as virtudes, e o grau de perfeição está  na razão direta da extensão do amor ao próximo. o esforço pela perfeição, portanto, é válido, porque se antepõe à sombra, elimina projeções negativas, contribuindo para o bem-estar do indivíduo em qualquer situação que lhe surja.
 Como a caridade é o amor em atividade, para se saber o tamanho do amor que já sentimos, basta medir a caridade que já fazemos. Muita paz!........

Sede Perfeitos - Gregório


Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Progresso Material e Progresso Moral. 4. Do Ato Puro
à Potência do Ser: 4.1. Deus como Ato Puro; 4.2. Fomos Criados Potencialmente Perfeitos;
4.3. Causalidade. 5. O Imperativo da Perfeição: 5.1. Sede Perfeitos como Vosso Pai Celestial é
Perfeito; 5.2. A Caridade como Amor ao Próximo; 5.3. A Participação na Sociedade. 6.
Anotações de Obras Espíritas. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

Jesus disse: "Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito". Como
analisar o imperativo da perfeição, contido nesta frase? Devemos estar sempre
nos aperfeiçoando? Não seria melhor fazer corpo mole, deixando o encargo
para outra encarnação? Trataremos, neste estudo, do progresso material e do
progresso moral, da potência e do ato e da correta ordenação da nossa
perfectibilidade.

2. CONCEITO

Perfeição – de perfectio designa o estado de um ser cujas virtualidades se
encontram plenamente atualizadas ou realizadas. Em teologia, plena
realização, sob o ponto de vista moral, consumação no bem que compete a
cada um possuir e atuar. Assim: "Todo o homem é chamado à perfeição ou
santidade".
Perfeccionismo – Psicologia. Excessiva exigência de perfeição para consigo
mesmo ou de outrem. O perfeccionismo manifesta-se numa sintomatologia
neurótica de colorido obsessivo.
Sede – Imperativo do verbo ser. Implica a idéia de ordem, de comando.

3. PROGRESSO MATERIAL E PROGRESSO MORAL

A humanidade tem sido influenciada, ao longo do tempo, por pensadores de
todos os matizes. Vejamos como isso se deu para nos desviar dos
ensinamentos de Jesus.
No início da era cristã, o progresso material era ainda rudimentar. Com avanço
da ciência, novas tecnologias se desenvolveram rapidamente. Isso não
deveria deturpar a boa convivência entre progresso material e progresso moral
evangélico. Contudo, a história mostra o contrário.
O racionalismo de Descartes (1596-1650), em que a razão sobrepuja todos os
outros tipos de conhecimento, foi a mola propulsora de todo o progresso
material subseqüente. A idéia central era a de que o progresso técnico,
propiciando maior produção e produtividade, traria maior bem-estar para
humanidade. Esta tese coloca o esforço de consciência (característico do
Cristianismo) em segundo plano. Um dos maiores defensores da influência do econômico sobre a religião e as artes foi Marx. Isso não quer dizer que outros
também não o defenderam. Observe o Contrato Social de Rousseau. Para
Rousseau, o homem é fundamentalmente bom (no que aproxima do
Cristianismo) mas é a sociedade que o faz mau. Portanto, se melhorarmos a
sociedade, melhoraremos o homem. E como a sociedade é passível de ser
mudada por leis e decretos, o progresso seria a conseqüência inevitável
dessas mudanças assim orientadas. Um exemplo típico é a Revolução
Francesa, que se fundamentou em Leis para justificar as "violências
necessárias". Hobbes, por seu turno, afirma que "o homem é lobo do próprio
homem". A seleção natural das espécies, de Charles Darwin, em que as
espécies mais fortes resistem ao tempo, é passada para a sociedade como
uma corrida desenfreada e violenta na busca do melhor, de estar sempre
suplantando o outro, numa mostra clara da exclusão dos mais fracos. Tudo
isso nos fez esquecer dos ensinamentos de Cristo. (Enciclopédia Polis)

4. DO ATO PURO À POTÊNCIA DO SER

4.1. DEUS COMO ATO PURO

A Filosofia proporciona-nos um raciocínio lógico, que pode nos auxiliar a
entender o processo de evolução do Espírito. Ela nos informa que todas as
coisas estão tanto em ato (que é) como em potência (que poderá vir a ser).
Quando Aristóteles definiu Deus como ato puro, fê-lo porque tinha certeza que
não havia nenhum ato anterior a Deus, o Criador. A palavra Je-ho-vá (Jeová,
Deus dos Judeus), por exemplo, é um ato puro, pois, em hebraico, quer dizer é,
foi, será. Do exposto, depreende-se que   o Espírito não pode ser ato puro,
mas um ato criado por um Ser Supremo. O Espiritismo nos ensina que de Deus
vertem-se dois princípios: o princípio espiritual e o princípio material, que
individualizados formam, respectivamente, o Espírito e a Matéria. Em seu
processo evolutivo, o Espírito vai sempre precisar da matéria, pois dela se
serve para a sua manifestação.

4.2. FOMOS CRIADOS POTENCIALMENTE PERFEITOS

Deus, quando nos criou, criou-nos simples e ignorantes, ou seja,
potencialmente perfeitos. Os Espíritos superiores, no início de nossa
caminhada espiritual, guiaram os nossos passos como um pai segura as mãos
de seu filho. Com o passar do tempo, eles nos deixaram entregues ao nosso
livre-arbítrio, com a responsabilidade pelas ações realizadas. Assim sendo, em
cada encarnação nós vamos atualizando a potência de perfeição que existe
em cada um de nós.
Nota: se Deus é o Criador, e o Criador é todo bondade e misericórdia, como
poderia ter criado um ser defeituoso, monstruoso?. Não faz sentido assim
pensar.

4.3. CAUSALIDADE

Há, na natureza, uma lei de causalidade, que nos mostra uma relação de
causa e efeito. A causa é ato anterior que tinha uma possibilidade de se atualizar. Para que a causa se atualize, ela precisa de fatores emergentes e de
fatores predisponentes. Os fatores emergentes dizem respeito à ordem interna
da causa; os fatores predisponentes, à ordem externa. Explicando melhor:
fatores emergentes – para que tenhamos uma pereira, precisamos lançar ao
solo uma semente de pereira, pois se lançarmos uma semente de abacate não
nascerá nenhuma pereira; fatores predisponentes – a semente de pereira,
apesar de ter potência de tornar-se pereira, precisa de terra, de ar, de sol, de
água. Sem estes, a pereira não surgirá. (Santos, s. d. p.)
Tomemos um indivíduo qualquer. Ao reencarnar ele traz em seu bojo os fatores
emergentes (prova pela qual deverá passar). Para passar por essa provação
precisa também dos fatores predisponentes (parentes, amigos, pessoa que
fabrica o alimento etc.)

5. O IMPERATIVO DA PERFEIÇÃO

"Amai os vossos inimigos; fazei o bem àqueles que vos odeiam e orai por
aqueles que vos perseguem e que vos caluniam; porque se não amais senão
aqueles que vos amam, que recompensa com isso tereis? Os publicanos não o
fazem o também? E se vós não saudardes senão vossos irmãos, que fazeis
nisso ais que os outros? Os Pagãos não o fazem também? Sede pois, vós
outros, perfeitos, como vosso pai celestial é perfeito". (Mateus, 5, 44, 46 a 48)

5.1. SEDE PERFEITOS COMO VOSSO PAI CELESTIAL É PERFEITO

A frase "Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito" mostra uma ordem,
uma ordenação dada por Jesus a todos os habitantes do Planeta Terra,
independente da seita ou da religião que professe. Pergunta-se: não sabia
Jesus que somos fracos e imperfeitos? Como pode Ele dar essa ordem
peremptória? Lógico que Ele sabia e sabe ainda, mas o problema é que fomos
criados à imagem e semelhança de Deus. Diante desta verdade, devemos
prestar contas ao Pai dentro do melhor nível de evolução que pudermos
alcançar. O modelo para chegarmos ao Pai é Jesus, porque, dentre os
encarnados, ele foi o Espírito mais evoluído que desceu neste Planeta. A sua
missão foi a de nos mostrar o caminho da salvação. Qual o exemplo que nos
deu? Sofreu perseguições, sarcasmos, blasfêmias e morreu na cruz. Tudo isso
para nos ensinar que o reino de Deus está dentro de nós e que só o
alcançaremos se seguirmos as suas pegadas.

5.2. A CARIDADE COMO AMOR AO PRÓXIMO

A perfeição de que Jesus nos ordena está centrada na caridade que fizermos
ao nosso próximo. Esta caridade deve ser exaltada para que culmine até no
amor ao inimigo. Quando ele nos conta a Parábola do Bom Samaritano, por
exemplo, faz-nos uma apologia do amor ao próximo, isento de preconceitos, de
segundas intenções. Evoca, também, a idéia de que a humanidade é mais
importante do que as crenças particulares.

5.3. A PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE

Ninguém é uma ilha. Cada um de nós tem responsabilidade para com próximo
em termos dos pensamentos emitidos, tanto verbais como mentais. Nesse
mister, a aura do Planeta Terra nada mais é do que a soma de todas as
vibrações que emanam de seus habitantes. Assim, um único pensamento de
melhoria, lançado ao globo, pode ser fator desencadeante de perfeição do
planeta e do universo. Contudo, para que possamos emitir bons fluidos, é
necessário que saibamos ouvir com clareza a palavra de Deus; para isso,
devemos estar constantemente purificando o nosso vaso interior, pois o
conhecimento, que é sempre lançado puro, precisa de condições propícias
para o seu crescimento.

6. ANOTAÇÕES DE OBRAS ESPÍRITAS

1) O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, capítulo XVII
"Uma vez que Deus possui a perfeição infinita em todas as coisas, esta
máxima: "Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito", tomada ao pé da
letra, pressuporia a possibilidade de se atingir a perfeição absoluta. Se fosse
dado à criatura ser tão perfeita quanto o Criador, ele tornar-se-lhe-ia igual, o
que é inadmissível. Mas os homens aos quais Jesus se dirigia não teriam
compreendido essa nuança; ele se limitou a lhes apresentar um modelo e lhes
disse para se esforçarem por alcançá-lo."

2) O Mestre na Educação, de Pedro Camargo (Vinícius), páginas 37/47.
O Espírito do homem foi criado à imagem e semelhança de Deus: almeja
sempre o melhor. O Espírito não se acomoda com o menos: quer,
invariavelmente, mais.
Não se trata de uma modificação parcial ou relativa, porém contínua e
progressiva demandando a perfeição suprema.
"Os verdadeiros sacerdotes do Cristianismo de Jesus, não são, portanto, os
que se dedicam às cerimônias e aos ritualismos do culto exterior, mas sim os
educadores, cônscios do seu papel, que procuram pela palavra e pelo
exemplo, despertar os poderes internos, as forças espirituais latentes dos seus
educandos".

3) O Sermão da Montanha, de Rodolfo Calligaris, página 101.
"Em seu desvario, cada qual cuida apenas de salvar as aparências, de evitar
escândalo, procurando ocultar ou disfarçar habilmente seus erros e defeitos,
para ser tido por pessoa de bem, para que a sociedade forme dele um bom
conceito, e, satisfeito com isso, assim atravessa toda a existência, mascarado,
aparentando o que não é".

4) Contos Desta e de Outra Vida, de Irmão X, capítulo 40 (Grupo Perfeito).Dona Clara, dama inteligente e distinta, faz diversas inquirições ao Espírito
Júlio Marques, incorporado na médium Maria Paula, a respeito de se criar um
grupo perfeito. Depois de muito diálogo, disse:
"— Posso contar com o senhor?
— Ah! Filha, não me vejo habilitado...
— Ora essa! Porquê?
— Sou um Espírito demasiadamente imperfeito... Ainda estou muito ligado à
Terra.
— Mas, recebemos tantos ensinamentos de sua boca!
— Esses ensinamentos não me pertencem, chegam dos mentores que se
compadecem de minha insuficiência... brotam em minha frase como a flor que
desponta de um vaso rachado. Não confunda a semente, que é divina, com a
terra que, às vezes, não passa de lama...
— Então, o irmão Júlio ainda tem lutas por vencer?
— Não queira saber, minha filha... Tenho a esposa, que prossegue viúva em
dolorosa velhice, possuo um filho no manicômio, um genro obsedado, dois
netos em casa de correção... Minha nora, ontem, fez duas tentativas de
suicídio, tamanhas as privações e provocações em que se encontra. Preciso
atender aos que o Senhor me concedeu... Minhas dívidas do passado
confundem-se com as deles. Por isso, há momentos em que me sinto fatigado,
triste... Vejo-me diariamente necessitado de orar e trabalhar para restabelecer
o próprio ânimo... Como verifica, embora desencarnado, sofro abatimentos e
desencantos que nem sempre fazem de mim o companheiro desejável."
Continuando a sua conversa, pergunta se o irmão Júlio não sabe de algum
grupo sem defeito. Ele responde que algum grupo como esse solicitado só
pode ser o grupo de Nosso Senhor Jesus-Cristo".

7. CONCLUSÃO

O progresso material, pelas suas facilidades, tem nos distanciado de nós
mesmos, de nossa interioridade. Convém, para o nosso próprio bem, que
saibamos nos isolar do corre-corre e do diz-que-diz, a fim de acharmos tempo
para o cultivo de nossa alma imortal.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CALLIGARIS, Rodolfo. O Sermão da Montanha. 3. ed., Rio de Janeiro: FEB,
1974.
CAMARGO, Pedro (Vinícius). O Mestre na Educação. Rio de Janeiro: FEB,
1976.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
POLIS - ENCICLOPÉDIA VERBO DA SOCIEDADE E DO ESTADO. São
Paulo: Verbo, 1986.
XAVIER, F. C. Contos Desta e Doutra Vida, pelo Espírito Irmão X. 4. ed., Rio
de Janeiro: FEB, 1978.
São Paulo, setembro de 2003

SEDE PERFEITOS


Fonte: O Mestre na Educação - FEB - 6ª Edição

“Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito”.

Senhor! Quão forte é esse teu imperativo! Pois, então, ser-nos-á dado almejar semelhante perfeição? Não indagas se podemos ou não podemos, se queremos ou não queremos, se a achamos viável ou inviável... Ordenas: Sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito.
Dar-se-á, acaso, que desconheças nossa fraqueza e nossas condições de inferioridade? Tu, que és o guia e o pastor deste rebanho; que és Mestre dos ignaros pecadores; que deste provas inequívocas de conhecer o homem em todas as suas mais íntimas particularidades, certamente não te poderias enganar ao proferires aquela sentença, dando-lhe o relevo com que costumas assinalar os teus mais transcendentes ensinamentos.
Tu, que és a luz do mundo, que disseste com a força de uma convicção e de um valor que te são intrínsecos – eu sou o caminho, a verdade e a vida – frase que, no dizer de Wagner, significa – eu sou o caminho da verdadeira vida – tu não podes errar, teu verbo não tem lacuna, tua palavra não tropeça.
Não obstante, Senhor, não posso conceber que a meu Espírito seja dado conquistar a perfeição suprema; e, contudo, tu disseste: Sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito!
***
O espírito do homem foi criado à imagem e semelhança de Deus. Por isso, sempre que lhe sondamos os arcanos profundos, vamos encontrá-lo almejando o melhor. O espírito não se acomoda com o menos: quer, invariavelmente, o mais. O sofrível, o regular e o bom não lhe satisfazem às aspirações: ele deseja a perfeição. Essa sede do melhor é o incentivo que o concita à luta sem tréguas pela aquisição do bem e do belo, infinitos.
A sede insaciável de perfeição, que o espírito experimenta, constitui a prova de sua origem divina. Deus está no homem. A mediocridade jamais o contentará, quando consciente de sua própria natureza. Ele anseia pela perfeição. E, na esfera em que se agita, sente e goza os prenúncios dessa perfeição, desse ideal que o atraí como ímã irresistível, norteando-lhe o rumo majestoso da vida.
O espírito, em sua íntima natureza, é incompatível com o mal. Daí a luta com a consciência, o que vale dizer a luta consigo mesmo, luta que pôs na boca do grande Paulo de Tarso estas memoráveis palavras: “Que infeliz homem que eu sou! Aquilo que não quero, faço; aquilo que quero, isso não faço”.
A felicidade que o espírito anela só lhe pode advir da harmonia entre os seus sentimentos, vontade e ações. Sentir, querer, agir – em perfeita afinação, tal o segredo da felicidade.
Sempre que se verifica desacordo entre aquelas manifestações do Espírito, ele se sente angustiado. E donde provém a desafinação? Provém, precisamente, de ele sentir em si mesmo o reflexo da suprema bondade e da infinita beleza que ainda não possui.
A vida do Espírito transcorre através dessa porfia. Viver é lutar; vencer é gozar. A última vitória marca o inicio de uma campanha na conquista de outro ideal, algo mais nobre que o já conquistado.
E assim, sempre em novidades de vida, o Espírito marcha, impávido e radiante, de etapa em etapa, de estágio em estágio, ascendendo continuamente pela senda intérmina da perfectibilidade, em obediência ao sublime imperativo do maior expoente da verdade neste mundo: Sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito.

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“Tendes ouvido o que fora dito aos antigos: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem, para que vos torneis filhos de vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se só amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de especial? Não fazem os gentios também o mesmo? Sede, pois, perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito”.
Corresponder às simpatias que nos votam, retribuir o bem que nos é feito, amar os que nos dedicam amor, é humano. Mas, Jesus jamais se conformou com o humano. De todos os seus ensinos e exemplos se conclui que ele quer o divino. E o divino manda que se ame o inimigo, que se ore pelos perseguidores, que se retribua com o bem todo o mal recebido. Procedendo assim, tornar-nos-emos filhos de nosso Pai que está nos céus, o qual derrama suas chuvas para fertilizar os campos dos justos e dos injustos e envia os raios benfazejos do seu sol para aquecer, iluminar e vitalizar os bons e os maus.
Tal o vínculo da perfeição: amor incondicional, amor como estado imperturbável do Espírito. Somos filhos de Deus. Do nosso Pai celestial temos que haver uma herança, temos que apresentar certo traço de caráter que ateste nossa filiação. Esse cunho é o amor sem intermitências e sem restrições.
“Sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito” – eis o senso máximo da vida!