Estudando o Espiritismo

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domingo, 16 de setembro de 2012

OS BÓSONS DE HIGGS



                  Carlos de Brito Imbassahy

Que é Deus? O Infinito: causa primária de todas as coisas.
A. Kardec


No livro “Arquitetos do Universo” (DPL – editora) há dois capítulos dedicados ao estudo de Peter Higgs, físico escocês que equacionou a existência de uma partícula conhecida como bóson – que obedece às estatísticas de Bose-Einstein – capaz de justificar o equilíbrio de um nêutron, que é composto de uma partícula pesada (próton) e outra leve (elétron) e outros fenômenos fundamentais à existência do átomo.

Este estudo é anterior à construção do atual LHD (Laboratório de altas colisões) na Suíça, que deu lugar ao antigo LEP (Laboratório elétron-próton) e que não tinha condições de analisar a existência de tal partícula.

O importante dela é que, se, de fato, ficasse comprovada sua existência, a teoria do “Deus criador” ruiria por terra, já que ficaria evidenciado que não haveria necessidade de nenhum agente espiritual divino para formar o mundo.

Evidentemente, as religiões estariam em cheque se fosse comprovada tal existência e em decorrência, a possibilidade de se formar algo semelhante ao Universo sem necessidade do Criador religioso que, para nós, é identificado pela Bíblia.

Todavia, um dos absurdos da Bíblia é afirmar que Deus teria criado o homem à sua imagem e semelhança o que O tornaria um ser imperfeito como a criatura terrena, cheia de defeitos, ao lado de poucas virtudes, incluindo doenças, males e mau caráter, tudo “à semelhança de Deus”.

Outro sério problema contrário aos dados biológicos é que, segundo a Ciência são quatro raças distintas – branca, negra, amarela e vermelha – e várias sub-raças, sem contar com os azuis, ou twaregs do deserto africano, com origens distintas, o que não condiz com o fato de Deus ter criado apenas uma espécie humana, a adâmica. E qual delas seria à imagem e semelhança divina? E, de onde teriam surgido as outras?

São tantas as incoerências que, só aceitando o que disse um pastor da Igreja da Assembléia de Deus: – “é questão de crença e nós cremos na Bíblia, que é a palavra de Deus”. O resto, pouco importa.

De fato, fé não se discute.

E o que teria que ver os bósons equacionados por Higgs com Deus e a palavra bíblica?

Muito simples: segundo o físico escocês, a existência dessa partícula elimina qualquer hipótese relativa a um poder criador divino, superior e dependente de um Ser – no caso, Deus – que, a seu bel prazer, teria criado nosso mundo. Para Higgs, o poder criador estava na própria existência da energia que seria comandada por uma simples partícula.

O LHC foi construído com êxito e já realizou a primeira experiência realmente positiva para garantir que a formação dos mundos não depende de um poder supremo, senão, da própria energia existente no Universo. Eles criaram um mini-cosmos, ativando o sistema, o que demonstra que, para isso, não se depende de Deus – o Deus religioso – para fazê-lo.

Os adeptos da Igreja das Testemunhas de Jeová, repetindo ação idêntica àquela que tomaram quando os americanos desembarcaram na Lua, afirmando que era mentira deles, e, mostrando, como prova, uma bandeirola que tremulava na Lua onde, para eles, não existiria vento capaz de fazê-lo, o que evidenciava que não estavam em nosso satélite, mas em algum páramo terreno, apesar de os russos, na época, rivais dos americanos, terem aceitado o fato como verdadeiro, voltaram a afirmar que Deus não permitiria que o LHC tivesse êxito.

E teve.

Ninguém vai conseguir que um fanático aceite uma verdade contrária às suas crenças.

No planetário de Washington, após uma exibição das últimas gravações feitas pelos astrofísicos, a partir dos telescópios extraterrenos, mostrando que a formação do Universo nada tem que ver com o criacionismo bíblico nem com os “Deuses religiosos”, de lá, os crentes evangélicos, quando saem, e bem como os islâmicos, gritam, em altos brados, que tudo aquilo é ficção.

Evidentemente, não aceitam a verdade que contraria suas respectivas crenças no “poder de Deus”.

Agora, com o novo acelerador de partículas da Suíça, o LHC, as novas experiências demonstraram que a teoria evangélica ou bíblica do poder criador de um Ente superior – Deus – é efêmera e pura concepção religiosa sem qualquer respaldo; sem dúvida, as Igrejas cristãs só encontram uma saída: não tomar conhecimento das novas pesquisas porque “a palavra de Deus” contida na Bíblia é maior (sic).

Só que, sem dúvida, essa dita palavra de Deus da Bíblia só pode ser aceita por puro fanatismo porque toda a teoria criacionista não encontra nenhum apoio nas pesquisas e resultados das mesmas, relativas à existência do Universo.

Pelo canal “History” da TV por assinatura, tem sido apresentada uma série sobre a formação da Terra e não bastasse a constatação astro-física de que não só nosso planeta como a galáxia à qual pertencemos – Via Láctea – são criações recentes do Universo, mostra que esta nossa formação planetária nada tem que ver com o que os evangélicos afirmam relativo à criação divina e pior: o homem não fora criado antes da sua existência. Portanto, a Terra não foi elaborada para que nela habitassem os descendentes adâmicos, muito menos, o homem primitivo é o que hoje as espécies humanas apresentam. E a prova disso é a Arqueologia que nos apresenta, retratando o homem da caverna e sua evolução até a forma atual.

Todavia, Higgs, na sua imaginação teórica, não levou em conta que, desde 1975, quando Gell Mann descobriu os quarks e provou que nenhuma partícula atômica existiria se a ela não correspondesse um agente estruturador externo à energia fundamental que se condensa para dar origem às partículas materiais, só se admite a existência de uma partícula condicionando o fato a um dito agente externo que atue sobre a energia cósmica e lhe dê a devida forma estrutural.

Portanto, o bóson de Higgs, antes de ser estruturador, tem que ser estruturado.

O que se admite, portanto, é que sua ação dentro do átomo seja agregador para formá-lo, como um elo de ligação entre as demais partículas; nunca um agente que as crie.

Porém, por causa desses estudos, o LHC acaba de comprovar que o homem seja capaz de criar um mini universo, atributo inicialmente dado com exclusividade pelos religiosos a Deus, embora, cada religião tenha seu Deus particular que só protege seus lídimos fiéis, o que torna a tese religiosa politeísta, apesar de que se tenha cada religião com um só e exclusivo Deus.

Kardec nos diz, em seu livro “A Gênese” que, quando evocamos a proteção de Deus, é sempre um Espírito amigo que nos vem em socorro, portanto, esse Deus religioso é uma abstração humana essencial às suas necessidades relativas ao transcendentalismo da nossa existência; é, ainda, o medo da vida extra terrena, do destino de sua alma após a morte, enfim, do pecado cometido, da esperança de que, de fato possa existir um Ente superior que comande seu destino.

E é disso que se aproveitam as religiões para venderem a imagem de Deus a seus fiéis, comercializando a salvação de cada um.

Os bósons equacionados por Higgs podem não nos levar a nada, mas, por outro lado, abriram a discussão científica acerca da formação do Universo.

Pelo menos, Allan Kardec foi deveras prudente ao considerar que Deus é infinito (em “A Gênese”, cap. II) e não criou nada, pois,  ser a causa suprema de todas as coisas (LE – cap. I), de fato, o infinito o é. Sem dúvida, tudo advém dele.

O que se admite em Ciência é que o Universo seja comandado por um Agente Supremo sem predicados divinos, antropomórficos, a fim de que possa atuar em todo o sistema cósmico, porém, capaz de manter toda essa existência cíclica de forma evolutiva, ou seja, caminhando para fases superiores em progresso que o homem, ainda, em sua precária mentalidade, não pode compreender.

Desde que o astrônomo norte-americano Edwin Hubble provou que o Universo é cíclico e anisotrópico, a idéia da Criação ruiu por terra e só o fanatismo religioso ainda é capaz de mantê-la aceita.

Dessa forma, o referido “Agente Supremo” é ou deva ser o que comanda a existência cíclica do Universo, permitindo que ele se expanda, na fase atual e que, após se esvair, novamente possa ser implodido até um fulcro central e, a partir de novo Big-bang, volte a se expandir. E daí, para qualquer tese criativista, vai larga distância, mas, infelizmente, a infalibilidade religiosa – que não é, apenas, a do Papa – não permite que seus adeptos, comandados por sacerdotes “sabiamente” instruídos, aceitem a verdade científica em detrimento do dogma religioso.

E Higgs não sabia, que, ao imaginar uma partícula – bóson – criadora estaria incorrendo no mesmo erro religioso, transferindo o poder de Deus para mera porção sub-elementar material que passaria a ser responsável pela formação da matéria. Só que a teoria deste físico forçosamente, há que admitir que cada átomo tenha seu “deus” – o bóson – criador. E voltamos ao politeísmo divino.

Muito, ainda, há que ser descoberto até que o homem conheça a verdade das coisas.

* * *

N. do Ed. – O livro “Arquitetos do Universo” editado em 2002, é de autoria do articulista.

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