Estudando o Espiritismo

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domingo, 16 de setembro de 2012

O Espírita e a Ciência


O Espírita e a Ciência

Paulo Antonio Ferreira
"O cientista surpreende as realidades da Sabedoria Divina
criadas para a evolução da criatura e revela-lhes a
expressão visível ou perceptível ao conhecimento popular."
("Fonte Viva", 57, Apóstolos, F.C. Xavier - Emmanuel - FEB)
Na Introdução de O Livro dos Espíritos1, item VII, Kardec se pronuncia sobre a Ciência dizendo:
"As ciências positivas repousam sobre as propriedades da matéria, as quais podem ser experimentadas e manipuladas à vontade; os fenômenos espíritas repousam sobre a ação de inteligências que têm vontade própria e que a todo instante provam que se não subordinam ao nosso capricho. (...) A Ciência, propriamente assim chamada, é, portanto, incompetente, como tal, a decidir na questão do Espiritismo; não tem que se haver com ele e seja qual for a sua opinião, favorável ou não, não poderá ter significação".
Vemos o mesmo comentário em Einstein3 ao responder sobre se seria hora da fé ser substituída cada vez mais pelo conhecimento:
“Pois o método científico não pode nos ensinar nada mais além de como os fatos se relacionam e são condicionados entre si. (...) O conhecimento objetivo nos oferece poderosos instrumentos para o alcance de certos fins, mas a própria meta máxima e o desejo de alcançá-la devem vir de outra fonte. Aqui nos deparamos, portanto com os limites da concepção puramente racional da nossa existência (...)”.
Mas com isso, quereria Kardec dizer que devemos separar a Ciência e o Espiritismo? Não, Kardec se referia apenas aos detratores do Espiritismo. Se lermos com mais cuidado, com isenção de ânimos, podemos constatar, neste mesmo item VII de “O Livro dos Espíritos”, que Kardec não tinha preconceito contra a Ciência:
"Não somos daqueles que demonstram indiferença na consideração aos homens de Ciência. Ao contrário os temos em alta estima e sentir-nos-íamos muito honrados se contássemos com alguns deles".
E mais adiante no mesmo item:
"O Espiritismo é o resultado de uma convicção pessoal que, como indivíduos podem ter os cientistas, abstração feita de sua condição de cientistas".
Embora ele estivesse falando aos cientistas que procuravam ridicularizar o espiritismo, havia a pressuposição implícita de que os espíritas não possuíam esses mesmos vícios apontados. Senão vejamos o item VIII da mesma referência:
"Acrescentamos que o estudo de uma doutrina, qual a espírita, que de chofre nos lança numa ordem de coisas tão nova e tão grande, só seria feito com proveito por homens sérios, perseverantes, isentos de preconceitos e animados por uma vontade firme e sincera de chegar a um resultado. Tal classificação não poderia ser aplicada aos que julgam a priori, levianamente e sem que tivessem visto tudo... tampouco poderia ser aplicado àqueles que, para não diminuírem o conceito em que são tidos como homens de 'espírito', se estafam por encontrarem um lado ridículo nas coisas mais verdadeiras".
Este o primeiro objetivo deste artigo, o de eliminar o preconceito que ainda existe contra a Ciência. Como segundo objetivo podemos colocar a questão de se a Ciência está apta a julgar a existência ou não da alma. Como vimos nas duas primeiras citações acima, tanto os espíritas quanto os cientistas estão de acordo que não é da competência da Ciência falar desses assuntos. Significa isso mais um motivo para o espiritismo se afastar da Ciência? É claro que não, e Kardec já dizia isso em A Gênese2 (pág. 20):
"O Espiritismo e a ciência se complementam um pelo outro. A ciência sem o Espiritismo se encontra na impossibilidade de explicar certos fenômenos unicamente pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a ciência lhe faltaria apoio e controle. O estudo das leis da matéria deveria preceder ao da espiritualidade, porque é a matéria que fere, primeiramente, os sentidos. O Espiritismo, vindo antes das descobertas científicas, teria sido obra abortada, como tudo o que vem antes de seu tempo".
E assim também Einstein3 em sua famosa frase:
"A ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega". (pág.144)
Mas o que dizer de um livro como “A Estrutura da Matéria segundo os Espíritos”? Estaria tentando provar a existência da alma? Considero este livro não como uma teoria científica, mas como uma notícia do plano espiritual sobre estudos científicos que estão sendo realizados por um grupo de Espíritos, (demonstrando o adiantamento de seus estudos, é verdade) mas que ao invés de provar a existência da alma está, principalmente, contribuindo para trazer novos argumentos para silenciar os detratores do Espiritismo que se valem da Ciência para conseguir seus objetivos.
E consegue isso ao demonstrar cientificamente a possibilidade de outros planos da existência além do plano material qual seja, o da antimatéria ou o plano virtual, onde os Espíritos ainda vestem seus perispírito. Os planos superiores da Mente e do Amor Divino, onde os Espíritos puros não mais necessitam de seus corpos perispirituais, terão ainda muito que esperar para serem tratados pela ciência terrestre. Mas mesmo o plano virtual ainda terá que esperar algumas décadas até que novos fenômenos astronômicos, que ainda irão ser descobertos, não possam ser explicados pelas teorias atuais, exigindo uma reformulação. Esse livro será então de grande valia por se constituir numa fonte de inspiração para a elaboração de uma nova teoria física.
E o que dizer dos progressos científicos, poderão um dia tornar o Espiritismo obsoleto? É Kardec ainda que responde em A Gênese2 (pág.40):
“O último caráter da revelação espírita, e que ressalta das próprias condições nas quais está feita, é que, apoiando-se sobre fatos, não pode ser senão essencialmente progressiva como todas as ciências de observação. Por sua essência, contrai aliança com a Ciência que, sendo a exposição das leis da natureza em certa ordem de fatos, não pode ser contrária à vontade de Deus, autor dessas leis. As descobertas da ciência glorificam Deus em lugar de diminuí-lo; elas não destroem senão o que os homens estabeleceram sobre idéias falsas que fizeram de Deus. (...) O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, modificar-se-á sobre esse ponto; se uma nova verdade se revela, ele a aceita”.
Finalmente um último objetivo deste trabalho é responder à questão: - Deve um espírita se preocupar com estudos científicos? Vejamos de novo o que nos falam os espíritos a respeito no Livro dos Espíritos1, na descrição da Escala Espírita, Segunda Ordem - Bons Espíritos:
"109. Quarta classe. ESPÍRITOS SÁBIOS. O que os distingue é, especialmente, a extensão dos conhecimentos. Preocupam-se menos com as questões morais do que com as científicas, para as quais têm mais aptidão; mas só encaram a Ciência do ponto de vista de sua utilidade e não misturam com qualquer das paixões características dos Espíritos imperfeitos."
"111. Segunda classe. ESPÍRITOS SUPERIORES. Reúnem Ciência, sabedoria e bondade. Sua linguagem só transpira benevolência: é sempre digna, elevada, por vezes sublime. Sua superioridade os torna, mais que os outros, aptos a nos darem as mais justas noções sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites de conhecimento permissíveis ao homem. Comunicam-se de boa vontade com os que de boa fé buscam a verdade e cuja alma seja bastante desprendida dos laços terrenos para a compreender; mas afastam-se dos que são movidos pela curiosidade ou que, por influência da matéria, se desviam da prática do bem."
Assim no meu entender, se todos vamos chegar à perfeição, todos teremos um dia que estudar Ciência. Alguns o fazem antes de progredir na parte moral, outros começam pela evolução moral para em vidas futuras evoluir na Ciência, mas todos devem atingir um nível elevado de moral, sabedoria e conhecimento científico. Portanto, não há razão para discriminarmos agora os cientistas. Muitos cientistas são ateus, materialistas, e empregam seu conhecimento para o mal desenvolvendo armamentos, vírus mortais, agrotóxicos, poluentes, clones e toda sorte de tecnologias que de alguma forma são contra a ética e a moral como a entendemos. Porém muitos se dedicam à pesquisa de medicamentos, vacinas, seleção de sementes, materiais substitutos biodegradáveis, e tecnologias que facilitam o trabalho humano, aumentam a produção de alimentos e permitirão no futuro um controle ainda maior sobre as doenças. Alguns poucos já são espíritas, tendo abandonado aquele tipo de pesquisa antiética, como condição indispensável para continuar sua evolução espiritual, e hoje podem estar se dedicando à divulgação do Espiritismo.
Entretanto esta conclusão não deve nos levar a outra, de que o Espiritismo como doutrina, deva se ocupar dos estudos científicos. As teorias científicas são sempre transitórias e se tornam obsoletas, sendo substituídas por outras mais avançadas. Isto é válido mesmo quando um ensinamento nos for transferido por comunicação espírita, como se pode constatar nesta afirmação em A Gênese2 (pág. 43):
“Os Espíritos não vêm para livrar o homem do trabalho do estudo e das pesquisas; não lhe trazem nenhuma ciência pronta; o que pode encontrar, ele mesmo, deixam-no às suas próprias forças; é o que os Espíritas sabem perfeitamente hoje. Desde muito tempo, a experiência demonstrou o erro da opinião que atribuía, aos Espíritos, todo o saber e toda a sabedoria, e que bastava dirigir-se ao primeiro Espírito que chegasse para conhecer todas as coisas. Saídos da Humanidade, os Espíritos lhe são uma das faces; como sobre a Terra os há superiores e vulgares; muitos deles sabem, pois, científica e filosoficamente, menos do que certos homens; dizem o que sabem, nem mais nem menos; como entre os homens, os mais avançados podem nos informar sobre mais coisas, dar-nos conselhos mais judiciosos do que os atrasados. Pedir conselho aos Espíritos não é dirigir-se às forças sobrenaturais, mas aos semelhantes, àqueles mesmos a quem nos teríamos dirigido em seu viver: aos parentes, aos amigos, ou aos indivíduos mais esclarecidos do que nós”.
A respeito disso, podemos dizer que o livro "Estrutura da Matéria segundo os Espíritos" é muito peculiar por nos trazer mais uma vez a cooperação dos espíritos em favor de nosso progresso científico; pelo esforço no sentido de unificação do ideal religioso e da Ciência visando à formação da religião científica do futuro; pela racionalização de diversos fenômenos espíritas à luz da Nova Física; por ter trazido vida nova e nova compreensão aos trechos do Livros dos Espíritos, citados no início de cada capítulo, e que já pareciam estar ultrapassados pelos avanços da Ciência; pela visão do Universo Dual em que, espíritos encarnados e desencarnados coabitamos; pela confirmação de um mundo espiritual tão concreto quanto o nosso conforme descrito nas obras de André Luiz; pela possibilidade de observação futura dos novos fatos científicos que são apresentados; pelas novas hipóteses que poderão gerar novas teorias científicas; e por ter demonstrado que não só a Ciência (do futuro) pode perfeitamente abordar também os fenômenos Espíritas, mas também que os Espíritos podem nos ajudar, como aliás o têm feito sempre (pela inspiração), no desenvolvimento científico terrestre. A história contém inúmeros casos de teorias que não foram aceitas de início, mas que provaram estar corretas mais tarde. E se fizermos uma comparação com muitas teorias científicas atuais que são puro contra-senso, a deste livro se torna uma teoria séria que merece ser examinada. Se existem alguns erros, com certeza se devem ao receptor das mensagens que, por não ser Físico, perdeu pontos importantes e pode ter involuntariamente alterado outros. Mas basta fazer os ajustes necessários e teremos aí um fértil campo de pesquisa teórica.
Analisando agora sob outro ponto de vista, o do progresso material trazido pela ciência, podemos constatar que as nações mais adiantadas, onde a qualidade de vida permite que todos tenham oportunidades iguais, são coincidentemente aquelas que mais investem em educação e pesquisa tecnológica, o mesmo ocorrendo com suas empresas multinacionais. O inverso ocorre nos países subdesenvolvidos onde a injustiça social, a violência e a miséria estão abaixo do nível tolerável, e que são justamente as que menos investem em educação e pesquisa, não havendo uma massa crítica de doutores que permitam um funcionamento eficiente do setor. Haja visto o grande impulso econômico dos dias de hoje nas nações de primeiro mundo, que são conseqüência direta do investimento em pesquisa de tecnologia da informação que está rendendo agora seus frutos, numa demonstração de visão empresarial das empresas e dos governos dessas nações.
Podemos contestar dizendo que isso é competição, porém devemos também reconhecer que esta é a realidade atual e que o erro está no mau uso que se faz dos avanços tecnológicos. A Internet, por exemplo, pode ser usada para a pornografia e a pedofilia, mas também está permitindo o aparecimento das páginas Espíritas. Podemos argumentar que o progresso tecnológico não está sendo acompanhado pelo progresso moral, é certo, mas não podemos culpar a Ciência por esse fato mas apenas aos maus cientistas, aos maus governantes, aos maus religiosos e às más pessoas em geral, que nada mais são que espíritos em processo de evolução neste planeta, ainda em estágio de expiação e provas; como também não podemos culpar o Espiritismo pelos desvios dos maus espíritas e dos charlatões que usam o Espiritismo para angariar vantagens pessoais.
É importante observar que a maioria das conclusões apresentadas acima não são meras opiniões pessoais e não devem ser consideradas como querelas e celeumas mas sim como argumentos lógicos calcados nas palavras de Kardec e dos Espíritos. Aliás querelas e celeumas nunca foram solução para nada, desde tempos imemoriais:
"Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e que nada de novo havia debaixo do Sol." (Eclesiastes, 1-11)
O que nos resta? A Caridade, o estudo e a nossa Reforma Íntima. Sigamos pois Kardec4 (Cap. VI, item 5, Advento do Espírito de Verdade):
"Espíritas! amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo".
Rio de Janeiro, 28 de Outubro de 1999.

Referências:

- ”O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec – FEB.
2 - “A Gênese” – Allan Kardec – FEB.
- "Einstein viveu aqui" - Abraham Pais - Ed. Nova Fronteira, 1997.
-"O Evangelho Segundo o Espiritismo" - Allan Kardec - FEB
Este artigo e outros do autor podem ser encontrados na Internet no endereço http://users.bmrio.com.br/unidual

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