Estudando o Espiritismo

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terça-feira, 11 de setembro de 2012

lei da reprodução


Repensando Kardec - Da Lei da Reprodução

(O Livro dos Espíritos, questões 686 a 701)
Inaldo Lacerda Lima

População do Globo. A primeira indagação do Codificador é a propósito da reprodução dos seres vivos como lei da Natureza. E os Espíritos Reveladores respondem que o mundo corporal pereceria sem a reprodução deles.

Entretanto, diante da preocupação com a possibilidade de a população do Globo tornar-se excessiva, respondem eles, sempre amparados na lógica, que a tudo Deus provê, mantendo em tudo o equilíbrio da vida, pois coisa alguma Ele faz inútil. Nós, os homens, é que temos o hábito de observar a Natureza por partes, e quase nunca em seu conjunto.

Sucessão e aperfeiçoamento das raças. Constitui este um outro aspecto da lei de reprodução. E ao falar de raças humanas, que evidentemente decrescem, indaga Kardec em nome da Doutrina Espírita se ocorrerá um momento, na História, em que estarão elas desaparecidas.

E os Espíritos informam que assim acontecerá de facto, pois que outras raças, um dia, deverão tomar o lugar das que hoje existem.

Mas, esclarecem, em face da questão 689, que serão os mesmos Espíritos que voltarão a aperfeiçoar-se em novas indumentárias físicas, embora ainda imperfeitos.
Desse modo, a actual raça humana que tende a invadir toda a Terra, substituindo as que se extinguem, terá também sua fase de decrescimento e desaparecerá com o surgimento de outras mais aperfeiçoadas, tal como os homens mais civilizados de hoje são descendentes dos seres brutos e selvagens dos tempos primitivos, e tudo isso como lei natural. Já atendendo à questão seguinte, em relação aos corpos das raças actuais, se são de criação especial, respondem que “a origem das raças se perde na noite dos tempos”, o que significa que os corpos humanos também se aperfeiçoam com a evolução dos seres que os vestem.

Quanto ao carácter distintivo e dominante das raças primitivas, em que se destacava o “desenvolvimento da força bruta, à custa da força intelectual”, dá-se o contrário em nossos dias, quando o homem realiza mais e melhor, pela inteligência, ao aprender como aproveitar os recursos da Natureza.

Na questão 692, embora compreendendo-a bem, Allan Kardec, ao salientar algo sobre o aperfeiçoamento das raças animais através da Ciência, enseja aos Espíritos esclarecerem que tudo deve ser feito a serviço da perfeição; que o próprio homem, nesse sentido, é instrumento de que Deus se serve; a perfeição é meta a que tende a Natureza, de modo que facilitá-la é corresponder à Sua visão divina. Ao objectar, ainda, o Codificador sobre o facto de os esforços de que o homem se serve estarem relacionados sempre ao acréscimo de seus gozos, não lhe diminui isso o mérito, respondem os Espíritos incumbidos da revelação do Consolador com outra indagação:
“Que importa seja nulo o merecimento, desde que o progresso se realize? Cabe-lhe tornar meritório, pela intenção, o seu trabalho. Demais, mediante esse trabalho, ele exercita e desenvolve a inteligência e sob este aspecto é que maior proveito.

Obstáculos à reprodução. Já as questões seguintes – 693 e 694 – relacionam-se com os obstáculos à reprodução, indagando se tais obstáculos não são contrários à lei da Natureza. E a resposta não se faz esperar, com a mesma lógica de sempre: “Tudo o que embaraça a Natureza em sua marcha é contrário à lei geral.”

Allan Kardec, prevendo decerto novas objecções do próprio homem, lembra que há espécies de seres vivos – animais e plantas –, cuja reprodução indefinida poderia ser nociva a outras espécies; desse modo praticaria o homem acção repreensível impedindo-a? Damos, aqui, destaque a três advertências fundamentais dos Espíritos, nesse sentido:

1. Deus concedeu ao homem, sobre todos os seres vivos, um poder de que ele deve usar sem abuso, podendo pois regular tal reprodução de acordo com suas necessidades.

2. A acção inteligente do homem é sempre um contrapeso que Deus dispôs para estabelecer equilíbrio entre as forças da Natureza, desde que haja conhecimento
de causa. E isso, inegavelmente, vem sendo mostrado pelos cientistas actuais.

3. Mas, no caso dos animais, os mesmos também concorrem para a existência desse equilíbrio, porquanto o instinto de destruição que lhes foi dado faz com que, provendo à própria conservação, obstem ao desenvolvimento excessivo, quiçá perigoso, das espécies animais e vegetais de que se alimentam.

Cabe-nos, aqui, na oportunidade, lembrar que o homem, mormente em nosso riquíssimo país, se comporta, em muitos casos, como ser abusivo, contra a própria Natureza, sofrendo as consequências amargas desse abuso, qual seja o caso do desmatamento em regiões que não o devem sofrer, de modo descontrolado; do cultivo abusivamente excessivo de plantas como a maconha, e de outros recursos para a fabricação perversa de drogas; e, ainda, a extinção de espécies animais, tudo com vistas à manutenção de interesses egocêntricos.

Há práticas humanas que consistem no propósito de evitar a reprodução, como satisfações sensuais, o que levou o mestre Kardec – a respeito da seriedade do assunto – a buscar o pensamento dos Espíritos Reveladores. E responderam eles que tal prática “prova a predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem é material”.

Casamento e celibato. A seguir, nas questões 695 a 699, procura o Codificador ouvir os Espíritos Superiores a fim de, através deles, oferecer-nos preciosas orientações a respeito do casamento; e que efeito teria sobre a sociedade a sua abolição;
se está na Natureza ou apenas nas leis humanas a sua indissolubilidade absoluta e, ainda, se o celibato representa um estado de perfeição meritório aos olhos de Deus.
Eles, pacientemente, nos levam a reflectir, mostrando que o casamento é um progresso na marcha da Humanidade, e a sua abolição seria um regresso à vida irracional.

O Codificador nos faz sentir que, volvendo à infância da Humanidade, o homem se colocaria abaixo de certos animais que lhe dão exemplos de uniões constantes nesse sentido; e que a dissolução do casamento não deixaria de ser lei humana contrária à Natureza, porquanto esta é imutável.

Quanto ao celibato voluntário, nada tem de meritório aos olhos de Deus, salvo os que dele se utilizam, não por egoísmo, mas por uma questão de renúncia ou sacrifício a serviço do Bem e da Humanidade, caso em que o homem, nisso, não atenta contra a lei de Deus.

Poligamia. No que tange às questões 700 e 701, referentes à poligamia, Allan Kardec indaga se a igualdade numérica mais ou menos existente entre os sexos não é indício da proporcionalidade de união entre eles. Os Espíritos o confirmam, mostrando, em resposta à questão seguinte (701), que a abolição da poligamia, lei ainda existente entre alguns povos, marcará um progresso social – que dizemos grandioso –, porquanto “o casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem”. E concluem sabiamente:
“Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade.”

Fonte: Revista Reformador – jan/2005

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