Estudando o Espiritismo

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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

JESUS E A AFETIVIDADE


JESUS E A AFETIVIDADE

Mensagem do Mestre baseia-se no afeto.

Quando se propõe a falar de afetividade relacionada à figura do Mestre Jesus, nos deparamos na precariedade dos relatos evangélicos acerca dos mínimos gestos do Cristo em relação às criaturas que o abordavam. Precariedade provavelmente relacionada com a objetividade escolhida por Jerônimo, ao ser indicado, pelo Imperador Focas, para a montagem da Vulgata Latina, ou seja, a versão que se tornaria aceita pela Igreja Oficial sobre os textos até então reunidos sobre a vida de Jesus e seus principais seguidores. Ocupado com a necessidade de transmitir informações que compusessem o corpo doutrinário do Cristianismo, de forma clara e concisa, certamente abriu mão de relatos mais poéticos e, provavelmente, mais ricos no sentido da expressividade de Jesus em seus relacionamentos.
Nossa crítica, porém, não pretende denegrir ou negar os propósitos verdadeiros daquele sábio e mesmo querer negar que alguns fatos foram mantidos, registrando lições profundas da capacidade de Jesus para demonstrar os seus sentimentos para os que compartilhavam da sua presença.
Certamente os que conviveram com ele em sua intimidade tiveram a oportunidade de acompanhá-lo e com ele aprender as mais sublimes e sutis manifestações de afeto, não só no sentido de expressá-los, mas também de como recebê-los.

Afetividade

A palavra de origem latina está intimamente relacionada com o verbo fazer (agir, produzir, realizar), tendo como significados: qualidade ou caráter de quem é afetivo: conjunto de fenômenos psíquicos que são experimentados e vivenciados na forma de emoções e de sentimentos; tendência ou capacidade individual de reagir facilmente aos sentimentos e emoções, emocionalidade; ser também sinônimo de meiguice.
Na prática, ela refere-se à capacidade que a criatura tem de reagir positiva ou negativamente em relação a alguém ou a alguma situação.
A expressão da afetividade é de fundamental importância na vida de relação e denota a habilidade emocional e sentimental da criatura, tanto quanto facilita as trocas entre as pessoas. Essa expressividade pode se fazer no sentido positivo quanto no negativo, e fazer-se presente por uma infinidade de formas de manifestação.
O homem, em sua prática diária, sempre conviveu com dificuldades várias relacionadas ao aspecto da expressão de sua afetividade. Culturalmente, sempre foram determinadas regras que permitem ou excluem formas de afeto, relacionadas com o local, o sexo, a idade, o status social e econômico das criaturas, provocando repressão e desvios dos mais variados, empobrecendo os relacionamentos.
Podemos exemplificar com as principais emoções e como são vivenciadas em nossa cultura.
Somos frutos de uma sociedade latino-americana, de princípios patriarcais, fortemente determinados pelas idéias judaicas e cristãs (entendendo as últimas mais como um ponto de vista sectário de uma visão dominante, do que dos princípios verdadeiramente cristãos). Nesta sociedade, os papéis foram claramente determinados tanto para homens quanto para mulheres e nas mais diversas camadas sociais e etárias; e os valores definidos, determinando uma falsa superioridade para a figura masculina e todas as funções determinadas para ela. Em geral, ao homem foi dada a responsabilidade de provedor e gestor, a ser vivida de maneira racional, onde essa racionalidade tem mais a ver com frieza do que com lógica; e, à mulher, o papel de procriadora e de subserviência, com um estímulo a vivência do afetivo, esse mascarado de sentimentalismo.
Para clarear tal situação, lembremo-nos das emoções básicas segundo a tradição chinesa: o medo, a raiva, a tristeza, a alegria e a preocupação.
As emoções, segundo a psicologia, seriam reações orgânicas de intensidade e duração variáveis, geralmente acompanhadas de alterações respiratória, circulatórias etc. e de grande excitação mental.
As emoções citadas acima seriam consideradas naturais, presentes em todas as criaturas e com objetivos específicos e fundamentais para a manutenção da vida, em todos os seus sentidos. No entanto, culturalmente, determinamos valores positivos ou negativos a tais manifestações psíquicas, permitindo a expressão ou não das mesmas em nossa vida.
Assim, o medo, emoção natural, fundamental para a preservação da vida, correlacionada com a experimentação do novo e que proporciona a noção dos limites, é vista em nossa cultura como algo de menor valor, cuja expressão é permitida àqueles considerados inferiores: crianças, mulheres, deficientes e fracos. Mesmo as crianças do sexo masculino, após determinada idade, são reprimidas na manifestação de tal emoção e as que desobedecem tal proibição são consideradas inferiores.
Entretanto, sabemos, hoje, pelos estudos da psicologia, que o medo é fundamental para o reconhecimento da própria força e, conseqüentemente, dos limites individuais e para a conquista da coragem. Por não ser liberada para viver o medo, a grande maioria dos indivíduos do sexo masculino, em nossa cultura, transformam-se em valentes e não corajosos. Fazem-se fortes somente diante dos que lhe são física, cultural ou psiquicamente inferiores ou quando estão armados. Ao contrário, vamos encontrar no seio feminino os maiores exemplos de coragem. Prova disto, podemos observar na intimidade dos prontos-socorros: quando, geralmente, a criança doente ou ferida chega acompanhada pela mãe, esta mostra-se forte e auxiliar ao tratamento; caso a companhia seja masculina, o homem, na maioria das vezes, apresenta-se inseguro, incapaz de auxiliar e muitas vezes passa mal, precisando de assistência especializada.
Situação semelhante acontece com as outras emoções, as quais normalmente são reprimidas na nossa cultura, ficando a preocupação como a única socialmente aceita, gerando a grande quantidade de ansiosos e, por conseqüência, de doentes emocionais.

Jesus - O Terapeuta de nossas almas

O grande papel de Jesus, em sua passagem pelo orbe, foi mostrar ao homem, através de sua própria vivência, a supremacia do Amor como remédio para todos os males da humanidade.
Este Amor, no entanto, não é conquistado subitamente e nem é dado gratuitamente àqueles que se manifestam como crentes e fervorosos em relação ao Mestre Jesus. Sua presença, em nossas vidas, faz-se paulatinamente, através de um aprendizado que envolve um ensaio de acertos e erros.
A vida para se tornar plena exige-nos que alimentemo-nos do Amor e este só se faz presente através dos relacionamentos, que se iniciam em nós mesmos, passando pela inter-relação pessoal e conseqüente aprendizado do Amor a Deus.
Para tanto, Jesus, em sua vinda, apresentou-nos, em sua postura moral e emocional e através de seus ensinamentos, os verdadeiros caminhos da vivência amorosa.
Esta, porém, é precedida de uma vida afetuosa, pois diríamos que os gestos de afeto demonstrados e em sentido positivo são os construtores, as bases para a vivenciação do Amor.
É importante frisar que essas experiências na vida de Jesus faziam-se espontâneas, por expressarem a sua condição espiritual. Entretanto, a argumentação de muitos de que o que ele realizou não poderia ser repetido por nós, devido à diferença moral e espiritual, não se justifica, pois, certamente. num momento, o qual não podemos precisar, Jesus fez um aprendizado semelhante. Na verdade, somos essencialmente totipotentes, cabendo-nos fazer o despertamento das possibilidades, que habitam nossa intimidade, transformando-nos em verdadeiros filhos de Deus.
A Revelação de Amor apresentada no Evangelho é o grande mapa para as nossas maiores conquistas espirituais, fazendo-nos alcançar a Felicidade Eterna. Para isto, Jesus veio e preparou um grupo de discípulos, para que a Boa Nova se propagasse em todos os cantos da Terra, convidando-nos para a vivência desse Amor.

Jesus e a Afetividade

Em sua trajetória na Terra, em especial nos anos de seu messianato, o Mestre conviveu com homens das mais diversas classes sociais e culturais, aproveitando cada momento para oferecer-lhes um novo ensinamento que enfatizasse a supremacia da experiência amorosa como remédio para que as relações humanas fossem mais harmoniosas e felizes, levando a todos, por conseqüência, a um encontro íntimo com o seu Criador.
Embora desprezado e desonrado pelos seus contemporâneos, o Cristo Jesus, advindo de uma região de pouca importância (Nazaré) e de uma família socialmente desvalorizada. Com um papel aparentemente apagado em seu momento histórico, tornou-se na figura mais importante do contexto da história, transformando a contagem cronológica em antes e após a sua vinda.
Certamente, seus ensinamentos foram o grande feito de sua pessoa, mas eles só permaneceram registrados na história pela força dos seus exemplos, que dignificavam a sua posição diante de toda a Humanidade.
O Evangelho não apresenta relatos de que Jesus tenha sorrido (dando a impressão a muitos de que ele desvalorizasse a alegria) ou mesmo informa-nos de gestos simples e afetuosos de sua pessoa, gerados na intimidade do seu lar ou nas residências em que se hospedou; no entanto, informa-nos, a todo momento, do seu cuidado com a pessoa humana, com a valorização da criatura independentemente do sexo, raça, cor ou estado social e enfatiza-nos a importância da disponibilidade íntima e do exercício de servir como regras para o bem viver.
Suas posturas diante das crianças, seus contatos com as mulheres, em especial, com aquelas consideradas de má conduta e de condição social inferior, os diálogos desenvolvidos com indivíduos de outras raças (atitude condenada entre os judeus), aos quais ajudava prontamente, demonstram a sua envergadura espiritual e apontam para a urgência da transformação moral de nossa humanidade, postando-nos afetuosamente diante de qualquer criatura.
Todos seus posicionamentos são lições vivas para o aprendizado do Amor, sem contudo significarem abandono de regras morais divinas e imutáveis. Seus gestos gentis e doces eram substituídos por posicionamentos firmes e incisivos, quando estes se faziam necessários. Seus sentimentos eram coadjuvados pela razão, mas, acima de tudo, seus atos eram a expressão mais pura da Vontade divina, vivência plena da Lei de Deus.
Alguns exemplos, retirados do Novo Testamento, que retratam os seus ensinamentos para o atendimento das criaturas em diferentes condições, fornece o remédio para uma vida mais sadia (Fonte Perene de Paz).

Roberto Lúcio Vieira de Souza

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